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Resumo
Para o dimensionamento de uma laje em situação de incêndio, usualmente, deve-se considerar que ela
cumpra, simultaneamente, a função corta fogo e de estabilidade estrutural. A ABNT NBR 15200:2012
fornece dimensões mínimas, por meio do método tabular, para assegurar as duas funções. A função corta
fogo é garantida pela espessura da capa, com ou sem revestimento. A função estrutural é garantida pela
largura mínima da nervura e distância mínima entre CG da armadura e face exposta ao fogo. No último
caso, quando as lajes apresentam dimensões diferentes, a resistência ao fogo deve ser avaliada por meio
de métodos mais precisos, quer por análises experimentais ou numéricas. Esta pesquisa teve como objetivo
avaliar a capacidade resistente das seções transversais de 10 perfis usuais de lajes nervuradas de concreto
armado, em função do TRRF, com base no aquecimento padronizado ISO 834 e nas novas prescrições da
ABNT NBR 15200:2012. Uma análise computacional termestrutural foi realizada para esses perfis de lajes
nervuradas produzidas com as fôrmas, popularmente conhecidas como "cubetas". Para a análise térmica
foram empregadas as leis fundamentais da Transferência de Calor. A análise estrutural foi obtida por meio
da formulação clássica do cálculo da capacidade resistente de uma seção de concreto armado sujeita à
flexão simples para a temperatura ambiente, porém, variando as propriedades mecânicas dos materiais em
função do campo de temperaturas obtido por meio da análise térmica e sem imposição de deformações-
limite. Ambas as análises foram realizadas com auxílio do Super Tempcalc, programa computacional para
análise térmica bidimensional de transferência de calor, por meio do método dos elementos finitos. Como
resultados são apresentados gráficos que poderão ser empregados como alternativa ao método tabular da
ABNT NBR 15200. Este trabalho foi inspirado em COSTA; SILVA (2007) atualizando-o à nova norma
brasileira.
Palavra-Chave: laje nervurada, incêndio, cubeta, dimensionamento
Abstract
For fire design, the slab is usually one of the constructive elements that meet, simultaneously, the insulation
and integrity and the load bearing functions. The Brazilian standard ABNT NBR 15200:2012 provides the
minimum dimensions, through the tabular method, to ensure the two functions. The insulation and integrity
are guaranteed by the thickness of the flange, with or without finishes. The structural function is ensured by
the minimum width of the rib and the minimum distance between the centroid of the reinforcement bar and
the face exposed to fire. In the latter case, when the slabs have different dimensions, the fire resistance must
be evaluated by means of more accurate methods, either numerical or experimental analysis. This study
aimed to evaluate the resistance of the cross sections of 10 usual ribbed slabs profiles of reinforced
concrete, according to TRRF, based on the ISO-fire. The classical formulation for calculation of the bending
resistance of a section of concrete at room temperature was used, but varying the mechanical properties of
the materials with the temperature obtained by thermal analysis and without imposing strain limits. The
analyses were performed using the Super Tempcalc, thermal analysis software for two-dimensional heat
transfer using the finite element method. The results are presented in form of graphs that can be used as an
alternative to tabular method of ABNT NBR 15200.
Keywords: ribbed slab, waffle slab, fire design
ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 1
1 Introdução
A seção transversal dos 10 perfis das lajes nervuradas de concreto armado utilizadas
nesta pesquisa apresenta o padrão geométrico indicada na Figura 2.
3 Análise térmica
1000
temperatura (oC)
800
600
400
200
0
0 30 60 90 120 150 180
tempo (min)
2
c
1,36 0,136 0,0057 c Equação 3
100 100
A variação do valor do calor específico com a temperatura pode ser vista na Figura 4.
1500
1400
calor específico (J/kg oC)
1300
1200
1100
1000
900
800
0 200 400 600 800 1000 1200
o
temperatura ( C)
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
temperatura (oC)
t = 120min. t = 180min.
Figura 8. Campo de temperaturas para tempos de 30, 60, 90, 120 e 180 min para o perfil nº 1.
4 Análise estrutural
kc,θ e ks,θ
0,60
20 1,00 1,00 0,50
100 1,00 1,00 0,40
200 0,95 1,00 0,30
0,20
300 0,85 1,00
0,10
400 0,75 1,00 0,00
500 0,60 0,78 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
600 0,45 0,47 Temperatura θ (°C)
Tabela 4 - Fatores de ponderações das ações permanentes e variáveis dadas pela NBR 6118:2007
Combinação de ações Permanentes (g) Variáveis (q)
Normais 1,4 1,4
Excepcionais 1,2 1,0
Quando a ação excepcional for o fogo, o fator de redução ψ2 indicado na ABNT NBR
6118:2007, pode ser reduzido, multiplicando-o por 0,7, conforme recomendado na ABNT
NBR 8681:2003. O fator ψ2 está indicado na Tabela 5.
Tabela 5 - Fatores de redução para combinação excepcional das ações variáveis em situação de incêndio
dados pela ABNT NBR 8681:2003.
Condições do local 0,7 2
Locais em que não há predominância de pesos e de equipamentos que
permanecem fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas 0,21
concentrações de pessoas (Edificações residenciais, de acesso restrito.)
0,9
= 0,42 (depósitos, garagens)
= 0,28 (edifício de escritórios, lojas)
= 0,21 (edifícios residenciais)
0,8
0,7
fi
0,6
0,5
0,4
0,3
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
1,0 1,0
Perfil n° 1 Perfil n° 2
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
μ,fi (MSd,fi / MRd)
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
TRF (min) TRF (min)
1,0 1,0
Perfil n° 5 Perfil n° 6
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
μ,fi (MSd,fi / MRd)
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
TRF (min) TRF (min)
1,0 1,0
Perfil n° 7 Perfil n° 8
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
μ,fi (MSd,fi / MRd)
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
TRF (min) TRF (min)
1,0 1,0
Perfil n° 9 Perfil n° 10
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
μ,fi (MSd,fi / MRd)
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
TRF (min) TRF (min)
Figura 11 - Coeficiente redutor fi M Sd , fi em função do tempo de resistência ao fogo para cada perfil.
M Rd
Várias das curvas apresentadas na Figura 11 são próximas, assim é possível construir um
gráfico único, como o apresentado na Figura 12.
Perfil n° 5
0,5
Perfil n° 6
μ,fi = (Msd,fi / MRd)
Perfil n° 7 = Perfil n° 9
0,4
Perfil n° 8 = Perfil n° 10
0,3
0,2
0,1
0,0
30 45 60 75 90 105 120
TRF (min)
4.4 Aplicação
Analisar o tempo de resistência ao fogo de uma laje nervurada usada para garagem,
adotando-se: q = 3 kN/cm2, 2 = 0,42, sem revestimento e fatores de ponderação das
ações permanentes e variáveis à temperatura ambiente iguais a 1,4 e em situação de
incêndio iguais a 1,2 e 1,0, respectivamente.
Fqk
Para o perfil 1, tem-se o peso próprio igual a 1,93 kN/m2, portanto, = 1,55. Pela Figura
Fgk
M Sd
10 (ou Equação 8), tem-se fi = 0,52. Na prática, MSd < MRd. Admitindo-se 0,8 ≤ ≤
M Rd
MSd MSd,fi
0,95, resulta 0,42 ≤ μ fi
fi ≤ 0,49. Por intermédio da Figura 12, encontra-se
M Rd M Rd
50 min ≤ TRF ≤ 55 min. Empregando-se o método tabular da ABNT NBR 15200:2012 a
laje com o perfil 1 não poderia ser usada para TRRF ≥ 30 min. Utilizando-se a mesma
sequência de cálculo para os demais perfis é possível construir a Tabela 6.
6 Conclusões
A ABNT NBR 15200:2012 fornece dimensões mínimas, por meio do método tabular, para
assegurar as duas funções, corta fogo e estrutural. A função corta fogo é garantida pela
espessura da capa, com ou sem revestimento. A função corta fogo não precisa ser
respeitada caso não haja exigência de compartimentação. A função estrutural é garantida
pela largura mínima da nervura e distância mínima entre CG da armadura e face exposta
ao fogo. Trata-se de um método bastante simples, mas ele não permite ao engenheiro
buscar alternativas de solução aos valores tabelados.
A partir de análise térmica e estrutural, empregando o método dos elementos finitos,
desenvolveram-se ferramentas gráficas, também simples, já adequadas à ABNT NBR
15200:2012 que permitem encontrar soluções estruturais alternativas para 10 perfis de
lajes nervuradas. O valor do tempo de resistência ao fogo (TRF) desses perfis é
facilmente determinado pelo método gráfico aqui proposto. Para que a função estrutural
em incêndio seja respeitada o valor encontrado do TRF deve ser maior ou igual ao tempo
requerido de resistência ao fogo (TRRF) fornecido na ABNT NBR 14432:2001 ou nas
Instruções Técnicas dos Corpos de Bombeiros do Brasil.
7 Agradecimentos
Agradece-se à FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, ao
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e às indústrias
8 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Ações e segurança nas
estruturas. NBR 8681. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.