Você está na página 1de 105

ESTRUTURAS I

ARQUITETURA E URBANISMO

Docente: Dra. Marcela Palhares Miranda

PORTO ALEGRE, 2023


Sumário
1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES ........................................................ 1
1.1 Estruturas e sistemas estruturais......................................................................... 4
1.2 A importância do estudo de estruturas para a arquitetura ................................... 9
1.3 Exercícios de fixação......................................................................................... 10
2. CAPÍTULO 2: CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS .................. 13
2.1 Elementos unidimensionais ............................................................................... 13
2.2 Elementos bidimensionais ................................................................................. 19
2.3 Elementos tridimensionais ................................................................................. 21
2.4 Exercícios de fixação......................................................................................... 23
3. CAPÍTULO 3: REVISÃO – CONCEITOS FÍSICOS ................................................ 25
3.1 Conceitos básicos ............................................................................................. 25
3.2 Equilíbrio de um ponto material ......................................................................... 27
3.3 Princípios fundamentais da mecânica ............................................................... 28
3.4 Exercícios de fixação......................................................................................... 36
4. CAPÍTULO 4: CORPOS RÍGIDOS E SISTEMA DE FORÇAS EQUIVALENTES ... 39
4.1 Equilíbrio de corpos e estruturas ....................................................................... 45
4.2 Forças externas reativas e vínculos .................................................................. 46
4.3 Exercícios de fixação......................................................................................... 52
5. CAPÍTULO 5: CARGAS ATUANTES NA ESTRUTURA E REAÇÕES DE APOIO
54
5.1 Reações de apoio ............................................................................................. 57
5.1 Exercícios de fixação......................................................................................... 64
6. CAPÍTULO 6: ESFORÇOS (FORÇAS) INTERNAS ............................................ 66
6.1 Força (Esforço) Normal ..................................................................................... 68
6.2 Força (Esforço) Cortante .............................................................................. 69
6.3 Momento Fletor ............................................................................................ 70
6.4 Momento Torsor ........................................................................................... 71
6.5 Determinação dos esforços internos das estruturas e construção dos
diagramas. .............................................................................................................. 72
6.6 Exercícios de fixação......................................................................................... 87
7. CAPÍTULO 7: TRELIÇAS ................................................................................... 90
7.1 Treliças planas ............................................................................................. 91
7.1.1 Cálculo de esforços em treliças planas ..................................................... 93
7.2 Exercícios de fixação......................................................................................... 99
1. CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

O estudo das estruturas civis é desenvolvido no campo da física


denominado Mecânica, mais especificamente na Mecânica dos Sólidos, que por
sua vez, destina-se a compreensão do comportamento dos elementos sólidos.
Conceitualmente uma estrutura é um conjunto de elementos sólidos que
possuem a função de resistir e transmitir as ações atuantes sobre a mesma.
Mas, o que seria um sólido? Conforme os conceitos da Mecânica, um sólido é
um conjunto de 1pontos materiais que apresentam uma forma bem definida e
ocupam um espaço físico.

Tratando-se de um corpo material, os sólidos são caracterizados por sua


capacidade de deformar-se. Dessa forma, os sólidos são denominados
deformáveis quando ao sofrerem a ação de uma força, há uma alteração da
distância relativa entre os pontos materiais que compõem este sólido. Em outras
palavras, o sólido passa a apresentar uma deformação que pode ser permanente
ou não. Observe na Figura 1-1 a ilustração de um sólido submetido a uma força.
É possível identificar a variação da distância entre os pontos materiais em
destacados e a variação da forma do sólido caracterizando uma deformação.

Figura 1-1 Ilustração de um sólido deformável.

Os sólidos denominados rígidos (ou indeformáveis) são aqueles que


não se deformam ou apresentam uma deformação praticamente imperceptível.
Portanto, os sólidos são considerados estruturas quando possuem a função
mecânica de resistir e transmitir forças, no entanto é importante que se
mantenham indeformáveis, ou rígidos, para desempenhar esta função.

Como destacado, a estrutura é um conjunto que resiste e sustenta a


forças atuantes sobre ela, e por esse motivo o conceito de estrutura pode ser
aplicado em diferentes áreas: construção civil (estruturas de edificações),
aviação (estrutura de um avião), biologia (estrutura do corpo: esqueleto), dentre
outras.

1
Ponto material: é corpo com dimenões desprezíveis em relação ao conjunto que o envolve.

1
(a) Estrutura interna de um avião (b) Estrutura do corpo humano

(c) Estrutura de um edifício.


Figura 1-2 Diferentes tipos de estruturas. (a) Fonte: Jassen (2020). (b) Fonte:
Redação Planeta Biologia. (c) Fonte: Kimura (2007).

A definição de uma estrutura de um edifício é um passo muito importante


do projeto, uma vez que ela está intimamente relacionada com a disposição
arquitetônica da edificação. De maneira geral, a estrutura dos edifícios é
composta por vigas, lajes, pilares e elementos de fundação que são
responsáveis por receber os carregamentos, distribuí-los e conduzi-los até o
solo. A Figura 1-3 ilustra os elementos da estrutura de edifícios.

2
Figura 1-3 Composição básica da estrutura de edifícios. Fonte: Adaptado de
Bandeira (2015).

Sendo assim, a concepção da arquitetura das edificações é um dos


aspectos mais importantes na definição da forma da estrutura. Por outro lado,
deve-se entender que nem todas as formas e disposições estruturais são
edificáveis e existem grupos de fatores que determinam e justificam as formas
que as estruturas devem apresentar para que efetivamente desempenhem a
função para a qual foi projetada. Estes fatores são denominados fatores
morfogênicos e são didaticamente divididos em: fatores funcionais, fatores
técnicos e fatores estéticos.

Os fatores funcionais determinam as características e funções de uma


estrutura de acordo com a escala humana e consequentemente todas os
elementos e os espaços são dimensionados de forma a atender as necessidades
humanas. Basicamente as funções a serem atendidas pelas estruturas
arquitetônicas são: habitação, condução, tráfego e contenção. Referente à
função habitacional, a estrutura destina-se a abrigar as pessoas e seus bens,
sendo a função mais expressiva da arquitetura. Composta por elementos
portantes (recebe carregamentos), de vedação e cobertura.

Referente a função de condução destaca-se os dutos, canais e chaminés


que se destinam a condução de fluídos (líquidos e gases). A função de tráfego é
relacionada a circulação de veículos, pessoas, animais e tudo que necessita de
transporte, destacando-se as estruturas de viadutos, pontes, túneis e todas as
vias. Por fim, entende-se a função de contenção, as estruturas com o propósito
retenção ou armazenamento em geral, como barragens, silos, reservatórios,
muros de arrimo, cortinas e outras estruturas.

Os fatores técnicos destinam-se a tornar edificável o que se propôs


estruturalmente, relacionando os diferentes campos empregados desde a fase
de concepção da edificação até o seu acabamento. Dessa forma, os fatores
técnicos buscam o equilíbrio entre as fases análises e cálculo dos projetos

3
estruturais e as fases de execução de forma a alcançar otimização e economia
de recursos. Para isso é necessário o estudo e avaliação de diferentes técnicas,
metodologias e materiais de forma a viabilizar um projeto.

Os fatores estéticos preocupam-se em obter estruturas estáveis e


equilibradas, ou seja, com capacidade resistente adequada e sem apresentar
deformações e vibrações excessivas garantindo assim conforto ao usuário. Além
disso, uma boa solução estrutural também deve destacar-se por sua beleza e
capacidade de impressionar esteticamente a partir de diferentes composições e
subestruturas decorativas.

Independente de seus significados individuais, os fatores apresentados


devem juntos garantir a melhor solução arquitetônica e estrutural. De nada
adianta projetar uma estrutura de alto padrão estético se ela não apresentar
funcionalidade ou mesmo necessitar de recursos financeiros muito acima do
orçamento planejado. Uma boa solução estrutural, ou um bom sistema
estrutural, não é mais barata e nem mesmo a mais cara, mas sim a que mais
equilibra e otimiza custos, recursos, materiais e que seja estruturalmente estável.
Um dos papeis do arquiteto é exatamente este, propor um sistema estrutural que
seja eficiente no direcionamento dos carregamentos atuantes da edificação para
que cheguem ao solo, por outro lado, este sistema deve ser também eticamente
agradável ao usuário e que seja de menor custo possível.

1.1 Estruturas e sistemas estruturais

A escolha por um determinado sistema estrutural que melhor atenda a


uma situação de projeto depende dos fatores morfogênicos, definição e
entendimento dos carregamentos existentes no projeto proposto e a escolha dos
materiais e técnicas construtivas mais adequadas. Para que o arquiteto consiga
propor um sistema estrutural com as características destacadas o profissional
deve conhecer como é o denominado caminho das ações da estrutura e também
quais e como funcionam os sistemas estruturais disponíveis. Primeiramente
vamos conhecer sobre os sistemas estruturais. A Tabela 1-1 apresenta os tipos
de sistemas estruturais e suas características que são atribuídas por forma de
atuação. Na Figura 1-4 são exemplificados alguns sistemas.

4
Tabela 1-1 Caracterização dos sistemas estruturais.

Tipo de sistema Características Exemplos


Estes sistemas
caracterizam por
Atuação com relação à
atuarem tracionados, Tirantes e cabos
sua forma do material
também denominada
forma ativa.
Elementos que
trabalham sob
Atuação por transmissão esforços de
vertical de compressão Colunas e pilares
carregamentos. conduzindo as cargas
ao longo do eixo
vertical da estrutura.
Atuação a partir com a Sistemas que podem
composição de atuar tanto sob forças Treliças, planas e
possibilidade de de tração quanto sob espaciais
esforços. forças de compressão.
As estruturas com
esta denominação
Atuação por massa e
trabalham Vigas e placas
continuidade do material.
basicamente sob
esforços de flexão.
Sistemas sob os quais
Atuação por continuidade Cascas delgadas e
atuarão tensões de
de superfície. membranas
membrana.

(a) Elementos de cabo.

5
(b) Colunas sustentando um reservatório de água.

(c) Elementos de treliça.

(d) Estruturas de pórtico – pilares e vigas.

6
(e) Elementos de casca.
Figura 1-4 Exemplos de elementos e sistemas estruturais. Fontes: Beer et al.
(2011), Silva e Souto (2015).

Como visto, cada um dos sistemas apresentados é capaz de resistir à


determinadas situações de esforços (tração, compressão, flexão) que serão
decorrentes dos carregamentos atuantes. Nas estruturas das edificações, que é
interesse deste curso, as cargas ou forças aplicadas são decorrentes,
basicamente, do peso próprio dos elementos estruturais, o peso dos elementos
de vedação e revestimento, das cargas associadas ao uso de um espaço físico
e as cargas decorrentes da ação do vento. Todo este conjunto de cargas irá
atuar sobre os elementos que compõe a estrutura, neste caso, lajes, vigas,
pilares e elementos de fundação.

Como ilustração, imaginemos uma sala de aula. O piso do espaço da sala


de aula é a laje da estrutura. Sobre esta laje estão as cargas das carteiras, das
pessoas, carga dos revestimentos e o seu próprio peso. A laje então recebe
estas cargas e as transmite para as vigas, sobre as quais também estará atuante
as cargas das paredes de vedação e também seu peso próprio. As vigas, por
sua vez, transmitem todo o carregamento para os pilares, que além destes
carregamentos recebidos, suporta também seu peso próprio. Por fim, os pilares
transmitem toda a carga para os elementos de fundação (blocos, estacas,
sapatas, tubulões) que dissipa a carga para o solo. Dessa forma, de uma
maneira simplificada, acabamos de descrever o caminho das ações.

Sabendo os tipos de sistemas estruturais e como os carregamentos se


distribuem na estrutura, é necessário entender como as estruturas são
efetivamente avaliadas para que se saiba se a solução estrutural proposta
atende aos fatores de funcionalidade, equilíbrio e estabilidade. Para isso, a
estruturas são estudadas a partir de modelos físicos e matemáticos capazes de
representar a geometria e o comportamento da edificação real. Estes modelos
são trabalhados em função de uma convenção que geralmente é relacionada a
geometria das peças (ou elementos estruturais) que compõem os sistemas
estruturais.
Imagine que você projetou um edifício de três pavimentos e
simplificadamente podemos representar seu projeto como na Figura 1-5, onde
podemos identificar as lajes, vigas e pilares. Repare que os elementos estão
representados com sua geometria mais próxima do real.

7
(a) (b)
Figura 1-5 Modelo para estudo de uma estrutura de um edifício. (a) Edifício
“real”. (b) Modelo de pórtico espacial. Fonte: Kimura (2007).

Quando modelamos um edifício, ou qualquer outra estrutura, para verificar


a estrutura proposta e dimensionar os elementos, não é conveniente trabalhar
com modelos que retratam sua geometria tridimensional, uma vez que há um
custo computacional e matemático muito elevado para análises com este rigor.
Assim podemos utilizar modelo mais simples, representando as peças apenas
por barras (vigas e pilares) e placas (lajes), utilizando cálculos matemáticos
simplificados e obter resultados muito satisfatórios. Como destacado na Figura
1-5, o edifício que você projetou pode ser avaliado como um pórtico espacial no
qual as vigas e os pilares são representados por barras e as setas representam
algumas cargas atuantes.

Agora você pode estar se perguntando, mas e as lajes? Não são


estudadas nos pórticos? Neste caso do exemplo, as lajes não são avaliadas
juntos com os demais elementos no pórtico e seriam avaliadas em outro modelo,
como, por exemplo, o chamado modelo de grelha, ilustrado na Figura 1-6.
Repare que neste modelo os pilares não são avaliados como barras, ou seja, o
objetivo não seria estudá-los especificamente, mas sim representa-los como
apoios (suportes) das vigas para garantir o equilíbrio.

Figura 1-6 Modelo para estudo de lajes. (a) Estrutura “real”. (b) Modelo de
grelha. Fonte: Kimura (2007).

8
Neste momento, não se preocupe com a nomenclatura destes modelos,
quando oportuno eles serão estudados separadamente. Objetivo é informar e
esclarecer como as estruturas podem ser estudadas. Além de avaliar um edifício
por meio de um pórtico e as lajes por meio da grelha, as vigas e pilares são
avaliados separadamente utilizando modelos simples, que serão apresentados
nos próximos capítulos deste material. A partir dos resultados das análises
destes modelos é que o arquiteto e o engenheiro determinam as dimensões mais
adequadas dos elementos estruturas e quais são os materiais mais adequados
para o conjunto, garantindo assim todas as características vistas anteriormente
necessárias ao projeto.

1.2 A importância do estudo de estruturas para a arquitetura

A estrutura é o elemento essencial da edificação e responsável por sua


integridade. Arquitetura e o sistema estruturais são elementos complementares
sendo que os profissionais, arquiteto e engenheiro estrutural, devem definir em
conjunto as formas da edificação, apresentando soluções viáveis e
esteticamente agradáveis.
Os avanços em tecnologias, de execução e de análise estrutural, e em
conhecimento sobre o comportamento das estruturas permitiram ultrapassar os
limites que antigamente se tinha na construção. Acompanhar esta evolução foi
e é muito importante aos profissionais da área.
Os conceitos aprendidos auxiliarão principalmente nas ideias da
concepção estrutural. Esta é uma tarefa muito associada à intuição (por isso a
importância do entendimento teórico), influencia pelas principalmente pelas
experiências em diferentes projetos. O aprendizado do modelo matemático é
necessário para a concepção estrutural de forma a permitir o entendimento das
consequências e funcionamento do projeto idealizado. Além disso, o
conhecimento deste conteúdo pode auxiliar no tratamento de questões
específicas do projeto e propondo soluções, não as mais simplificadas, mas que
estejam dentro das limitações do conjunto.

9
1.3 Exercícios de fixação

1. Classifique como verdadeiro (V) ou falso (F) cada uma das afirmativas a seguir
e posteriormente assinale a alternativa com a sequência correta.

( ) Os sólidos são corpos indeformáveis, ou seja, não sofrem qualquer tipo de


alteração de sua geometria independente da intensidade da força aplicada sobre
eles.

( ) Os sólidos ou corpos classificados como rígidos são aqueles que não


apresentam qualquer tipo de deformação mas os pontos materiais que os
compõem apresentam alteração de suas distâncias relativas.

( ) A concepção estrutural é um processo que deve avaliar fatores que


determinam a possibilidade das estruturas efetivamente existirem e
desempenharem suas funções. Estes fatores denominados técnicos,
morfogênicos, estéticos e funcionais.

(a) V-F-F

(b) F-F-F

(c) F-V-F

(d) V-V-V

2. Uma estrutura é entendida como um sistema responsável por sustentar


diferentes forças que possam atuar sobre os corpos. Assim, assinale a
alternativa que todos os elementos podem ser classificados como estruturas.

(a) Conjunto de vigas, lajes e pilares – Esquadrias (portas e janelas) –


Componentes eletrônicos de um computador.

(b) Esquadrias (portas e janelas) - Esqueleto humano – Componentes do casco


de um navio (elementos da proa, popa, etc).

(c) Componentes do casco de um navio (elementos da proa, popa, etc) – Perfis


metálicos que formam os segmentos de uma torre de transmissão – Esqueleto
humano.

(d) Elementos de madeira de formam os telhados – Paredes de alvenaria para


vedação - Conjunto de vigas, lajes e pilares.

3. Sobre as estruturas de edifícios, assinale a alternativa correta.

(a) As cargas dos edifícios são distribuídas de forma definida e transmitidas


entres os elementos estruturais seguindo a sequência: lajes, pilares e vigas. Este
é o chamado caminho das ações.

10
(b) As cargas dos edifícios são distribuídas de forma definida e transmitidas
entres os elementos estruturais chegando até os pilares e destes para o solo.

(c) A estrutura de edifícios é formada basicamente por vigas, lajes e pilares. As


cargas aplicadas são transmitidas entre estes elementos seguindo a sequência
apresentada e transmitidas ao solo diretamente pelos pilares.

(d) Cada elemento estrutural (laje, viga e pilar) é responsável por receber e
transmitir as cargas atuantes numa estrutura de edifício. O chamado caminho
das ações respeita exatamente esta sequência de elementos e são transmitas
ao solo pelos chamados elementos de fundação.

4. Os sistemas estruturais podem ser classificados em função da forma de


atuação dos elementos. Sobre esta classificação, assinale a alternativa correta.

(a) As colunas são elementos estruturais que trabalham principalmente por


transmissão vertical de carregamentos.

(b) As estruturas que trabalham por continuidade de superfície trabalham


essencialmente sob esforços de flexão e são representadas pelas placas (lajes).

(c) Alguns elementos estruturais possuem características que permitem uma


atuação sob forças normais de tração e compressão, sendo um exemplo típico
os elementos de tirantes.

(d) As vigas são elementos estruturais classificados por apresentarem atuação


por continuidade do material e são caracterizadas por atuarem basicamente a
tração.

5. Redija um parágrafo sobre o seu entendimento sobre o conceito de estrutura


e quais são as questões mais relevantes, na sua opinião, sobre a concepção
estrutural.

11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICH, MAUREN. Estruturas I e II. Notas de aula. Porto Alegre, RS: Faculdade
São Francisco de Assis. S.D.

BANDEIRA, ALEX ALVES. Estruturas de concreto armado segundo a NBR


6118/2014. Notas de aula. Salvador, 2015.

BEER, FEERDINAND PIERRE; JOHNSTON, ELWOOD RUSSELL JUNIOR;


DEWOLF, JOHN T.; MAZUREK, DAVID F. Mecânica dos materiais. 5ª edição.
Tradução técnica José Benaque Rubert, Walter Libardi. Porto Alegre: AMGH,
2011.

JASSEN, GUSTAVO. Fuselagem. Disponível em:


https://aeroclubesc.com.br/fuselagem/. Acesso em: 10 de novembro de 2022.

KIMURA, ALIO ERNESTO. Informática aplicada em estruturas de concreto


armado. Edição padrão. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

RABELLO, YOPANNAM CONRADO PEREIRA. A concepção estrutural e


arquitetura. São Paulo: Zigurale Editora, 2000.

Redação planeta biologia. 10 Curiosidades sobre o sistema esquelético humano.


Disponível em: https://planetabiologia.com/10-curiosidades-sobre-o-sistema-
esqueletico-humano/. Acesso em: 10 de novembro de 2022.

SILVA, DAIÇOM MACIEL DA; SOUTO, ANDRÉ KRAEMER. Estruturas: uma


abordagem arquitetônica. Porto Alegre: UniRitter 5ªEd., 2015.

12
2. CAPÍTULO 2: CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Os sólidos, e consequentemente os elementos estruturais, são corpos


volumétricos e, portanto, possuem três dimensões que definem seu volume
sendo elas: um comprimento, uma largura e uma altura (ver Figura 2-1). De
acordo com a literatura estudada e o assunto tratado, essas denominações
podem sofrer algumas variações, por exemplo, a largura pode ser denominada
como base, e a altura por algumas vezes pode ser chamada de espessura como
em elementos de laje. Porém o mais importante é o entendimento da medida a
qual estes termos se referem para que assim o aluno/profissional utilize a
denominação que mais faça sentido para seu trabalho.

Figura 2-1 Dimensões dos elementos estruturais.

Estas três dimensões definem a geometria dos elementos estruturais e


segundo as características dimensionais destes sólidos eles são classificados
em três grupos: elementos unidimensionais (também chamados lineares),
elementos bidimensionais (também chamados elementos de superfície) e
elementos tridimensionais (também chamados elementos de volume). Nos
itens seguintes estes três grupos são apresentados de maneira mais detalhada.

2.1 Elementos unidimensionais

Os elementos unidimensionais são caracterizados por possuir uma de


suas dimensões bem maior em comparação as outras duas dimensões. Neste
caso a dimensão predominante é o comprimento (L). Portanto podemos
escrever para estes elementos a relação L>>b≈h, ou seja, a largura (b) e altura
(h) destes elementos possuem ordem de grandeza semelhantes e são bem
menores que o comprimento (L).

Como estudado no capítulo anterior, quando verificamos uma estrutura


utilizamos de alguns modelos simplificados para representar e calcular os
elementos estruturais. No caso dos elementos unidimensionais, em relação à

13
geometria, não trabalhamos com todas as suas dimensões, ou seja, não
representamos os elementos no espaço, mas sim utilizamos apenas uma linha
que é representativa de seu comprimento, já que esta é a sua dimensão
preponderante. Por esta razão, muitas vezes chamamos estes elementos de
barras.

Esta linha que utilizamos para representar os elementos unidimensionais


(ou barras) representa também o seu eixo longitudinal, ou seja, um eixo que
demarca o centro do elemento ao longo do seu comprimento, como apresenta a
Figura 2-2. Estas barras podem ser retas ou curvas e, portanto, as linhas dos
eixos longitudinais podem ser retas (barras retas) ou curvas (barras curvas). As
demais dimensões (altura e largura) destes elementos de barra definem o que
se denomina seção transversal do elemento (ver Figura 2-2). Esta seção
transversal é descrita como o plano normal (ou plano perpendicular) ao eixo
longitudinal da barra.

Figura 2-2 Representação de elementos unidimensionais (barras).

Estes elementos unidimensionais (barras) são utilizados para representar


estruturas simples como as vigas, pilares, arcos e tirantes e estruturas
compostas como treliças, pórticos e grelhas. A seguir são apresentados os
conceitos relacionados à estas estruturas e suas ilustrações.

• VIGAS: elementos lineares cujas cargas (peso próprio e peso das paredes)
são principalmente aplicadas perpendicularmente ao seu eixo longitudinal.
Como mencionado anteriormente, as vigas são representadas por seu eixo
longitudinal e os apoios podem ser indicados simplificadamente (ver Figura
2-3).

14
(a) Ilustração de elementos de vigas retas e pilares. Fonte: Adaptado de
Retondo S.D.

(b) Modelo simplificado de vigas retas.

Figura 2-3 Elementos de vigas.

• PILARES (ou COLUNAS): elementos lineares cujas cargas (peso próprio e


cargas advindas das vigas) são principalmente aplicadas sobre ao seu eixo
longitudinal, estando estes elementos solicitados principalmente à
compressão (esta força tende a “apertar” o elemento e reduzir seu
comprimento). Assim como as vigas, os pilares são representados por seu
eixo longitudinal e os apoios também podem ser indicados simplificadamente
(ver Figura 2-4).

15
(a) Elemento estrutural (b) Representação (modelo)
Figura 2-4 Elementos pilares.

• TIRANTES: elementos lineares essencialmente solicitados à tração. A tração


é a força que tende a alongar o elemento e aumentar o seu comprimento. Os
tirantes podem ser representados como os cabos que sustentam algumas
cortinas de fundação (que é uma contenção) e também podem surgir em
barras das estruturas de treliças. Sendo assim, de forma direta, os tirantes
são barras presentes em diferentes estruturas e que estão solicitadas à
tração. Estas forças de tração atuam ao longo do eixo longitudinal do tirante
(ver Figura 2-5). A seção transversal dos tirantes não é sempre circular.

Figura 2-5 Elementos tirantes.

• ARCOS: elementos lineares curvos com rigidez significativa que


basicamente solicitados à compressão. Sua elevada rigidez dificulta a
alteração da sua forma e também a ocorrência de esforços de flexão. Os
arcos são utilizados em diferentes soluções estruturais como o caso de
coberturas e pontes.

16
(a) Exemplo: arco compondo a superestrutura da ponte. Fonte: Thomaz et
al. (2018)

(b) Representação (modelo).


Figura 2-6 Arcos.

Os exemplos apresentados nas figuras anteriores são estruturas simples


formada por um único elemento linear. A seguir, apresenta-se exemplos das
estruturas compostas, neste caso formadas por vários elementos lineares.

• TRELIÇAS: estrutura composta por várias barras lineares, interligadas por


suas extremidades (nós) formando painéis triangulares. Estas ligações entre
as barras são denominadas articuladas, ou seja, não transmitem esforços de
momento fletor e dessa forma as barras de treliça são solicitadas apenas por
esforços de tração ou compressão. As cargas são sempre aplicadas sobre
os nós (ver Figura 2-7).

17
Figura 2-7 Treliça.

• PÓRTICO: estrutura composta por várias barras lineares, interligadas por


suas extremidades formando uma ligação rígida (também chamada nó de
pórtico) e, portanto, podem transferir esforços de momento fletor. Não há
restrições quanto a aplicação das cargas (ver Figura 2-8Erro! Fonte de
referência não encontrada.). Os pórticos são utilizados para avaliar
estruturas de edifícios, mas excluindo as lajes, sendo que as barras verticais
representam os pilares e as barras horizontais representam as vigas.

Figura 2-8 Pórtico.

• GRELHA: estrutura composta por várias barras lineares, dispostas em um


mesmo plano, e as cargas são aplicadas perpendicularmente ao eixo das
barras e, portanto, fora do plano no qual as barras estão dispostas (Figura
2-9). As grelhas são muitos utilizadas para a determinação de esforços em
lajes em programas computacionais de análise estrutural. Neste caso, as
lajes (elementos bidimensionais, placas) são discretizadas em várias barras
situadas em um mesmo plano com suas cargas aplicadas
perpendicularmente à este plano (ver Figura 1-6). Deste modelo avalia-se os
deslocamentos e as forças internas nas lajes.

18
Figura 2-9 Grelha.

2.2 Elementos bidimensionais

Os elementos bidimensionais são caracterizados por possuir duas de


suas dimensões predominante à terceira dimensão. Neste caso as dimensõs
predominantes são o comprimento (L) e a largura (b). Portanto podemos
escrever para estes elementos a relação L≈b>>h, ou seja, o comprimento (L) e
a largura (b) destes elementos possuem ordem de grandeza semelhantes e são
bem maiores que a altura (h) ou espessura.

Figura 2-10 Elemento bidimensional.

As duas dimensões predominantes destes elementos formam o que


chamamos de plano médio ou superfície média e é por este plano que
representamos (“modelamos”) estes elementos (ver Figura 2-10). O plano médio
é definido a partir da metade da altura do elemento, apresentado as mesmas
dimensões de comprimento e largura do elemento real. Como a altura (ou

19
espessura) é uma medida bem pequena, na representação (ou modelo) não é
preciso indica-la.

Em função das suas características, os elementos bidimensionais


também são denominados como “folhas”, uma vez que, assim como nas folhas,
estes elementos possuem espessura bem inferior às demais dimensões. A
seguir são apresentados exemplos de elementos estruturais que pertencem ao
grupo do bidimensionais.

• PLACAS: elementos bidimensionais cujas cargas (peso próprio e


sobrecargas de utilização) são aplicadas perpendicularmente ao plano
médio. As lajes dos edifícios são típicos elementos de placas.

Figura 2-11 Placa.

• CHAPAS: elementos bidimensionais cujas cargas (peso próprio e


sobrecargas de utilização) são aplicadas paralelas ao plano médio do
elemento. As vigas de concreto com uma altura muito significativa são
exemplos de chapas.

Figura 2-12 Chapas.

• MEMBRANAS: elementos bidimensionais delgados com plano médio curvo,


geralmente em um único plano, que suportam basicamente esforços de
tração. Dada suas características, sua rigidez pode não ser suficiente para

20
impedir deslocamento significativos e por consequência alteração de sua
forma. As lonas de circo são exemplos clássicos de membrana.

Figura 2-13 Membrana.

• CASCAS: elementos bidimensionais com superfície média curva mas não


necessariamente em um mesmo plano. As cascas apresentam rigidez
suficiente para suporta diferentes esforços, tração, compressão, flexão e
cisalhamento.

Figura 2-14 Casca. Fonte: Silva e Souto (2015).

2.3 Elementos tridimensionais

Os elementos tridimensionais são caracterizados por possuir suas três


dimensões com medidas muito semelhantes e, portanto, podemos escrever para
estes elementos a relação L≈b≈h, ou seja, o comprimento (L), a largura (b) e
altura (h) possuem a mesma ordem de grandeza.

O exemplo típico de elementos tridimensionais são as estruturas de


fundações blocos e sapatas.

21
(a) Sapata (b) Bloco
Figura 2-15 Elementos de fundação. Fonte Darós S.D.

22
2.4 Exercícios de fixação

1. Assinale a alternativa correta.

(a) Os elementos estruturais são corpos que sempre apresentarão três


dimensões relevantes e por isso sua representação tridimensional é
indispensável.

(b) Com relação a geometria os elementos estruturais, estes podem ser


classificados em elementos lineares, elementos de superfície e elementos de
bidimensionais.

(c) Elementos unidimensionais apresentam duas dimensões menos


preponderantes em relação a uma terceira dimensão.

(d) Nenhuma das alternativas é correta.

2. Elementos bidimensionais são aqueles que apresentam a espessura (ou


altura) muito menor que as outras duas dimensões. Com relação às estruturas
que caracterizam os elementos bidimensionais assinale a alternativa correta.

(a) As placas e as chapas diferenciam-se basicamente pela posição de aplicação


do carregamento, enquanto nas placas as cargas são aplicadas paralelamente
ao plano médio nas chapas o carregamento atua perpendicularmente ao plano
médio.

(b) As membranas também são chamadas de folhas pelo formato que podem
apresentar ao serem carregadas e suportam esforços de tração, compressão,
flexão e cisalhamento.

(c) Os elementos de casca e placa suportam basicamente esforços semelhantes


e diferenciam-se pela característica de seu plano médio já que no primeiro os
elementos apresentam superfície curva e o segundo possui plano médio reto.

(d) As placas são os elementos mais utilizados nas estruturas civis, muito
comumente em modelos para retratar vigas de grande altura.

3. Assinale a alternativa incorreta.

(a) Os pilares são elementos unidimensionais cujas cargas são aplicadas sobre
o seu eixo longitudinal e trabalham essencialmente a compressão.

(b) Treliças e pórticos são exemplos de estruturas unidimensionais simples.

(c) Elementos unidimensionais são denominados como barras e são


representados pelo chamado eixo longitudinal.

23
(d) As grelhas são estruturas por barras dispostas em um mesmo plano,
perpendiculares e paralelas entre si. Para estas estruturas, as cargas são
aplicadas perpendicularmente a barras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICH, MAUREN. Estruturas I e II. Notas de aula. Porto Alegre, RS: Faculdade
São Francisco de Assis. S.D.

DARÓS, JOSÉ. Tipos de fundações rasas e suas características. S.D.


Disponível: https://utilizandobim.com/blog/fundacoes-rasas/. Acesso em: 10 de
novembro de 2022.

RABELLO, YOPANNAM CONRADO PEREIRA. A concepção estrutural e


arquitetura. São Paulo: Zigurale Editora, 2000.

RETONDO, LUCAS. Estrutura de concreto armado: vigas. Construção.


Disponível em: https://construindocasas.com.br/blog/construcao/vigas/. S.D.
Acesso em: 10 de novembro de 2022.

SILVA, DAIÇOM MACIEL DA; SOUTO, ANDRÉ KRAEMER. Estruturas: uma


abordagem arquitetônica. Porto Alegre: UniRitter 5ªEd., 2015.

THOMAZ, EDUARDO; CARNEIRO, LUIZ; JÚDICE FLÁVIA; PERLIGEIRO,


MAYRA. Avaliação da Deformação Lenta do Concreto da Ponte Ernesto
Dornelles sobre o Rio das Antas/RS. X Congresso brasileiro de pontes e
estruturas (XCBPE). Rio de Janeiro, 2018.

24
3. CAPÍTULO 3: REVISÃO – CONCEITOS FÍSICOS

A Física é a ciência que estuda as diferentes Leis da Natureza explicando


os diferentes fenômenos e comportamentos dos corpos materiais com
fundamentação em experimentos e relações matemáticas. Estas Leis são
classificadas basicamente em:

• Mecânica
• Eletricidade
• Calor
• Ótica
• Ondulatória
• Física Moderna

Cada uma destas Leis é capaz de explicar desde ocorrências simples do


cotidiano como as fases de água, as possibilidades de transferência de calor e
os diferentes tipos de espelhos, até os fenômenos mais complexos como a
relação espaço versus tempo e o princípio da relatividade. As estruturas com as
quais trabalhamos são objetos de estudo da Mecânica Clássica que é
subdividida em Estática e Dinâmica. O conteúdo da Estática tem por objetivo
estudar os corpos, as estruturas em repouso, já a Dinâmica trata das estruturas
em movimento ou submetidas às cargas que podem variar ao longo tempo.
Como já comentado anteriormente, neste curso trabalharemos com as estruturas
em repouso.

Como neste curso, trabalha-se com os conceitos da Mecânica é


importante relembrar das 3 Leis de Newton, 1ª Lei: Princípio da Inércia, 2ª Lei:
Princípio Fundamental da Dinâmica e 3ª Lei: Ação e Reação. Cada Lei possui
seu enunciado:

1ª Lei: Princípio da Inércia – Um corpo em repouso ou em movimento


retilíneo uniforme (MRU) tende a permanecer em seu estado inicial (repouso ou
MRU) se a força resultante sobre ele é nula.

2ª Lei: Princípio Fundamental da Dinâmica – Se aplicarmos uma força


sobre um corpo e ele entrar em movimento, a aceleração resultante é
proporcional a massa desse corpo. Matematicamente este princípio é
representado por F = m.a (força é igual a massa multiplicada pela aceleração).

3ª Lei: Ação e Reação – Quando sobre um corpo há a atuação de uma


força externa (uma ação), este corpo “responde” à esta solicitação com uma
força de mesma intensidade e direção, mas com sentido oposto (uma reação).

3.1 Conceitos básicos

Ao longo deste curso se trabalha com ações ou forças. Uma força é


grandeza física que expressa a relação (ação mecânica) entre corpos. É
responsável por iniciar um movimento (translação ou rotação) em um corpo ou
interromper a ponto de impor uma condição de repouso, pode também alterar a

25
geometria deste corpo além de proporcionar equilíbrio ou desequilíbrio. A força
é uma grandeza física vetorial e por isso apresenta um módulo (um valor), uma
direção e um sentido. O módulo do vetor é dado pelo seu comprimento, e será o
valor o valor da força atuante. A direção é definida pelo ângulo formado entre o
vetor e um eixo de referência e o sentido é definido pela indicação da seta (ver
Figura 3-1a).

(a) (b)
Figura 3-1 (a) Exemplo de um Vetor. (b) Força peso (P).

As principais unidades empregadas para força é Newton (N), o kilonewton


(kN), kilograma-força (kgf), tonelada-força (tf). Um exemplo de uma força é o
peso ou força peso. O peso dos corpos é uma força gravitacional, com direção
vertical, sentido de cima para baixo, aplicado no centro de gravidade (ver Figura
3-1a). O valor da força peso é obtido pelo produto entre a massa (m) do corpo
pela aceleração da gravidade (g ≈ 9,8 m/s²).

Outra grandeza utilizada neste curso é o momento ou momento de uma


força. O momento é a representação do movimento de rotação de um corpo
quando uma força é aplicada com relação ao centro de gravidade do mesmo ou
algum ponto de referência. O momento é obtido pela multiplicação de uma força
(F) pela distância (d) desta força até o ponto de referência.

Figura 3-2 Momento da força para abrir uma porta. Fonte: Oliveira e Mizukoshi.

Observe o exemplo apresentado na Figura 4-2. Para abrir ou fechar uma


porta, aplica-se uma força na posição da maçaneta e empurra-se a porta
gerando um momento. Esta força é aplicada a uma distância do ponto de
referência que é a posição das dobradiças e o momento provoca uma rotação e
relação às dobradiças. Uma observação importante é a atenção à relação entre

26
o valor da distância entre o ponto de referência a intensidade da força necessária
para provocar um momento. A unidade do momento fletor está atrelada as
unidades empregadas para força e a distância e será obtida pela multiplicação
entre a unidade da força e a unidade da distância, por exemplo, Newton e metros
(N.m), kilonewton e centímetro (kN.cm), tonelada-força e milímetro (tf.mm), etc.

A partir do exemplo da porta é possível perceber que quanto mais perto


da dobradiça (ou seja, quanto menor o valor de d) maior será a força necessária
para abrir ou fechar a porta. Essa conclusão pode ser generalizada para
qualquer condição de momento, quanto menor a distância entre a força e o ponto
de referência em relação o qual se provocará a rotação, maior será a força
necessária para provocar o momento.

3.2 Equilíbrio de um ponto material

Outro conceito importante é o do ponto material. Um ponto material é uma


porção de matéria que ocupa lugar no espaço e um corpo com dimensões muito
reduzidas. Sobre este ponto pode atuar diferentes forças cujo efeito pode ser
igualmente obtido quando se aplica uma única força denominada força
resultante. Se a resultante das forças (o somatório de todas as forças
existentes) atuando sobre o ponto material for nulo, o ponto é considerado
em equilíbrio.

Da mesma forma que é possível a obter uma força resultante em


substituição de um conjunto de forças, sem alterar o comportamento final, é
importante lembrar que uma força pode ser decomposta de forma a representar
um mesmo efeito. A decomposição é realizada em função dos eixos cartesianos
e podem estar em direções diferentes. Para determinar as componentes de força
emprega-se as regras do triângulo retângulo. Observe a Figura 3-3 e considere
que F é um vetor força que será decomposto nas componentes Fx e Fy.

Figura 3-3 Obtenção de componentes de forças a partir do triângulo retângulo.

As componentes serão obtidas a partir das relações trigonométrica sendo


Fx=F.cos(α) e Fy=F.sen(α).

O sistema formado por um ponto material (ou corpo rígido) e todas as


forças atuantes sobre ele pode ser representado esquematicamente pelo
chamado diagrama de corpo de livre (ver Figura 3-4). Inicialmente (por
convenção) representamos as forças “saindo” do ponto ou do corpo como se as
forças existentes fossem originalmente de tração, porém isso se confirmará
posteriormente.

27
Figura 3-4 Diagrama de corpo livre.

3.3 Princípios fundamentais da mecânica

Lei do paralelogramo: duas forças atuando sobre um ponto material


pode ser substituída por uma única força (resultante) obtido pela diagonal do
paralelogramo (ver Figura 3-5). O valor da força FR é determinado a partir da
equação (3.1).

Figura 3-5 – Adição de forças – regra do paralelogramo.

FR 2 = F12 + F 22 + 2 * F1* F 2 * cos( ) (3.1)

Princípio da transmissibilidade: as condições de equilíbrio ou


movimento de um corpo são mantidas inalterados se uma força atuando sobre
um determinado ponto for substituída por outra de mesma intensidade, direção
e sentido. Esta força pode atuar em um ponto diferente, mas na mesma linha de
ação (ver Figura 3-6).

28
Figura 3-6 - Princípio da transmissibilidade.

Leis de Newton: (3ª Lei: ação e reação) quando dois corpos estão em
contato, toda ação exercida por um dos corpos sobre o outro corresponde uma
reação do segundo sobre o primeiro, com mesmo módulo, direção, mas com
sentido opostos.

EXEMPLO 3.1: Considere as forças F1 e F2 dispostas no plano x,y


apresentado a seguir. Considere como convenção positiva o sentido anti-horário,
determine:

a) Os valores de momentos fletores desenvolvidos por F1 em relação aos pontos


A, B e C.

Como apresentado o momento é o produto entre uma força e uma distância.


Utilizando o princípio da transmissibilidade a força F1 pode ser deslocada ao
longo da linha inclinada pontilhada sem alterar o resultado final. Observe:

29
Atente-se que a distância da força com relação ao ponto A é zero. Logo o valor
do momento MF1,A é nulo.

MF1,A = 0 kN.m

Para determinar o momento em relação aos demais pontos, B e C, devemos


inicialmente decompor a força inclinada nas suas componentes x e y. A
decomposição é necessária pois para o cálculo do momento de uma força e
distância devem ser perpendiculares. Utilizaremos as relações trigonométricas
do triângulo retângulo.

Os catetos e a hipotenusa do triângulo estão relacionados às componentes da


força F1x (é o cateto adjacente – C.A), F1y (é o cateto oposto – C.O) e F1 (é a
hipotenusa - H).

F1x= cos(30º)*F1=20*0,866=17,32 kN

F1y= sen(30º)*F1=20*0,5=10 kN

Cálculo de momentos em relação ao ponto B:

MF1x,B=17,32*4= 69,28 kN.m (sentido horário)

MF1x,B=- 69,28 kN.

30
MF1y,B=0 kN.m (Observe que se utilizamos o princípio da transmissibilidade
poderíamos mover a força F1y até o ponto B, sem alterar o resultado final. Neste
caso, a distância com relação ao ponto B seria zero e assim o momento é nulo).

O momento MF1,B é soma, considerando os sinais em função da convenção


estabelecida no enunciado do exercício.

MF1,B=-69,28 kN.m

Cálculo de momentos em relação ao ponto C:

MF1x,C=17,32*4=69,28 kN.m (sentido horário)

MF1x,C=-69,28 kN.m

MF1y,C=10*4=40 kN.m (sentido horário)

MF1y,C=-40 kN.m

MF1,C= -69,28 - 40 = -109,28 kN.m

b) Os valores de momentos fletores desenvolvidos por F2 em relação aos pontos


A, B e C.

Observe que a força F2 é uma força disposta ao longo do eixo vertical logo não
há necessidade de decompor.

MF2,A = 30*4=120 kN.m (sentido horário)

MF2,A= -120 kN.m

MF2,B = 30*4=120 kN.m (sentido horário)

MF2,B= -120 kN.m

MF2,C=0 kN.m (Observe que se utilizamos o princípio da transmissibilidade


poderíamos move a força F2 até o ponto C, sem alterar o resultado final. Neste
caso, a distância com relação ao ponto C seria zero e assim o momento é nulo).

c) Determine a força resultante do sistema e suas componentes em relação a X


e Y.

Para calcular a força resultante e suas componentes é possível aplicar a regra


do paralelogramo ou trabalhar diretamente com as componentes que
determinamos na letra a do exercício. Trabalharemos com as componentes.

31
Admitindo como positivo as forças apontadas para cima e para direita,
somaremos as forças ao longo dos eixos x (Frx) e y (Fry) para já determinarmos
as componentes da força resultante (Fr).

Frx=F1x=17,32 kN

Fry=F1y-F2=10-30=-20 kN

Para calcularmos a força resultante Fr utilizaremos o conhecido Teorema de


Pitágoras:

Fr²=Frx²+Fry²=(17,32)²+(-20²)

Fr²=699,98

Fr=√699,98 = 26,46 kN

Observe que se aplicarmos a regra do paralelogramo o valor da força resultante


será o mesmo do determinado anteriormente.

FR 2 = F12 + F 22 + 2 * F1* F 2 * cos( )

32
FR 2 = ( 20 ) + ( 30 ) + 2 * 20 * 30 * cos(120º )
2 2

FR 2 = 700
FR = 700 = 26, 46kN

EXEMPLO 3.2: Um bloco de concreto de 3kN é suportado pelos cabos


AC e BC. Determine os valores correspondentes às forças destes cabos.

A resolução deste exercício parte da ideia do equilíbrio. Observe que os cabos


sustentam o bloco que apresenta um peso P=3 kN e o equilíbrio é analisado no
ponto C, como é apresentado a seguir. Pelo princípio da transmissibilidade é
possível considerar que a força peso está atuando no ponto C.

Os ângulos das extremidades formados pelos cabos em relação a superfície


superior serão os mesmos formados entres os cabos e uma linha horizontal

33
paralela a esta superfície, comprovada pela definição de ângulos alternos
internos e externos.

Para aplicar o conceito de equilíbrio e determinar as forças nos cabos é


necessário decompor as forças inclinadas.

FAx = FA * cos(30º ) = FA * 0,87


FAy = FA * sen(30º ) = FA * 0,5

FBx = FB * cos(60º ) = FB * 0,5


FBy = FA * sen(60º ) = FB * 0,87

O sistema de forças decompostas é esboçado a seguir. Estando o sistema em


equilíbrio o somatório de forças ao longo dos eixos e X e Y deve ser igual a zero.
Portanto, tem-se:

Observação: A convenção de forças positivas em X são aquelas apontadas para


direita e em Y, aquelas apontadas para cima.

 Fx = 0 → (FB * 0,5) − (FA * 0,87 ) = 0


 Fy = 0 → (FA * 0,5 ) + (FB * 0,87 ) − 3 = 0
As equações obtidas forma um sistema, sendo as forças FA e FB as incógnitas
que serão determinadas.

( FB * 0,5 ) − ( FA * 0,87 ) = 0


( FA * 0,5 ) + ( FB * 0,87 ) = 3

Para solucioná-lo, ou seja, para determinar as forças, utiliza-se uma equação
para se escrever uma incógnita em função da outra. Dessa forma, tem-se:

34
( FB * 0,5 ) − ( FA * 0,87 ) = 0
FB * 0,5 = FA * 0,87
FA * 0,87
FB =
0,5
Substituindo o valor de FB na segunda equação:

( FA * 0,5 ) + ( FB * 0,87 ) = 3
( FA * 0,5 ) +  
FA * 0,87
* 0,87  = 3
 0,5 

( FA * 0,5 ) + 
FA * 0,76 
=3
 0,5 
( 0,5 * FA * 0,5 ) + ( FA * 0,76 ) = 3
0,5
( FA * 0,25 ) + ( FA * 0,76 ) = 1,5
FA * 1,01 = 1,5
1,5
FA =
1,01
FA = 1, 48 kN

Substituindo o valor de FA na primeira equação para obter-se o valor de FB:

FA * 0,87
FB =
0,5
1,48 * 0, 87
FB =
0, 5
FB = 2, 57 kN

A força no cabo A é 1,48 kN e no cabo B é 2,57 kN.

35
3.4 Exercícios de fixação

1. Sobre os cabos B e C atuam forças de 10 kN e 20 kN, respectivamente.


Assinale a alternativa na qual é apresentada o valor da força resultante do
sistema.

a) 26,46 kN

b) 19,87 kN

c) 21,98 kN

d) 32,46 kN

2. Sobre um parafuso no ponto A são exercidas as forças apresentadas a seguir.


A partir deste conjunto, assinale a alternativa que apresenta o valor da força
resultante.

a) 149,5 kN

b) 199,5 kN

c) 219,5 kN

d) 169,5 kN

36
3. A conexão de uma treliça é apresentada a seguir. Sobre as barras A e B são
aplicadas as forças FA = 7000 N e FB = 5000 N. Assinale a alternativa que
apresenta a intensidade das forças C e D, sabendo que a conexão está em
equilíbrio.

a) FC=3678,5 N; FD=3010,5 N

b) FC=3535,5 N; FD=3464,5 N

c) FC=3464,5 N; FD=3010,5 N

d) FC=3535,5 N; FD=3010,5 N

4) O princípio da transmissibilidade, dentro do contexto dos fundamentos da


estática de corpos rígidos, pode ser definido como:

a) Resultante de um conjunto de forças aplicadas em pontos diferentes em um


corpo rígido e cujo efeito desta resultante produza o mesmo efeito que produziria
o conjunto de forças;

b) Relação com as condições de equilíbrio de um corpo, submetido a um sistema


de forças, onde é garantido que a resultante de forças e de momentos sejam,
ambas, iguais a zero;

c) Conceito de redução de um sistema de forças aplicado a um determinado


ponto material, onde basta transferir todas as forças para este ponto,
acrescentando, para cada uma delas, seu momento em relação a este ponto;

d) Estabelece que as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo


rígido não se alteram se substituirmos uma força atuando num ponto do corpo
por outra força com a mesma intensidade, direção e sentido, mas atuando em
outro ponto do corpo desde que ambas as forças possuam a mesma linha de
ação.

37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HIBBELER, RUSSELL CHARLES. Estática: mecânica para engenharia.
Tradução Daniel Vieira, revisão técnica José Maria Campos dos Santos. 12ª Ed.
São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2011.

OLIVEIRA, IVÂNIA DE; MIZUKOSHI, JOSÉ KENICHI. Leis de Conservação.


Torque. Disponível em: https://propg.ufabc.edu.br/mnpef-sites/leis-de-
conservacao/torque/. S.D. Acesso em: 20 de novembro de 2022.

38
4. CAPÍTULO 4: CORPOS RÍGIDOS E SISTEMA DE
FORÇAS EQUIVALENTES

Um corpo rígido é um sistema formado por um conjunto de partículas


para o qual a dimensão é relevante, pois as forças podem atuar em diferentes
pontos do corpo, ou seja, em diferentes partículas. Sob a atuação de diferentes
forças, estes corpos possivelmente apresentarão deformações e deslocamentos
que podem ser significativas ou quase imperceptíveis.

Destaca-se que em algumas situações, deslocamentos significativos


podem alterar a condição de equilíbrio da estrutura e gerar uma instabilidade,
inviabilizando sua utilização. No caso das estruturas convencionais dos edifícios,
os elementos são dimensionados e dispostos de forma que os deslocamentos e
as deformações finais sejam deformações mínimas, quase imperceptíveis aos
usuários. Além disso, estas pequenas deformações não são capazes de alterar
a condição de equilíbrio da estrutura.

As forças (indicadas como vetores) que atuam sobre as estruturas (e


sobre os corpos rígidos em geral) são divididas em forças externas e forças
internas. As forças externas são aquelas que atuam sobre os corpos e podem
ser decorrentes de um agente imaterial, força gravitacional, por exemplo, mas
também as forças externas podem surgir devido às interações entre os corpos
rígidos, ou seja, um corpo exercendo força sobre outro (ver Figura 4-1). Estas
forças são responsáveis por altera a condição de repouso de um corpo causando
um movimento ou podem também atuar para garantir a condição de repouso, ou
seja, impedir um movimento. De maneira geral as forças externas são as
chamadas forças de ação e reação que estudamos nas disciplinas de física.

Figura 4-1 Forças externas sobre uma viga.

Como estudamos no início do capítulo, os corpos (e consequentemente


as estruturas) são um conjunto de partículas que apresentam uma certa
organização. Devido à atuação das forças externas (peso próprio, atuação de
outros corpos, etc.) estas partículas sofrem uma mudança de organização que
causa os deslocamentos e as deformações. Entre estas partículas existem as
forças internas que atuam para manter as diversas partes deste corpo unidas,
transferindo forças entre partículas (ver Figura 4-2). Assim, as forças internas
são as responsáveis por manter a integridade dos corpos (estruturas) e também
por garantir que exista um compartilhamento de esforços internamente.

39
Figura 4-2 Forças internas em uma viga.

Os exemplos apresentados anteriormente mostram aplicações de forças


em um sistema simplificado, ou seja, as ações atuam considerando o sistema de
eixos cartesianos e os momentos fletores atuam em torno de um mesmo eixo.
No entanto, nas situações reais podemos ter forças em diferentes direções
atuando sobre o corpo, como ilustrado na Figura 4-3.

(a) Forças atuando sobre um corpo (b) Sistema de forças resultantes


Figura 4-3 Redução do sistema de força sobre um corpo.

Na Figura 4-3(a) é apresentado um corpo qualquer, inicialmente em


repouso, sobre o qual atuam as forças F1, F2 e F3, aplicadas em direções
diferentes. Observe que o corpo está livre no espaço e não há nenhum tipo de
restrição ou impedimento para que ele se movimente para qualquer direção,
pode transladar ou rotacionar em torno de um determinado ponto. Mas como
saber qual será o resultado da ação deste conjunto de forças atuando sobre este
corpo? Em outras palavras, é possível se ter uma ideia se o corpo vai se
movimentar, vai girar ou vai manter seu estado de repouso?

A resposta para estas questões seria “sim, é possível ter uma ideia do
comportamento final deste corpo”. Porém, para isso precisamos encontrar um

40
sistema forças resultantes, ou seja, precisamos encontrar a soma destas forças,
reduzindo esse conjunto a uma única força resultante (Fr) e um momento fletor
(Mr) e assim traduzir o seu comportamento final. Para realizar esta operação os
vetores precisam ser concorrentes, ou seja, precisam todos partir de um único
ponto. Deslocamos os vetores na direção de um ponto escolhido, neste caso o
ponto “O”.

Figura 4-4 Translação e decomposição do vetor força em relação ao ponto “O”.

Estas forças inclinadas são decompostas em forças ao longo dos eixos


“x” e “y”, como ilustrado na Figura 4-4 para o vetor força F1, para que possamos
facialmente somar os vetores. Assim todos os vetores são deslocados para o
ponto O e decompostos em forças Fx e Fy. Ao deslocar os vetores força,
considerando as distâncias “r”, estamos alterando a posição da força que
inicialmente produzia uma rotação em torno do ponto avaliado. Para que essa
rotação se mantenha precisamos aplicar momentos fletores (M=F*r) para
equivaler ao sistema inicial. Observe na Figura 4-3(b) que a força e o momento
resultantes são perpendiculares entre si.

Assim, todo esse conjunto de ações pode ser simplificado pela Figura
4-3(b). É importante destacar que os dois sistemas reproduzem a mesma
resposta final, porém o segundo nos fornece mais clareza e facilidade de análise
para se obter o comportamento do corpo.

Para ilustrar os passos apresentados anteriormente apresenta-se o


exemplo a seguir.

EXEMPLO 4.1: Três cabos presos a um disco exercem sobre o mesmo


as forças F1, F2 e F3 apresentadas. Substitua as três forças por um sistema de
forças equivalentes (força-binário equivalente) relativo ao ponto D.

41
Figura 4-5 Disco com forças atuantes nos pontos A, B e C.

O primeiro passo é decompor as forças F1, F2 e F3 nas suas


componentes ao longo dos eixos ortogonais X e Y, respeitando o sentindo da
força atuante. Lembre-se que esta decomposição é uma aplicação das relações
trigonométricas de um triângulo retângulo. Basta atentar-se ao ângulo de
referência (α ou β) para utilizar adequadamente as relações de seno e cosseno
(ver Figura 4-6).

Figura 4-6 Relações trigonométricas no triângulo retângulo.

42
Figura 4-7 Decomposição das forças.

Os valores das forças encontradas seguem as relações trigonométricas


mencionadas, como se apresenta abaixo. Para a determinação das distâncias
de cada um dos vetores força decompostos utilizamos as mesmas relações
trigonométricas com atenção ao ângulo que a origem das forças fazem em
relação aos eixos ortogonais e o raio do disco.

Fx1 = −140 * cos(45º ) = −98,99N


Fy1 = 140 * sen(45º ) = 98,99N
x1 = 20 * cos(30º ) = 17,32 cm
y 1 = 20 * sen(30º ) = 10 cm
Fx 2 = 110 * cos(20º ) = 103,37N
Fy 2 = 110 * sen(20º ) = 37,62N
x 2 = 20 * cos(45º ) = 14,14 cm
y 2 = 20 * sen(45º ) = 14,14 cm
Fx 3 = 140 * sen(45º ) = 98,99N
Fy 3 = −140 * cos(45º ) = −98,99N
x 3 = 0 cm
y 3 = 20 cm
Para determinar o valor de força resultante realizamos o somatório das
forças decompostas considerando os sinais (positivo ou negativo) de acordo com
convenção determinada inicialmente (ver Figura 4-5 e Figura 4-8), sendo o
vetor horizontal positivo aquele direcionado para direita e o vetor vertical positivo
o direcionado para cima.

43
(a) Forças decompostas (b) Sistema com as forças resultantes
Figura 4-8 Forças decompostas e resultado final

3
Frx =  Fxi = Fx1 + Fx 2 + Fx 3
i

Frx = −98,99 + 103,37 + 98,99 = 103,37N


3
Fry =  Fyi = Fy1 + Fy 2 + Fy 3
i

Fry = 98,99 + 37,63 − 98,99 = 37,63N


Assim determinamos as forças resultantes ao longo dos eixos X e Y que
para o exemplo encontramos no eixo horizontal 103,37 N positivo (para direita)
e no eixo vertical 37,63 N positivo (para cima). Porém, ao calcularmos a
resultante em relação ao ponto D devemos também calcular o momento que
aquele conjunto de força é capaz de exercer com relação ao ponto estudado.
Para determinar o valor de momento resultante aplicamos também o somatório
de cada momento, avaliando os sinais de acordo com a convenção de sinais
(momento no sentido anti-horário tem sinal positivo).
MrD =  ( Fxi * yi ) + ( Fyi * xi )  = ( Fx1* y 1) + ( Fy 1* x1) +
3

( Fx 2 * y 2 ) + ( Fy 2 * x 2 ) + ( Fx 3 * y 3 ) + ( Fy 3 * x 3 )
MrD = ( 98,99 * 10 ) − ( 98,99 * 17,32 ) − (103,37 * 14,14 )
+ ( 37,62 * 14,14 ) + ( 98,99 * 20 ) + ( 98, 99 * 0 )
MrD = 325, 48 N.cm
Dessa forma determina-se que o momento resultante tem valor igual a
325,48 N.cm. Na Figura 4-8 é apresentado o sistema equivalente solicitado pelo
enunciado da questão, ou seja, aquele conjunto de forças pode ser substituído
pelo sistema de forças ortogonais e momento fletor apresentado resultando na
mesma resposta final.

44
4.1 Equilíbrio de corpos e estruturas

Como já apresentado, uma estrutura (um corpo rígido) sujeito a um


conjunto de forças, está suscetível à mudança da sua situação de equilíbrio,
alterando sua condição de repouso (equilíbrio estático) ou o seu movimento
uniforme (equilíbrio dinâmico). Retomando o exemplo anterior, ao calcularmos
as forças resultantes observamos que estas forças poderão movimentar o disco
para a direita e para cima e além disso, provocar uma rotação, alterando sua
condição de equilíbrio.
Por outro lado, imagine a situação na qual o disco ilustrado no exemplo
anterior apresentasse as forças decompostas abaixo, admitindo que o momento
fletor é nulo.

Figura 4-9 Novo sistema de forças decompostas.

Refazendo o cálculo das forças resultantes ao longo do eixo X e ao longo


do eixo Y, tem-se:
3
Frx =  Fxi = Fx1 + Fx 2 + Fx 3
i

Frx = −100 + 50 + 50 = 0N
3
Fry =  Fyi = Fy1 + Fy 2 + Fy 3
i

Fry = 35 + 35 − 70 = 0N
Observe que nesse caso as forças resultantes obtidas foram iguais a zero.
Em situações como esta, quando as forças resultantes e também os momentos
resultantes são iguais a zero, podemos afirmar que estrutura (o corpo rígido) se
encontra em equilíbrio. Matematicamente podemos descrever a situação de
equilíbrio, para estruturas no plano, como apresentado na equação (4.1).
n
Frx =  Fxi = Fx1 + Fx 2 + Fx 3 + ... + Fxn = 0
i
n
Fry =  Fyi = Fy1 + Fy 2 + Fy 3 + ... + Fyn = 0 (4.1)
i
n
Mrz =  M zi = Mz1 + Mz2 + Mz3 + ... + Mzn = 0
i

45
É importante lembrar que neste curso vamos trabalhar apenas com
estruturas definidas no plano e com forças atuando neste mesmo plano (forças
coplanares) por isso as equações de força acima são descritas com relação a
x,y e o momento considerado em torno do eixo z. Porém, para as situações em
que temos estruturas espaciais teremos forças e momento descritos para os três
eixo x,y,z.
Ainda com relação ao exemplo do disco, recorde que quando
encontramos as forças e momento (diferentes de zero) comentamos da
possibilidade do disco se movimentar, sendo possível movimento ao longo do
eixo x, movimento ao longo do eixo y e rotação em torno do eixo z. Se este disco
estiver livre, ou seja, se ele não estiver restrito (“preso”) ele se movimentará.
Repare que há possibilidade de 3 movimentos e que temos 3 equações que
representam a condições de equilíbrio. Estas possibilidades de movimento
denominamos graus de liberdade, que são caracterizados pelas 3 equações
apresentadas.
Até esse tópico, o texto sempre destacou conjuntamente os corpos rígidos
que incluí as estruturas. A partir do próximo item vamos estudar com mais
enfoque os sistemas estruturais e por isso a maioria dos raciocínios passam
agora a ser mais direcionados com relações as condições das estruturas civis,
vigas, pilares e lajes.

4.2 Forças externas reativas e vínculos

No início deste capítulo aprendemos a caracterizar as chamadas forças


externas que podem ser ativas ou reativas. As forças reativas são as reações às
cargas atuantes na estrutura para mantê-la em equilíbrio, impedindo qualquer
condição de movimentação (rotação e translação). Ressalta-se que as rotações
são os deslocamentos angulares ou giros, já as translações são os
deslocamentos lineares; movimentos horizontais e verticais.

As forças reativas atuarão em pontos de ligação da estrutura com solo,


mas também em pontos de ligação entre estruturas. Nestes pontos serão
encontrados os chamados vínculos (elementos de apoio) destinados a restringir
ou liberar um movimento. Os vínculos (apoios) são classificados em função do
número de restrições que implicam sobre a estrutura (condições de vinculação)
e por consequência estarão relacionados aos graus de liberdades.

Os vínculos externos são aqueles que ligam a estrutura ao meio externo


e podem ser do tipo apoio simples (vínculo de 1ª ordem), apoio duplo (vínculo
de 2ª ordem), e engaste (vínculo de 2ª ordem).

Os vínculos de 1ª ordem (apoios simples, classe 1, apoios de primeiro


gênero) são capazes de restringir apenas um movimento de translação que
pode ser horizontal ou vertical. Portanto, para este apoio vamos calcular uma
reação vertical (a qual vamos denominar V ou Ry) ou uma reação horizontal (a
qual vamos denominar H ou Rx).

46
Figura 4-10 Representação dos apoios simples (vínculo de 1ª ordem).

Os vínculos de 2ª ordem (apoios duplos, classe 2, apoios de segundo


gênero) são capazes de restringir dois movimentos de translação, horizontal e
vertical. Portanto, para este apoio vamos calcular uma reação vertical (a qual
vamos denominar V ou Ry) e uma reação horizontal (a qual vamos denominar H
ou Rx).

Figura 4-11 Representação dos apoios duplos (vínculo de 2ª ordem).

Os vínculos de 3ª ordem (engaste, classe 3, apoios do terceiro gênero)


são capazes de restringir três movimentos, dois de translação, horizontal e
vertical, e uma rotação. Portanto, para este apoio vamos calcular uma reação
vertical (a qual vamos denominar V ou Ry), uma reação horizontal (a qual vamos
denominar H ou Rx) e uma rotação (a qual denominamos M).

Figura 4-12 Representação dos engastes (vínculo de 3ª ordem).

47
Os vínculos internos são os elementos que ligam elementos da estrutura.
De forma semelhante aos anteriores, os vínculos internos podem ser de 2ª
ordem (rótulas) ou de 3ª ordem (soldas). As rótulas se caracterizam
principalmente pela impossibilidade de transferência de esforços de momentos
e por outro lado as soldas permitem a transferência de todos os esforços.

Figura 4-13 Representação de vínculos internos.

Na Figura 4-14 são apresentadas algumas situações reais e ilustrativas


de vigas e suas representações dos vínculos que estão atribuídas à cada
situação. Já na Figura 4-15 é apresentado um resumo geral sobre os vínculos
externos.

Figura 4-14 Vínculos externos.

48
Figura 4-15 Resumo sobre vínculos externos.

Como já comentado, nosso curso é direcionado para o estudo de


estruturas no plano e assim o equilíbrio é satisfeito a partir das 3 equações
apresentadas (  Frx, Fry, Mrz ) . Quando estudamos a condição de
equilíbrio das estruturas estamos trabalhando com o que se denomina como
estaticidade estrutural que está relacionada diretamente ao número de Graus
de Liberdade (GL), que para o nosso caso de estudo este número é igual a 3, e
por consequência a estaticidade também está relacionada ao conjunto de
movimentos Restringidos (RT).

Além das classificações já descritas, as estruturas também são


classificadas com relação à estaticidade como isostáticas, hiperestáticas e
hipostáticas.

As estruturas isostáticas são aquelas em que o número de reações de


apoio a se determinar (entende-se também como o número de movimentos
restringidos) é igual ao número de graus de liberdade, (RT=GL, lembre-se
GL=3). Quando uma estrutura é classificada como isostática dizemos que ela
está em equilíbrio estático.

As estruturas hiperestáticas são aquelas em que o número de reações de


apoio a se determinar (entende-se também como o número de movimentos
restringidos) é maior que o número de graus de liberdade, (RT>GL). Quando
uma estrutura é classificada como hiperestática dizemos que ela está em
equilíbrio estável.

49
As estruturas hipostáticas são aquelas em que o número de reações de
apoio a se determinar (entende-se também como o número de movimentos
restringidos) é menor que o número de graus de liberdade, (RT<GL). Quando
uma estrutura é classificada como hiperestática dizemos que ela está em
equilíbrio instável. Estruturas hipostáticas não devem ser adotadas como
soluções estruturais.

A Figura 4-16 apresenta ilustrações de estruturas com as classificações


descritas.

Figura 4-16 Classificação das estruturas segundo a estaticidade.

Em estruturas mais simples, como as apresentadas anteriormente, a


classificação das estruturas em isostática, hiperestática ou hipostática pode ser
realizada a partir de uma análise simples. Por outro lado, em estruturas mais
complexas, como os pórticos, por exemplo, esta classificação é realizada
utilizando a relação gt = gi + ge que determina o grau de estaticidade total ( gt ) .
Nesta expressão gi é o grau de estaticidade interno e ge é o grau de estaticidade
externo, sendo obtidos pelas expressões:
ge = 3.e + 2.r + a − 3 (4.2) (4.2.a)
Nós
gi =  (Li .Ci ) − 3.b + 3 (4.2.b)
i =1

Na primeira equação, e é o número de vínculos de terceira


ordem(engastes), r é o número de vínculos de segunda ordem e a é o número
de vínculos de primeira ordem. Na equação (4.2.b) Li é tipo de vinculação entre
barras em um determinado nó (3 para ligação rígida ou engaste, 2 para rótula ou
apoio do segundo gênero e 1 para apoio simples) sem levar em conta a
vinculação externa; Ci número barras ligas ao nó menos 1 (grau de conexão do
nó) e b é o número de barras da estruturas.

Determinado os graus de liberdade interno e externo, o grau estacidade


total ( gt ) é obtido. Para gt  0 a estrutura é classificada como hiperestática, para

50
gt = 0 a estrutura é classificada como isostática e para gt  0 a estrutura é
classificada como hipostática.

Para exemplificar a aplicação das equações analisemos alguns exemplos


de estruturas.

Quadro 1 – Exemplos determinação do grau de estaticidade.

Externamente: Externamente:
e=0; r=1; a=2 e=0; r=1; a=1
ge=3*0+(2*1)+2-3=1 ge=3*0+(2*1)+1-3=0
Internamente: 5 nós internos Internamente: 4 nós internos
Nó 1: solda, Li=3; Ci= 2-1=1 Nó 1: solda, Li=3; Ci= 2-1=1
Nó 2: solda, Li=3; Ci= 2-1=1 Nó 2: rótula, Li=2; Ci= 2-1=1
Nó 3: solda, Li=3; Ci= 3-1=2 Nó 3 e 4: rótula, Li=2; Ci= 2-1=1
Nó 4: solda, Li=3; Ci= 4-1=3 b=4
Nó 5: solda, Li=3; Ci= 2-1=1 gi=(3*1)+(2*1)+2*(2*1)-(3*4)+3=0
b=8
gi=(3*1)+(3*1)+(3*2)+(3*3) +(3*1)-
(3*8)+3=3
gt=3+1=4 gt=0+0=0
Hiperestática Isostática

51
Externamente: Externamente:
e=0; r=1; a=1 e=0; r=1; a=1
ge=3*0+(2*1)+1-3=0 ge=3*0+(2*1)+1-3=0
Internamente: 2 nós, mas apenas Internamente: 2 nós internos
vínculos externos Nó 1: rótula, Li=2; Ci= 2-1=1
Li=0; Ci=1; b=1 Nó 2: rótula, Li=2; Ci= 2-1=1
gi=0-(3*1)+3=0 b=3
gi=(2*1)+(2*1)-(3*3)+3=-2
gt=0+0=0 gt=0+(-2)=-2
Isostática Hipostática

4.3 Exercícios de fixação

1. Quando as reações de apoio são suficientes para impedir seus deslocamentos


e as equações de equilíbrio também são suficientes para o cálculo de suas
reações temos uma estrutura:
a) Hipostática

b) Bidimensional

c) Hiperestática

d) Isostática

2. Sabe-se do conceito de hiperestaticidade que o grau hiperestático de uma


estrutura está diretamente relacionado com o número de equações
suplementares da estática necessário na determinação das reações de apoio.
De acordo com a estrutura indicada na figura abaixo, o seu grau hiperestático
total gt será:
a) gt=3

b) gt=0

c) gt=2

d) gt=1

52
3. De acordo com a classificação de estaticidade de uma estrutura e analisando
a figura abaixo, pode-se concluir que é correto afirmar:

a) É uma estrutura isostática, pois apesar de possuir um número de reações de


apoio superior ao número de equações necessárias ao equilíbrio estático da
estrutura, conduzindo a um sistema indeterminado, os tipos de restrições dos
graus de liberdade aplicados reduzem as incógnitas do sistema.

b) É uma estrutura hipostática, pois apesar de possuir um número de reações


igual ao número de equações necessárias ao equilíbrio estático da estrutura, as
restrições dos graus de liberdade estão aplicadas de forma ineficaz para o
carregamento aplicado.

c) É uma estrutura hipostática, pois possui um número de restrições de graus de


liberdade inferior ao número de equações necessárias ao equilíbrio estático da
estrutura.

d) É uma estrutura hiperestática, pois possui números de restrições de graus de


liberdade superior ao número de equações de equilíbrio da estática.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICH, MAUREN. Estruturas I e II. Notas de aula. Porto Alegre, RS: Faculdade
São Francisco de Assis. S.D.

LAGES, EDUARDO NOBRE. Corpos rígidos: sistemas equivalentes de forças.


Notas de aula da disciplina mecânica dos sólidos 1. Maceió, AL: Universidade
Federal de Alagoas. S.D.

SORIANO, HUMBERTO LIMA. Estática das estruturas. 3ª Edição. Rio de


Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2013.

53
5. CAPÍTULO 5: CARGAS ATUANTES NA
ESTRUTURA E REAÇÕES DE APOIO

Ao desenvolver os projetos estruturais se tem como objetivos vencer


vãos, delimitar espaços, proporcionar abrigo, dentre outros propósitos. No
entanto, para que todas estas finalidades sejam atendidas uma estrutura deve
ser capaz de absorver e transmitir cargas de forma adequada, mantendo sua
condição de equilíbrio.

Para determinar a distribuição e transmissão das cargas por entre os


elementos estruturais é necessário ter conhecimento sobre a origem e as
características dos carregamentos. As cargas tem relação de dependência com
a natureza do projeto, com os materiais envolvidos, com a função estrutural e
podem ainda variar com o tempo. Estes carregamentos definem-se,
basicamente, em função do período que estão atuando sobre os elementos
estruturais e apresentam alguma possibilidade de variação ao longo do tempo.
As cargas cuja ação tem baixa variabilidade atuarão durante toda ou na maior
parte da vida útil da estrutura. Além disso, esta variação pode ocorrer de forma
repentina como as cargas de impacto e as cargas higroscópicas. Já as cargas
que possuem baixa variabilidade e/ou sua variação não ocorre de maneira
repentina são as cargas permanentes, cargas acidentais, cargas excepcionais e
as cargas térmicas. Para entender melhor as cargas citadas, na Tabela 5-1 são
apresentadas as definições destas cargas em função do grupo que pertencem.

Tabela 5-1 – Cargas atuantes nas estruturas (ABNT NBR 6120:2019)


Grupos Cargas Definições
Atuantes durante a vida útil
da estrutura. Consiste nas
cargas de peso próprio das
estruturas, cargas fixas,
revestimentos, etc. Para
calculá-las é necessário o
Permanentes
conhecimento das
dimensões dos elementos,
das características dos
materiais empregados,
Tempo de atuação especificamente do peso
específico.
São também denominadas
como sobrecargas, podem
ou não estar atuando na
estrutura, podem ou não
Variáveis fazer parte da composição
do espaço arquitetônico.
Exemplos: mobiliário,
máquinas, pessoas, animais,
etc.

54
Tabela 5-1 – Continuação
Atuam em uma determinada
região da estrutura, mas
podem sofrer alterações
quanto a intensidade. Podem
Fixas
estar sobre os eixos
cartesianos ou inclinadas.
Ponto de aplicação Exemplos: Pesos de
revestimentos e paredes.
Podem atuar, ao longo do
tempo, em diferentes pontos
Móveis da estrutura. Exemplo:
Automóveis sobre uma
ponte.
Atuam em um determinado
ponto da estrutura. Podem
Concentradas ser cargas verticais,
horizontais, inclinadas ou
momento.
Modo de distribuição
Atuam em uma superfície
(força por unidade de área)
Distribuídas ou em um comprimento
(força por unidade de
comprimento).

As definições apresentadas na tabela estão presentes na norma ABNT


NBR 6120:2019 – Ações para cálculo de estruturas e edificações que além
destes conceitos, apresentam o peso específico dos diferentes materiais que
podem compor carregamentos (como o concreto, madeira, aço, diferentes
blocos para alvenaria, etc) as cargas variáveis (sobrecargas) que devem ser
consideradas para os diferentes ambientes das edificações e outras informações
pertinentes. É imprescindível a consulta desta norma para a realização do
cálculo estrutural de edifícios.

Para as nossas situações de estudo, poderemos trabalhar com as cargas


permanentes, variáveis, concentradas, distribuídas e cargas fixas, mas não
abordaremos cargas móveis. Com relação as cargas distribuídas, neste curso
vamos abordar as cargas com distribuição linear que serão as cargas atuantes
sobre os elementos de barra, como as vigas. Estas cargas podem ser
representativas do peso próprio da estrutura ou mesmo da carga das paredes
sobre as vigas. Este tipo de carga apresenta como unidade força por
comprimento, como por exemplo, Newton/centímetro (N/cm), quilograma-
força/metro (kgf/m), tonelada-força/metro (tf/m), dentre outras. Na Figura 5-1 são
apresentados exemplos de cargas lineares suas representações.

55
Figura 5-1 Representação de cargas lineares.

Observe que em função da condição da carga, a representação


geométrica do carregamento é diferente. Para cargas uniformes como o peso
dos elementos que possuem uma distribuição bem definida, a representação das
cargas forma um retângulo e chamamos de carregamento uniforme. Além disso,
em função da sobreposição de carregamentos atuantes como, por exemplo,
quando temos a parede sobre a viga, devemos somar a contribuição de cada
carregamento.

Para trabalharmos com as cargas distribuídas temos que simplificar o


carregamento distribuído em um carregamento concentrado. Para isso,
basicamente, calculamos a área da figura geométrica determinada pela carga e
posicionamos a força resultante no ponto que determina o centro geométrico da
figura. Na Tabela 5-2 são apresentados os principais tipos de distribuição de
cargas lineares, as forças resultantes destas combinações e o posicionamento
da resultante. Observe que o valor da carga distribuída em um determinado
ponto da estrutura pode ser obtido a partir da função da carga distribuída. É
importante destacar que no caso do carregamento com distribuição trapezoidal
é obtido a partir da soma de duas distribuições, uniforme e triangular, e por
consequência são determinadas duas forças resultantes, uma para cada
distribuições localizadas em pontos distintos.

56
Tabela 5-2 – Força resultante da aplicação de carregamento distribuído linear.

Carregamento Função da carga Valor da força Ponto de


distribuído distribuída resultante aplicação

q( x ) = q1 Q1 = q1* L

Uniforme

x L
q( x ) = q1* Q1 = q1*
L 2

Triangular

q( x ) = q1*
(1− x ) Q1 = q1*
L
L 2

Triangular

Q1 = q1* L
x
q( x ) = q1 + ( q 2 − q1) * L
LQ 2 = ( q 2 − q1) *
2
Trapezoidal

Utilizamos esta tabela para a obtenção das forças resultantes e então


seguir com a análise da estrutural

5.1 Reações de apoio

Como destacado anteriormente, o equilíbrio de um corpo é garantido


quando, por exemplo, é mantido o seu estado repouso, que é exatamente o que
desejamos para as estruturas. Sendo assim, quando projetamos uma estrutura
e suas ligações entre elementos precisamos garantir mecânica e
matematicamente que o seu comportamento respeite a condição de equilíbrio.
Para isso, elaboramos um projeto estrutural que satisfaça o sistema de equações
da expressão (4.1), ou seja, que as resultantes de forças e momentos sejam
nulas. Dessa forma, podemos dizer que as três equações (novamente apresenta
a seguir) são necessárias e suficientes para analisar as estruturas com o
propósito principal da manutenção da sua condição de equilíbrio.

57
n
Frx =  Fxi = Fx1 + Fx 2 + Fx 3 + ... + Fxn = 0
i
n
Fry =  Fyi = Fy1 + Fy 2 + Fy 3 + ... + Fyn = 0
i
n
Mrz =  M zi = Mz1 + Mz2 + Mz3 + ... + Mzn = 0
i

Façamos o seguinte raciocínio. Até o momento entendemos que as


estruturas recebem carregamentos externos, decorrentes de diferentes agentes,
e que estas cargas são transferidas para outros elementos que servem de apoio.
Estes apoios impedem que a estruturas se desloquem excessivamente e podem
ser outros elementos estruturais ou mesmo o solo. Porém, é importante
relembrar que assim como qualquer outro corpo rígido, as estruturas estão
sujeitas às leis da mecânica clássica, as Leis de Newton. Neste momento, nos
interessa a 3ª Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação. Sempre que sobre um
corpo rígido há a atuação de uma força externa (uma ação), este corpo
“responde” à esta solicitação com uma força de mesma intensidade e direção,
mas com sentido oposto (uma reação). Portanto, os apoios que recebem as
cargas atuantes sobre as estruturas, exercem sobre a ela reações em resposta
aos carregamentos.

Neste momento, pode surgir a dúvida sobre como unir todas estas
informações e como elas juntas se relacionam com a questão do equilíbrio. A
resposta é: faremos verificações das estruturas e suas condições de apoio,
determinando as forças e as reações, avaliando se as vinculações dos apoios
são suficientes para garantir a estabilidade. Neste momento do curso, o nosso
principal objetivo é a determinação das reações de apoio, estas são nossas
incógnitas matemáticas, e para isso utilizaremos o sistema de equações partindo
da imposição do equilíbrio (somatório de todas as ações e reações resulta no
valor zero).

Para determinar as reações de apoio vamos seguir o seguinte roteiro:

1. identificar os sistemas e elementos estruturais a partir do desenho do


modelo estrutural;

2. simplificar as situações de carregamento;

3. desenhar um D.C.L (diagrama de corpo livre), e

4. aplicar as equações da estática (equações do equilíbrio).

Antes de estudarmos o exemplo é necessário fazermos um


esclarecimento. Um diagrama de corpo livre é uma representação simplificada
do problema em análise, apresentando aquelas informações que são
indispensáveis para entendimento e solução do problema estrutural. Estas

58
informações incluem direção, sentido e valores das cargas, as dimensões que
são indispensáveis e as vinculações da estrutura.

A seguir são apresentados exemplos para consolidar as informações


anteriores.

EXEMPLO 4.1: Determine as reações de apoio das vigas apresentadas.

a)

Passo 1: Viga biapoiada, de comprimento (vão) de 4 metros, um apoio do duplo


na extremidade esquerda e um apoio simples na extremidade direita. A viga
recebe uma carga com distribuição uniforme com valor de 10 kN/m.
(Observação: É importante que o aluno desenvolva este passo por escrito
para fixar os conceitos apresentados. Porém, após maior familiaridade com
o conteúdo este passo pode ser realizado mentalmente).

Passo 2: A carga possui distribuição uniforme. Segundo a Tabela 5-2 a força


resultante é obtida por Q1 = q1* L = 10 kN / m * 4 m = 40kN e estará atuando
na metade do comprimento da viga L 2 = 4 2 = 2m . (Observação: É importante
que o aluno se atente as unidades utilizadas no problema. Por exemplo, a
carga foi apresentada com distribuição por metro (10kN/m) e o
comprimento da viga foi informado também em metros (4m). Porém, se o
comprimento da viga fosse informado em centímetros (400cm) seria
necessário compatibilizar as unidades convertendo o comprimento de
centímetros para metros ou converter a distribuição da carga para kN/cm.
Essa conversão é necessária para o correto tratamento matemático das
operações.).

Passo 3: Diagrama de corpo livre (DCL).

59
Observe que os vetores indicativos das reações foram desenhados apontados
para direita (RxA) e para cima (RyA e RyB). Esta indicação é arbitrária e não
sabemos ainda se esta adoção é a correta. Isso se confirmará quando
encontrarmos os valores das reações no próximo passo, se o valor final
encontrado for positivo, esta indicação está correta, ou seja, as reações verticais
apontam para cima e a reação horizontal para direita. Caso contrário, se
encontrarmos valores negativos para reações, a indicação é oposta a arbitrada.

Passo 4: Aplicação das equações de equilíbrio de acordo com uma convenção


de sinais. Esta convenção pode ser definida pelo aluno da forma que seja mais
familiar. Neste curso vamos a adotar a convenção abaixo. Recomenda-se adotar
esta convenção para evitar confusões.

Inicialmente, avaliamos o eixo horizontal.

 Fx = 0
Rx A = 0
Observe que não há forças atuantes horizontalmente, portanto, a ração de apoio
RxA é igual a zero. Avaliando o eixo vertical temos:
 Fy = 0
Ry A − 40 + Ry B = 0
Ry A + Ry B = 40
Obtêm-se uma equação com duas incógnitas, as duas reações a determinar.
Assim, teremos eu utilizar a última equação, que relaciona os momentos fletores,
e determinar uma das incógnitas. Escolhe-se aqui avaliação os momentos
fletores entorno do ponto A (apoio da esquerda). Lembre-se que os sinais são
determinados pela convenção de sinais.
 MA = 0
− ( 40 * 2 ) + ( Ry B * 4 ) = 0
−80 + 4Ry B = 0
4Ry B = 80
80
Ry B =
4
Ry B = 20kN
O valor encontrado para a reação vertical do ponto B é 20 kN. Como
encontramos um valor positivo, a indicação da força escolhida no DCL está
correta. Nesse momento precisamos retomar a equação Rx A + Ry B = 40 ,
substituir o valor de RyB para determinar RxA.

60
Ry A + Ry B = 40
Ry A + 20 = 40
Ry A = 40 − 20
Ry A = 20kN
Resposta final:

b)

Passo 1: Viga engastada de comprimento (vão) de 3 metros (300 cm). A viga


recebe cargas com distribuição triangular com valor de 500 kgf/m (máximo junto
ao apoio atuando de cima para baixo) e 300 kgf/m (máximo junto à extremidade
livre atuando de baixo para cima). (Observação: É importante que o aluno
desenvolva este passo por escrito para fixar os conceitos apresentados.
Porém, após maior familiaridade com o conteúdo este passo pode ser
realizado mentalmente).

Passo 2: Há atuação de duas cargas com distribuição triangular e distintas.


Primeiramente devemos compatibilizar as unidades, já que as cargas
apresentam distribuição por metro e os comprimentos da viga foram informados
em centímetros. Opção 1: Converter a unidade das cargas:
kgf 1m kgf kgf
q1 = 500 . = 500 =5
m 100cm 100cm cm
kgf 1m kgf kgf
q 2 = 300 . = 300 =3
m 100cm 100cm cm
Opção 2: Converter a unidade dos comprimentos:

61
1m 200
200 cm . = m = 2m
100 cm 100
1m 100
100 cm . = m = 1m
100 cm 100
Observe que não é necessário realizar as duas conversões. Se converter a
unidade do carregamento mantém o comprimento como informado no problema,
mas se optar por converter o comprimento mantém o carregamento como
informado no problema. Para este exemplo vamos optar por converter o
comprimento. Após realizar a compatibilização de unidades seguirmos para a
obtenção da força resultante.

Note que neste caso há dois carregamentos e, portanto, devemos obter uma
força resultante para cada um dos carregamentos com relação aos respectivos
comprimentos de atuação, ou seja, a carga de 500kgf/m atua em 2 m (lembre-
se que já convertemos a unidade de cm para m) e a carga de 300 kgf/m atua em
1m. Segundo a Tabela 5-2 a força resultante da carga triangular é obtida por:

Q1 = q1* L 2 = 500  kgf / m  * 2 2  m  = 500kgf


Q2 = q 2 * L 2 = 300  kgf / m  * 1 2  m  = 150kgf

Atenção ao posicionamento da força resultante. Para a carga de 500 kgf/m e


comprimento de atuação 2 m, temos:
L 3 = 2 3  0,67m - Tomando como referência a extremidade esquerda
Para a carga de 300 kgf/m e comprimento de atuação 1m, temos:
L 3 = 1 3  0,33m - Tomando como referência a extremidade direita

Passo 3: Diagrama de corpo livre (DCL).

Como o vínculo desta viga é do terceiro gênero (engaste) são três reação para
se determinar, assim há a indicação das reações horizontal (RxA) e vertical
(RyA) além de um momento fletor (MA).

Passo 4: Aplicação das equações de equilíbrio de acordo com uma convenção


de sinais. Esta convenção pode ser definida pelo aluno da forma que seja mais
familiar. Neste curso vamos a adotar a convenção abaixo. Recomenda-se adotar
esta convenção para evitar confusões.

62
 Fx = 0
Rx A = 0
Observe que não há forças atuantes horizontalmente, portanto, a ração de apoio
RxA é igual a zero. Avaliando o eixo vertical temos:

 Fy = 0
Ry A − 500 + 150 = 0
Ry A − 350 = 0
Ry A = 350kgf
Determinado o valor da reação vertical, precisamos determinar o valor da reação
de momento fletor e vamos avaliar os esforços que atuam com relação ao apoio.
 MA = 0
M A + 500 * 0,67 − 150 * 2,67 = 0
M A + 335 − 400,5 = 0
M A − 65, 5 = 0
M A = 65,5kgf
Resposta final:

Observe que as duas vigas analisadas estão em equilíbrio estático como deve
ser. Ao somar todas as forças atuantes sobre as vigas incluindo os valores de
momentos, utilizando a convenção de sinais, as forças resultantes obtidas serão
zero.

63
5.1 Exercícios de fixação

1. Determine as reações de apoio das vigas a seguir e assinale a alternativa


correta. (Observação: os resultados das alternativas são apresentados
considerado inicial o apoio mais à esquerda).
1.1

a) Rx=1 N; R1y= 900,2 N; R2y=1199,3 N

b) Rx=1 N; R1y= 1283,3 N N; R2y=991,7 N

c) Rx=0 N; R1y= 1199,3 N N; R2y=900,2 N

d) Rx=0 N; R1y= 991,7 N; R2y=1283,3 N

1.2

a) R1y=215 kgf; R2x= 25 kgf; R2y= 260 kgf

b) R1y=260 kgf; R2x= 0 kgf; R2y= 215 kgf

c) R1y=215 kgf; R2x= 0 kgf; R2y= 260 kgf

d) R1y=260 kgf; R2x= 30 kgf; R2y= 215 kgf

64
1.3 – Obs: o ângulo de inclinação da força é 45º (em relação ao eixo
horizontal)

a) R1x=70,7 kN; R1y= 70,7 kN; M1= -453,5 kN (horário)

b) R1x=69,5 kN; R1y= 69,5 kN; M1= -453,5 kN (horário)

c) R1x=70,7 kN; R1y= 70,7 kN; M1= -435,5 kN (horário)

d) R1x=69,5 kN; R1y= 69,5 kN; M1= -435,5 kN (horário)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICH, MAUREN. Estruturas I e II. Notas de aula. Porto Alegre, RS: Faculdade São
Francisco de Assis. S.D.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120 – Ações para o


cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019.

65
6. CAPÍTULO 6: ESFORÇOS (FORÇAS) INTERNAS

Como já mencionado, os corpos sólidos quando submetidos aos


carregamentos, apresentam alguma mudança de geometria e, portanto,
deformações. No entanto, as estruturas civis são projetadas para que estas
deformações sejam mínimas e incapazes de alterar o equilíbrio estático das
estruturas, considerando suas condições de contorno.

Para uma dada condição de deformação de uma estrutura ocorre o


surgimento das tensões responsáveis por transmitir os esforços internamente.
As características e propriedades dos materiais que constituem os elementos
está diretamente associada à condição de transmissão das cargas ao longo da
estrutura. Assim, em função do material empregado em uma determinada
estrutura, com uma dada condição de carregamento, maior ou menor será a
capacidade de transmissão dos esforços.

Quando um corpo recebe um dado carregamento, as deformações


surgem e desenvolvem-se até um determinado nível, quando a estrutura atinge
o equilíbrio (ver Figura 6-1). Nessa condição as deformações param e a estrutura
apresenta uma configuração deformada. O equilíbrio ocorre na condição
deformada da estrutura, que é considerada próxima a configuração original já
que que trabalhamos no campo das pequenas deformações.

Figura 6-1 Deformação de elementos lineares.

As estruturas comportam-se como sistemas monolíticos, íntegros, e por


isso cada parte possui uma parcela de responsabilidade para estabelecer a
condição de equilíbrio do todo e manter cada componente do corpo unida uma
com a outra. Para que isso fique claro, considere o corpo abaixo, submetido a
um sistema de forças qualquer. Como já explicado, quando um corpo é
submetido a um carregamento surge um conjunto de forças internas decorrente
de alterações na sua organização provocada pelas cargas recebidas. Por
consequência o equilíbrio pode ser alterado e para que isso não aconteça há o
desenvolvimento destas forças no interior do corpo.

Imagine que vamos realizar um corte (seção S) ao longo do corpo da


Figura 6-2(a).

66
(a) Corpo submetido a um conjunto de forças.

(b) Corpo seccionado.

Figura 6-2 Estudo das forças internas.

Para o que o equilíbrio de cada parte seja mantido, em cada seção deve-
se aplicar as forças que seriam exercidas pela parte faltante. Assim, sobre a
seção S1 tem-se a força R que uma resultante das translações e o momento M
resultante, ambos referentes às forças internas que eram exercidas para seção
S2. O mesmo princípio é aplicado para a seção S2. É importante destacar que o
desenvolvimento destas forças respeita a Terceira Lei de Newton (Ação e
Reação), ou seja, as resultantes R e M apresentam, em cada seção, mesmo
módulo (intensidade), mesmas direção e sentidos opostos.

Sempre quando analisamos isoladamente uma parte de uma estrutura


vamos determinar estas resultantes. Estas forças atuarão no centro gravidade
dos elementos e representam os esforços internos que o conjunto retirado
exerce sobre o de análise. Porém, assim como em análises anteriores, em
nossos estudos trabalhamos com as forças atuando sobre os eixos ortogonais
(x,y,z). Para isso, as forças internas resultantes apresentadas na Figura 6-2(b)
serão decompostas, como indicado na Figura 6-3 a seguir. Vamos trabalhar
apenas com uma das seções, já que as forças apresentam a mesma intensidade.

67
Figura 6-3 Decomposição das forças internas.

Estas são as componentes das forças internas com as quais vamos


trabalhar, divididas em relação as forças translacionais e os momentos. Lembre-
se que neste curso vamos trabalhar no plano, para a figura apresentada seria o
plano (z,y), pois é o plano que contém a seção transversal do corpo analisado.
É importante que o aluno se atente que este plano que contém a seção pode
alterar em função da referência que se queira utilizar.

As componentes apresentadas são denominadas em função das


características do esforço associado, assim temos:

N: Força (Esforço) normal (ao longo do eixo longitudinal, perpendicular


ao plano)
V: Força (Esforço) cortante (ao longo dos eixos do plano)
M: Momento (em torno dos eixos - flexão ou torção)

A seguir são discutidas as características de cada um destes esforços.

6.1 Força (Esforço) Normal

Obtido pela soma das componentes de força que atuam ao longo do eixo
longitudinal dos elementos. Decorrente de uma solicitação normal, o eixo da
seção não sofre rotação, porém ocorre um encurtamento ou alongamento da
seção, alterando, portanto, seu comprimento (ver Figura 6-4). Em função da
alteração que ocorre na seção, se alongamento ou encurtamento, a
denominação do esforço normal será tração ou compressão, respectivamente.
Em termos de convenção, trabalha-se com o esforço de tração como aquele com
sinal positivo e esforço de compressão como negativo.

68
Figura 6-4 Força normal.

6.2 Força (Esforço) Cortante

Calculado pela soma das componentes de força que atuam


perpendicularmente ao eixo longitudinal dos elementos. Decorrente de uma
solicitação cortante, há uma tendência ao deslizamento de uma seção sobre
outra infinitamente próxima, resultando em um efeito de cisalhamento (corte).

Figura 6-5 Força cortante.

69
6.3 Momento Fletor

Obtido pela soma dos momentos que atuam em torno de cada um dos
eixos que contém a seção transversal (no caso dos exemplos que estamos
desenvolvendo, seriam os eixos z e y). O efeito provocado por este esforço é o
giro da seção transversal em torno do eixo no qual a tal seção está contida. É
importante que se tenha em mente que a seção transversal não sobre alterações
ou deformações durante a atuação de momentos fletores sobre o elemento
estrutural, portanto, dizemos que a seção transversal deste elemento permanece
plano.

As peças sob efeito do momento fletor, apresentarão partes do elemento


tracionadas e partes comprimidas, e esses dois comportamentos ocorrem ao
simultaneamente. As partes tracionadas são caracterizada com tendência a
“abrir”, ou seja, se imaginarmos as fibras das estruturas, há uma tendência de
alongamento. Simultaneamente, o lado oposto ao tracionado apresentam fibras
com tendência de encurtamento e por esta razão estarão comprimidas.

Para a situação de momentos fletores em torno do eixo z, consideramos


que este momento é positivo quando as fibras inferiores estão tracionadas (ver
Figura 6-6).

Figura 6-6 Momento fletor em torno de Z.

70
Figura 6-7 Momento fletor em torno de Y.

Para a situação de momentos fletores em torno do eixo y, consideramos


que este momento é positivo quando as fibras externas estão tracionadas (ver
Figura 6-7).

6.4 Momento Torsor

Calculado pela soma dos momentos que atuam em torno do eixo


longitudinal (no caso dos exemplos que estamos desenvolvendo, seria o eixo x).
O efeito provocado por estes esforços é o giro da seção transversal em torno do
eixo longitudinal provocando uma torção na peça (um deslocamento angular). O
momento torsor positivo segue a regra da mão direita e o giro da seção ocorre
no sentido anti-horário.

Figura 6-8 Momento torsor.

71
6.5 Determinação dos esforços internos das estruturas e
construção dos diagramas.

Agora que já conhecemos as características de cada um dos esforços,


precisamos aprender como calcular os valores destas forças para os elementos
estruturais com os quais vamos trabalhar. Quando determinados as reações,
representamos estas forças como vetores indicados nos pontos onde a estrutura
apresenta vínculos. No caso das forças internas há uma distribuição (constante
ou variável) de esforços ao longo da estrutura e dessa forma trabalhamos com
a apresentação por meio de gráficos, que denominamos diagramas de esforços.

Para a construção dos diagramas utilizamos as convenções de sinais que


foram descritas nos tópicos anteriores que estão sintetizados na Tabela 6-1 a
seguir. Para este curso, vamos nos aprofundar nos esforços normais, cortante e
momento fletor.

Tabela 6-1 – Convenção de sinais para os esforços internos.


Solicitação /
Esforços Diagrama
Deformação
Normal
Tração /
Alongamento

Compressão /
Encurtamento

Cortante

Cisalhamento /
Deslizamento
relativo entre
seções

72
Momento fletor

Flexão /
Rotação das
seções
transversais em
torno do eixo
longitudinal

Os diagramas apresentados Tabela 6-1 são esquemáticos, ou seja, não


necessariamente sempre apresentará o formato retangular. Além disso, observe
que para os esforços de momento fletor, há uma inversão da apresentação do
diagrama, sendo que o momento fletor positivo é indicado na parte inferior do
gráfico, já o negativo na parte superior. Esta disposição é decorrente da
convenção do já apresentada anteriormente, o momento fletor (em torno do eixo
perpendicular à altura da seção da viga) positivo é aquele que traciona as fibras
inferiores da seção da viga. O eixo do diagrama que está indicado como o
comprimento da estrutura é considerado o eixo longitudinal da peça,
perpendicular à seção transversal.

Na Figura 6-9 são apresentados os diagramas de esforços para uma viga.


Observe a relação entre as reações e os esforços internos o que confirma o que
estudamos sobre distribuição de esforços em resposta aos carregamentos e a
conservação do equilíbrio.

a) Viga biapoiada com carga distribuída e concentrada

b) Reações de apoio.

73
c) Diagrama de esforço normal.

d) Diagrama de esforço cortante.

e) Diagrama de momento fletor.


Figura 6-9 Exemplo de diagramas de esforços internos.

Para calcular os esforços internos de vigas isostáticas e traçar os


diagramas vamos trabalhar com o denominado método direto. A seguir
apresenta-se um roteiro do método.

Passo 1: Determinar reações de apoio: Cálculo direto (a partir das equações de


equilíbrio) ou quando possível utilizar a Tabela 6-2.

Tabela 6-2 – Convenção de sinais para os esforços internos.


Vigas Reações Momentos máximos

RxA = 0
P *L
Mmáx =
RyA = 0,5 * P 4
Ocorre no centro da viga
RyB = 0,5 * P

RxA = 0
P *a*b
RyA = b * P Mmáx =
L L

RyB = a * P
L

74
RxA = 0
q1* L2
Mmáx =
RyA = q1* L 8
2
Ocorre no centro da viga
RyB = q1* L
2

RxA = 0

RyA = P Mmáx = −P * L
Ocorre no ponto do apoio
MA = P * L

RxA = 0
Mmáx. = −P * a
RyA = P
Ocorre no ponto do apoio
MA = a * P

RxA = 0
q1* L2
Mmáx = −
RyA = q1* L 2
Ocorre no ponto do apoio
q1* L2
MA =
2

RxA = RxB = 0 MA = MB = −P * L
8

RyA = RyB = ...


M0,5L = +P * L
= 0,5 * P * L 8

MA = MB = −q1* L
2
RxA = RxB = 0
12

RyA = RyB = ...


M0,5L = +q1* L
2

= 0,5 * P * L 24

Passo 2: Identificação dos pontos de transição (ver Figura 6-10) para determinar
o número de seções que devem ser avaliadas e também as descontinuidades
dos diagramas. Estas seções percorrem todo o comprimento da estrutura
analisada e para cada ponto, a seção é capaz de nos mostram qual é o valor do
esforço e como ocorre sua variação.

75
(a) Ponto de carga concentrada.

(b) Ponto de momento concentrado.

(c) Ponto de troca de carregamento.

Figura 6-10 Pontos de transição em vigas.

Passo 3: Utilizando as equações de equilíbrio, determinar o valor dos esforços


em cada seção, utilizando a convenção de sinais para esforços internos.

Figura 6-11 Convenção de sinais positiva para calcular os esforços internos.

Os esforços internos podem ser constantes (apresentar um único valor para toda
a estrutura ou parte dela) ou variáveis. Dessa forma, ao calcularmos os esforços
internos podemos encontrar um valor, por exemplo, N = 10 kgf, que seria o caso
de um esforço constante, ou então determinamos uma equação, por exemplo,
N = 10*x - 5, que seria o caso de um esforço variável, como se verá adiante.

Passo 4: Traçar o diagrama de esforços internos (iniciando pela extremidade a


esquerda).
Observe que:
• Quando há uma carga concentrada há uma descontinuidade no diagrama de
esforço cortante (DEC).

76
• Quando há um momento aplicado há uma descontinuidade no diagrama de
momento fletor (DMF).
• Se NÃO HÁ cargas distribuídas entre cargas concentradas, o diagrama de
esforça cortante (DEC) apresenta comportamento constante e o diagrama de
momento fletor (DMF) apresenta variação linear (retas-equações do 1º grau).
• Se HÁ cargas distribuídas, o diagrama de esforça cortante (DEC) apresenta
variação linear (retas-equações do 1º grau) e o diagrama de momento fletor
(DMF) apresenta variação parabólica (equações do 2º grau).

Para consolidar as informações apresentadas, veremos exemplos para a


determinação dos diagramas de esforços internos.

EXEMPLO 6.1: Determine os diagramas de esforços internos das vigas


apresentadas.

a)

Passo 1: As reações de apoio desta viga foram determinadas no capítulo


anterior, utilizando os passos apresentados. Recomenda-se seguir aquela
metodologia apresentada para calcular as reações e consolidar o conteúdo.
Outra opção seria utilizar a Tabela 6-2 (segunda coluna). Para a viga deste
exemplo (terceira linha na tabela), aplicando informações da tabela tem-se:
-Carga q1: 10 kN/m
-Comprimento L: 4 m
É importante destacar que a compatibilidade de unidades deve ser
realizada para utilizar as formulações tabela.

RxA= 0 kN (Observe que não há forças horizontais, logo realmente


deveríamos obter reação horizontal nula).

RyA = RyB = (q1*L)/2 = (10*4)/2 =20 kN

Portanto, as reações verticais desta viga são iguais e o valor é 20 kN, como
determinamos no capítulo anterior.

Passo 2: Neste caso a viga é submetida a uma carga uniformemente distribuída,


desta forma admitimos que não temos um ponto de transição, ou seja, não há
uma alteração de carregamento ao longo do comprimento da viga, mas sim está
submetida ao mesmo carregamento. Dessa forma, podemos avaliar a viga com
apenas uma seção. Observe:

77
Posições avaliadas pela seção 1: 0 m < S1 < 4m

Passo 3: Após se determinar a seção de análise, define-se a parcela da estrutura


que será analisa, se à esquerda da seção criada ou à direita. Esta definição é
importante para determinar a convenção de sinais positiva a utilizar. Para este
exemplo, foi escolhido analisar a estrutura à esquerda da seção, como indicado
abaixo. Destaca-se que a posição da seção é arbitrária e indicamos a distância
entre o ponto onde se colocou a seção e a extremidade da estrutura com
comprimento igual a “x”.

Atenção, quando se escolhe a parcela da estrutura para se analisar,


arbitramos que se estuda a variação dos esforços a partir da extremidade da
estrutura do lado escolhido. Para este exemplo, significa que arbitramos o
início da estrutura (a origem do eixo x apresentado nas imagens anteriores)
na extremidade da esquerda.

Destaca-se que assim como no caso das reações, os sentidos que


desenhamos a força interna (V, N, M) é o que consideramos como positivo,
porém se ao final dos cálculos encontramos um valor negativo, significa que
o sentido da força é o oposto do arbitrado.

Nos casos de cargas distribuídas, é necessário converter o carregamento


distribuído como carga concentrada utilizando a Tabela 5-2. Neste exemplo,
tem-se: Q = q1*L = 10*x , e a posição da carga 0,5*L = 0,,5*x , ou seja, na
metade do comprimento. Como mencionado anteriormente, “x” é o
comprimento do trecho da estrutura que se está analisando.

Para determinar o valor das forças internas, também aplicamos as equações


de equilíbrio.

78
 Fx = 0
N1 = 0
A única força horizontal do problema é a própria força interna normal (N) logo
será nula.

 Fy = 0
−20 + V 1 + (10 * x ) = 0
V 1 = −10 * x + 20 kN
Observe que encontramos uma equação do primeiro grau, uma equação
linear. Isso quer dizer que o esforço de cisalhamento é variável, ou seja, para
diferentes pontos da viga (para diferentes valores de x) teremos um valor
deste esforço. Além disso, por se tratar de uma equação do primeiro grau, o
gráfico será uma reta.

Utilizaremos a equação de equilíbrio de momentos para determinar o esforço


de momento fletor. Sempre que analisarmos esforços internos, utilizaremos a
posição da seção como ponto de referência para avaliar os giros dos
momentos realizados por cada força.

M S1 =0
−(20 * x ) + (10 * x * 0, 5 * x ) + M1 = 0
Antes de prosseguir é preciso deixar claro alguns pontos. O primeiro momento
realizado pela reação de 20 kN, que está a uma distância “x” da posição da seção, é
negativo pois com relação à seção S1 o momento gerado será no sentido horário,
oposto a convenção de positivo. O segundo conjunto refere-se ao momento gerado
pela força resultando Q. Em azul (10*x) está o valor da força resultante determinada
nos passos anteriores e portanto, em vermelho (0,5*x) está a distância entre a
posição da força e o ponto de referência, que é a posição da seção. O sinal será
positivo pois o momento gerado é no senti anti-horário, o mesmo da convenção.

M S1 =0
−(20 * x ) + (10 * x * 0,5 * x ) + M1 = 0
−20 * x + 5 * x 2 + M1 = 0
M1 = −5 * x 2 + 20 * x kN.m
Observe que encontramos uma equação do segundo grau. Isso quer dizer
que o esforço de momento fletor é variável, ou seja, para diferentes pontos da
viga (para diferentes valores de x) teremos um valor deste esforço. Além
disso, por se tratar de uma equação do segundo grau, o gráfico será uma
parábola.

Passo 4: Traçar o diagrama de esforços internos (iniciando pela extremidade a


esquerda).

79
Diagrama de esforço normal:
Determinado: N1 = 0 kN. A viga não apresenta solicitação normal. Não há
diagrama.

Diagrama de esforço cortante (cisalhamento):


Determinado: V1 = −10 * x + 20

Para o cisalhamento foi obtida uma equação linear, indicando que este é um
esforço variável. Para traçar o diagrama é necessário obter o valor do
cisalhamento em pontos da estrutura. Estes pontos não são definidos
arbitrariamente, mas sim são utilizados os limites dos trechos nos quais se
considera que percorre a seção de análise. Para este exemplo, foi utilizada
apenas uma seção S1 e, portanto, esta seção percorre toda a estrutura, do
início ao fim. Sendo assim, tem-se:

0 < S1 < 4 m ► Para x = 0 ► V = −10 * 0 + 20 = 0 + 20 = 20kN

► Para x = 4 ► V = −10 * 4 + 20 = −40 + 20 = −20kN


Determinado os valores em cada ponto, traçamos o diagrama a partir dos
pares ordenados posição, valor do esforço (x,V), sendo (0,20) e (4,-20).

Diagrama de momento fletor:


Determinado: M1 = −5 * x 2 + 20 * x

Assim como no cisalhamento, avaliamos os valores de momentos nos pontos


extremos que delimitam a seção S1.

0 < S1 < 4 m ► Para x = 0 ► M1 = −5 * 02 + 20 * 0 = 0kN.m

► Para x = 4 ► M1 = −5 * 42 + 20 * 4 = −80 + 80 = 0kN.m

80
Além dos momentos fletores obtidos nos extremos das seções, o valor do
momento máximo também deve calculado. Para isso, podemos aplicar o
conceito matemático de derivar a equação do momento e igualar a zero,
obtendo assim o ponto (valor de “x”) na estrutura onde ocorre a solicitação
máxima. Posteriormente, basta substituir na equação inicial de momento fletor
o valor de “x” determinado e o resultado será o valor do máximo momento
fletor. Observe.

Primeira derivada: M1 = −10 * x + 20


Determinando o ponto de máximo: −10 * x + 20 = 0 20 = 10 * x x = 2m
Momento máximo:
Mmáx. = −5 * 22 + 20 * 2 Mmáx. = −20 + 40 Mmáx. = 20kN.m

Outra opção para determinar o momento máximo também é possível aplicar


a formulação apresentada na Tabela 6-2, terceira coluna. Portanto, para este
exemplo, o momento máximo é dado por:
q * L2 10 * 42 160
Mmáx . = = = = 20kN.m
8 8 8
Observe que para ambas as abordagens o mesmo valor foi obtido, logo as
duas metodologias são possíveis de se utilizar.

Determinado os valores em cada ponto, traçamos o diagrama a partir dos


pares ordenados posição, valor do esforço (x,M), sendo (0,0), (4,0) e (2,20).

Algumas observações importantes:


• As reações de apoio refletem nos valores máximos de esforço
cortante.
• Nos pontos dos apoios simples ou duplo os momentos fletores são
nulos.
• O momento máximo ocorre na mesma posição onde o valor do esforço
cortante é nulo.

81
b)

Passo 1: Reações de apoio (aplicando a Tabela 6-2):


RxA= 0 kgf (Observe que não há forças horizontais, logo realmente
deveríamos obter reação horizontal nula).

RxA= P = 700 kgf (Observe que há apenas a força vertical P, logo a reação
será a própria força aplicada).

MA= a*P = 400*700 = 280000 kgf.cm

Passo 2: A viga é submetida a uma carga concentrada em uma posição interna


da estrutura, desta forma há um ponto de transição, ou seja, há uma alteração
de carregamento ao longo do comprimento da viga, com regiões sem carga.
Dessa forma, avalia-se a viga com duas seções, antes da carga e após a carga.
Este conceito, “antes da carga” e “após a carga” tem como base que a estrutura
é analisada de uma das extremidades. Observe:

Posições avaliadas pela seção 1: 0 cm < S1 < 400 cm

Posições avaliadas pela seção 2: 400 cm < S2 < 600 cm

Passo 3: Após se determinar as seções de análise, define-se a parcela da


estrutura que será analisa, se à esquerda das seções ou à direita. Esta definição
é importante para determinar a convenção de sinais positiva a utilizar. Para este
exemplo, foi escolhido analisar a estrutura à esquerda da seção, como indicado
abaixo. Destaca-se que a posição das seções é arbitrária e indicamos a distância
entre o ponto onde se colocou a seção e a extremidade da estrutura com
comprimento igual a “x”.

Avalia-se separadamente cada seção para determinar a variação de esforços


em cada trecho. Para cada seção consideramos todas forças existente até a
seção analisada. Para o trecho determinado pela seção S1:

82
 Fx = 0
N1 = 0
A única força horizontal do problema é a própria força interna normal (N) logo
será nula.

 Fy = 0
−700 + V 1 = 0
V 1 = 700kgf
Observe que encontramos um valor para o esforço cortante. Isso quer dizer
que o esforço de cisalhamento é constante para o trecho avaliado,
independente do ponto x.
Utilizaremos a equação de equilíbrio de momentos para determinar o esforço
de momento fletor. Sempre que analisarmos esforços internos, utilizaremos a
posição da seção como ponto de referência para avaliar os giros dos
momentos realizados por cada força.

M S1 =0
280000 − (700 * x ) + M1 = 0
M1 = −280000+(700 * x ) kgf.cm
Observe que encontramos uma equação do primeiro grau, uma equação
linear. Isso quer dizer que o esforço de momento fletor é variável neste trecho.
Além disso, por se tratar de uma equação do primeiro grau, o gráfico será uma
reta.

Atenção. Quando seguimos para avaliar a próximo seção, consideramos toda


estrutura até a seção. Para o trecho determinado pela seção S2:

83
Repara que a incógnita “x” passa a ser relativa ao trecho no qual varia a
seção analisada.

 Fx = 0
N1 = 0
A única força horizontal do problema é a própria força interna normal (N) logo
será nula.

 Fy = 0
−700 + 700 + V 1 = 0
V 1 = 0kgf

Observe que encontramos um valor nulo para o esforço cortante. Isso quer
dizer que o esforço de cisalhamento é nulo para o trecho avaliado,
independente do ponto x.

Utilizaremos a equação de equilíbrio de momentos para determinar o esforço


de momento fletor. Sempre que analisarmos esforços internos, utilizaremos a
posição da seção como ponto de referência para avaliar os giros dos
momentos realizados por cada força.

M S1 =0
280000 − 700 * ( 400 + x )  + 700 * x + M1 = 0
280000 − 280000 − 700 * x + 700 * x + M1 = 0
M1 = 0kgf

Observe que encontramos um valor nulo para o esforço de momento fletor.


Isso quer dizer que este esforço é nulo para o trecho avaliado, independente
do ponto.

Passo 4: Traçar o diagrama de esforços internos (iniciando pela extremidade a


esquerda).

Diagrama de esforço normal:


Determinado: N1 = 0 kN. A viga não apresenta solicitação normal. Não há
diagrama.

Diagrama de esforço cortante (cisalhamento):


Avaliamos os esforços para cada seção.
Para a seção S1. Determinado: V 1 = 700kgf (0 cm < S1 < 400 cm)
Para a seção S2. Determinado: V 1 = 0kgf (400 cm < S2 < 600 cm)

Para as duas seções os valores são constantes, ou seja, independente do


valor “x” o valor do esforço será o mesmo para cada seção. Traçamos o
diagrama a partir dos pares ordenados posição, valor do esforço (x,V), sendo
(0,700), (400,700), (400,0), (600,0).

84
Dessa forma teremos o diagrama abaixo.

Diagrama de momento fletor:


Avaliamos os esforços para cada seção.
Para a seção S1. Determinado: M1 = −280000+(700 * x ) (0 cm < S1 < 400 cm)
Para x = 0 ► M1 = −280000+(700 * 0 ) = −280000 kgf .cm
Para x = 400 ► M1 = −280000+(700 * 400 ) = 0 kgf .cm

Para a seção S2. Determinado: M1 = 0kgf (400 cm < S2 < 600 cm)

Momento máximo: (vamos obter pelo método matemático, mas se poderia


aplicar os dados da Tabela 6-2).

Primeira derivada: M1 = 700


Determinando o ponto de máximo: Como a derivada apresentou um valor
constante, consideramos x= 0 cm. Neste caso será no ponto do apoio.
Momento máximo:
Mmáx. = −280000+(700 * 0)
Mmáx. = −280000 kgf .cm

Determinado os valores em cada ponto, traçamos o diagrama a partir dos


pares ordenados posição, valor do esforço (x,M), sendo (0,280000), (400,0),
(600,0).

85
86
6.6 Exercícios de fixação

1. Determine os esforços internos das vigas apresentadas nos exercícios do


capítulo anterior e assinale a alternativa que apresentar os digramas de esforço
correto para cada viga. Para cada estrutura é avaliado um esforço distinto.
1.1 Diagrama de cortante (unidade em N)

a)

b)

c)

87
d)

1.2 Diagrama de momento fletor (unidade: kgf.m)

a)

b)

c)

d)

88
1.2 Diagrama de esforço normal (unidade: kN)

a)

b)

c)

d)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICH, MAUREN. Estruturas I e II. Notas de aula. Porto Alegre, RS: Faculdade São
Francisco de Assis. S.D.

89
7. CAPÍTULO 7: TRELIÇAS

As treliças são sistemas estruturais reticulados formados por elementos


lineares (barras) cujas seções são muito pequenas comparadas aos
comprimentos das mesmas. As barras que compõem as treliças apresentam
resistência suficiente para resistirem a esforços de compressão e tração e são
ligadas através dos nós, sobre os quais são aplicados os carregamentos. As
treliças apresentam-se como solução estrutural mais econômica quando
comparadas as vigas. Um exemplo de treliça é a tesoura de madeira dos
telhados (ver Figura 7-1).

Figura 7-1 Treliça de madeira para telhados. Fonte: Viana (2019).

As treliças são compostas por vértices, também chamado de ‘nós’


interconectados pelos elementos (barras) que são responsáveis pela
transmissão das forças. Teoricamente, quando se analisa e calcula as treliças,
este ‘nós’ são tratados como articulações perfeitas (‘rótulas ideais’), e como foi
estudado anteriormente, rótulas não transmitem esforços de momento fletor.
Dessa forma, em uma treliça ideal, as barras das treliças apenas trabalham sob
esforços de tração e compressão.

Como destacado, os nós de treliça são considerados rotulados, ou seja,


há livre rotação nestes pontos. Entretanto, na realidade, o que se consegue é a
chamada ligação flexível, na qual, há um mínimo de rigidez nestas ligações, já
que para as mesmas são empregadas soldas, parafusos, rebites, chapas, que
impedem uma pequena parcela do giro, mas devido sua insignificância, e a
especificação que as barras estejam com seus eixos no mesmo plano os
cálculos são desenvolvidos para a condição totalmente rotulada.

Em alguns projetos, a condição de ligação rígida é requerida e para estes


há impedindo da rotação e a ligação pode ser considerada engastada.

Ao observar uma treliça (ver Figura 7-2), identifica-se que a disposição


das barras forma uma composição de triângulos ou quadros/retângulos,
apresentando-se como uma solução rígida e estável cujas deformações são
mínimas.

90
Figura 7-2 Treliças planas.

Cada componente das treliças possui uma nomenclatura relacionada a


sua disposição ou funcionalidade, ver Figura 7-3.

Figura 7-3 Nomenclatura dos componentes de treliças.

7.1 Treliças planas

Neste curso, vamos estudar as estruturas de treliças planas. Como já


comentado, as extremidades das barras são rotuladas e por consequência não
há transmissão de esforços de momento fletor. Nesta condição as solicitações
existentes nas barras são apenas forças normais de tração ou compressão.
Assim, ao realizar a análise de equilíbrio dos elementos, determina-se que as
forças atuantes nas extremidades das barras atuam ao longo do eixo longitudinal
e apresentam mesmo módulo, mas sentido opostos.

As treliças planas são classificadas quanto à estaticidade e também


quanto à sua formação. Quanto à estaticidade, assim como as demais
estruturas, as treliças são classificadas em isostáticas (foco do nosso curso),
hipostática e hiperestática. Para avaliar e classificar estes sistemas deve-se
trabalhar com os conceitos semelhantes sobre grau de estaticidade interno,
externo e total, no entanto, por simplificação tratar apenas de um único critério
definido a estaticidade a partir das relações apresentadas na Tabela 7-1. Para
estas relações a é o número de reações de apoio da estrutura, b é o número de
barras e n é o número de nós.

91
Tabela 7-1 – Classificação das treliças.

Relação Classificação

a + b < 2n Hipostática

a + b = 2n Isostática

a + b > 2n Hiperestática

Novamente ressalta-se que a classificação direta utilizando as relações


da tabela anterior é uma simplificação, de maneira geral uma análise mais
detalhada deve ser realizada para se confirmar uma determinada classificação.

Com relação à formação as treliças podem ser simples, composta ou


complexas. As treliças simples são aquelas nas quais há no máximo duas barras
conectadas a um mesmo nó, com exceção dos nós associados aos apoios (ver
Figura 7-2). Em outras palavras, novos segmentos podem ser adicionados por
inclusão de duas barras a um novo nó.

As treliças compostas são formadas a partir da ligação de treliças simples


por meio de um nó e uma barra, não concorrentes, ou por três barras não
concorrentes e não paralelas (ver Figura 7-4). Para determinar os esforços
destas treliças pode-se utilizar os métodos de cálculo de treliças simples, porém
inicialmente deve-se ter os esforços das barras de ligação. Já as treliças
complexas são classificadas por exclusão, não se enquadram nos critérios das
treliças simples nem compostas.

(a) Compostas

(b) Complexas
Figura 7-4 Formas de treliças. Fonte: Gonçalves e Gomes (2005).

92
7.1.1 Cálculo de esforços em treliças planas

A análise estrutural das treliças consiste em determinar as forças normais


atuantes nas barras (tração ou compressão). Para isso, continuamos a empregar
os conceitos já aprendidos, cálculo de reações de apoio e aplicação das
equações de equilíbrio sendo possível a aplicação de dois métodos para calcular
os esforços em treliças: método dos nós e método das seções (ou método de
Ritter).

• Método dos nós

Este método tem como hipótese a condição de equilíbrio da treliça e se a


estrutura como um todo está em equilíbrio, cada nó da treliça também
estará. Dessa forma, para cada nó é realizado o estudo de sua condição
de equilíbrio separadamente, porém é indicado o início da avaliação a
partir dos nós com duas incógnitas (duas forças ou duas barras) à
determinar. A seguir é apresentado um roteiro para a aplicação deste
método:

Passo 1: calcular as reações de apoio (utilizando a mesma metodologia


aplicada para as vigas).

Passo 2: iniciar a análise de um nó que apresente no máximo duas barras


ou que não se conheça apenas as foças atuantes em duas barras.

Passo 3: aplicar as equações de equilíbrio para o nó em análise e


determinar as forças atuantes nas barras.

Passo 4: repetir os passos 2 e 3 até que todos os esforços atuantes nas


barras sejam conhecidos.

• Método das seções

Este método tem como hipótese que se todo o sistema está em equilíbrio,
qualquer uma de suas partes avaliadas isoladamente também estará.
Para a análise, realiza-se “cortes” na treliça em regiões estratégicas,
separando a estruturas em partes, para assim determinar os esforços nas
barras de interesse. É comum a utilização deste método quando se deseja
determinar os esforços de apenas algumas barras. A seguir é
apresentado um roteiro para a aplicação deste método:

Passo 1: calcular as reações de apoio (utilizando a mesma metodologia


aplicada para as vigas).

Passo 2: dividir a treliça em duas partes, interceptando no máximo três


barras e desenhar um D.C.L. para uma das partes.

Passo 3: indicar, nas barras interceptadas, os esforços a serem obtidos.

Passo 4: empregar as equações de equilíbrio para determinar os esforços.

93
Para consolidar as informações apresentadas, veremos uma aplicação do
método dos nós, que será nosso foco de aplicação.

EXEMPLO 7.1: Determine os esforços nas barras da treliça apresentada.

Passo 1: Determinar as reações de apoio.

 Fx = 0
Rx1 − 30 = 0
Rx1 = 30kN
Avaliando o eixo vertical temos:
 Fy = 0
Ry1 − 20 − 30 + Ry 2 = 0
Ry1 − 50 + Ry 2 = 0
Ry1 + Ry 2 = 50kN

Obtêm-se uma equação com duas incógnitas, as duas reações a determinar.


Assim, teremos eu utilizar a última equação, que relaciona os momentos fletores,
e determinar uma das incógnitas. Escolhe-se aqui avaliação os momentos
fletores entorno do ponto onde está o nó n1 (apoio da esquerda). Lembre-se que
os sinais são determinados pela convenção de sinais.
 M1 = 0
−(20 * 4) − (30 * 4) + (30 * 4) + Ry 2 * 8 = 0
−80 − 120 + 120 + Ry 2 * 8 = 0
−80 + Ry 2 * 8 = 0
Ry 2 * 8 = 80
Ry 2 = 80 = 10kN
8
O valor encontrado para a reação vertical do ponto do nó n2 é 10 kN. Como
encontramos um valor positivo, a indicação da força escolhida no DCL está

94
correta. Nesse momento precisamos retomar a equação Ry1 + Ry 2 = 50kN ,
substituir o valor de Ry2 para determinar Rx1.
Ry1 + Ry 2 = 50
Ry1 + 10 = 50
Ry1 = 50 − 10
Ry1 = 40kN

Passos 2 e 3: Para iniciar a análise dos nós, escolhemos o nó n1. Observe que
apenas duas barras se conectam a este nó.

Para este nó as forças nas barras b1 (Fb1) e b3 (Fb3) serão determinadas.


Atente-se que a barra b3 está inclinada e as equações de equilíbrio são
aplicadas ao longo dos eixos cartesianos x e y. Dessa forma a força Fb3 deve
primeiro ser decomposta nas componentes da força em x (Fb3x) e em y (Fb3y).
Para obter estas componentes, utiliza-se o ângulo α formado entre a barra e o
eixo horizontal.

Observe que é possível aplicar as relações trigonométricas do triângulo


retângulo, sendo os catetos representados pelos comprimentos das barras da
treliça. Para obter o ângulo α é possível utilizar a relação de arcotangente
(a tan = tan−1 ) , já que se conhece os valores dos catetos.

(
 = tan−1 c.oposto
c.adjacente ) = tan ( 4 4)
−1

 = 45º

95
O mesmo triângulo também pode ser visualizado com relação as forças atuantes
nas barras, sendo a hipotenusa representada pela força Fb3 e os catetos por
Fb3x e Fb3y e o mesmo ângulo α é formado. As componentes de força são
obtidas por:

Fb3 x = Fb3 * cos(45º )


Fb3y = Fb3 * sen(45º )

Determinadas as componentes, pode-se aplicar as equações de equilíbrio,


seguindo a convenção de sinais.

 Fx = 0
30 + Fb3 x + Fb1 = 0
Fb3 x + Fb1 = −30

 Fy = 0
40 + Fb3y = 0
Fb3y = −40kN

Lembre-se que a força que nos interessa é a força Fb3. Assim, obtido o valor da
componente é possível determinar a força na barra b3.

Fb3 y = Fb3 * sen(45º )


−40 = Fb3 * sen(45º )
Fb3 = −40
0,707
Fb3 = −56,57kN

Sabendo o valor Fb3 é possível determinar a componente ao longo do eixo x


(Fb3x) e com ela retoma-se a primeira relação para determinar o valor de Fb1.

Fb3 x = Fb3 * cos(45º )


Fb3 x = −56,57 * cos(45º )
Fb3 x = −40kN

Fb3 x + Fb1 = −30


−40 + Fb1 = −30
Fb1 = −30 + 40
Fb1 = 10kN

Passo 4: repetir os passos 2 e 3 até que todos os esforços atuantes nas barras
sejam conhecidos.

96
Nó n2

 Fx = 0
−10 + Fb2 = 0
Fb2 = 10kN

 Fy = 0
Fb4 − 30 = 0
Fb4 = 30kN

Nó n3

Para a barra Fb5 (também inclinada) deve-se realizar o mesmo procedimento de


decomposição em componentes. Dada as características da treliça forçando um
triângulo isósceles, os ângulos das bases são iguais e, portanto, o ângulo
formado entre a barra b5 e a horizontal é igual a α=45º. Assim as componentes
são obtidas por:

Fb5 x = Fb5 * cos(45º )


Fb5y = Fb5 * sen(45º )

Conhecendo as componentes é possível aplicar as equações equilíbrio e


determinas as forças nas barras como anteriormente.

 Fx = 0
−Fb2 − Fb5 x = 0
−(10) − Fb5 x = 0
Fb5 x = −10kN

97
Fb5 x = Fb5 * cos(45º )
−10 = Fb5 * cos(45º )
Fb5 = −10
0,707
Fb5 = −14,14kN

Após a determinação de todas as forças, representamos todas as forças no


desenho da treliça.

98
7.2 Exercícios de fixação

1. Classifique como verdadeiro (V) ou falso (F) cada uma das afirmativas a seguir
e posteriormente assinale a alternativa com a sequência correta.

( ) As treliças são estruturas reticuladas formada por elementos esbeltos


conectados por suas extremidades por meio de nós.

( ) Os nós das treliças são articulados formando rótulas e dessa forma sobre
as barras da treliça atuam forças axiais e momentos fletores.

( ) As treliças são sistemas pouco rígidos e podem apresentar deformações


significativas comparadas à outras soluções estruturais.

(a) V-F-F

(b) F-V-F

(c) F-V-V

(d) V-F-V

2. As treliças planas são classificadas quanto à estaticidade e quanto à sua


formação. Assinale a alternativa que apresentam termos não relacionadas às
classificações estudadas.

(a) Isostática, Composta

(b) Hipostática, Completa

(c) Hiperestática, Simples

(d) Hipostática, Complexa

3. Com relação às metodologias empregadas para a determinação de esforços


nas barras das treliças, assinale a alternativa correta.

(a) Os principais métodos empregados para a determinações das forças nas


treliças são denominados método dos Ritter e método das seções.

(b) O método das seções parte do princípio de que se toda a estrutura está em
equilíbrio, cada nó da treliça também estará.

(c) O método de Ritter é geralmente empregado para se determinar os esforços


em algumas barras da treliça e por isso são “cortes” em algumas regiões da
treliça.

99
(d) No método das seções o equilíbrio de cada nó da estrutura é avaliado,
iniciando por aqueles que apresentam duas barras associadas. Todos os nós
são estudados neste método.

4. A seguir é apresentada uma treliça composta pelas barras AB, AC e BC,


submetida às cargas concentradas apresentadas a seguir.

Assinale a alternativa que apresenta adequadamente as forças desenvolvidas


nas barras.

a)

b)

100
c)

d)

5. Com relação aos esforços desenvolvidos nas barras da treliça a seguir,


assinale a alternativa correta. Dado: ang. = 50,19º

a) Todas as barras da treliça estão submetidas à esforços de compressão.

b) A barra AB está tracionada e o esforço desenvolvido é de 169,2 kN.

c) As barras AB e BC estão submetidas à esforços iguais com valor de 108,3 kN.

d) A barra AC está tracionada e o esforço desenvolvido é de 299,5 kN.

101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AURICH, MAUREN. Estruturas I e II. Notas de aula. Porto Alegre, RS: Faculdade
São Francisco de Assis. S.D.

GONÇALVES, MANUELA; GOMES, MARIA IDÁLIA. Capítulo IV. Sistemas


triangulares ou treliças. Notas de aula do curso de mecânica aplicada. Lisboa,
Portugal. Departamento de Engenharia Civil. Instituo Superior de Engenharia de
Lisboa, 2005.

VIANA, DANDARA. Dimensionamento simples para peças de madeira. Guia da


Engenharia, 2019. Disponível em:
https://www.guiadaengenharia.com/dimensionamento-madeira-esforcos/.

102
GABARITO: EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Capítulo 1:
1. b
2. c
3. d
4. a

Capítulo 2:
1. c
2. c
3. b

Capítulo 3:
1. a
2. b
3. b
4. d

Capítulo 4:
1. d
2. d
3. b

Capítulo 5:
1.1. d
1.2. d
1.3. a

Capítulo 6:
1.1. d
1.2. a
1.3. c

Capítulo 7:
1. a
2. b
3. c
4. b
5. d

103

Você também pode gostar