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Propriedades dos Materiais Sólidos

Brasília-DF.
Elaboração

Tatiana Conceição Machado Barretto

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5

Introdução.................................................................................................................................... 7

Unidade I
O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS................................................................................. 9

Capítulo 1
Propriedades mecânicas dos materiais............................................................................. 9

Unidade iI
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS................................................................................... 26

Capítulo 1
Propriedades térmicas dos materiais............................................................................... 26

Unidade iii
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS................................................................................... 42

Capítulo 1
Propriedades elétricas dos materiais............................................................................... 42

Unidade iV
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS..................................................................................... 70

Capítulo 1
Propriedades óticas dos materiais................................................................................... 70

Unidade V
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS.............................................................................. 87

CAPÍTULO 1
Propriedades magnéticas dos materiais.......................................................................... 87

Capítulo 2
Sintetizando....................................................................................................................... 108

Referências................................................................................................................................. 112
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O conhecimento sobre as diversas propriedades e particularidades dos materiais
possibilita a diminuição dos custos, melhorando a eficiência de produtos utilizados e
confeccionados em diversas áreas.

Nesta disciplina iremos ampliar o nosso conhecimento sobre as propriedades dos


materiais sólidos. Serão estudas as propriedades mecânicas, propriedades térmicas,
propriedades elétricas, propriedades ópticas e propriedades magnéticas dos principais
grupos de materiais.

Este é um material de apoio, utilize sempre outras bibliografias para complementar os


seus estudos.

Objetivos
»» Definir o que são deformações e tensões em materiais.

»» Conseguir distinguir tensão e deformação.

»» Observar gráficos de tensão versus deformação e obter várias propriedades


mecânicas dos materiais.

»» Entender os conceitos de dureza, fluência, resistência ao choque e fadiga.

»» Entender os mecanismos de transporte de calor em sólidos por elétrons


livres e vibração de rede.

»» Conhecer as principais propriedades térmicas dos materiais.

»» Obter parâmetros fundamentais a partir de dados experimentais de


capacidade calorífica.

»» Conhecer conceitos como: condução elétrica, semicondutividade,


condução elétrica em cerâmicas iônicas e em polímeros, comportamento
dielétrico, ferroeletricidade, piezoeletricidade, por exemplo.

»» Conhecer um pouco mais de propriedades ópticas e magnéticas dos


materiais.

7
O COMPORTAMENTO
MECÂNICO DOS Unidade I
MATERIAIS

Nesta unidade estudaremos as propriedades mecânicas nos materiais. Estudá-las é


importante para os engenheiros, pois podem ser necessárias para o projeto de
estruturas/componentes materiais predeterminados, a fim de que não ocorram níveis
inaceitáveis de deformação e/ou falhas, por exemplo.

Sabe-se que muitos materiais, em operação, estão sujeitos a forças ou cargas e nessa
situação é necessário conhecer as características do material e projetar o membro a
partir do qual ele é feito, de tal maneira que qualquer deformação resultante não seja
excessiva e não ocorra fratura. O comportamento mecânico de um material reflete
a relação entre sua resposta ou deformação a uma carga ou força que esteja sendo
aplicada. Algumas propriedades mecânicas importantes são a resistência, a dureza, a
ductilidade e a rigidez.

As propriedades são muitos importantes nas estrutura dos materiais, por isso será
o alvo do nosso estudo. Ao final dessa unidade o aluno será capaz de: definir o que
são deformações e tensões em materiais; saber diferenciar entre tensão/deformação;
observar gráficos de tensão versus deformação e obter varias propriedades mecânicas
dos materiais; entender os conceitos de dureza, fluência, resistência ao choque e fadiga.

Capítulo 1
Propriedades mecânicas dos materiais

Comportamento mecânico
Sabemos que a peças são submetidas a cargas ou esforços. Logo, é preciso conhecer as
características que o material que as constitui possuem. Características essas que são
fundamentais quando se vai projetar o elemento estrutural, para que ele seja construído

9
UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

de forma que quando submetido a um esforço, sua deformação não seja muito grande
e com isso haja uma fratura.

O comportamento mecânico do material pode ser entendido como a resposta do material


a uma carga ou força aplicada. As propriedades mecânicas de materiais são determinadas
por meio de ensaios, que tentam ser os mais parecidos possível com as condições de
trabalho. Nesses ensaios, algumas condições importantes são consideradas, a natureza
da carga aplicada, condições ambientais e a duração em que a carga é aplicada.

Conceitos de tensão e deformação


Se uma força segue as leis de Newton e um corpo é submetido a ela de forma uniforme
em sua secção reta ou superfície, o seu comportamento mecânico pode ser mensurado
por simples teste de tensão-deformação. As principais formas de aplicar-se uma carga
são, tração, compressão, cisalhamento e torção, na Figura 1 é ilustrada a deformação
produzida por cada tipo de carga. (DUTRA, 2016)

Figura 1. Ilustração esquemática de como uma carga produz deformação em (a).

Fonte: Dutra, 2016.

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O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

Figura 2. Gráfico tensão-deformação.

Fonte: Dalcin, 2007.

Ensaio de tração
É um dos ensaios mecânicos mais comuns de tensão-deformação, pois pode ser usado
para determinar varias propriedades mecânicas dos materiais. O ensaio de tração é
realizado utilizando-se uma amostra-padrão (Figura 3) que é presa pelas extremidades
na máquina de ensaio. No aparelho de teste, o corpo é alongado de forma constante e
a carga aplicada é medida de forma simultânea e contínua, junto com suas elongações.
A carga é aplicada ao longo do eixo do corpo de prova e esse é deformado até a fratura,
trata-se de um ensaio destrutivo.

Ao final do ensaio, é construída uma curva de tensão-deformação, onde é possível


identificar a deformação para cada carga aplicada Figura 3.

Figura 3. Ensaio de tração: medida do Módulo de Elasticidade.

Fonte: Dalcin, 2007.

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UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

Ensaio de compressão
Tipo de ensaio utilizado quando forças em serviço são de compressão. Realizado de
maneira parecida com o ensaio de tração, difererenciando-se pelo tipo de força e o
corpo de prova que se contrai ao longo da direção da tensão.

Elasticidade
Trata-se da capacidade que um material tem de se deformar quando submetido a ações
externas, como uma força aplicada por outro corpo ou a ação da gravidade, e retornar a
sua forma primitiva sem alteração quando essa força é retirada.

A elasticidade do material depende de alguns fatores importantes: ligações químicas e


intermoleculares do material, e a estrutura cristalina.

Plasticidade
Diferentemente da elasticidade, a plasticidade é a capacidade de um material adquirir
uma forma qualquer quando submetido a um esforço e conservar essa nova forma
mesmo que o esforço seja retirado. Saiba que a plasticidade pode ser vista como
maleabilidade e ductilidade.

Figura 4. Elasticidade e plasticidade.

Fonte: Estrutura, 2008.

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O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

Maleabilidade
Quando se deseja laminar, forjar, estampar, repuxar ou entortar um material, a
maleabilidade é uma propriedade muito importante. Logo, a maleabilidade é a
propriedade mecânica de alguns metais que os permite sofrer deformação tanto a
quente, quanto a frio, possibilitando a transformação desses em chapas com fina
espessura, sem sofrer ruptura.

É muito importante que você saiba que a maleabilidade de um metal é diretamente


proporcional à temperatura que ele é trabalhado. Por esse motivo, os metais são mais
fáceis de serem transformados em chapas quando trabalhados a quente.

Propriedades de tração

Limite de escoamento
É desejável, na maioria das vezes, quando se projeta uma estrutura do material que
a compõe, quando aplicada uma tensão, só sofrerá deformação elástica. Logo, é
importante conhecer a magnitude a tensão em que se inicia o regime plástico, pois é aí
que se inicia o fenômeno do escoamento.

O limite de escoamento é a tensão máxima suportada pelo material em que ele ainda
esteja no regime elástico. Se a tensão aplicada for maior, o material não seguirá a Lei de
Hooke, deformando-se plasticamente.

O escoamento acontece quando elementos de liga ou impurezas impedem que haja


deslocamentos na rede cristalina, daí não ocorre o deslizamento e com isso o material
se deforma plasticamente. O escoamento ocorre um pouco acima do limite elástico, a
deformação e o alongamento são produzidos de maneira muito rápida, sem variação do
esforço aplicado.

Figura 5. Limite de escoamento.

Fonte: Dalcin, 2007.

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UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

Em metais, o ponto de escoamento pode ser determinado analisando-se a curva


tensão-deformação. Trata-se da região onde se inicia o desvio da linearidade da
curva.

Em termos quantitativos, o limite convencional de escoamento para um metal é


dado pela medida da resistência à deformação plástica.

Módulo de Young ou módulo de elasticidade

Nos materiais, dependendo do material e temperatura, quando lhes são aplicadas tensões,
suas deformações ocorrem de forma proporcional. A constante de proporcionalidade
entre elas é chamada módulo de elasticidade ou módulo de Young. Quanto maior esse
módulo, maior a tensão necessária para o mesmo grau de deformação, portanto, mais
rígido é o material.

O módulo de elasticidade é um parâmetro mecânico fundamental para a engenharia e


aplicação de materiais, que proporciona uma medida da rigidez de um material sólido.
O módulo de elasticidade é importante na descrição de várias outras propriedades
mecânicas, como a tensão de ruptura. É uma propriedade intrínseca dos materiais,
dependente da composição química, da microestrutura e dos defeitos.

A relação linear entre essas grandezas é conhecida como Lei de Hooke.

Figura 6. Lei de Hooke.

Fonte: Estrutura, 2008.

Segundo a Lei de Hooke a deformação é dada por:

σ
ε=
E
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O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

Sendo a tensão de flexão dada por:

− My
σ=
I

Considerando:

ε = Deformação

σ = Tensão de Flexão

E = Módulo de Elasticidade

I = Momento de Inércia

y = Centroide

Figura 7. Variação da deformação normal (vista lateral).

Fonte: Hibbeler, 2004.

Baseado na Lei de Hooke é possível observar que o módulo de elasticidade (E) é a razão
entre a tensão e a deformação na direção da carga aplicada, sendo a máxima tensão que
o material suporta sem sofrer deformação permanente.

A elasticidade linear é uma aproximação, na realidade os materiais apresentam


algum grau de comportamento não linear. A teoria da elasticidade estuda
como determinar as tensões, deformações e a relação entre elas para um sólido
tridimensional.

Limite de resistência à tração

Você já observou atentamente que a curva tensão-deformação é formada por uma região
linear, onde ocorre a deformação elástica, e uma região curva onde ocorre a deformação
plástica. Depois do escoamento, o material começa a deformar-se plasticamente até

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UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

que aconteçe a ruptura. Dentro dessa região plástica, a tensão cresce até um ponto de
máximo e em seguida perde intensidade, até a fratura. Essa tensão máxima é conhecida
como limite de resistência à tração, que é a tensão máxima que uma estrutura suporta
em tração. A fratura só ocorrerá se a tensão correspondente ao limite de resistência à
tração continuar sendo aplicada.

É importante saber que o limite de resistência à tração é um divisor de águas quando


se refere à deformação do material, até ele a deformação é uniforme, na região mais
estreita da amostra de tração. Na tensão máxima, uma pequena constrição, ou pescoço,
começa a formar-se em um ponto determinado e toda a deformação subsequente fica
confinada a essa região (enpescocamento).

A resistência à fratura corresponde à tensão aplicada quando ocorre a


fratura. Ordinariamente, quando a resistência mecânica de um metal é
citada para propósitos de projeto, o limite convencional de elasticidade
é usado. Isto é devido ao fato de que no tempo em que uma tensão
correspondente ao limite de resistência à tração tenha sido aplicada, às
vezes a estrutura terá experimentado tão grande deformação plástica
que ela é inútil. Além disso, resistências à fratura não são normalmente
especificadas para propósitos de projetos.
(DUTRA, 2016)

Figura 8. Limite de resistência à tração.

Fonte: Dalcin, 2007.

Ductilidade

Os materiais de construção mecânica, na maioria das vezes, são submetidos a esforços.


Muitos deles passam por processos de conformação mecânica, como a laminação, logo
são deformados de tal maneira que não voltam a sua forma original. A ductilidade é
a capacidade que um material tem em deformar-se plasticamente ao sofrer a ação de
uma força, deformam-se plasticamente sem se romperem.

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O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

Os aços dúcteis, quando sujeitos às tensões locais elevadas sofrem


deformações plásticas capazes de redistribuir os esforços. Esse
comportamento plástico permite que se considere, numa ligação
rebitada, distribuição uniforme da carga entre os rebites. Além desse
efeito local, a ductilidade tem importância porque conduz a mecanismos
de ruptura acompanhados de grandes deformações que fornecem avisos
da atuação de cargas elevadas.
(PADILHA, 2000)

Figura 9. Ductibilidade.

Fonte: Estrutura, 2008.

Dureza

É uma propriedade que permite apenas que se conheça uma característica superficial
do corpo de prova. Trata-se da grandeza que mede a resistência ao risco ou abrasão, ou
seja, é medida a dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração
de uma ponta de maior dureza.

É uma propriedade bastante interessante, pois a partir dela pode-se medir outras
características de forma indireta. Geralmente, a relação dureza e fragilidade são
diretamente proporcionais, quanto mais duro o material mais frágil ele será. É possível
também avaliar a resistência ao desgaste do material, quanto maior a dureza, maior a
ela será, essa relação pode ser feita pois a resistência ao desgaste é uma propriedade
dependente da superfície do corpo, assim como a dureza.

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UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

Sabendo-se a medida de dureza do material, ainda é possível identificar o grau de


endurecimento superficial por tratamento térmico e estimar a resistência mecânica,
já que na maioria das vezes as características internas são as mesmas da superfície do
metal.

As principais formas de medir a dureza do material são os ensaios: Brinell, Rockwell,


Shore, Vickers e Knoop.

Fragilidade

Como já sabemos, a fragilidade de um material está intimamente relacionada à sua


dureza. Materiais mais duros tendem a ser mais frágeis e quebradiços logo, tem baixa
resistência aos choques, ou seja, tendem a quebrar quando submetidos a eles.

Tenacidade

Entende-se por tenacidade a resistência que o material tem a choques, pancadas,


vibrações, golpes, impactos, ou seja, a capacidade que ele tem de absorver energia
mecânica que provocará deformações elásticas e plásticas.

Quando se realiza um ensaio de tração, é possível determinar a tenacidade por meio da


medida da área total do diagrama tensão-deformação. Então, é possível definir também
a tenacidade como a energia total por unidade de volume de material necessária para
provocar a sua fratura.

Resiliência

A resiliência é uma propriedade que cabe só a situações dentro da região elástica


do material. Definida como a capacidade do material de absorver muita energia por
unidade de volume dentro do regime elástico. É importante saber que quando o esforço
é retirado, essa energia é liberada.

Resistência à fadiga

A principal responsável por falhas em componentes metálicos em serviço é a fadiga.


Esse tipo de falha é muito comum quando as peças metálicas trabalham sob o efeito de
solicitações cíclicas em grande quantidade. Devido aos esforços repetitivos, a ruptura
pode ocorrer em tensões inferiores às estudadas em ensaios de elasticidade.

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O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

Alguns fatores contribuem para que ocorra a fratura por fadiga, principalmente pelo
fato de tratar-se de uma fratura com características frágeis. Alguns desses fatores são:
temperatura, concentração de tensões, meio corrosivo e tensões residuais.

A resistência à fadiga é a resistência à ruptura dos materiais. Na maioria das vezes, ela
é medida em ensaios elásticos e é fundamental quando se dimensiona uma peça que
passará por esforços cíclicos e dinâmicos.

Os resultados dos ensaios de fadiga realizados em corpo de prova


constituem apenas uma indicação do comportamento em serviço
do material desse corpo que depende também de muitos fatores não
representados nos ensaios de flexão rotativa, flexão alternada e tração
– compressão.

(PADILHA, 2000)

Resistência ao impacto

Um esforço de choque ou esforço de impacto é de natureza dinâmica. Os materiais,


quando submetidos a esforços dinâmicos, comportam-se de forma diferente de quando
estão sujeitos às cargas estáticas.

Muitas propriedades têm muita influência sobre outras. Quando falamos de resistência
ao impacto, temos que pensar na capacidade de um determinado material de absorver
energia do impacto, essa propriedade está ligada à sua tenacidade. E essa última ligada
a sua resistência e ductilidade.

O comportamento dúctil-frágil dos materiais pode ser mais amplamente caracterizado


por ensaio de impacto.

O ensaio de resistência é realizado para que se possa determinar a capacidade do


material absorver e dissipar essa energia. Ao final de cada ensaio de impacto, obtém-se a
energia absorvida pelo material até sua fratura, podendo determinar o comportamento
dúctil-frágil do material.

Hoje, existem vários ensaios de impacto para distintas situações, que vão desde um
impacto de baixas velocidades até impactos de velocidades hipersônicas (USP). Os
mais utilizados, e também os mais antigos, são os ensaios Charpy e Izod. A Figura 10 é
a representação de uma máquina de testes utilizada para os dois ensaios citados.

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UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

Figura 10. Máquina de ensaio de impacto.

Fonte: Scheid, 2016.

Ensaio Charpy

O ensaio Charpy é um dos tipos de teste de baixa velocidade. Trata-se de um ensaio


simples, onde um martelo pendular colide com o corpo de prova.

Figura 11. Ensaio Charpy.

Fonte: Scheid, 2016.

O corpo de prova possui uma seção transversal quadrada, entalhada no centro e


bi-apoiado horizontalmente na máquina de ensaio (USP). Existem três tipos de corpos
de prova utilizados no ensaio Charpy, eles possuem o mesmo comprimento (55 mm) e

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O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

seção quadrada (10 mm) e são classificados de acordo com o seu entalhe. São eles: Tipo
A, tipo B e tipo C (Figura 12).

Figura 12. Dimensões no ensaio Charpy.

Fonte: CIMM, 2016.

Em todos os três tipos de corpo de prova, o entalhe é feito no centro. No tipo A, ele é
em forma de V, o do tipo B tem um formato que lembra uma fechadura e o tipo C é no
formato de U invertido.

O ensaio consiste em elevar-se o martelo pendular a certa altura na máquina de ensaio,


para que ele adquira energia potencial gravitacional. O pendulo é solto, colide no corpo
de prova e a fratura ocorre justamente no entalhe, já que esse é o local de concentração
de tensões. O pendulo continua sua trajetória e vai até uma nova altura, menor já que
perdeu energia durante o impacto, logo a nova energia potencial gravitacional é bem
menor que a inicial.

A medição das energias potenciais gravitacionais iniciais e finais são importantes, pois
a diferença entre elas diz qual a energia absorvida pelo corpo de prova, energia essa
necessária para a ruptura dele.

Ensaio Izod

Esse ensaio é muito parecido como o ensaio Charpy, a principal diferença entre os dois
são as dimensões do corpo de prova e o seu posicionamento. No ensaio Izod o corpo
de prova é muito parecido com o do ensaio Charpy do tipo A, a maior diferença é que

21
UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

nesse caso o entalhe não está no centro. O corpo de prova está numa posição engastada
verticalmente na máquina de ensaio (Figura 13).

Figura 13. Ensaio Izod.

Fonte: Scheid, 2016.

Figura 14. Dimensões no ensaio Izod.

Fonte: CIMM, 2016.

O tamanho e o formato do corpo de prova e o formato e dimensão do entalhe tem


grande influência sobre os resultados do teste, logo, os resultados encontrados no ensaio
Izod são utilizados para comparar com os do ensaio Charpy, já que não se encontrarão
resultados exatamente iguais devido aos diversos fatores.

Resistência a fluência
É a deformação plástica que ocorre num material, sob tensão constante ou quase
constante, em função do tempo e a temperatura tem um papel muito importante nesse
fenômeno.

22
O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

A fluência é a capacidade que um metal tem de alterar o seu tamanho e a sua resistência
mecânica ao longo do tempo quando apenas sujeito à uma força constante, em função
do tempo, e uma temperatura de 40% da sua temperatura de fusão (TF).

Trata-se de uma deformação permanente de materiais. Esse tipo de deformação é


observada em todos os tipos de materiais.

Para o Alumínio,

Tf = 660° C+273K= 933K

933K x 0,4 = 373,2K – 273K = 100,2° C

A faixa de temperatura a partir da qual o alumínio estará sujeito à fluência inicia


em 100,2º C.

Ensaio de fluência

O objetivo do ensaio de fluência é determinar a vida útil do material nas condições de


carga constante, durante um período de tempo e sob temperaturas elevadas. Utiliza-se
de técnicas de extrapolação dos resultados, devido ao longo tempo de ensaio.

Figura 15. Máquina de ensaio de fluência.

Fonte: Araujo, 2010.

23
UNIDADE I │ O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS

A máquina de ensaio é composta de:

»» carga de tração constante,

»» forno elétrico a temperatura constante e controlável e

»» extensômetro para medir deformação em função do tempo.

O tempo de aplicação de carga é estabelecido em função da vida útil esperada do


componente.

Ensaio pode ser dividido em 3 categorias:

»» ensaio de fluência propriamente dito,

»» ensaio de ruptura por fluência e

»» ensaio de relaxação.

Ensaio de fluência propriamente dito


Consiste em aplicar uma determinada carga em um corpo de prova, a uma dada
temperatura, e avaliar a deformação que ocorre durante a realização do ensaio.
A duração do ensaio é muito variável, em geral, o tempo é superior a 1.000
horas. O normal é o tempo de ensaio ter a mesma duração esperada para a vida
útil do produto. Quando o ensaio é realizado durante um tempo mais curto é
chamado de extrapolação.

Na região de encruamento a velocidade de fluência é rápida e ocorre nas primeiras


horas. A velocidade de deformação (de /dt) é decrescente e com isso há o aumento da
resistência ao encruamento (Figura 16).

Figura 16. Curva de fluência – região de encruamento.

Fonte: Araujo, 2010.

24
O COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE I

Na região de taxa de deformação constante, a taxa de fluência (de /dt) é constante,


ou seja, linear. Esse estágio tem maior duração. Há equilíbrio entre os processos de
encruamento e recuperação. Já na região de ruptura há aceleração da taxa de fluência e
estricção seguida de ruptura.

Ensaio de ruptura por fluência

Muito parecido com o ensaio de fluência propriamente dito, mas aqui os corpos de
prova são sempre levados até a ruptura. Os principais resultados obtidos no ensaio são:

»» o tempo para a ruptura do corpo de prova, medida da deformação e

»» em alguns casos a medida da estricção.

O ensaio dura aproximadamente 1000 horas.

Figura 17. Limite de ruptura.

Fonte: Araujo, 2010.

Ensaio de relaxação

É através desse ensaio que são conseguidas informações sobre a redução da tensão
aplicada ao corpo de prova quando a deformação em função do tempo é constante a
determinada temperatura. O ensaio dura entre 1000 a 2000 horas.

25
O COMPORTAMENTO
TÉRMICO DOS Unidade iI
MATERIAIS

Nessa unidade estudaremos as propriedades térmicas dos materiais. Estudá-las tem


extrema importância, pois a temperatura, por exemplo, influencia praticamente todas
as propriedades dos materiais como, resistência mecânica e condutividade. Além disso,
a grande parte dos materiais é produzida ou processada termicamente. Conhecendo-se
as propriedades térmicas de um material, podemos ainda estimar a vida útil de
alguns materiais. Ao final desse capítulo, esperamos que você seja capaz de entender
os mecanismos de transporte de calor em sólidos por elétrons livres e vibração de
rede, conhecer as principais propriedades térmicas dos materiais, obter parâmetros
fundamentais a partir de dados experimentais de capacidade calorífica, entre outros
tópicos.

Capítulo 1
Propriedades térmicas dos materiais

Capacidade calorífica

Antes de falarmos sobre o conceito de capacidade térmica, alguns conceitos anteriores


são muito importantes. Para um engenheiro, é muito importante conhecer a diferença
entre calor e temperatura. A temperatura está ligada ao nível de atividade térmica, já
o calor é a energia térmica. E esses dois conceitos estão ligados à capacidade térmica.

Os corpos podem receber ou perder calor, e com isso podem ter sua temperatura
aumentada ou diminuída ou, ainda, mudar seu estado de agregação das moléculas, ou
seja, passar pelo processo de mudança de fases. Isso ocorre se considerarmos que a
variação de temperatura seja o único resultado da troca de energia.

26
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

A capacidade térmica de um corpo está ligada à quantidade de energia que ele recebe,
sem alterar seu estado de agregação, e a variação de temperatura que essa causa no
corpo. Definimos capacidade térmica como:

[...] a quantidade de calor que um corpo necessita perder ou absorver


para que sua temperatura sofra uma variação unitária.

Propriedade indicativa da habilidade de um material absorver calor


de sua vizinhança externa, ela representa a quantidade de energia
necessária para produzir um aumento unitário na temperatura. Razão
entre a variação de energia e a variação de temperatura resultante.
(CALLISTER, 2002)

A relação é dada pela expressão:


Q
C=
∆T

A unidade de medida da capacidade térmica no Sistema Internacional é calorias por


grau Celsius (cal/ºC). Outras unidades podem ser J/K, kcal/ºC, dependendo das
unidades em que são dadas a quantidade de energia e a temperatura.

Vários calores de transformação são de importância no estudo dos


materiais. Os mais conhecidos são o calor de fusão e o calor de
vaporização, que são os calores requeridos para produzir a fusão e a
gaseificação, respectivamente. Cada um deles envolve mudanças no
material, que passa de uma estrutura atômica ou molecular para outra.
Existem várias possibilidades de mudança de estrutura nos sólidos,
mudanças essas que também requerem uma alteração no conteúdo de
calor, ou conteúdo energético-térmico do material.
(CALLISTER, 2002)

Para corpos constituídos de um único material, a capacidade térmica é proporcional


à massa do corpo. Essa proporcionalidade é definida por uma grandeza denominada
calor específico (c), que é determinado pela razão constante entre a capacidade térmica
e a massa de uma substância,
C
C=
m

Representa a capacidade calorífera por unidade de massa (Capacidade


térmica mássica), ou seja, essa grandeza define a quantidade de calor
que deve ser fornecida ou retirada de cada 1 grama de um material para
variar sua temperatura em 1º C.

27
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

Figura 18. 1. Capacidade calorífica.

Fonte: próprio autor.

A capacidade térmica e o calor específico dos materiais podem ser determinados com o
uso de um calorímetro, um aparelho com isolamento térmico, utilizado para estudar as
trocas de calor entre corpos de diferentes temperaturas.

A capacidade térmica é característica do corpo e o calor específico é característica


da substância. Ambos podem ser determinados com o uso de um calorímetro.

O calor específico do material é influenciado por diversos fatores relacionados à


estrutura atômica e cristalina do material. Eles são:

I. Energia de vibração e rotação dos átomos: os átomos não estão


estáticos na estrutura dos materiais. Eles vibram e giram, ou seja,
possuem energia cinética. Quanto maior a temperatura tanto mais
eles vibram e giram, isto é, ganham mais energia cinética. Quando
se transfere calor para um material, parte desse calor é usado para
aumentar a energia cinética dos átomos, logo esse fator influencia o
calor específico.

II. Mudança de níveis eletrônicos (excitação dos elétrons): quando


o material absorve calor seus elétrons saltam para níveis mais
energéticos. Para isso os elétrons absorvem parte do calor.

III. Formação de vacâncias: a concentração de vacâncias aumenta com


o aumento da temperatura. Para isso é preciso energia.

IV. Transformações polifórmicas, magnéticas e do tipo ordem-


desordem: toda transformação envolve a absorção ou liberação de
calor.

Capacidade calorífica vibracional


A modalidade de assimilação da energia térmica, na maioria dos sólidos, é pelo
aumento da energia vibracional dos átomos. Os átomos sempre vibram a frequências

28
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

muito altas e com amplitudes relativamente pequenas. Cada átomo produz a sua
vibração, mas sempre sofrem influências das vibrações de átomos adjacentes devido
às ligações atômicas. As vibrações estão coordenadas e produzem ondas reticulares
que se propagam. Podem ser consideradas como ondas elásticas ou ondas sonoras, de
comprimentos de onda curtos e frequências muito altas. A energia térmica vibracional
para um material consiste em uma série dessas ondas elásticas, as quais possuem
uma variedade de distribuições e frequências (CALLISTER, 2008). Só são permitidas
determinadas quantidades de energia e um único quantum de energia vibracional é
chamado um fônon. As ondas vibracionais também são chamadas de fônons.

Expansão térmica
Quando a temperatura é elevada, a maioria dos materiais, não importando seu
estado físico, sofre uma expansão de suas dimensões. O conceito de expansão térmica
é de grande interesse para aplicações em engenharia, já que ela deve ser levada em
consideração durante a confecção de projetos para a construção de edifícios, estradas
ou quando se estuda o funcionamento de motores a explosão, por exemplo.

A primeira definição de expansão térmica é o fenômeno físico onde ocorre o aumento de


volume de uma substância com o aumento da temperatura. Esse aumento ocorre devido
ao aumento da distância média entre os átomos devido à elevação da temperatura.

Logo, pode ser dado um conceito melhor de expansão, ou dilatação térmica, que é
um fenômeno que ocorre geralmente durante o aquecimento de um material onde há
decorrência do aumento nas vibrações térmicas dos átomos, ou seja, há o aumento na
amplitude de vibração dos átomos levando a uma expansão do retículo cristalino.

Figura 19. Modo de vibração e assimetria da curva de potencial de ligação.

Fonte: Luso Academia, 2016.

29
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

Nos materiais sólidos a expansão térmica ocorre pela assimetria da curva de potencial
de ligação, ou seja, pela assimetria das forças de ligação entre átomos. A força para
separar os átomos de um cristal é menor do que aquela para aproximá-los, com uma
vibração térmica ocorre também o aumento da distância média entre os átomos, esse
processo é natural na maioria dos átomos.

A variação do comprimento em função da temperatura para um dado sólido pode ser


expressa pela equação do coeficiente de expansão térmica.

Figura 20. Variação do comprimento em função da temperatura.

Fonte: próprio autor.

O coeficiente linear de expansão térmica consiste na mudança fracional de volume ou


dimensão linear por grau de temperatura. Cada material tem o seu potencial de ligação
característico e, logo, o seu coeficiente de expansão térmica característico. O coeficiente
de expansão térmica linear é definido por:

∆L
L0
αl =
∆T
Sendo,

L0 = o comprimento inicial;

ΔL = a variação do comprimento;

ΔT = a variação da temperatura;

αl = o coeficiente linear de expansão térmica

O quadro 1 apresenta os coeficientes de expansão térmica linear de alguns materiais.

30
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

Quadro 1. Coeficientes de expansão térmica linear de alguns materiais.

Substância Coeficiente linear de dilatação térmica (αl) em °C-1


Aço 1,1 x 10-5
Alumínio 2,4 x 10-5
Chumbo 2,9 x 10-5
Cobre 1,7 x 10-5
Ferro 1,2 x 10-5
Latão 2,0 x 10-5
Ouro 1,4 x 10-5
Prata 1,9 x 10-5
Vidro comum 0,9 x 10-5
Vidro pirex 0,3 x 10-5
Zinco 6,4 x 10-5
Fonte: UFPA, 2016.

O aquecimento ou resfriamento ocorrerá em todas as dimensões do sólido, o que


acarretará na mudança de seu volume. Logo, o coeficiente de dilatação térmica do
volume e dado por:

∆V
V0
αv =
∆T
Em muitos materiais o coeficiente volumétrico depende da direção cristalográfica ao
longo da qual é medida a propriedade, ao depender dessa direção o coeficiente é dito
anisotrópico e a relação abaixo pode ser considerada:
α v = 3αl

O quadro 2 apresenta coeficientes de expansão térmica volumétrica de alguns materiais.

Quadro 2. Coeficientes de expansão térmica volumétrica de alguns materiais.

Substância Coeficiente linear de dilatação térmica (αv) em °C-1


Álcool etílico 75 x 10-5
Gases 3,7 x 10-5
Gasolina 11 x 10-5
Alumínio 7,2 x 10-5
Latão 6,0 x 10-5
Cobre 5,1 x 10-5
Vidro 1,2-2,7 x 10-5
Aço 3,6 x 10-5
Quartzo fundido 0,12 x 10-5
Glicerina 49 x 10-5
Mercúrio 18,2 x 10-5
Fonte: Luso Academia, 2016.

31
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

Em cada tipo de material, seja ele metal, cerâmica ou polímeros, quanto maior for a
energia da ligação atômica, o poço da energia potencial será mais estreito e profundo.
Quanto maior a separação interatômica e menor elevação de temperatura, menor valor
de αl. O coeficiente de expansão aumenta com a elevação da temperatura.

No quadro 3 e no gráfico da figura 21 podemos identificar coeficientes de dilatação


linear de alguns materiais.

Quadro 3. Coeficientes de dilatação linear de alguns materiais.

Material αl ( x 10-6 ºC-1) Material αl ( x 10-6 ºC­)


Metais Cerâmicas
Al 25 Al2O3 6,5-8,8

Cr 6 BeO 9

Co 12 MgO 13,5

Cu 17 SiC 4,8

Au 14 Si 2,6

Fe 12 Si3N4 (fase α) 2,9

Pb 29 Si3N4 (fase β) 2,3

Mg 25 MgAl2O4 7,6

Mo 5 Sílica (96% de pureza) 0,8

Ni 13 Sílica (99% de pureza) 0,55

Pt 9 Polímeros
K 83 Polietileno 100-200

Ag 19 Polipropileno 58-100

Na 70 Poliestireno 60-80

Ta 7 Nylon 80

Sn 20 Acetato de celulose 80-160

Ti 9 Silicone 20-40

W 5

Zn 35

Aço 1020 12

Aço inox 17

Liga de alumínio
3003 23,2

Liga de alumínio
2017 22,9

Titânio comercial 8,825

Bronze 18
Fonte: Righi, 2016.

32
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

Figura 21. Coeficientes de dilatação linear de alguns materiais.

Fonte: Padilha, 2000.

Condutividade térmica
Condutividade térmica descreve o transporte de energia – na forma de calor – através
de um corpo, como resultado do gradiente de temperatura, ou seja, habilidade do
material de transferir calor de uma região mais quente para uma região mais fria.
Fônons e elétrons livres carregam energia (vibrações) da região mais quente para
regiões mais frias.

33
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

Condutividade térmica é uma propriedade específica do material, para caracterizá-lo


quanto ao transporte de calor constante. De acordo com a segunda lei da termodinâmica,
calor sempre flui na direção de menor temperatura.

A relação entre calor transportado por unidade de tempo (dQ/dt ou fluxo de calor Q) e
o gradiente de temperatura (ΔT/Δx) através da Área A (área através da qual o calor flui
perpendicularmente a uma taxa constante) é descrita pela equação de condutividade
térmica. A equação que rege os estudos da transferência de calor por condução é a
equação da Lei de Fourier. Essa lei foi determinada a partir da observação de fenômenos
em experimentação.

Figura 22. Condutividade térmica.

Fonte: Netzsch, 2016.

Observe a figura 22 e considere que o experimento ocorre em regime permanente.


Temos um material conhecido, isolado termicamente em toda a sua superfície lateral,
enquanto as faces restantes, de área A, são mantidas a uma diferença de temperatura
tal que T1 > T2. Essa diferença de temperaturas causa a transferência de calor por
condução através do comprimento Δx ao longo do bastão. Sendo medida a taxa de
transferência de calor, é averiguado que essa é diretamente proporcional à diferença de
temperatura entre as chapas e a área da seção transversal do bastão, caso essa variasse
com x. Em contrapartida, a taxa de calor transferida é inversamente proporcional ao
comprimento Δx do bastão. A partir dessas observações chega-se à equação:

∆T
qx∞ A
∆x
Onde:

qx = a taxa de transferência de calor;

A = a área das faces;

34
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

ΔT = a diferença de temperatura entre as faces;

Δx = o comprimento do bastão.

Quando se muda o material do bastão, toda a proporcionalidade descrita anteriormente


é mantida com o porém de que, para valores idênticos de área, temperatura e
comprimento do corpo, o valor da taxa de transferência de calor muda. Essa alteração
indica que a proporcionalidade da equação deve ser convertida em uma igualdade
pela utilização de um coeficiente k que representa o comportamento do material no
experimento. Chega-se então à equação:

∆T
q x = − kA
∆x
Sendo que, k é a condutividade térmica do material [W/mK]

Fazendo Δx→0 na equação anterior, chega-se à Lei de Fourier, equação abaixo:

∆T
q x = kA
∆x

O sinal negativo é necessário, pois o gradiente de temperatura na direção x, dT/dx, é


negativo, sendo que o calor transferido nessa direção qx é positivo. E mais, o fluxo de
calor q”x [W/m2 ], obtido por meio da divisão de qx pela área A é perpendicular a essa
área. Observa-se ainda, por meio da Lei de Fourier, que, em regime permanente, a
variação da temperatura é linear ao longo de uma direção.

Ainda sobre a condutividade térmica k, é importante dizer que essa é classificada como
uma propriedade de transporte, que fornece uma indicação da taxa na qual a energia
é transferida pelo processo de difusão térmica (INCROPERA, 2008). Ela depende da
estrutura física, atômica e molecular da matéria, que depende do estado da matéria.
Voltando ao experimento da figura 22, sendo conhecidas a taxa de calor transferido
através do bastão, as propriedades geométricas do bastão e a diferença de temperatura
entre as faces, é possível determinar qual é a condutividade térmica desse bastão, caso
o seu material não seja conhecido.

Para o cálculo da condutividade térmica, primeiramente deve-se garantir que a superfície


lateral do bastão está bem isolada. Isso leva à hipótese de que a transferência de calor,
nesse caso, é unidirecional, ao longo da direção x do bastão. Após essas considerações,
deve ser aplicada a primeira lei da termodinâmica a um volume de controle que
compreenda as duas faces do bastão e tangencie toda a sua superfície lateral.
35
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

Quadro 4. Condutividade térmica de materiais de construção.

Condutividade térmica (W/mK)


Grupo Material Massa específica (kg/m3)
Seco Molhado
Alumínio 2800 204 204
Cobre 9000 372 372
Metal Ligas 12250 35 35
Aço, ferro 7800 52 52
Zinco 7200 110 110
Basalto, granito 3000 3.5 3.5
Pedra natural Calcário, mármore 2700 2.5 2.5
Arenito 2600 1.6 1.6
Tijolo 1600-1900 0.6-0.7 0.9-1.2
Alvenaria Tijolo de areia-cal 1900 0.9 1.4
1000-1400 0.5-0.7
Concreto de cascalho 2300-2500 2.0 2.0
Concreto leve 1600-1900 0.7-0.9 1.2-1.4
1000-1300 0.35-0.5 0.5-0.8
300-700 0.12-0.23
Concreto de pó de polimento 1000-1400 0.35-0.5 0.5-0.95
Concreto 700-1000 0.23-0.35
Concreto de isolação 300-700 0.12-0.23
Concreto celular 1000-1300 0.35-0.5 0.7-1.2
400-700 0.17-0.23
Concreto de escória 1600-1900 0.45-0.70 0.7-1.0
1000-1300 0.23-0.30 0.35-0.5
Cimento de asbesto 1600-1900 0.35-0.7 0.9-1.2
Placa gipsita 800-1400 0.23-0.45
Cartão gipsita 900 0.20
Inorgânico Vidro 2500 0.8 0.8
Lã de Vidro 150 0.04
Lã de rocha 35-200 0.04
Telhas 2000 1.2 1.2
Cimento 1900 0.9 1.5
Emplastros Cal 1600 0.7 0.8
Gipsita 1300 0.5 0.8
Cortiça (expandida) 100-200 0.04-0.0045
Linóleo 1200 0.17
Orgânico
Borracha 1200-1500 0.17-0.3
Placa de fibra 200-400 0.08-0.12 0.09-0.17
Folhosa 800 0.17 0.23
Madeira leve 550 0.14 0.17
Compensada 700 0.17 0.23
Madeira Cartão duro 1000 0.3
Soft-board 300 0.08
Cartão 500-1000 0.1-0.3
Cartão de madeira 350-700 0.1-0.2

36
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

Condutividade térmica (W/mK)


Grupo Material Massa específica (kg/m3)
Seco Molhado
Poliéster (GPV) 1200 0.17
Sintéticos Polietileno, Polipropileno 930 0.17
Cloreto de Polyvinyl 1400 0.17
Espuma de poliestireno, exp.
out/40 0.035
(Picosegundo)
Espuma Ditto, expulso 30-40 0.03
sintética Espuma de poliuretano (PUR) 30-150 0.025-0.035
Espuma dura ácida do fenol 25-200 0.035
PVC-espuma 20-50 0.035
Isolação de
Isolação da cavidade da parede 20-100 0.05
cavidade
Materiais Asfalto 2100 0.7
betuminosos Betume 1050 0.2
Água 1000 0.58
Gelo 900 2.2
Água
Neve, fresca 80-200 0.1-0.2
Neve, velha 200-800 0.5-1.8
Ar Ar 1.2 0.023
Solo florestal 1450 0.8
Argila arenosa 1780 0.9
Solo
Solo arenoso úmido 1700 2.0
Solo (seco) 1600 0.3
Telhas de assoalho 2000 1.5
Parquet 800 0.17-0.27
Revestimento de Tapete de feltro de nylon 0.05
assoalho Tapete (com borracha de espuma) 0.09
Cortiça 200 0.06-0.07
Lãs 400 0.07
Fonte: Protolab, s/d.

Metais

Os metais, de um modo geral, são excelentes condutores de calor. A condutibilidade,


entretanto, pode variar consideravelmente de um para outro.

Nos metais, a condutividade térmica está relacionada com a condutividade elétrica


de acordo com a Lei Wiedemann-Franz. Elétrons de condução são responsáveis por
ambas conduções: elétrica e térmica, possibilitando a corrente elétrica, e transferindo
também a energia térmica. No entanto, a correlação entre a condutância elétrica e
a térmica só vale para metais, devido à forte influência dos elétrons no processo de
transferência de eletricidade e dos fônons no processo de transferência de energia
térmica. Metais que possuem alta condutividade térmica, também possuem alta
condutividade elétrica.

37
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

A Lei de Wiedemann-Franz afirma que a contribuição eletrônica para a


condutividade térmica, k, e condutividade elétrica, σ, de um metal é proporcional
à temperatura.

K
= LT
σ
Onde L é previsto ser constante em metais. Essa constante é idêntica para todos
os metais e é conhecida como número de Lorenz.

Quadro 5. Número de Lorenz (x10-8WΩ/K2).

Metal 273 K 373 K


Ag 2.31 2.37
Au 2.35 2.40
Cd 2.42 2.43
Cu 2.23 2.33
Ir 2.49 2.49
Mo 2.61 2.79
Pb 2.47 2.56
Pt 2.51 2.60
Sn 2.52 2.49
W 3.04 3.20
Zn 2.31 2.33
Fonte: Protolab, s/d.

Polímeros

Os materiais não metálicos são isolantes térmicos, uma vez que eles
carecem de grandes números de elétrons livres. Dessa forma, os fônons
são os principais responsáveis pela condutividade térmica: o valor de
ke é muito menor do que o valor de kr. Novamente, os fônons não são
tão efetivos como os elétrons livres no transporte da energia calorífica,
o que é um resultado do espalhamento muito eficiente dos fônons pelas
imperfeições do retículo.
(CALLISTER, 2008)

Na maioria dos polímeros, a condutividade térmica é cerca de 0,3 W/m-K. Neles, a


transferência de energia é realizada por meio da vibração e da rotação das moléculas da
cadeia. A condutividade térmica depende muito do grau de cristalinidade, os polímeros
são materiais cuja principal característica é não possuir uma estrutura cristalina ou
totalmente cristalina. Quanto mais cristalina e ordenada for a estrutura cristalina de um
polímero, maior será a condutividade do material. Esse fato é explicado pela vibração

38
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

coordenada mais efetiva das cadeias moleculares para o estado cristalino. Devido à sua
baixa condutividade térmica, os polímeros, geralmente, são utilizados como isolantes
térmicos. (CALLISTER, 2008)

As suas propriedades isolantes podem ser melhoradas pela introdução


de pequenos poros, os quais são introduzidos geralmente através
da formação de uma espuma durante o processo de polimerização.
A espuma de poliestireno (Styrofoam) é usada comumente para
fabricar copos de bebidas e caixas isolantes.

(CALLISTER, 2008)

Cerâmicas

As condutividades térmicas de um grande número de materiais cerâmicos, à temperatura


ambiente, variam entre 2 e 50 W/m-K. Devido à estrutura cristalina (a mesma relação
que vimos para os polímeros), cerâmicas amorfas são menos condutoras que as
cerâmicas cristalinas. Segundo Callister, “o espalhamento dos fônons é muito mais
efetivo quando a estrutura atômica é altamente desordenada e irregular”.

Devido ao espalhamento das vibrações dos retículos ser maior quando há o aumento da
temperatura, a condutividade térmica em grande parte dos materiais cerâmicos diminui,
geralmente, proporcionalmente ao aumento na temperatura, para temperaturas
relativamente baixas.

Como ocorre com os materiais poliméricos, as propriedades isolantes dos materiais


cerâmicos podem ser melhoradas pela introdução de pequenos poros. O aumento do
volume dos poros pode provocar uma redução da condutividade térmica. A transferência
de calor através dos poros é normalmente lenta e ineficiente, por esse fato, muitos
materiais cerâmicos porosos são utilizados como isolantes térmicos. (CALLISTER, 2002)

Tensões térmicas
Um corpo pode ter a sua temperatura elevada e diminuída sem gerar nenhuma tensão.
Mas, quando o aumento dessa temperatura não é uniforme, não há também uma
dilatação uniforme do material, o que dá origem às tensões térmicas.

Tensões térmicas são induzidas no corpo como resultado das mudanças de temperatura.
Esse tipo de tensão pode provocar a fratura ou uma indesejável deformação plástica.

39
UNIDADE II │ O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS

Um cilindro sólido homogêneo e isotrópico quando aquecido ou


resfriado uniformemente (sem gradientes de temperatura) não
apresenta nenhum tipo de tensão, entretanto, se o movimento axial
do mesmo for restringido por algum extremo rígido, tesões térmicas
serão introduzidas. A magnitude da tensão, σ, resultante por efeito da
mudança de temperatura de T0 a Tf será

σ = Eα1 (T0 − Tf )

aqui E é o modulo de elasticidade, e 1, o coeficiente de expansão térmica


linear. Quando a temperatura final for maior que T0, aquecimento, T0
< Tf, as tensões induzidas são compressivas e σ < 0. Obviamente, se a
amostra está sendo resfriada, T0 > Tf, a tensão é expansiva σ > 0.

(CALLISTER, 2002)

Tensões resultantes de gradientes de temperatura

A temperatura ao longo de um corpo depende muito da sua condutividade térmica e da


sua taxa de variação da temperatura. Com isso, quando o sólido é aquecido ou resfriado,
o tamanho e a forma da peça determinarão como a temperatura será distribuída nesse
corpo.

Podemos então definir tensão como resultado de gradientes de temperatura ao longo


de um corpo, causada, geralmente, pelo rápido aquecimento ou resfriamento, o que
ocasiona uma mudança de temperatura na parte exterior mais rápida do que no
interior.

As diferentes variações causadas pela temperatura são restringidas pelas dimensões do


corpo de expandir-se ou contrair-se livremente.

Durante a soldagem, tensões residuais aparecem no corpo soldado, ocasionado pela


dilatação térmica, causada pelo calor gerado durante o processo. Numa junta soldada,
a região mais próxima ao arco elétrico é fundida e, na medida em que a distância
aumenta, ou seja, que o ponto esteja mais afastado da zona fundida, a temperatura
máxima, também chamada de temperatura de pico, diminui.

40
O COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE II

Figura 23. Tensões residuais em solda.

Fonte: Caldnazza, 2016.

A variação de temperatura provoca um aquecimento desigual, causando tensões de


contração e expansão na peça. Quando a poça de fusão começa a resfriar, o metal que
estava aquecido se contrai, gerando o aparecimento de tensões de tração nas regiões
de interface. Como resultado dessas tensões podem ser geradas alterações e falhas na
peça.

Figura 24. Tensões residuais em solda.

Fonte: Caldnazza, 2016.

Uma das formas de diminuir essas tensões é a utilização do tratamento térmico de


alívio de tensões que consiste na operação de aquecimento da peça de trabalho após a
operação de soldagem.

41
O COMPORTAMENTO
ELÉTRICO DOS Unidade iii
MATERIAIS

Nesta unidade estudaremos as propriedades elétricas nos materiais. Hoje, existem


muitas maravilhas eletrônicas, como o computador, lasers, entre outros. No entanto,
são baseadas em materiais, sendo o semicondutor de silício o mais importante deles.
Estudar as propriedades elétricas dos materiais é fundamental e imprescindível para
entender o funcionamento e realizar a construção desses componentes.

Ao final desta unidade, esperamos que você tenha uma visão geral de conceitos como:
condução elétrica, semicondutividade, condução elétrica em cerâmicas iônicas e
em polímeros, comportamento dielétrico, ferroeletricidade, piezoeletricidade, por
exemplo.

Capítulo 1
Propriedades elétricas dos materiais

Condução elétrica

Lei de Ohm

Quando falamos de propriedades elétricas de um material, uma das características mais


interessante é a facilidade com que ele transmite uma corrente elétrica. Para isso, um
dos artifícios utilizados é a Lei de Ohm que relaciona a corrente (|) à voltagem aplicada
(V). Sendo que a resistência (R) está ligada a características da amostra, e em muitos
materiais é independente da corrente. A resistividade (P) é independente da geometria
da amostra, mas está relacionada a R.

42
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Figura 25. A diferença de potencial, V, dividido pela corrente elétrica, I, é resistência do resistor, R, que é

denominada de Lei de Ohm: V = IR.

Fonte: DESIGNS, 2010.

Sabe-se que existe uma relação entre a corrente elétrica e a diferença de potencial e
que ela é mantida sempre constante. Segundo a Lei de Ohm, a voltagem aplicada nos
terminais de um condutor é proporcional à corrente elétrica que o percorre, descrita
pela equação:

V = R.i

Um resistor ôhmico ou linear é aquele onde a relação acima é obedecida. Essa relação
é obedecida por todos os condutores. Logo, o condutor que se submete a essa lei terá
sempre o mesmo valor de resistência, não importando o valor da voltagem. E o condutor
que não obedece, terá valores de resistência diferentes para cada valor de voltagem
aplicada sobre ele.

Mas nem sempre a Lei de Ohm é aplicável a todos os resistores, pois depende do
material de que o resistor é feito. Em alguns materiais, como os semicondutores, por
exemplo, a resistência elétrica não é constante, mesmo que a temperatura o seja, ela
depende da diferença de potencial. Logo, os materiais que não obedecem à Lei de Ohm,
são chamados de condutores não ôhmicos.

Condutividade elétrica

Quando se deseja especificar a natureza elétrica de um material, o conceito de


condutividade elétrica deve ser lembrado. A condutividade elétrica seria a capacidade
dos materiais de conduzirem ou transmitirem corrente elétrica. Ou o inverso da
resistividade, que é um indicativo da facilidade com que um material é capaz de conduzir
uma corrente elétrica.

Como você pode ver no quadro 6, existe uma faixa bem extensa de condutividades
elétricas nos materiais sólidos, em alguns casos chegam a uma ordem de grandeza de
10x27. Quanto à condutividade, os materiais podem ser classificados em condutores,
semicondutores e isolantes. Os metais são bons condutores, materiais com

43
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

condutividades muito baixas são os isolantes elétricos. Os materiais que apresentam


condutividades intermediárias são os semicondutores.

Quadro 6. Condutividades elétricas de alguns materiais.

Condutividade
Material
(S.m/mm2)
Prata 62,5
Cobre puro 61,7
Ouro 43,5
Alumínio 34,2
Tungstênio 18,18
Zinco 17,8
Bronze 14,9
Latão 14,9
Níquel 10,41
Ferro puro 10,2
Platina 9,09
Estanho 8,6
Manganina 2,08
Constantan 2
Mercúrio 1,0044
Nicromo 0,909
Grafite 0,07
Fonte: Villate, 2013.

Condução eletrônica e iônica

A corrente elétrica é consequência da movimentação de cargas elétricas em resposta a


forças que atuam sobre elas a partir de um campo elétrico que é aplicado externamente.

As partículas carregadas positivamente são aceleradas na direção do campo, enquanto


as partículas carregadas negativamente são aceleradas na direção oposta. A condução
eletrônica ocorre nos materiais sólidos, em geral, onde a corrente tem origem a partir
do escoamento de elétrons. Já a condução iônica ocorre nos materiais iônicos, onde é
possível um movimento líquido de íons carregados, o que produz uma corrente.

Movimento de elétrons e buracos ocorre nos metais e semicondutores: condução


eletrônica.

Movimento de íons ocorre nos materiais iônicos – isolantes: condução iônica.

44
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Estruturas da banda de energia nos sólidos

No átomo isolado, o elétron apresenta estados quânticos estacionários caracterizados


por níveis de energia quantizados e discretos, os denominados orbitais atômicos.
Já em um átomo com muitos elétrons, se consegue o estado fundamental distribuindo os
elétrons nos níveis de menor energia possível, obedecendo aos Princípios da Construção
e de Exclusão de Pauli que não permite que se ocupem os mesmo níveis de energia.

Existe um grande número de átomos que estão muito próximos às células


unitárias, quando se aproxima um átomo isolado de outro, os níveis de energia
de cada um dos átomos são perturbados levemente pela presença do seu vizinho.
Esse fato provoca uma perturbação nos níveis de energia dos átomos, para uma
grande quantidade de átomos, consequentemente um grande número de níveis de
energia próximos uns aos outros, surge uma banda de energia quase contínua no
lugar dos discretos níveis de energia encontrados nos átomos quando isolados.
(CALLISTER, 2002)

Figura 26. Formação das bandas de energia.

Fonte: Portnoi, 2016.

Dentro de um sólido, as energias possíveis dos elétrons estão agrupadas em bandas


permitidas, separadas por bandas proibidas devido à periodicidade do potencial criado
por íons em sólidos. As bandas mais profundas completamente ocupadas por elétrons
são denominadas de banda de valência, correspondem aos níveis atômicos de energia
mais baixa, apenas levemente afetados pela presença de outros átomos no cristal,
são inertes do ponto de vista elétrico e térmico. A banda não ocupada por elétrons é
chamada de banda de condução (Figura 27).

45
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Figura 27. Bandas de energia no condutor, semicondutor e isolante.

Fonte: Portnoi, 2016.

O nível de Fermi (EF) é aquele onde o nível de energia acima do qual não há
estados ocupados à temperatura zero Kelvin, logo, ele é o orbital mais alto ocupado
a T=0 K. Utilizando-se a teoria de bandas, é possível prever que sólidos com bandas
semipreenchidas apresentarão a energia de Fermi no interior de uma banda permitida
e, portanto, sob aplicação de um campo elétrico responderão com a condução de
corrente. As propriedades de condução do cristal dependem do fato da última banda
estar cheia ou não de elétrons. Se a banda não está completamente preenchida, os
elétrons próximos ao nível de Fermi podem ser facilmente promovidos para os níveis
vazios mais próximos, já que os elétrons podem mover-se com uma relativa liberdade
através do sólido.

Existe uma diferença energética entre as bandas de valência e condução, ela é


denominada de energia de “gap” (Figura 28). Para os semicondutores esse gap é
relativamente pequeno, menor que 2eV (Shackelford).

Figura 28. Gap para os diferentes tipos de material.

Fonte: Portnoi, 2016.

46
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

A condutividade do material dependerá do número de elétrons que passam da banda


de valência para a banda de condução e será maior com o aumento da temperatura, e
menor quando for a energia que separa as duas bandas, ou seja, o gap.

Mobilidade eletrônica

Mobilidade elétrica é a capacidade de partículas carregadas, como elétrons, prótons ou


íons, de moverem-se pelo meio, devido à existência de um campo elétrico que as está
puxando. Para íons é conhecida como mobilidade iônica; e para os elétrons, mobilidade
eletrônica.

Logo, a mobilidade eletrônica pode ser mais bem definida como da maior ou menor
facilidade com que o elétron pode mover-se pelo material e depende da temperatura
e do tipo de impureza presente nesse material, é a relação entre a velocidade de
deslocamento por unidade de campo elétrico.

O processo ocorre quando um campo elétrico é aplicado e gera uma força que atua
sobre os elétrons livres; como consequência. Os elétrons experimentam uma aceleração
em uma direção oposta àquela do campo, em virtude das suas cargas negativas. Se a
estrutura cristalina fosse perfeita, não existiria mobilidade eletrônica, já não haveria
qualquer interação entre um elétron em aceleração e os átomos. Mas como já sabemos,
apesar de estudarmos um retículo perfeito, num ambiente real, isso não ocorre. Logo,
o que ocorre é a aceleração de todos os elétrons livres, enquanto o campo elétrico é
aplicado, o que origina uma corrente elétrica que se eleva à medida que o tempo passa.
Contudo, sabemos que uma corrente elétrica atinge um valor constante no instante em
que um campo é aplicado, indicando que existe o que pode ser chamado por “forças de
atrito”, as quais contrapõem essa aceleração devida ao campo externo. Essas forças de
atrito resultam do espalhamento dos elétrons pelas imperfeições no retículo cristalino,
incluindo os átomos de impurezas, lacunas, átomos intersticiais, discordâncias, e
mesmo as vibrações térmicas dos próprios átomos. Cada evento de espalhamento faz
com que um elétron perca energia cinética e mude a direção de seu movimento. Existe,
contudo, um movimento líquido dos elétrons na direção oposta ao campo, e esse fluxo
de carga consiste na corrente elétrica.

O espalhamento é manifestado como uma resistência à passagem de uma corrente


elétrica. A extensão desse fenômeno é descrito pela velocidade de arraste e a mobilidade
de um elétron. A velocidade de arraste (va) representa a velocidade média do elétron na
direção da força imposta pelo campo elétrico, grandeza essa diretamente proporcional
ao campo elétrico.

47
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

A mobilidade eletrônica (µe), é uma indicação da frequência dos eventos de


espalhamento; as suas unidades são metros quadrados por volt-segundo (m2/V-s). A
condutividade elétrica é proporcional tanto ao número de elétrons como à mobilidade
eletrônica.

Mobilidade eletrônica:

VD = µ e E
Nesse caso a condutividade pode ser expressa como:
σ n | e | µe
=

Resistividade elétrica dos metais

Novamente, os metais possuem altas condutividades devido aos grandes números de


elétrons livres que são excitados para os espaços vazios acima da energia de Fermi.
Dessa forma, n possui um valor elevado na expressão para a condutividade.

Já sabemos que os defeitos cristalinos são centros de espalhamento para os elétrons de


condução nos metais, o aumento do número desses também aumenta a resistividade, ou
diminui a condutividade. Os fatores que são responsáveis pelo aumento da concentração
dessas imperfeições são a temperatura, a composição e o grau de deformação a frio de
uma amostra de metal. Foi constatado que a resistividade total de um metal é a soma
das contribuições das vibrações térmicas, das impurezas e da deformação plástica; isto
é, os mecanismos do espalhamento atuam independentemente uns dos outros.

Influência da temperatura

Para o metal puro e todas as ligas cobre-níquel, por exemplo, a resistividade aumenta
linearmente com a temperatura. Esse fato ocorre, pois a resistividade térmica em
relação à temperatura se deve ao aumento das vibrações térmicas e da presença de
defeitos no retículo, os quais servem como centros de espalhamento de elétrons, com o
aumento da temperatura.

Influência das impurezas

Quando é adicionada uma única impureza que forma uma solução sólida, a resistividade
devido à impureza, está relacionada à concentração da impureza em termos da fração
atômica.

48
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Influência da deformação plástica

A deformação plástica também aumenta a resistividade elétrica como resultado do


maior número de discordâncias que causam o espalhamento dos elétrons.

Semicondutividade

A corrente elétrica é resultante do movimento de partículas carregadas eletricamente


como resposta a uma força de natureza elétrica, em função do campo elétrico aplicado.
Partículas carregadas positivamente são deslocadas (aceleradas) na direção do campo
elétrico, enquanto as partículas carregadas negativamente na direção oposta. Na grande
maioria dos materiais sólidos, a corrente elétrica surge do fluxo de elétrons.

Um sólido consiste de um grande número de átomos que, quando juntos, ligam-se para
formar um arranjo atômico que define a sua estrutura cristalina. Em grandes distâncias
(separação entre os átomos), cada átomo é independente de todos os outros e terá nível
de energia atômico e configuração eletrônica como se fosse isolado.

As propriedades elétricas de um material sólido são consequência de sua estrutura de


banda eletrônica, isto é, do arranjo da estrutura de banda mais externa. Os elétrons
precisam ter energia para passar pela banda proibida (band gap) em direção aos estados
vazios na banda de condução. O número de elétrons excitados termicamente para o
interior da banda de condução depende da largura da banda proibida como também da
temperatura.

Quanto maior for a largura da banda proibida, menor será a condutividade elétrica
numa dada temperatura. Dessa maneira, a distinção entre semicondutores e isolantes
está na largura da banda proibida. Para semicondutores ela é pequena, enquanto para
isolantes ela é relativamente grande.

A condutividade elétrica dos materiais semicondutores não é tão elevada quanto a dos
metais, entretanto, eles apresentam características elétricas especiais destinadas a
certos propósitos.

Nos semicondutores, a condutividade pode ser drasticamente alterada pela presença


de impurezas, quando contendo concentrações pequenas e controladas de impurezas
diz-se que estão dopados. Essas impurezas quebram a regularidade da rede cristalina,
afetando os níveis de energia e fornecendo novos portadores de corrente.

49
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Semicondução extrínseca

Os semicondutores com impurezas são chamados de extrínsecos, podendo ser


classificados em semicondutor extrínseco do tipo n; com predominância de elétrons;
ou em semicondutor extrínseco do tipo p; com predominância de buracos. Em
semicondutores do tipo n as impurezas fazem com que surjam na banda proibida um
novo nível de energia próximo ao mais baixo nível de energia desocupado (Figura 29)
esse tipo de impureza é chamada de doadora. Já nos semicondutores do tipo p o novo
nível de energia é introduzido próximo ao mais alto nível de energia ocupado na banda
de valência.

Figura 29. Semicondutores do tipo n e p.

Fonte: Villate, 2013.

Figura 30. Representação dos níveis de energia em semicondutores extrínsecos do (a) Tipo n e (b) Tipo p. Onde

Ed é o nível de energia doador, Ea é o nível de energia aceitador, Ev é o mais alto nível de energia ocupado na

banda de valência e Ec é o mais baixo nível.

Fonte: Cohen-Tannoudji, 1977.

Quando há sobreposição do nível de Fermi com a banda de valência ou de condução,


o material é chamado de semicondutor degenerado. Existindo altas concentrações de
vacâncias, são formadas bandas que se sobrepõem a banda de condução, produzindo
um semicondutor degenerado.

50
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Semicondução intrínseca

Nos semicondutores intrínsecos o comportamento elétrico é baseado na estrutura


eletrônica relacionada com o material puro. Em temperaturas muito baixas, esses
semicondutores são ótimos isolantes, por possuírem na sua composição um elemento
ou combinação de elementos que lhes conferem uma estrutura covalente com todos os
orbitais eletrônicos ligantes de todos os átomos sempre completos.

A 0k (zero K), a banda proibida nos semicondutores é geralmente menor que 2eV.
Em semicondutores intrínsecos, para cada elétron excitado para a banda de condução
fica uma lacuna em uma ligação covalente. Sob a influência de um campo elétrico
há um movimento do elétron livre e de elétrons de valência em direções contrárias.
O movimento dos elétrons nas ligações covalentes pode ser visto como um movimento
da lacuna. A lacuna tem a mesma carga de um elétron, nos semicondutores intrínsecos
a concentração dos elétrons livres é sempre igual à concentração de lacunas.

Variação da mobilidade com a temperatura

As mobilidades dos portadores nos semicondutores são influenciadas


principalmente pelas impurezas e pela temperatura. Impurezas
ionizadas, assim como fônons, alteram a periodicidade da rede e, deste
modo, funcionam como centro de espalhamento para os portadores. Um
aumento de temperatura ocasiona um número maior de espalhamento
dos portadores pelos fótons e, consequentemente, uma diminuição
da mobilidade. Em baixas temperaturas, a vibração da rede (fônons)
não é suficientemente intensa para influenciar significativamente
no deslocamento dos portadores, e a principal causa limitadora da
mobilidade são os átomos das impurezas existentes no material. Esse
efeito é tanto mais pronunciado quanto menor for a temperatura,
visto que a probabilidade de ocorrer espalhamento pelas impurezas
ionizadas é tanto maior quanto menor for a velocidade do portador
espalhado. Deste modo, o aumento da concentração de impurezas leva
a uma diminuição na mobilidade a baixas temperaturas.

Para baixas temperaturas predomina o termo T3/2, cujas responsáveis


são as impurezas. As altas temperaturas, a mobilidade varia com T-3/2,
devido aos espalhamentos causados pelos fônons. Para semicondutores
intrínsecos, ou muito puros, esse termo predomina em qualquer
temperatura.

51
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

A resistividade total dos semicondutores pode ser obtida pela expressão:


1 1
ρ= =
σ e(µe n e + µ l n l )

Essa resistividade total é a soma da resistividade por fônons e por


impurezas, tal como para os condutores (regra de Matthiessen).

Fonte: UNIOESTE, cap. 15, pp. 419-420.

Efeito da temperatura na concentração dos portadores


livres

A condutividade de um semicondutor depende tanto das mobilidades dos portadores


como da concentração desses. A concentração está ligada à temperatura, devido ao
fato dos elétrons serem excitados termicamente para a banda de condução ou níveis
de impurezas. Com ajuda do conceito de nível de Fermi, pode-se obter uma descrição
quantitativa dessa dependência. (Ibdem)

A variação da condutividade com a temperatura para um semicondutor intrínseco, nos


casos onde µe e µl se modificam lentamente com a temperatura. É importante observar
que para determinado intervalo de temperatura onde a condutividade do metal decresce
por um fator 2, por exemplo, a condutividade do silício cresce de 103, a do Cu2O de 104
e a do Fe2O3 de 106. Podemos concluir então que a condutividade dos semicondutores
é muitas vezes mais sensível à temperatura que a dos metais.

A aplicação da estatística de Fermi para o cálculo da concentração


de portadores em semicondutores tipo n e p exige uma análise mais
complicada porque a posição do nível de Fermi no diagrama de bandas
de energia é dependente da temperatura.

Fonte: UNIOESTE, cap. 15, pp.

Efeito da temperatura na condutividade de


semicondutores
Com o aumento da temperatura, a condutividade dos metais condutores diminui. Já
para os semicondutores o efeito é oposto, a condutividade aumenta com o aumento
da temperatura. Esse fato pode ser explicado por meio da dependência do número de
portadores com a forma da função de Fermi Dirac.

A natureza precisa de condutividade dos semicondutores ser uma


função de T, σ = σ(T) se deriva de que a produção de portadores é um
processo termicamente ativado, para este mecanismo a densidade de
portadores se incrementa exponencialmente com a temperatura, isto é,

52
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

−Eg
n∞e
2kT
Sabendo-se que:

Eg = separação entre as bandas;

T = temperatura absoluta.

Pode-se observar outro fenômeno no qual a rapidez do processo apresenta


comportamento de Arrhenius. O expoente 2, na equação acima, aparece devido ao
fato de que cada promoção térmica produz um par elétron-lacuna. Sabendo-se que a
condutividade para um semicondutor foi dada por:

σ qn n µ n + qn lµ l
=
A condutividade em função do tempo, σ(T), é dada por n e µn e µl.

Da mesma forma que para os condutores, a mobilidade diminui


com o aumento de T, mas o crescimento exponencial de n domina a
dependência geral com a T o qual permite escrever, σO é a constante
pré-exponencial do tipo associado às equações de Arrhenius. Fazendo o
ln em ambos os lados da Equação acima:

Eg
ln σ= ln σ0 −
2kT
Fonte: UNIOESTE, cap. 15, p. 426.

Eg
Por meio da equação, se consegue uma linha reta de lnσvs T-1 com inclinação ,
Figura 31. 2k

Figura 31. Gráfico de Arrhenius dos dados de condutividade elétrica para o silício.

Fonte: UNIOESTE, cap. 15, p. 427.

53
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Efeito Hall

A descoberta do Efeito Hall ocorre a partir do estudo do físico Edwin H. Hall, quando ele
realizava experimentos para medir diretamente o sinal dos portadores de carga em um
condutor, o físico percebeu um fenômeno peculiar. Ainda não se sabia que quando o fio
percorrido por corrente elétrica era exposto a um campo magnético as cargas presentes
nesse condutor eram submetidas a uma força que fazia com que seu movimento fosse
alterado. O físico descreveu que houve o surgimento de regiões com carga negativa e
outras com carga positiva no condutor, criando um campo magnético perpendicular ao
campo gerado pela corrente principal.

Para melhor entendimento do efeito Hall, vamos ver um exemplo. A figura 32 representa
uma tira de cobre fina, por onde passa uma corrente i, numa região de campo magnético
uniforme.

Figura 32. Efeito Hall.

Fonte: Wikipédia, 2016.

Quando se aplica um campo magnético na direção horizontal, o resultado é uma força


magnética na direção perpendicular ao movimento eletrônico, no sentido de cima para
baixo. Ela fará com que o movimento dos elétrons seja desviado para baixo. À medida
que o tempo passa, as cargas negativas acumulam-se na face inferior, e cargas positivas
na face superior.

O excesso de cargas funcionará como um capacitor de placas paralelas, e o campo


elétrico que surge aqui é conhecido como campo Hall. Com o tempo, a força Hall entra
em equilíbrio com a força magnética.

qE h = qvB

54
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Sendo a densidade de corrente definida por J = nqv e J = i/A, temos:

iB
Eh =
nqA

Sendo ainda, Eh = Vh/d:


iB
n=
Vh
qA
d

Sendo a seção reta, A = Ld

iB
n=
qLVh
Esse efeito permite com que se concluam dois pontos importantes. O primeiro é que
é possível determinar o sinal da carga dos portadores, bastando medir a diferença de
potencial entre as superfícies superior e inferior. E por ultimo é possível determinar o
valor da densidade de portadores.

O efeito Hall é a base de diversos métodos experimentais utilizados na caracterização


de metais e semicondutores. Determinar o sinal e a densidade dos portadores é muito
importante para a indústria eletrônica, pois permite a fabricação de dispositivos que
dependem do tipo e da quantidade de portadores.

Dispositivos semicondutores

Os semicondutores estão presentes de diversas formas no nosso dia a dia, sob a


forma de diodos e transistores, por exemplo. Eles tornaram possível o advento dos
circuitos integrados, o que determinou grande parte do desenvolvimento dos aparelhos
eletrônicos existentes.

Os semicondutores são conhecidos pelas suas propriedades elétricas. Elas estão entre
as propriedades apresentadas nos condutores elétricos e nos isolantes.

Diodo

O diodo é um componente classificado como semicondutor. Ele é feito


dos mesmos materiais que formam os transistores e chips. Esse material
é baseado no silício. Ao silício são adicionadas substâncias chamadas
genericamente de dopagem ou impurezas. Temos assim trechos tipo N
e tipo P. A diferença entre os dois tipos está na forma como os elétrons
são conduzidos. Sem entrar em detalhes sobre microeletrônica, o

55
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

importante aqui é saber que quando temos uma junção PN, a corrente
elétrica trafega com facilidade do trecho P para o trecho N, mas não
consegue trafegar no sentido inverso.

O diodo possui seus dois terminais ligados às partes de uma junção PN.
A parte ligada ao P é chamada de anodo, e a parte ligada ao N é chamada
de catodo. A corrente elétrica trafega livremente no sentido do anodo
para o catodo, mas não pode trafegar no sentido inverso.

Por causa dessa característica, os diodos são usados, entre outras


aplicações, como retificadores. Eles atuam no processo de transformação
de corrente alternada em corrente contínua.
Fonte: <http://www.infoescola.com/fisica/eletronica-basica/>.

Figura 33. Diodo

Fonte: INFOESCOLA, 2016.

LED

O LED é um tipo especial de diodo que tem a capacidade de emitir luz


quando é atravessado por uma corrente elétrica. Como todo diodo, o
LED (Light Emitting Diode) permite a passagem de corrente (quando
acende) no sentido direto, do anodo para o catodo. No sentido inverso,
a corrente não o atravessa, e a luz não é emitida.

Figura 34. LED.

Fonte: Infoescola, 2016.

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O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Transistor

Esse é sem dúvida o mais importante componente eletrônico já


criado. Ele deu origem aos chips que temos hoje nos computadores.
Um processador, por exemplo, tem no seu interior, vários milhões de
microscópicos transistores. Inventado nos laboratórios Bell nos anos
1940, o transistor é um substituto das velhas válvulas eletrônicas, com
grandes vantagens: tamanho minúsculo e pequeno consumo de energia.
Quanto ao sentido da corrente elétrica, os transistores são classificados
como NPN e PNP.

Os transistores realizam inúmeras funções, sendo que as mais


importantes são como amplificadores de tensão e amplificadores
de corrente. Por exemplo, o sinal elétrico gerado por um microfone
é tão fraco que não tem condições de gerar som quando é aplicado a
um alto-falante. Usamos então um transistor para elevar a tensão
do sinal sonoro, de alguns milésimos de volts até alguns volts. Seria
tensão suficiente para alimentar um alto-falante, mas ainda sem
condições de fornecer a potência adequada (a tensão está correta mas a
corrente é baixa). Usamos então um segundo transistor, atuando como
amplificador de corrente. Teremos então a tensão igual à gerada pelo
primeiro transistor, mas com maior capacidade de fornecer corrente.

Figura 35.Transistor.

Fonte: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala15/image15/15_25_02.gif>.

Condução elétrica em cerâmicas iônicas e em


polímeros

Segundo Callister (2008) “A maioria dos polímeros e materiais cerâmicos iônicos é


composta por materiais isolantes à temperatura ambiente” e possuem uma estrutura
cuja banda de valência preenchida é separada de uma banda de condução vazia e

57
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

por band gap, geralmente, maior do que 2 eV. Logo, em temperatura ambiente, só
poucos elétrons podem ser excitados através do bad gap pela energia térmica que
está disponível, o que ocasiona valores muito pequenos de condutividade para esses
materiais.

Condução nos materiais iônicos

As cargas elétricas nos materiais iônicos são capazes de migrar ou difundir-se na


presença do campo elétrico. Logo, por meio do movimento líquido desses íons
carregados é gerada uma corrente elétrica que estará presente em adição àquela que
se deve a qualquer movimento dos elétrons. Os movimentos dos ânions e dos cátions
serão em direções opostas. A condutividade total de um material iônico é dada pela
soma das contribuições tanto eletrônica quanto iônica:

σ Total = σ eletrônico + σ iônico


A predominância de uma contribuição ou de outra, depende muito do tipo de material,
da temperatura e das impurezas presentes. A mobilidade pode estar associada a cada
espécie iônica, segundo a equação:

n eD
µif = i i
kT
Sendo,

n = valência;

D = coeficiente de difusão de um íon particular.

A contribuição iônica aumenta em função do aumento da temperatura, o que ocorre


com o componente eletrônico. É bom salientar que, mesmo com duas contribuições
diferentes à condutividade, a maioria dos materiais iônicos permanece isolante, mesmo
a temperaturas elevadas.

Propriedades elétricas dos polímeros

A maioria dos materiais poliméricos é composta por maus condutores


de eletricidade, devido à falta de disponibilidade de grandes números de
elétrons livres para participar do processo de condução. O mecanismo
da condução elétrica nesses materiais não é bem compreendido, mas
acredita-se que a condução elétrica nos polímeros de alta pureza seja de
natureza eletrônica.

58
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Os semicondutores extrínsecos (tanto do tipo n como do tipo p) são


produzidos a partir de materiais que, inicialmente, possuem purezas
extremamente elevadas.

Concentrações controladas de doadores e receptores específicos são


então adicionadas intencionalmente, empregando-se várias técnicas.
Tal processo de formação de ligas em materiais semicondutores é
chamado de dopagem.

Nos semicondutores extrínsecos, grandes números de transportadores


de carga (elétrons ou buracos, dependendo do tipo de impureza) são
criados à temperatura ambiente pela energia térmica disponível.
Como consequência, condutividades elétricas relativamente grandes à
temperatura ambiente são obtidas para os semicondutores extrínsecos.
A maioria desses materiais é designada para uso em dispositivos
eletrônicos, para serem operados sob condições ambientes.

(CALLISTER, 2002)

Comportamento dielétrico

Os materiais dielétricos são também conhecidos como materiais isolantes elétricos,


pois não há possibilidade de passagem de corrente elétrica através desses materiais e
são materiais não metálicos. Eles são utilizados em capacitores.

Capacitância

Por volta de 1837, Faraday realizou um estudo que buscou saber o que acontece quando
se coloca outro dielétrico (que não seja o ar) entre as placas do capacitor.

O ar, em condições normais é um dielétrico, logo, qualquer capacitor terá um


dielétrico entre suas placas.

Na figura 36, temos um capacitor carregado com carga Q. O dielétrico entre as placas
é o ar. Para medir a diferença de potencial entre as placas, utiliza-se um voltímetro.
Esse é um dispositivo com grande resistência interna, segue-se que o capacitor está
isolado, pelo menos para efeitos práticos. Portanto, a carga acumulada permanecerá
constante.

59
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Figura 36. Capacitor carregado com carga Q.

Fonte: próprio autor.

Se for aplicada uma voltagem no capacitor, uma das placas se torna positivamente
carregada e a outra negativamente carregada. O campo elétrico existente é direcionado
da carga positiva para a carga negativa. A capacitância (C) é dada pela quantidade de
cargas armazenadas em cada uma das placas, g, (CALLISTER, 2002):

Q
C=
V
Sendo,

V = representa a voltagem que é aplicada por meio do capacitor.

Para capacitor de placas paralelas com vácuo na região entre as placas. A capacitância
é dada por:

A
C =∈0
l
Sendo,

A = área das placas;

l = distância entre as placas;

ϵ0 = permissividade do vácuo é uma constante universal que tem o valor de 8,85 X 10-
12 F/m.

Quando um dielétrico é colocado entre as placas, a capacitância é dada segundo a


permissividade,

A
C =∈
l

60
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Sendo,

ϵ = representa a permissividade desse meio dielétrico.

A permissividade do meio dielétrico que será maior em magnitude do que ϵ0. A constante
dielétrica, e dada pela permissividade relativa, ;

∈r
∈0
A constante dielétrica é uma das propriedades dos materiais de maior consideração no
projeto de capacitores.

Ainda, quando um dielétrico é colocado entre as placas, a polarização resultará num


excesso de cargas negativas na parte superior do dielétrico, e igual quantidade de cargas
positivas na parte inferior (Figura 37). O campo efetivo entre as placas diminuirá,
provocando a diminuição do potencial.

Figura 37. Dielétrico colocado entre as placas.

Fonte: próprio autor.

Logo implica que a capacitância deve aumentar, em relação à capacitância do capacitor


com ar. Então,

C = kCar
Sendo,

K = constante dielétrica do material colocado entre as placas.

Para o vácuo, k = 1, e para o ar, k = 1,00058.

Os valores de ϵr (k) para uma variedade de materiais dielétricos estão apresentados


abaixo.

61
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Quadro 7. Os valores de εr (k) para uma variedade de materiais dielétricos.

Dielétrico k
Vácuo 1,00000 (por definição)
Ar 1,00058986 (±0,0000005)
Vidro 5-10
Borracha 3-35
Mica 3-6
Papel 4-6
Porcelana 6,0
Teflon 2,1
Concreto 4,5
Diamante 5,5-10
Sal 3-15
88 a 0° C
Água 80,1 a 20° C
55,3 a 100º C
Fonte: Kilhian, 2013.

A introdução de um dielétrico entre as placas resulta na redução da diferença de


potencial. Como a bateria fornece uma ddp constante, isso implica no aumento
de Q.

Figura 38. Dielétrico.

Fonte: próprio autor.

Vetores de campo e polarização

A maioria dos materiais isolantes tem um número reduzido de elétrons


ou íons móveis que permitem uma ínfima passagem de corrente elétrica
quando colocados em um campo elétrico. O campo elétrico interage nos
isolantes elétricos provocando um ligeiro deslocamento no balanço das
cargas positivas e negativas dentro do material para formar um dipolo
elétrico e são assim denominados materiais dielétricos. Duas cargas
pontuais de modulo q e sinais opostos, separados entre si de uma
distância s (eixo do dipolo), constituem um dipolo elétrico. O momento

desse dipolo, p , é uma grandeza vetorial de módulo qs, com a direção da

62
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

reta que une as duas cargas e sentido da carga negativa para a positiva.
A figura 39 ilustra o momento do dipolo elétrico discreto.

Figura 39. Representação do momento de um dipolo elétrico gerado por duas cargas (de magnitude q)

separadas por uma distância s, o vetor polarização associado


 , também, é mostrado.

Fonte: UNIOESTE, s/d.

Supor que as cargas estejam ligadas entre si mecanicamente, de tal forma


que a distância s seja sempre constante. Colocando esse dipolo elétrico
em um campo elétrico uniforme, de intensidade Ε (que é também um
vetor quantidade), externo (o próprio dipolo será um campo elétrico,
porém isso não nos interessa no momento). A extremidade positiva
do dipolo é atraída para a direita, e a negativa para a esquerda, por
uma força → (ou torque) que atuará sobre o dipolo para orientá-lo com
o campo aplicado, de intensidade Ε, conforme ilustra a figura 40. O
campo elétrico fornece um trabalho ao dipolo para girá-lo até que sua
direção e sentido sejam os mesmos do campo (Figura 41). Esse processo
de alinhamento do dipolo é denominado polarização.

Figura 40. Momento de um dipolo elétrico em um campo elétrico.

Fonte: UNIOESTE, s/d.

63
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Figura 41. (a) Forças impostas (torque) agindo sobre um dipolo elétrico devido a um campo elétrico. (b)

Alinhamento final do dipolo como o campo.

Fonte: UNIOESTE, s/d.

Polarização é então, o alinhamento induzido ou permanente dos


momentos de dipolo de moléculas ou átomos por efeito de um
campo externo. Os materiais isolantes (ou dielétricos) dependendo
do tipo de material e das condições de aplicação do campo externo,
basicamente podem apresentar 3 tipos de polarização (um, dois ou
mais simultaneamente), eletrônica, iônica e molecular.
Fonte: UNIOESTE, cap. 18, p. 520.

Tipos de Polarização
Polarização Eletrônica

A polarização eletrônica pode ser induzida em maior ou menor grau


em todos os átomos. Ela ocorre quando um campo elétrico desloca
o centro da nuvem eletrônica carregada negativamente em relação
ao núcleo positivo de um átomo (Fig. 42.a). Esse tipo de polarização
é encontrado em todos os materiais dielétricos e, obviamente, existe
somente enquanto um campo elétrico está presente.

Polarização Iônica

A polarização iônica ocorre somente nos materiais iônicos. Um campo


aplicado atua no deslocamento dos cátions em uma direção e dos ânions
na direção oposta, o que dá origem a um momento dipolo líquido. Esse
fenômeno está ilustrado na figura 42.b. A magnitude do momento
dipolo para cada par iônico, pi é igual ao produto do deslocamento
relativo, di, pela carga de, cada íon, ou seja,
pi = qd i
64
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Figura 42. (a) Polarização eletrônica. (b) Polarização iônica. (c) Resposta dos dipolos elétricos ao campo aplicado.

Fonte: UNIOESTE, s/d.

Polarização de orientação

O terceiro tipo, a polarização de orientação, é encontrado somente


em substâncias que possuem momentos dipolo permanentes. A
polarização resulta de uma rotação dos momentos permanentes na
direção do campo aplicado, figura 42.c. Essa tendência ao alinhamento
é contraposta pelas vibrações térmicas dos átomos, de modo tal que
a polarização diminui com o aumento da temperatura. A polarização
total P de uma substância é igual à soma das polarizações eletrônica,
iônica e de orientação (Pe, Pt e Po, respectivamente), ou
P = Pe + Pt + Po

65
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

É possível que uma ou mais dessas contribuições à polarização total


esteja ausente ou seja de magnitude desprezível em relação às demais.
Por exemplo, a polarização iônica não irá existir em materiais que são
ligados covalentemente, onde não existem íons presentes.
(CALLISTER, 2002)

A polarização eletrônica resulta do deslocamento de nuvens de elétrons em


relação a núcleos atômicos. A contribuição iônica resulta do deslocamento de
íons em relação a outros íons. A polarização molecular resulta da mudança de
orientação de moléculas com momento dipolo elétrico permanente por efeito
do campo externo aplicado. Em materiais heterogêneos existe um quarto
tipo de polarização – interfacial produzida pelo acúmulo de cargas elétricas
nas interfaces estruturais. Esse tipo não é levado em conta habitualmente em
estudos teóricos, mas é importante do ponto de vista prático, já que materiais
isolantes comerciais são sempre heterogêneos.

Fonte: Unioeste, s/d.

Resistência dielétrica

Quando se aumenta a quantidade de carga de um capacitor, o campo elétrico também


aumenta. Se for muito alto, grandes números de elétrons podem repentinamente ser
excitados para energias dentro da banda de condução, ou seja, pode arrancar elétrons dos
átomos do dielétrico, causando sua ionização. Segundo Callister, devido ao movimento
desses elétrons a corrente aumenta drasticamente; muitas vezes ocorrem uma fusão,
queima ou vaporização localizada, o que produz uma degradação irreversível, e talvez,
até mesmo a falha do material.

A resistência do dielétrico, algumas vezes chamada de resistência de ruptura, representa


a magnitude de um campo elétrico que é necessário para produzir uma ruptura, ou
seja, o valor máximo do campo elétrico que esse isolante suporta sem ionizar-se. Ao
atingir esse valor, salta uma faísca entre as armaduras do capacitor, danificando-o.
Foi exatamente essa propriedade que Franklin imaginou que acontecia na atmosfera e
originava as descargas dos relâmpagos.

A rigidez dielétrica especifica a tensão máxima que pode ser aplicada entre dois
eletrodos (normalmente indicada em função de eletrodos esféricos) sem que
ocorra o centelhamento, quando o material deixa de ser isolante. Em outras
palavras, a rigidez mede a qualidade de um material como isolante.

66
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

O quadro mostra a rigidez dielétrica de alguns materiais.

Quadro 8. Rigidez dielétrica de alguns materiais.

Material Rigidez Dielétrica (V/m)

Ar 3 x 106

Baquelite 24 x 106

Borracha de Neoprene 12 x 106

Nylon 14 x 106

Papel 16 x 106

Poliestireno 24 x 106

Vidro Pyrex 14 x 106

Quartzo 8 x 106

Óleo de Silicone 15 x 106

Titanato de Estrôncio 8 x 106

Teflon 60 x 106

Fonte: NCB, 2016.

Materiais dielétricos

Como já vimos, os materiais dielétricos também são conhecidos como isolantes. São
materiais que fazem oposição à passagem da corrente elétrica. Neles, os elétrons estão
firmemente ligados aos respectivos átomos, isto é, essas substâncias ou não possuem
elétrons livres ou o número de elétrons livres é relativamente pequeno. Portanto, não é
fácil o deslocamento da carga elétrica através desses materiais.

A porcelana, a borracha, o vidro, o plástico, o papel e a madeira são exemplos típicos


de substâncias que se comportam como bons isolantes, em condições normais. As
substâncias dielétricas são utilizadas na confecção de circuitos elétricos, como nos
capacitores, por exemplo.

Embora não conduzirem corrente elétrica, um material dielétrico quando submetido a


um campo elétrico de altíssimas intensidades poderá tornar-se um condutor. Mas os
materiais isolantes que são colocados entre as placas dos capacitores, por exemplo, são
muito resistentes a esse fator, o que quer dizer que fica praticamente impossível fazer
com que o isolante entre suas placas se torne um condutor.

É importante lembrar que há uma classe de materiais que têm propriedades


intermediárias entre os condutores e isolantes: a dos semicondutores.

67
UNIDADE III │ O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS

Outras características elétricas dos materiais

Ferroeletricidade

A ferroeletricidade é um fenômeno apresentado num grupo de materiais dielétricos que


exibem polarização espontânea, isto é, polarização na ausência de um campo elétrico.
São os correspondentes dielétricos dos materiais ferromagnéticos, que podem ter
comportamento magnético permanente.

Os cristais apresentam dois centros de cargas elétricas com sinais opostos (dipolos) que
são separados por uma pequena distância.

Fenômeno elétrico que corresponde à existência de uma polarização,


elétrica, espontânea em determinados materiais.
(INFOPÉDIA, s/d)

Diversos fatores devem ser levados em conta no processo de criação de ferroeletricidade,


e são capazes de aproveitar a energia para o uso construtivo. A maioria dessas são
condições necessárias para produzir ferroeletricidade. Alguns desses fatores são: a
temperatura, que irá ter um efeito de polarização da tensão que é criada; a força e direção
do fluxo, que está relaciona com o nível de força que é aplicado ao capacitor. Assim
como ocorre na temperatura, os níveis extremos de força irão diminuir a eficiência do
condensador e consequentemente uma armazenagem inadequada, afetando a produção
de ferroeletricidade.

Os materiais que possuem propriedades ferroelétricas são fisicamente ligados a uma


malha que pode ser utilizada como um condutor. Os materiais, por sua vez, podem ser
cobertos com um material condutor, que basicamente transformará a combinação de
malha, material, e condutor em um capacitor elétrico. A função dos capacitores é a de
um repositor para a energia que é gerada, bem como tornar-se a fonte de energia para
utilização posterior. Isso cria uma situação em que qualquer coisa que altere a malha
também sofrerá impacto dos materiais, e resultam em um fluxo de corrente para dentro
e para fora do capacitor.

Piezoeletricidade

A piezoeletricidade é uma propriedade exibida por poucos materiais cerâmicos.


É característica dos materiais que apresentam estruturas cristalinas complicadas, com
um baixo grau de simetria. A piezoeletricidade é a capacidade que alguns materiais tem
de gerar tensão elétrica por resposta a uma pressão mecânica.

68
O COMPORTAMENTO ELÉTRICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE III

Piezoeletricidade é interpretado como a produção de energia elétrica devido à


compressão sobre determinados materiais.

Figura 43. Piezoeletricidade.

Fonte: Netto, 1999.

O efeito piezoelétrico é entendido como a interação eletromecânica linear entre a


força mecânica e o estado elétrico em materiais cristalinos. A polarização é induzida
e um campo elétrico é estabelecido por meio de uma amostra, pela aplicação de
forças externas. A reversão do sinal de uma força externa inverte a direção do campo.
(CALLISTER, 2002)

É o processo reversível, e há materiais que apresentam o efeito direto ou reverso.


No primeiro, é a geração interna de carga elétrica resultante de uma força mecânica
aplicada. Já o reverso, é a geração interna de uma tensão mecânica, resultante de um
campo elétrico aplicado.

Os materiais piezoelétricos são utilizados em transdutores, dispositivos que


convertem energia elétrica em deformações mecânicas, ou vice-versa. Dentre
as aplicações familiares que empregam materiais piezoelétricos incluem-se as
agulhas de fonógrafos, os microfones, os geradores ultrassônicos, os medidores
de deformação e os detectores por sonar. Em um cartucho fonográfico, à medida
que a agulha cruza as ranhuras de um disco, uma variação de pressão é imposta
sobre um material piezoelétrico que está localizado no cartucho, a qual é então
transformada em um sinal elétrico e amplificada antes de ir para o alto-falante.
Os materiais piezoelétricos incluem os titanatos de bário e chumbo, o zirconato
de chumbo (PbZrO3), o diidrogeno fosfato de amônio (NH4H2PO4) e o quartzo.

(CALLISTER, 2002)

69
O COMPORTAMENTO
ÓPTICO DOS Unidade iV
MATERIAIS

Capítulo 1
Propriedades óticas dos materiais

Conceitos Básicos

Radiação eletromagnética

A radiação eletromagnética é considerada de natureza ondulatória, responsável pelo


transporte de energia por meio de flutuações dos campos elétrico e magnético. Os
campos elétrico e magnético são perpendiculares um ao outro e também à direção da
propagação (Figura 44).

Figura 44. Radiação eletromagnética.

Fonte: <http://www.fq.pt/images/luz/onda.jpg>.

A luz, o calor (ou energia radiante), o radar, as ondas de rádio e os raios-x, são todos
formas de radiação eletromagnética (Figura 45). A luz, ou radiação eletromagnética,
pode ser observada sob diferentes faixas espectrais: visível, infravermelho, ultravioleta,

70
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

ondas rádio etc. As formas de radiação eletromagnéticas são distintas, principalmente,


por sua específica faixa de comprimentos de onda e também de acordo com a técnica
segundo a qual ela é gerada.

Figura 45. Radiação eletromagnética.

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/36/Espectro_EM_pt.svg/800px-Espectro_EM_pt.svg.png>.

Praticamente toda a troca de energia entre a Terra e o resto do Universo ocorre


por radiação, que é a única que pode atravessar o relativo vazio do espaço.
O sistema Terra-atmosfera está constantemente absorvendo radiação solar
e emitindo sua própria radiação para o espaço. Numa média de longo prazo,
as taxas de absorção e emissão são aproximadamente iguais, de modo que o
sistema está muito próximo ao equilíbrio radiativo. A radiação também tem papel
importante na transferência de calor entre a superfície da Terra e a atmosfera e
entre diferentes camadas da atmosfera.

(UFPR, 2016)

A radiação eletromagnética pode ser considerada como um conjunto de ondas (elétricas


e magnéticas) cuja velocidade no vácuo é c =3x108m/s. As várias formas de radiação,
caracterizadas pelo seu comprimento de onda compõem o espectro eletromagnético
(Figura 45). O espectro eletromagnético na chamada faixa do visível cobre comprimentos
de onda desde o violeta: 3900 Å (1 Å = 10-8 cm = 0,1 nm) até o vermelho: 7200 Å,
a qual corresponde à radiação da luz solar, que pode ser decomposta em diferentes
frequências.

71
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

O comprimento de onda (𝛌) é a distância entre cristas (ou cavados) sucessivos (Figura 45);
a frequência de onda (v) é o número de ondas completas, para 1 ciclo, que passa por um
dado ponto por unidade de tempo, em segundos. A relação entre 𝛌, v e a velocidade c é;

c= λ v
Apesar da divisão do espectro em intervalos, todas as formas de radiação são
basicamente iguais. Quando qualquer forma de energia radiante é absorvida por um
objeto, o resultado é um crescimento do movimento molecular e um correspondente
crescimento da temperatura.

Toda radiação eletromagnética atravessa um vácuo a uma mesma


velocidade, a da luz, qual seja, 3 X 108 m/s (186.000 milhas/s). Essa
velocidade (c) está relacionada à permissividade elétrica do vácuo; e0
(ezero), e à permeabilidade magnética do vácuo, µ0, através da relação
1
c=
e 0µ 0

Dessa forma, existe uma associação entre a constante eletromagnética


(c) e essas constantes elétricas e magnéticas. Além disso, a frequência
(v) e o comprimento de onda (λ) da radiação eletromagnética são uma
função da velocidade, conforme a relação
c= λ v

A frequência é expressa em termos de hertz (Hz), e 1 Hz = 1 ciclo por


segundo. As faixas de frequência para as várias formas de radiação
eletromagnética também estão incluídas no espectro.

Algumas vezes, torna-se mais conveniente visualizar a radiação


eletromagnética a partir de uma perspectiva quântico-mecânica, no
sentido em que a radiação, em vez de consistir em ondas, é composta
por grupos ou pacotes de energia, chamados fótons. Diz-se que a energia
(E) de um fóton está quantizada, isto é, pode assumir apenas alguns
valores específicos, definidos pela relação

hc
E= hv
=
λ

onde h representa uma constante universal conhecida por constante


de Planck, que tem valor de 6,63 X 10”34 J-s. Dessa forma, a energia
do fóton é proporcional à frequência da radiação ou inversamente
proporcional ao comprimento de onda. As energias dos fótons também
estão incluídas no espectro eletromagnético.
Fonte: Callister, 2002.

72
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

Interações da luz com sólidos

A interação da luz com materiais transparentes processa-se de várias maneiras. A luz


incidente pode ser refletida por qualquer superfície. A luz que atravessa o material pode
ser dispersada ou absorvida. Parte da luz absorvida pode vir a ser reemitida, fenômeno
que se designa por fluorescência. E, finalmente, a luz que atravessa o material é
transmitida.

A interação da luz com um material transparente pode esquematizar-se da seguinte


forma:

Intensidade incidente (|0) = quantidade refletida (|R) + quantidade dispersada (|D) +


quantidade absorvida (|A) + quantidade transmitida (|T)

|0=|R+|D+|A+|T

Em materiais de boa qualidade óptica, as frações dispersada e absorvida podem ser


desprezadas, pelo que:

|0=|R+|T

A equação pode ser escrita de outra forma:

T+A+R=1

onde T, A e R representam, respectivamente, a transmissividade (|T/|0), a absortividade


(|A/|0) e a refletividade (|R/|0) ou as frações da luz incidente que são transmitidas,
absorvidas e refletidas por um material.

Interações atômicas e eletrônicas

Entre as interações da radiação eletromagnética a nível atômico, duas das mais


importantes são a polarização eletrônica e a transição energética eletrônica. Polarização
eletrônica: o campo elétrico da radiação eletromagnética interage com a nuvem
eletrônica dos átomos (íons) do material e induz uma polarização eletrônica. As duas
consequências mais importantes são: parte da energia pode ser absorvida e a velocidade
da onda é retardada enquanto passa pelo meio.

Segundo a Mecânica Quântica, os estados energéticos do átomo são discretos, somente


são possíveis alguns valores de energia. Considerando um átomo isolado, um elétron
pode ser excitado e ocupar um estado E2 estado de energia ou maior, pela absorção de
um fóton de energia. A troca energética depende da frequência do fóton, logo somente
fótons com valores de energia ΔΕ são absorvidos.
73
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

Figura 46. Transições eletrônicas.

Fonte: Callister, 2002.

Propriedades óticas dos metais


Uma das propriedades visíveis e comuns a todos os metais é a opacidade. Baseando-
nos na estrutura de bandas de energia e no conceito de energia de Fermi, chegaremos
à conclusão de que a opacidade dos metais é devido ao fato de que a radiação incidente,
com frequências dentro do espectro visível, excita os elétrons para estados de energia não
ocupados acima da energia de Fermi, a radiação incidente é absorvida.

Todas as frequências da luz visível são absorvidas pelos metais devido


aos estados eletrônicos vazios continuamente disponíveis, os quais
permitem transições eletrônicas. De fato, os metais são opacos para
toda a radiação eletromagnética na extremidade inferior do espectro
de frequências, desde as ondas de rádio, passando pelas radiações
infravermelha e visível, até aproximadamente a metade da radiação
ultravioleta. Os metais são transparentes às radiações de alta frequência
(raios x e y).
(CALLISTER, 2002)

“Grande parte da radiação absorvida é reemitida a partir da superfície na forma de luz


visível com o mesmo comprimento de onda, a qual aparece como luz refletida; uma
transição eletrônica acompanhada de re-radiação”. (CALLISTER, 2002). Ao incidirem

74
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

na superfície de um metal (~ 1 µm), os fótons são absorvidos. Essa absorção de fótons


é acompanhada de excitação de elétrons que passam de níveis energéticos preenchidos
para níveis de maior energia. Os elétrons excitados voltam para os níveis de menor
energia, reemitindo fótons, (Figura 47). Transições eletrônicas de absorção e emissão
de fótons são processos conservativos. Cerca de 90 a 95% dos fótons incidentes são
refletidos e a energia restante é dissipada na forma de calor. Uma pequena fração da
energia dos processos de decaimento eletrônico é dissipada na forma de calor.

Figura 47. (a) O elétron excitado passa um nível energético não preenchido atravessando o poço de energia.

A energia do fóton absorvido, ΔE, é necessariamente maior que a do poço de energia. (b) Passagem de um

elétron de um nível de alta para um nível de baixa energia através do poço de energia e consequente reemissão

de um fóton.

Fonte: <http://moodle.stoa.usp.br/file.php/739/Aula_14_2010/Aula_14-2010.pdf>.

Os metais são opacos e altamente refletivos, logo, a cor percebida é determinada pela
distribuição de comprimentos de onda da radiação que é refletida e não absorvida.

Uma aparência prateada brilhante quando o material é exposto à luz


branca indica que o metal é altamente refletivo ao longo de toda a
faixa do espectro visível. Em outras palavras, para o feixe refletido, a
composição desses fótons reemitidos, em termos de frequência e de
quantidade, é aproximadamente a mesma que para o feixe incidente.
(CALLISTER, 2002)

Os metais brancos como prata, alumínio e zinco, refletem aproximadamente o mesmo


número de fótons com as mesmas frequências encontradas no feixe de luz incidente.
Nos metais vermelhos e amarelos, tais como cobre e ouro, os fótons com pequeno
comprimento de onda são absorvidos e a radiação refletida é composta preferencialmente
de fótons com comprimentos de onda maiores.

75
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

Propriedades óticas dos não metais


Devido a suas estruturas de banda de energia, materiais não metálicos podem ser
transparentes à luz visível. Logo, ocorrem outros fenômenos óticos além da refração e
da transmissão, a reflexão e absorção.

Refração
Quando a luz atravessa dois meios transparentes de densidades distintas, como por
exemplo, ar/água ou ar/vidro, não só a direção do feixe luminoso é alterada, como
a própria velocidade e o comprimento de onda da luz variam abruptamente na
interface. Trata-se da refração da luz, ela é responsável pela distorção da imagem de
objetos imersos em copos com água, ou ainda de objetos perto do solo em dias de calor
intenso. A refração é representada pelo índice de refração, índice esse que está ligado à
temperatura.

Figura 48. Refração.

Fonte: Fendt, 2001.

Figura 49. Refração.

Fonte: Biologia, 2016.

76
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

O índice de refração n de um material é a razão da sua velocidade num vácuo (c) pela
velocidade (v) num meio.
C
n=
V
A magnitude de n, ou o grau de dobramento, depende do comprimento de onda da luz.
Podemos ver esse efeito pelo gráfico e dispersão ou separação de um feixe de luz branca
em suas cores componentes por um prisma de vidro. (CALLISTER, 2002)

Além de alterar a trajetória ótica da luz, o índice de refração tem grande influência
também na fração da luz incidente que é refletida na superfície do material. Sendo a
velocidade da luz (v) em um meio dada por:
1
v=
∈µ

onde ∈ e μ representam, respectivamente, a permissividade e a permeabilidade da


substância em questão. Teremos:

C ∈µ
n= = = ∈r µ r
V ∈0 µ 0
∈r = constante dielétrica

μr = permeabilidade magnética relativa

Para a maioria das substâncias, ligeiramente magnética, µ r ≅ 1 . Logo,

n ≅ er

Para materiais transparentes, há relação entre o índice de refração e a constante


dielétrica. A refração está relacionada à polarização eletrônica em frequências que
podem ser consideradas elevadas da luz visível. Daí o componente eletrônico da
constante dielétrica pode ser determinado a partir de medições do índice de refração.

O retardo da radiação eletromagnética em um meio é resultado da polarização eletrônica,


esse efeito recebe muita influência do tamanho dos átomos ou íons constituintes.
Geralmente, quanto maior for um átomo ou íon, maior será a polarização eletrônica,
menor será a velocidade e maior será o índice de refração. (CALLISTER, 2002)

O índice de refração para um vidro de cal de soda típico é de aproximadamente


1,5. As adições dos íons bário e chumbo (na forma de BaO e PbO) ao vidro, que
são íons grandes, irão aumentar significativamente o valor de n. Por exemplo,

77
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

vidros com alto teor de chumbo, contendo 90%p PbO, possuem um índice de
refração de aproximadamente 2,1. Para as cerâmicas cristalinas com estruturas
cristalinas cúbicas, bem como para os vidros, o índice de refração é independente
da direção cristalográfica (isto é, ele é isotrópico). Os cristais não cúbicos, por
outro lado, possuem um valor de n que é anisotrópico; isto é, o índice é maior ao
longo das direções que possuem a maior densidade de íons.

(CALLISTER, 2002)

No quadro 9, estão alguns índices de refração.

Quadro 9. Índices de refração.

Meio Material Índice e Refração


Ar 1,00
Água 1,33
Vidro 1,50
Glicerina 1,90
Álcool etílico 1,36
Diamante 2,42
Acrílico 1,49
Fonte: Colégio Web, 2012.

Reflexão

Quando um raio luminoso incide sobre uma superfície, parte dele passa de um meio
para outro com diferente índice de refração, e uma parte da luz é espalhada na interface
entre os dois meios. A reflexão da luz é um fenômeno físico que consiste na mudança
de direção dos raios de luz incidentes sobre uma superfície refletora, exceção feita à
situação na qual o ângulo de incidência seja igual a 90°, em que a direção se mantém,
mas apenas o sentido da propagação se altera.

Figura 50. Reflexão

Fonte: <http://wiki.stoa.usp.br/images/2/2a/Reflex%C3%A3o_regular_difusa.jpg>.

78
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

Damos o nome de refletividade (R) à fração da luz incidente que é refletida na interface.
Sendo
|R
R=
|0

Onde:

|o = intensidades dos feixes incidentes;

|R = intensidades dos feixes refletidos.

Sendo a luz normal à interface, então:

(n 2 − n1 ) 2
R=
(n 2 + n1 )

Onde n1 e n2 são os índices de refração dos dois meios.

Quando a incidência da luz não é normal à interface, a refletividade depende do ângulo


de incidência.

Para luz é transmitida a partir de um vácuo ou ar para dentro de um sólido:

(n 2 −1) 2
R=
(n 2 + 1)

Quanto maior o índice de refração do sólido, tanto maior é a refletividade. O índice


de refração de um sólido depende do comprimento de onda da luz incidente, pois a
refletividade também varia em função do comprimento de onda.

Leis da reflexão da luz

1ª Lei: O ângulo de incidência (i) é igual ao ângulo de reflexão (r).

2ª Lei: O raio incidente, (RI), a normal à superfície refletora (N) e o raio refletido (RR)
estão no mesmo plano. Considere uma reta N, perpendicular à superfície refletora que
denominaremos Normal à superfície (Figura 51).

79
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

Figura 51. Reflexão da luz.

Fonte: <http://s2.glbimg.com/N6I62DqGjKz0cMpHqg3LjcFve44=/0x0:652x324/620x308/s.glbimg.com/po/ek/f/
original/2014/07/01/figura_2.png>.

Absorção
Materiais não metálicos podem ser atravessados pela luz e, por isso, é possível
enxergar com nitidez através deles, são chamados materiais transparentes. Se não são
atravessados pela luz e, por causa disso, não enxergamos através deles, são chamados
materiais opacos. Já os materiais que permitem a passagem da luz, mas que não
favorecem uma visualização nítida de imagens através deles, apenas de contornos e de
cores mais fortes, são chamados materiais translúcidos.

Figura 52. Materiais não metálicos

Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-LhO-mCFmL7M/TkLWCS95ZAI/AAAAAAAAAGU/58NpnGc2tDA/s1600/imagem+2.JPG>.

A absorção da luz ocorre quando a luz incidente não se reflete e nem se refrata. A luz,
que é uma forma de energia radiante, é absorvida pela superfície, aquecendo-a.

Figura 53. Absorção da luz.

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-xwRR31hRYjM/U_O9n8RYneI/AAAAAAAAAK8/bz6SjMKyyG8/s1600/absor%C3%A7%C3%A3o.png>.

80
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

A absorção se dá por polarização eletrônica e transições de elétrons entre a banda


de valência e a banda de condução. O fenômeno de absorção implica que o conteúdo
energético do fóton seja igual à quantidade de energia necessária para que a molécula ou
átomo passe do estado fundamental para o excitado. A absorção ocorre quando o fóton
cede toda a sua energia para o elétron de valência, excitando-o. Quando isso ocorre e
o elétron retorna à camada de valência, há a emissão de um fóton de igual energia ao
incidente, ou seja, reflexão. Se o fóton não interagir com a matéria, haverá o fenômeno
de transmissão. Quando o conteúdo energético do fóton for maior ou menor do que a
quantidade de energia necessária para o composto passar do estado fundamental para
o excitado, o fenômeno de absorção não ocorre (Figura 54).

Figura 54. Quantidade de energia necessária para o composto passar do estado fundamental para o excitado.

Fonte: Alfaconection, 2016.

Coeficiente de absorção - ß

O coeficiente de absorção (β) luminosa é expresso em uma equação chamada de Lei


de Lambert. Lambert observou a relação entre a transmissão de luz e a espessura da
camada do meio absorvente. Quando um feixe de luz monocromática atravessa um
meio transparente homogêneo, cada camada desse meio absorve igual a fração de luz
que atravessa, independentemente da intensidade da luz que incida. A partir dessa
conclusão foi enunciada a seguinte lei:

A intensidade da luz emitida decresce exponencialmente à medida que


a espessura do meio absorvente aumenta aritmeticamente.

81
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

IT = I 0 eβl
Onde:

IT = intensidade da luz transmitida;

Io = intensidade da luz incidente;

β = constante denominada “coeficiente de absorção” e que depende do meio absorvente


empregado;

l = espessura do meio absorvente.

Transmissão

A transmissão acontece quando a luz atravessa uma superfície ou objeto. Existem três
tipos de transmissão: direta, difusa ou seletiva. A transmissão direta acontece quando a
luz atravessa um objeto e não se produzem câmbios na direção ou qualidade dessa luz. A
transmissão difusa se produz quando a luz passa através de um objeto transparente ou
semitransparente com textura. A luz que é transmitida de maneira difusa vai ser mais
suave, irá ocorrer menos contraste e intensidade, gerando sombras mais claras e uma
transição mais suave entre luz e sombra do que a luz direta. Já na transmissão seletiva
é produzida quando a luz atravessa um objeto colorido. Parte da luz será absorvida e
parte vai será transmitida por esse objeto.

Figura 55. Transmissão da luz.

Fonte: Alfaconection, 2016.

Para um feixe incidente Io que incide sobre a superfície frontal de uma amostra de
espessura l e coeficiente de absorção β, a intensidade transmitida na face posterior IT é

82
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

IT = I0 (1 − R) 2 eβ l

Onde R é a refletância; para essa expressão, é suposto que o mesmo meio existe do lado
de fora tanto da face frontal quanto da face posterior. Transmissão de luz através de
um meio transparente para o qual existe uma reflexão nas faces tanto frontal quanto
traseira, bem como absorção dentro do meio. Assim, a fração da luz incidente que é
transmitida através de um material transparente depende das perdas que incorreram
por absorção e reflexão.

Na Lei de Beer é mostrada a relação existente entre a transmissão e a concentração


do meio onde passa o feixe de luz. Certa solução absorve a luz proporcionalmente à
concentração molecular do soluto que nela encontra, ou seja:

A intensidade de um feixe de luz monocromático decresce


exponencialmente à medida que a concentração da substância
absorvente aumenta aritmeticamente.

IT = I 010 -kc
Sendo,

IT = intensidade da luz transmitida;

Io = intensidade da luz incidente;

k = constante denominada coeficiente de absorção;

c = concentração do meio absorvente.

Ao incidirem na superfície de um material não metálico, somente alguns fótons


são absorvidos, pois há um poço de energia que separa as bandas preenchidas
das bandas não preenchidas. Os fótons não absorvidos, ou seja, os que possuem
uma energia menor que a do poço de energia, são transmitidos. Os fótons
absorvidos são refletidos de forma similar aos metais.

No caso das cerâmicas, onde o poço de energia é grande, domina a transmitância.

Para os materiais semicondutores, o poço de energia é pequeno e domina a


refletividade.

83
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

Cor

Dada a opacidade dos metais e a sua boa refletividade, a cor percebida é determinada
pela distribuição dos comprimentos de onda da radiação refletida, ou seja, não
absorvida. Materiais não metálicos podem ser opacos ou transparentes à luz visível,
sendo transparentes, poderão ter uma cor definida.

Devido à absorção da luz, materiais transparentes aparecem coloridos com determinadas


frequências. Logo, cor seria uma combinação dos comprimentos de onda que são
reemitidos após absorção.

O fenômeno cor refere-se a uma resposta fisiológica ao estímulo luz que


chega à retina. A sensibilidade à cor não depende apenas da intensidade
luminosa, mas também da área estimulada da retina. A sensibilidade
do olho humano à luz varia com o comprimento de onda e depende
das condições de luminosidade. O olho humano é capaz de distinguir
cerca de dez milhões de cores. A máxima sensibilidade do olho humano
é observada para um λ próximo de 555 nm (verde) em condições de
luminosidade diurna, o comprimento de onda a que corresponde
também o máximo de intensidade do espectro solar.
(GONÇALVEZ, 2004)

Figura 56. Espectro da sensibilidade do olho humano à radiação visível, em condições de visibilidade diurna (CIE,

CommissionInternational de Éclairage).

Fonte: <http://www.photton.com.br/wp-content/uploads/Sensibilidade-espectral-do-olho-humano.jpg>.

84
O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE IV

As cores cromáticas são aquelas que formam o espectro de luz branca, vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul, índigo e violeta. Já as cores não cromáticas são as que resultam da
mistura de cores cromáticas e não estão presentes no espectro.

Existem parâmetros que definem as cores, são eles: tom (cor), luminosidade do tom
(valor do tom) e saturação do tom.

Tom (cor) corresponde ao comprimento de onda ou frequência da


radiação dominante. Ao tom é dado o nome amarelo, azul etc.

Saturação corresponde à quantidade de luz branca misturada com o


tom e permite caracterizar as cores pálidas (tons pastel, por exemplo).

Luminosidade (valor) descreve a intensidade da cor, i.e., o número de


fotões que chegam à retina.

(GONÇALVEZ, 2004)

Já vimos que materiais transparentes exibem cor devido a uma absorção de faixas de
comprimentos de onda da luz, ou seja, devido a um fenômeno chamado de absorção
seletiva. Na absorção seletiva ocorre a excitação de elétrons da banda de valência para
a banda de condução. A reemissão da luz dos fótons nem sempre ocorre para o mesmo
valor λ da luz incidente.

A cor observada é o resultado da combinação dos comprimentos de onda transmitidos.


Na absorção uniforme há reemissão total, igual para todos os comprimentos de onda,
ou seja, transmissão total. Se a absorção de luz é uniforme em todos os comprimentos
de onda, o material tende a ser incolor.

Opacidade e translucidez em materiais isolantes

Em resumo, um material é considerado “opaco” quando não permite a passagem da luz


em proporções apreciáveis. Já a translucidez é uma propriedade em que a luz ultrapassa
uma superfície, apresentando feixes de retorno.

Muitos materiais dielétricos intrinsecamente transparentes podem ser translúcidos ou


opacos em razão da reflexão interna e da refração do feixe transmitido. Esse fato ocorre
devido a múltiplos eventos de espalhamento durante interação da luz: com contornos
de grão, com partículas finas dispersas na matriz, com a porosidade, em materiais com
índice de refração anisotrópico.
85
UNIDADE IV │ O COMPORTAMENTO ÓPTICO DOS MATERIAIS

Figura 57. Três amostras de alumina de diferentes transmitâncias. Da esquerda para direita: (i) monocristal de

safira - transparente, (ii) policristal denso (não poroso) - translúcido e (iii) policristal com aproximadamente 5% de

porosidade - opaco.

Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAAA5oAC-6.jpg>.

Nos polímeros, o grau de translucidez é determinado principalmente pelo grau


de cristalinidade. O espalhamento da luz visível ocorre nos contornos entre as
regiões cristalinas e amorfas. Em polímeros de alta cristalinidade, os fenômenos de
espalhamento são intensos, tornando-os translúcidos ou opacos. Os polímeros amorfos
são completamente transparentes. Por exemplo, o polietileno de alta densidade,
de alto grau de cristalinidade, é opaco e o polietileno de baixa densidade (amorfo) é
transparente.

86
O COMPORTAMENTO
MAGNÉTICO DOS Unidade V
MATERIAIS

O magnetismo é um fenômeno pelo qual os materiais exercem forças, atrativas e


repulsivas, uns sobre os outros, contudo, a maioria dos elementos e materiais não exibe
essa propriedade. Muitos dos equipamentos e dispositivos modernos dependem do
magnetismo e dos materiais magnéticos: geradores e transformadores de eletricidade,
motores elétricos, rádio, televisão, telefone e computadores.

Qualquer substância, em qualquer estado, apresenta alguma característica magnética,


em todas as temperaturas. Pode-se dizer que o magnetismo é uma propriedade básica
de qualquer material. As propriedades magnéticas dos materiais têm sua origem na
estrutura eletrônica dos átomos. São de dois tipos os movimentos associados ao elétron
que podem explicar a origem dos momentos magnéticos: o momento angular orbital do
elétron, e o momento angular do “spin” do elétron.

Nesta unidade estudaremos as propriedades magnéticas dos materiais. Aqui você


descobrirá um pouco dos conceitos básicos, dipolos magnéticos, Diamagnetismo e
Paramagnetismo, entre outros.

CAPÍTULO 1
Propriedades magnéticas dos materiais

Conceitos básicos

Campo, indução, permeabilidade, susceptibilidade


magnética

O campo magnético é uma região do espaço onde se manifestam fenômenos magnéticos;


também chamados de intensidade de campo ou força magnética. Os estáticos são
produzidos por correntes elétricas estacionárias ou por magnetos. O campo magnético
87
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

constante é gerado quando as cargas se movem com velocidade constante. O vetor H é


utilizado para definir a intensidade do campo magnético ou a força do campo magnético,
sendo expresso em Ampère por metro (A/m).

Figura 58. A corrente (I) em um condutor linear produz um campo magnético (B) em torno do condutor. O campo

tem orientação de acordo com a regra da mão direita.

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/91/Electromagnetism.svg/2000px-Electromagnetism.
svg.png>.

Indução magnética são linhas de fluxo magnético por unidade de área, também
conhecida como densidade de fluxo ou fluxo magnético, representada pelo vetor B.
Um campo magnético pode ser representado por linhas de indução e que, em cada
ponto, têm a direção e o sentido do vetor indução magnética. Se um campo magnético
é aplicado no vácuo, o número de linhas do fluxo, ou densidade de fluxo, é dado por:
B= H µ 0

Sendo,

µ0 = permeabilidade magnética do vazio [4π×10-7 (T.m/A, ou H/m)];

H = vetor intensidade de campo magnético.

A permeabilidade magnética é definida como o grau de magnetização de um material


em resposta ao campo magnético, ou seja, a facilidade de “conduzir” o fluxo magnético.

Quando um material ferromagnético é colocado num campo magnético


aplicado, há um aumento da intensidade do campo magnético. Esse
aumento da magnetização é medido através da permeabilidade
magnética, µ, definida como o quociente entre a indução magnética e o
campo aplicado, isto é:

88
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

B
µ=
H

A permeabilidade é o parâmetro mais importante para os materiais


magnéticos macios uma vez que indica a quantidade de indução
magnética que é gerada por um material quando colocado sob a ação de
um determinado campo magnético.

A indução magnética é obtida somando-se o campo aplicado com o


campo exterior resultante da magnetização do material. O momento
magnético induzido por unidade de volume, devido ao material,
é designado intensidade de magnetização ou magnetização, e é
representado pelo vetor M, medido em A/m.
B=
µ 0 (H + M)

A magnetização ocorre quando os dipolos magnéticos são orientados


por uma interação entre o campo magnético e o material magnético. A
magnetização facilita a influência do campo magnético, a presença do
material faz com que mais energia magnética possa ser armazenada. Essa
energia pode ser armazenada permanentemente ou temporariamente e
ser usada para produzir trabalho.

Deve-se salientar o fato de que nos materiais ferromagnéticos a


magnetização 0M (zeroM) é frequentemente muito maior que o campo
aplicado μ0H, pelo que B aproximadamente μ0 M.

Outra grandeza útil é a permeabilidade relativa, µr, expressa pelo


quociente µ/µ0. Uma grande permeabilidade relativa significa que o
material amplifica o efeito do campo magnético.

A permeabilidade relativa serve para medir a intensidade do


campo magnético induzido. A permeabilidade magnética de um
material ferromagnético não é constante, variando quando o
material é magnetizado. A permeabilidade magnética é medida pela
permeabilidade inicial µi, e obtém-se a partir do declive da parte inicial
da curva de magnetização, e pela permeabilidade máxima µmax, definida
pela origem e pelo ponto de inflexão da indução magnética em função
do campo magnético.

Os materiais magnéticos facilmente magnetizáveis são os que têm


elevadas permeabilidades magnéticas máximas.

89
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

Como foi dito anteriormente, a magnetização de um material magnético


é proporcional ao campo aplicado, é possível definir um fator de
proporcionalidade designado por susceptibilidade magnética, ou seja,
M
X=
H

Esta grandeza serve frequentemente para expressar respostas


magnéticas pouco intensas dos materiais e representa também a
amplificação do campo magnético produzida pelo material. Ambos, µR
e X, têm o mesmo significado e estão assim relacionados:
µ R =1 + X
(PINHO, 2009)

Dipolos magnéticos e vetores de campo magnético

As forças magnéticas surgem quando partículas eletricamente carregadas se


movimentam. Esse movimento gera em torno das partículas uma região de influência
denominada de campo. Os dipolos magnéticos são equivalentes aos dipolos elétricos,
eles podem ser considerados como pequenos ímãs compostos por um polo norte e um
polo sul. As distribuições de campo podem ser representadas por linhas de força, elas
saem do polo norte em direção ao polo sul.

Figura 59. As distribuições de campo podem ser representadas por linhas de força, elas saem do polo norte em

direção ao polo sul.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/--ymOviESjg4/Vh4I1XVVyiI/AAAAAAAAABo/LYZpmuhUiE4/s1600/Dipolo-gilbert.png>.

Associado ao dipolo magnético está o momento de dipolo magnético,


que é uma grandeza vetorial. O momento magnético é um vetor, que
em presença de um campo magnético, relaciona-se com o torque de
alienação de ambos os vetores no ponto no qual se situa o elemento.
O vetor de campo magnético a utilizar-se é o B (tesla).Um campo
magnético H é gerado pela passagem de uma corrente i por uma espira
cilíndrica de comprimento l e contendo N voltas. O campo magnético é
medido em termos de fluxo magnético no vácuo Bº (Wb/m²).

90
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Os dipolos podem ser alinhados na direção do campo aplicado, é uma


forma muito fraca de magnetismo e não tem aplicação prática, pode ser
observado em materiais como: alguns metais, alguns gases diatômicos,
íons de metais de transição, terras raras e seus sais e óxidos de terras
raras.
(DOERING; MAURO; NICOLOTTI, 2010)

Origens dos momentos magnéticos

As propriedades magnéticas macroscópicas ocorrem devido aos momentos magnéticos.


Eles são definidos pela medida da intensidade da fonte de campo magnético. Os momentos
magnéticos que os elétrons possuem se originam de duas fontes. Devido à rotação em
torno do núcleo, caso em que se comporta como um pequeno circuito por onde circula
corrente elétrica. O campo magnético gerado possui um momento magnético orientado
ao longo do eixo de rotação. Cada elétron pode ser considerado como se estivesse girando
ao redor de um eixo. O momento magnético tem sua origem nesse movimento de rotação
e está direcionado ao longo do eixo de rotação. Logo, cada elétron, pode ser considerado
como um pequeno ímã que possui momentos magnéticos orbital e de spin.

O momento magnético mais fundamental é o magnéton de Bohr, μB, que (9,27 x 10-24
A-m2). Para cada elétron em um átomo, o momento de spin é +- μB. A contribuição do
momento magnético orbital é ml μB , em que ml é o número quântico magnético do
elétron. Em cada átomo individual os momentos orbitais de alguns pares de elétrons se
cancelam mutuamente. Isto é válido também para os momentos de spin. O momento
magnético resultante de um átomo é o somatório dos momentos magnéticos (orbital +
spin) de cada elétron que constitui o átomo.

Figura 60. Momento magnético.

Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAhEMcAC-3.jpg>.

91
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

Dianiagnetismo e paramagnetismo

Dianiagnetismo

Dois bons exemplos de materiais diamagnéticos são o ouro e a prata além de muitos
outros elementos químicos. São materiais que apresentam propriedades magnéticas,
quando sujeitos a um campo magnético externo. Esse campo de magnetização opõe-se
ao campo magnético a que for sujeito.

É uma forma muito fraca de magnetismo, que só persiste enquanto um campo magnético
externo estiver aplicado. Na ausência de campo externo, os átomos de um material
diamagnético têm momento nulo. A magnitude do momento magnético induzido pelo
campo externo é extremamente pequena e sua direção é oposta à direção do campo
aplicado. Pode-se dizer que todos os materiais apresentam diamagnetismo, porém sua
intensidade é tão baixa que só se consegue observar em materiais que não apresentam
outro tipo de magnetismo.

Paramagnetismo

Os materiais paramagnéticos apenas apresentam propriedades magnéticas quando


sujeitos a um campo magnético exterior. O lítio e o magnésio são exemplos de materiais
com propriedades paramagnéticas.

Nos materiais paramagnéticos, os átomos individuais possuem momentos magnéticos,


mas suas orientações ao acaso resultam em magnetização nula para um grupo de
átomos.

O paramagnetismo ocorre quando os dipolos magnéticos dos átomos tendem a ficar


alinhados paralelamente a um campo aplicado. Esse efeito é devido ao momento
magnético de elétrons que não estão emparelhados na camada exterior eletrônica, dos
átomos do material. Se os dipolos magnéticos estiverem muito unidos, podemos estar
perante um fenômeno de ferromagnetismo ou ferrimagnetismo.

O paramagnetismo é uma forma muito fraca de magnetismo e não tem aplicação prática,
pode ser observado em materiais como: alguns metais, alguns gases diatômicos, íons de
metais de transição, terras raras e seus sais e óxidos de terras raras.

92
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Ferrimagnetismo e antiferromagnetismo

Ferrimagnetismo

Os materiais ferrimagnéticos apresentam suas propriedades magnéticas todo o tempo,


qualquer que seja o campo magnético que lhes é aplicado. Temos como exemplo, o imã
de magnetita, que e um minério de ferro.

Os materiais do tipo ferrimagnético têm na sua constituição íons com momentos de


dipolo magnético de sentido oposto, mas de diferentes valores, o que faz com que não se
anulem. Isso faz com que exista sempre um magnetismo espontâneo. O ferrimagnetismo
é um fenômeno físico em que se produz o ordenamento magnético de todos os momentos
magnéticos de maneira que nem todos os momentos de uma amostra estão alinhados
na mesma direção e mesmo sentido. Alguns deles estão opostos e se anulam entre si,
no entanto, esses momentos que se anulam estão distribuídos aleatoriamente e não
conseguem anular por completo a magnetização espontânea.

Figura 61. Esquema de ordenação ferrimagnética: interações são antiferromagnéticas em cada linha, mas as

colunas ímpares não compensam o momento magnético das colunas pares.

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0c/Ferrimagnetic_ordering_01.PNG?1478627305505>.

Antiferromagnetismo

O antiferromagnetismo é o ordenamento magnético de todos os momentos magnéticos


de uma amostra, na mesma direção, mas em sentido inverso. Nos materiais com essa
propriedade, os dipolos magnéticos dispõem-se antiparalelamente, quando estão
93
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

a baixas temperaturas, mais especificamente, abaixo da temperatura de Néel, que é


diferente em cada material.

Ao ser aplicado um campo magnético a um material dessa espécie não o vai magnetizar,
pois os dipolos magnéticos estão sempre opostos, anulando-se. Se aumentarmos
a temperatura, acima da temperatura de Néel, o material fica paramagnético, como
veremos em seguida o que significa.

Figura 62. Antiferromagnetismo.

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5d/Antiferromagnetic_ordering.svg/800px-
Antiferromagnetic_ordering.svg.png>.

A temperatura de Néel é a temperatura acima da qual desaparece o efeito


antiferromagnético dos materiais, passando esses a comportar-se como
materiais paramagnéticos. É uma propriedade específica de cada material.

A temperatura de Néel é análoga à temperatura de Curie dos materiais


ferromagnéticos.

Ferromagnetismo
Nos materiais ferromagnéticos todos os dipolos magnéticos estão alinhados, quando
um campo magnético exterior é aplicado.

As substâncias que compõem esse grupo apresentam características bem diferentes


das características dos materiais paramagnéticos e diamagnéticos. Esses materiais
se imantam fortemente se colocados na presença de um campo magnético. Os ímãs
ferromagnéticos mantêm sempre as suas propriedades magnéticas, exceto quando
são aquecidos acima da temperatura conhecida como ponto de Curie. Quando são
resfriados, recuperam de novo as suas características ferromagnéticas.

Alguns exemplos de substâncias ferromagnéticas são o ferro, o cobalto, o níquel e as


ligas que são formadas por essas substâncias. Esses materiais são muito utilizados
quando se deseja obter campos magnéticos de altas intensidades.

94
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Figura 63. Ferromagnetismo

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3d/Ferromagnetic_ordering.svg/440px-Ferromagnetic_
ordering.svg.png>.

Figura 64. Comportamento dos momentos magnéticos dos átomos em materiais (A)

diamagnéticos, (B) paramagnéticos, (C) antiferromagnéticos, (D) ferrimagnéticos e (E)

ferromagnéticos.

Fonte: Koroleva; Khapaeva, 2009.

Domínios e histereses
Os domínios são pequenas regiões no material ferromagnético onde existe um
alinhamento mútuo de todos os momentos de dipolo magnéticos em uma mesma
direção. Em cada domínio a magnetização de saturação é máxima e o somatório das
magnetizações dos domínios é nulo. Os domínios adjacentes estão separados por uma
parede e cada um está magnetizado com sua magnetização de saturação.

Em um material magnético desmagnetizado os domínios estão orientados ao acaso, de


forma que seus efeitos se cancelam. Entretanto, se os domínios são alinhados por um
campo magnético, o material se torna magnético. O alinhamento de todos os domínios
em uma direção origina um efeito aditivo, o qual pode ou não permanecer após a
retirada do campo externo.

A formação de domínios corresponde à situação de menor energia. O alinhamento


total dos momentos magnéticos produz altos campos magnéticos e, portanto, alta
concentração de energia nas imediações do material. A subdivisão reduz essa energia.

95
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

A divisão em domínios cessa quando a energia para criar as paredes entre os domínios
é igual à energia externa devido ao alinhamento do campo.

Figura 65. Alinhamento de domínios. Um campo magnético externo pode alinhar os domínios.

Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAAT_AAD-1.jpg>.

A figura 66, abaixo, mostra as etapas de magnetização de um material ferromagnético


para diferentes valores de campo externo aplicado. Considere que o material está
inicialmente não desmagnetizado:

Figura 66. Domínios crescem com momentos magnéticos paralelos a H. Domínios desalinhados diminuem com

momentos magnéticos.

Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/m25HUBLFQa9g6StKL5P66fYYxerygZbKmyk2xJzNTqcjfn5HllrDme9F24Dsb3z8JU2J
=s145>.

96
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Como a permeabilidade é a inclinação da curva de B em função de H, pode ser observado


com base na figura 66, anterior, que essa é variável e dependente do valor de H.

A inclinação de B em função de H no ponto H=0 (H = zero) é especificada como uma


propriedade do material denominada de permeabilidade inicial µi.

O que acontece se a direção do campo externo aplicado for invertida? Isto é uma
característica de campo alternado produzido por corrente alternada. Quando um
material ferromagnético for submetido a um campo alternado irá aparecer um fenômeno
denominado de histerese. A histerese pode ser considerada como uma defasagem do
campo B em relação ao campo H aplicado.

Figura 67. Características da histerese.

Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/uUIi-0PHV7PfPOv2Nvt0z5z91vJ44i0dIlUHkpDuTKzO3bh7C3hYJrt73a48I3_9QPUdeA
=s92>.

O comportamento da histerese e da magnetização pode ser explicado pelo movimento


das paredes dos domínios. Quando um campo é aplicado, os domínios mudam de
forma e tamanho. No ponto de saturação, a amostra do material se torna um único
domínio.

97
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

Quando o campo H é invertido, inicialmente o único domínio é invertido. Depois são


formados domínios magnéticos na direção do novo campo.

Entretanto, existe uma resistência ao movimento por parte das paredes dos domínios
que ocorre em resposta ao aumento do campo H aplicado na direção oposta.

É possível obter outros ciclos de histerese sem que necessariamente o material atinja a
saturação.

Figura 68. Materiais magnéticos fortes e fracos.

Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/8xliEy9ZvicqhIyEnbPCTXc8FQrC2bDFWiOvg8dVNljWkpEPvMy1NY1YHEmhQDAuE3aR
=s119>.

Materiais magnéticos moles

Os materiais magnéticos moles ou macios ou “soft magnetics”, apresentam força


magnética somente em presença de um campo magnético externo. Utilizados
principalmente na indústria eletroeletrônica, podendo ser utilizados também nas
indústrias automobilística, de eletrodomésticos e de ferramentas elétricas.

A área compreendida pela curva de histerese corresponde a uma perda de energia por
unidade de volume, por ciclo de magnetização-desmagnetização, liberada na forma de
calor, ou perda por histerese.

98
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Figura 69. Materiais magnéticos moles.

Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/UjIMAPMa2DTPHkubbyGSuw7h0Xge25rxkIwtnff4QtjJovC_ujbiLLA65-
Wp3X65l2f7SUs=s85>.

Os materiais magneticamente moles perdem pouca energia e são usados em núcleos de


transformadores. Apresentam ainda alta permeabilidade inicial e baixa coercividade.

Materiais magnéticos duros


Os materiais magnéticos duros ou “hard magnetics” são aqueles que ao retirarmos o
campo magnético externo, o alinhamento dos domínios permanece. Ou seja, são os
imãs. Esses caracterizam-se por apresentar força magnética permanente. Os ímãs
permanentes são, geralmente, utilizados em condições estáticas.

Apresenta altas remanências, coercividade, indução de saturação e perdas de energia


por histerese. A energia necessária para desmagnetizar um imã é dada pelo produto
de energia (BH)max medido no segundo quadrante do anel de histerese (Figura 70). As
propriedades relevantes, as quais ímãs permanentes dizem respeito, são o máximo
valor de produto energético, (BH)max, a indução remanescente (Br) medida em T, e o
campo coercivo, Hc, medido em kA/m ou oersted. Os ímãs permanentes são duros,
quebradiços e possuem menor resistência à tração e à flexão que os materiais magnéticos

99
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

macios. Impedir a movimentação de paredes de domínio, aumenta a coercividade e a


suscetibilidade.

Figura 70. Materiais magnéticos duros.

Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/UjIMAPMa2DTPHkubbyGSuw7h0Xge25rxkIwtnff4QtjJovC_ujbiLLA65-
Wp3X65l2f7SUs=s85>.

A principal diferença entre os materiais magnéticos duros e os macios é a sua elevada


coercividade. Materiais com coercividade acima de 10 kA/m, não apresentam alterações
nas suas propriedades magnéticas quando submetidos a campos magnéticos fracos.
Algumas das propriedades desejáveis em materiais magnéticos macios, tais como alta
permeabilidade e baixa condutividade, são irrelevantes nos materiais magnéticos duros.

Supercondutividade

Supercondutividade é uma propriedade física de característica intrínseca de certos


materiais que são caracterizados pela resistência elétrica zero e pela expulsão de
campos magnéticos que ocorre em certos materiais, quando resfriados a temperaturas
extremamente baixas. Em um supercondutor, abaixo da temperatura crítica, os elétrons
fluem pelo material aos pares, os pares de Cooper, com mais ordem e mais facilidade
que em um condutor normal.
100
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Figura 71. Supercondutividade.

Fonte: <http://www.ensinandoeaprendendo.com.br/wp-content/uploads/2014/09/rede-met%C3%A1lica-e1409800085260.jpg>.

Fenômeno descoberto em 1991, pelo físico alemão Heike Kamerlingh Onnes. O físico
realizou medidas de resistência elétrica em mercúrio, enquanto a amostra era resfriada,
chegando a uma temperatura de 4K (-269o C). Na figura 72, é possível observar o
resultado obtido por Onnes, e ilustrando a diferença de comportamento entre um metal
usual e um supercondutor. (UFPR, s/d)

Figura 72.

Fonte: <http://fisica.ufpr.br/grad/supercondutividade.pdf>.

A supercondutividade é ainda caracterizada por conduzir corrente elétrica sem


resistência sem perdas (resistência elétrica zero) e pela expulsão de campos magnéticos
que ocorre em certos materiais. A expulsão completa dos campos magnéticos de seu
interior pelos materiais supercondutores foi observada em 1933, por Walther Meissner
e Robert Ochsenfeld, efeito conhecido como efeito Meissner (Figura 73). É possível sim
a penetração de um campo magnético no material, mas é necessário que haja uma

101
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

distância característica chamada de Comprimento de Penetração de London, que varia


de material para material, mas é tipicamente da ordem de 50 ~ 500 nm.

Figura 73. Efeito Meissner.

Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b5/EfektMeisnera.svg/2000px-EfektMeisnera.svg.png>.

Supercondutores que apresentam um completo efeito Meissner são ditos do tipo I. Eles
são, além de condutores perfeitos, diamagnéticos perfeitos. O diamagnetismo é uma
propriedade interessante, pois, como já vimos, serve para caracterizar o supercondutor.
Diversos elementos metálicos, incluindo o alumínio, o chumbo, o estanho e o mercúrio,
pertencem ao grupo do tipo I.

O efeito Meissner geralmente é demonstrado por fazer um ímã permanente flutuar


sobre a superfície de um supercondutor (Figura 74).

Figura 74. Efeito Messer. O material supercondutor se encontra imerso em um banho criogênico. Como as linhas

de campo são expulsas do supercondutor, o imã levita espontaneamente.

Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/dRFPLW_oHSnn6FtheaJ6y1QQq1-c2Lu6WtZMeOZ6x7OuCye6l_
aNXsWIpuwe_2TLZSsdPg=s170>.

102
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

As linhas do campo magnético são impedidas de penetrarem no


supercondutor e tomam uma forma semelhante a que teriam se
houvesse outro ímã idêntico dentro do material supercondutor (ímã
“imagem”). Dessa forma, o ímã sofre uma repulsão que compensa seu
peso e “levita” sobre o supercondutor.

(UFPR, 2016)

Figura 75. Linhas de campo são expulsas do supercondutor.

Fonte: <http://www.seara.ufc.br/especiais/fisica/supercondutividade/meissner2.gif>.

Nos supercondutores do tipo II há uma pequena penetração das linhas de campo


magnético para dentro do material. Geralmente, suportam correntes mais fortes que
no tipo I, sem perder a condição de supercondutor. Por esse motivo, os semicondutores
do tipo II são mais promissores para possíveis aplicações do que os do tipo I. Existem
alguns supercondutores de altas temperaturas e que parecem ser do tipo II.

Um supercondutor caracteriza-se por dois efeitos:

»» O material não apresenta nenhuma resistência elétrica (R = 0).

»» O campo magnético dentro do material é zero (B = 0).

Tipos:

»» Tipo I: condutores perfeitos, diamagnéticos perfeitos.

»» Tipo II: pequena penetração das linhas de campo magnético para


dentro do material.

103
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

Para saber um pouco mais sobre a diferença que existe entre um condutor e um
supercondutor, leia o texto: Você sabe a diferença entre um simples condutor
elétrico e um supercondutor?

Segue o link: <http://www.ensinandoeaprendendo.com.br/quimica/condutor-


eletricidade-supercondutor/>.

Caso o mundo dos supercondutores te interesse, o link abaixo é de um material


da UFsCAR falando sobre “O fascinante mundo dos materiais Supercondutores”,
com definições e aplicações dessa classe de materiais.

Segue o link: <http://www.ufscar.br/~univerci/n_2_a1/super.pdf>.

O texto abaixo é encontrado em seu caderno de estudos de materiais cerâmicos,


nele aprenderemos um pouco mais sobre supercondutores e um pouco da
utilização dos materiais cerâmicos como supercondutores.

Os supercondutores têm características extraordinárias por apresentarem


resistência elétrica nula e repelirem completamente campos magnéticos
(esse último é chamado efeito Meissner). A primeira característica promete a
substituição dos condutores comuns para garantir mais eficiência na transmissão
de eletricidade e também a capacidade de construção de magnetos muito
mais poderosos (sendo este o principal uso dos supercondutores atualmente).
O efeito Meissner tem despertado grande interesse como um meio possível
de levitação magnética de veículos, especialmente trens, para eliminar
virtualmente todo atrito de trilhos e, portanto, permitir maiores velocidades
e reduzir grandemente o consumo de potência. Todo material “supercondutor”
reverte-se para “comum” acima de certa temperatura crítica. Entre a descoberta
do fenômeno da supercondutividade, em 1911 e 1986, um número de elementos
metálicos e compostos tem sido verificado por apresentar o comportamento
supercondutor, porém todos eles têm temperaturas extremamente baixas, com
requisito de resfriamento em nitrogênio líquido ou mesmo hélio liquefeito para
manter a supercondutividade; esse requisito (sistemas de resfriamentos grandes
e caros) tem limitado a utilização prática de materiais supercondutores.

Assim, em 1986, um material cerâmico (um óxido complexo de cobre, bário


e lantânio) foi descoberto com uma temperatura crítica de 40K (≈ -233° C).
O tremendo surto de interesse na investigação de composições cerâmicas
similares resultou na descoberta, em 1987, de um material com uma temperatura
crítica tão alta quanto 90K (≈ -183°C). Desde então, um bom número de óxidos

104
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

cerâmicos supercondutores tem sido produzido, a maioria deles contendo


cobre, um alcalino terroso (tal como Sr ou Ba) e uma terra rara (tal como Y ou La).
Tais condutores “supercondutores” oferecem uma possibilidade mais barata de
resfriamento com nitrogênio liquefeito.

Essas descobertas têm dado esperança de que um dia um material supercondutor


possa ser encontrado com uma temperatura crítica tão alta quanto a temperatura
ambiente (cerca de 300K), que não precisasse de nenhum resfriamento para
permanecer como supercondutor. Muitas pesquisas continuam na direção
de produzir materiais com temperaturas críticas mais e mais altas, porém a
temperatura ambiente está ainda muito acima das maiores temperaturas críticas
conhecidas até hoje.

A maior parte dos usos potenciais de supercondutores requer que o material


esteja sob a forma de fios finos, uma forma bastante difícil de produzir um
material frágil como os óxidos. Consequentemente, um grande esforço de
pesquisa desses materiais está concentrado em novas tecnologias de fabricação.

O texto a seguir foi retirado do site “Divulgando a Supercondutividade”. Nele, encontramos


um pouco mais de informações sobre o novo e maravilhoso mundo da supercondutividade,
com muitas de suas aplicações.

Aplicações dos supercondutores (applications


of superconductors)

Segue abaixo uma pequena lista contendo algumas das mais importantes
aplicações práticas dos sistemas supercondutores. O objetivo desse post é
fornecer apenas uma ideia geral sobre onde são empregados esses materiais.

SQUID: Superconducting QUantum Interference


Device – Dispositivo Supercondutor de Interferência
Quântica

O SQUID é o equipamento mais sensível para a detecção de campos magnéticos,


capaz de medir intensidades da ordem de 10–15 T. O campo da terra é em torno
de 10–6 T e o do cérebro humano é por volta de 10–13 T. Em geral, o SQUID é
usado para realizar medidas magnéticas de várias espécies de materiais, sendo
por isso frequentemente denominado de magnetômetro SQUID. Sua capacidade
de detecção é proporcionada pelas famosas junções Josephson.

105
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

Brian David Josephson previu que seria possível o tunelamento de pares de


Cooper entre dois supercondutores separados por uma distância menor que 10
Å, na ausência de uma voltagem externa. A confirmação experimental de sua
previsão veio no ano de 1963 por Anderson e Rowell. Uma junção Josephson
é formada por dois supercondutores fracamente acoplados através de uma
fina película isolante. A película pode ser feita a partir da oxidação do filme da
base ou pela deposição de camadas adicionais de um metal oxidado, de um
semicondutor ou de um metal normal. Quando utilizado material isolante,
a espessura da barreira é de alguns nanômetros. Para uma barreira feita de
material semicondutor ou normal, ela possui espessura de 10 a 100 vezes maior.

No SQUID, a corrente que entra no dispositivo é dividida em duas componentes


que atravessam as duas JJ na forma de correntes de pares de Cooper. Quando o
SQUID é submetido a um campo magnético, cada corrente varia periodicamente,
passando por máximos consecutivos à medida que o fluxo magnético passa por
múltiplos do quantum fundamental. Dessa maneira, por meio de um circuito
contador, pode-se determinar o número de máximos que a corrente atravessa e
conhecer assim o fluxo magnético final.

Outra aplicação amplamente divulgada do SQUID é a magnetoencefalografia.


Uma técnica que permite mapear o campo magnético gerado pela atividade
cerebral através de sensores que atuam em conjunto com um SQUID.

Transporte de corrente

Apesar de alguns materiais apresentaram altas temperaturas críticas e elevadas


densidades de corrente, um grande desafio está na confecção de fios. Os
cupratos ainda são os campeões da TC, mas por serem materiais cerâmicos, ainda
é impraticável substituir os fios comuns de cobre por supercondutores. Apesar
disso, várias pesquisas estão dando ótimos resultados, como é o caso do maior
cabo supercondutor do mundo. Instalado na Alemanha, unindo duas subestações
na cidade de Ruhr e projetado para suportar uma carga de 40 MW (megawatts),
o cabo será formado por seções concêntricas operando a 10.000 volts. Segundo
engenheiros do Instituto de Tecnologia Karlsruhe, que projetaram o cabo, ele
será o primeiro a incorporar um sistema de proteção contra sobrecargas, com
limitador de corrente. O cabo supercondutor terá 1 km de extensão – para se
ter uma ideia, o recorde mundial de intensidade de corrente elétrica foi batido
com um cabo supercondutor de 30 metros de comprimento. Fonte: <http://www.
inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=maior-cabo-supercondutor-
mundo>.

106
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Ressonância magnética nuclear – RMN

Essa técnica se baseia em gerar um campo magnético e orientar o spin


dos núcleos (ou magnetização dos núcleos), após isso são gerados pulsos
magnéticos que irão perturbar a magnetização dos spins e é medido o tempo
que o spin demora para voltar à magnetização inicial. A intensidade do campo
magnético necessária para orientar o núcleo dos átomos é obtida com o uso
de supercondutores. No interior do equipamento, materiais supercondutores
imersos em hélio líquido permitem gerar campos magnéticos altíssimos pela
passagem de corrente elétrica.

LHC: Large Hadron Collider – Grande Colisor de


Hádrons

O Grande Colisor de Hádrons (LHC) do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares


(CERN) é o maior acelerador de partículas do mundo. O LHC consiste de um
anel de 27 km de magnetos supercondutores com uma série de estruturas de
aceleração para aumentar a energia das partículas ao longo do caminho. O
enorme campo magnético necessário para acelerar as partículas a altíssimas
velocidades, próximas à da luz, é gerado a partir dos supercondutores.

Outras aplicações: limitadores de corrente, motor, MagLev – trens de levitação


magnética.

Fonte: <http://supercondutividade.blogspot.com.br/2013/08/aplicacoes-dos-supercondutores.
html>.

107
Capítulo 2
Sintetizando

Metais
Os metais são materiais com características próprias como brilho, não transparentes
à luz visível. Apresentam uma estrutura cristalina em que os átomos estão arranjados
de forma organizada. Apresenta um grande número de elétrons livres, muitas de suas
propriedades estão ligadas à existência deles.

Falando um pouco de suas propriedades, os metais são excelentes condutores de


eletricidade e calor (devido à quantidade de elétrons livres); a maioria é mecanicamente
resistente, dúcteis e alguns mantêm altas resistências, mesmo em elevadas temperaturas,
são deformáveis. A plasticidade desses materiais associada à boa resistência permite
grandes aplicações estruturais.

Características básicas
»» Normalmente, são formado por ligas, combinação de elementos metálicos.

»» Excelentes condutores de calor e eletricidade.

»» Fortes, mais deformáveis.

»» São muito utilizados para aplicações estruturais.

»» Tem suas propriedades alteradas pela aplicação de tratamentos térmicos.

»» Os mais utilizados são ligas ferrosas.

»» Átomos organizados numa estrutura repetitiva regular (cristal).

»» Relativamente resistente (propriedade mecânica).

»» Denso; maleável ou dúctil: alta plasticidade.

»» Resistente à fratura: alta tenacidade.

»» Excelente condutor de eletricidade e calor.

»» Opaco à luz visível.

»» Aparência com (o assim chamado) brilho metálico.

108
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

Polimeros

Sobre as suas propriedades, os polímeros possuem, geralmente, baixas densidades,


podem ser extremamente flexíveis, sua ductilidade e resistência variam muito, possuem
baixo calor específico e uma temperatura de decomposição relativamente baixa.
A maioria não conduz, ou conduz de forma precária, eletricidade e calor. Por esse
motivo, são muito utilizados como isolantes térmicos.

Cerâmicas

Os materiais cerâmicos contêm fases que são compostas de elementos metálicos e não
metálicos. O composto MgO também é um material cerâmico, muito utilizado como
refratário pelas suas capacidades de suporte de altíssimas temperaturas, embora seja
bem mais simples que as argilas. As peças são queimadas geralmente entre 900° C e
1400° C. Essa temperatura depende da composição da peça e das propriedades desejadas.
Durante a queima, ocorre um aumento da densidade e da resistência mecânica devido
à combinação de diversos fatores. Apresentam alto ponto de fusão e são, geralmente,
isolantes elétricos, embora existam materiais cerâmicos semicondutores, condutores e
até mesmo supercondutores. As cerâmicas não se deformam quando expostas a altas
temperaturas, pois têm alta resistência mecânica e maior dureza e rigidez quando
comparadas aos aços. Também possuem maior resistência ao calor e à corrosão
que metais e polímeros, e são menos densos que a maioria dos metais e suas ligas.
Os materiais usados na produção das cerâmicas são abundantes e mais baratos. (VAN
VLACK, 2000)

As propriedades das cerâmicas somam uma lista tão grande quanto variável de
acordo com todos os processos envolvidos na produção da própria cerâmica, da
composição mineral ao cozimento. Chiaverini (1986, pp. 348-349) lista as mais
importantes:

»» Existem cerâmicas muito densas, mas também existem as mais leves


que a água.

»» A absorção de água depende da compactação e da constituição de


cada cerâmica.

»» Quanto maior a homogeneidade da massa cerâmica e melhor o


cozimento, maior a resistência.

»» A resistência mecânica depende da quantidade de água utilizada.

109
UNIDADE V │ O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS

»» O excesso de água lava as partículas menores, que são as mais


importantes para a fusão da massa vítrea.

»» Baixa resistência à tração, no máximo de 17kgf/mm2.

»» Resistência à compressão cinco a dez vezes maior que a resistência à


tração.

»» Baixa resistência ao choque, pois não apresenta ductilidade.

»» Módulo de elasticidade de até 45500 kgf/mm2 (aço: 20000kgf/mm2).

»» Condutibilidade térmica variável, a depender da composição e da


estrutura cristalina.

»» Quanto mais simples a estrutura cristalina, maior a condutibilidade


térmica.

»» Dilatação térmica variável conforme os tipos, embora muito baixa em


comparação aos metais e polímeros.

»» Não são afetados por solventes orgânicos.

»» Inertes à ação de agentes químicos, exceto ácido hidrofluorídrico e


soluções cáusticas quentes.

»» Inexistência de condutibilidade elétrica.

»» Compostos que contêm elementos metálicos e não metálicos.

»» Fracos condutores de eletricidade e calor.

»» Duros e quebradiços.

»» Mais resistentes a altas temperaturas e a ambientes agressivos do que


os metais e os polímeros.

Compositos

Algumas características dos compósitos:

»» leveza e facilidade de transporte,

»» resistência química,

»» resistência às intempéries,

»» flexibilidade arquitetônica,

»» durabilidade,

110
O COMPORTAMENTO MAGNÉTICO DOS MATERIAIS │ UNIDADE V

»» fácil manutenção,

»» resistência mecânica e

»» pode ser feito sob medida.

Essas características fazem com que os compósitos sejam solução para muitos problemas
de engenharia.

Semicondutores

Os semicondutores são conhecidos pelas suas propriedades elétricas. Elas estão entre
as propriedades apresentadas nos condutores elétricos e nos isolantes.

Nos semicondutores, a condutividade pode ser drasticamente alterada pela presença


de impurezas, quando contendo concentrações pequenas e controladas de impurezas,
diz-se que estão dopados. Essas impurezas quebram a regularidade da rede cristalina
afetando os níveis de energia e fornecendo novos portadores de corrente.

Materiais com propriedades entre as dos condutores e isolantes.

Propriedades elétricas extremamente sensíveis à presença de pequenas


quantidades de impurezas atômicas.

No quadro 10 encontramos algumas propriedades dos três principais grupos de


materiais.

Quadro 10. Resumo sobre classificação dos materiais.

Tipo de Material Classificação Características Formado por


Dúctil, resistência.
Átomos metálicos e não
Metálicos Ligas ferrosas, ligas não ferrosas. Mecânica elevada, condutor elétrico e térmico, dureza
metálicos.
elevada, opaco.
Vidros, produtos a base de Frágil, isolante térmico e elétrico, alta estabilidade
argila, refratários. Óxidos, silicatos, aluminatos,
Cerâmicos térmica, dureza elevada, transparentes em alguns
nitretos etc.
Cimentos. casos.
Quanto:
»» ao tipo de estrutura química;
»» as características de Dúctil, baixa resistência mecânica, baixa dureza,
Poliméricos Cadeia molecular orgânica de
fusibilidade; flexível, baixa estabilidade térmica, transparentes em
(Plásticos) comprimentos elevados.
»» ao comportamento mecânico; alguns casos.
»» à escala de fabricação;
»» ao tipo de aplicação.
Fonte: próprio autor.

111
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