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RESISTÊNCIA

DOS MATERIAIS
Caro aluno, esta matéria tem como objetivo nortear a realização dos seus
estudos sobre Resistência dos materiais, e contém os caminhos e processos
que você deverá percorrer e superar, para construir os conhecimentos
desejados ao final do seu curso.

Para que você obtenha bom-êxito ao final do seu estudo, é fundamental


acompanhar o conteúdo teórico na sequência apresentada, seguindo todos os
passos e recomendações nele contidos, para as verificações de aprendizagem.
São apresentados problemas de aplicação resolvidos que consolidam o estudo
teórico, que permitirão a você visualizar, na prática, os conceitos aprendidos.

Compreender o comportamento mecânico dos elementos estruturais.

Identificar os elementos, seus carregamentos e vinculações.

Resolver problemas através das equações de equilíbrio envolvendo


estruturas isostáticas.

Conhecer o material concreto armado

Identificar suas aplicações

Compreender o funcionamento da estrutura como um conjunto de


elementos estruturais.

Classificar e dimensionar esses elementos


Sumário
Resistência dos Materiais .................................................................................................... 4
Relação água/cimento ......................................................................................................... 6
Classe do concreto .............................................................................................................. 6
O que é vida útil de uma estrutura de concreto? ................................................................... 6
Fléxão................................................................................................................................. 7
Vínculos de 1ª classe ......................................................................................................... 11
Vínculos de 2ª Classe ......................................................................................................... 11
Engatamento de 3ª Classe ................................................................................................. 11
Estrutura .......................................................................................................................... 12
Diagrama de Corpo Livre ................................................................................................... 12
Graus de Liberdade ........................................................................................................... 12
Tipos de estruturas:........................................................................................................... 13
Grau de Estaticidade ......................................................................................................... 14
Grau de Deslocabilidade .................................................................................................... 18
Superposição de efeitos..................................................................................................... 19
Esforços Solicitantes .......................................................................................................... 23
Força Normal ( N ) ............................................................................................................. 24
Força Cortante ( V ) ........................................................................................................... 24
Momento Fletor ( M ) ........................................................................................................ 25
Momento Torçor ( T ) ........................................................................................................ 25
CÁLCULO DAS REAÇÕES ..................................................................................................... 26
Cálculo das reações nas vigas ............................................................................................. 28
Vamos Praticar? ................................................................................................................ 29
Bibliografia ....................................................................................................................... 57
Resistência dos Materiais

Na engenharia, a resistência dos materiais significa a capacidade do material


resistir a uma força a ele aplicada. A resistência de um material é dada em
função de seu processo de fabricação e os cientistas empregam uma
variedade de processos para alterar essa resistência posteriormente.
Entretanto, tornar materiais mais fortes pode estar associado a uma
deterioração de outras propriedades mecânicas.

Estudar a resistência dos materiais é saber até quando podemos trabalhar com
uma determinada peça, analisar as causas das falhas e com isso evitar que
continuem ocorrendo. Muitas vezes uma peça falha não porque esta gasta,
mas sim, porque trabalhou em condições fora do normal, ou seja, fora das
condições de projeto.

O dimensionamento de peças, que é o maior objetivo do estudo da resistência


dos materiais, se resume em analisar as forças atuantes na peça, para que a
inércia da mesma continue existindo e para que ela suporte os esforços
empregados.

Para isso é preciso conhecer o limite do material. Isso pode ser obtido através
de ensaios que, basicamente, submetem a peça ao esforço que ela deverá
sofrer onde será empregada, a condições padrão, para que se possa analisar o
seu comportamento. Esses dados são demonstrados em gráficos de tensão x
deformação. A tensão em que nos baseamos é o limite entre o regime elástico
e o plástico. Mas para fins de segurança é utilizado um c.s. (coeficiente de
segurança) que faz com que dimensionemos a peça para suportar uma tensão
maior que a tensão limite mencionada acima.

Tudo isso é necessário para que se obtenha total certeza nos resultados, já
que pequenos erros podem acarretar grandes problemas mais adiante, isso se
agrava mais ainda se estivermos falando de pessoas que podem ter suas vidas
colocadas em perigo por um cálculo mal feito. A ciência de resistência dos
materiais é também muito importante para que não se tenha prejuízos

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gastando mais material do que o necessário, acarretando também em outro
problema que é o excesso de peso. Pois a forma da peça também influencia na
sua resistência, assim pode-se diminuir a quantidade de material sem interferir
na mesma.

Em relação à durabilidade das estruturas de concreto armado o meio técnico,


dispõe das normas no Brasil, a NBR 6118:2003 Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento e a NBR 14931:2004 – Execução de estruturas de
concreto – Procedimento, estabelecem requisitos para o projeto e execução de
estruturas duráveis.
A durabilidade das estruturas é uma questão intimamente ligada à qualidade
dos projetos e execução das estruturas.
Podemos afirmar que uma estrutura foi projetada para ser mais durável que a
outra quando, além das dimensões e posicionamento das peças constantes no
projeto, o concreto foi especificado conforme condições de utilização previstas,
afim de atender o tempo de vida útil esperado.
Exemplo: se uma estrutura foi projetada como uma ponte de travessia em um
mar está em condições de exposição diferentes de uma estrutura projetada
para um viaduto.
A primeira conta com fenômenos como erosão, ação da maresia e colisão de
embarcações na estrutura de concreto, enquanto que o viaduto conta com a
poluição e possível impactos de veículos automotores.
Para padronizar as informações ao projetista para elaboração do projeto, a
NBR 6118:2003 traz especificações que definem as classes de agressividade a
que as estruturas de concreto armado estarão submetidas.

Entretanto, não basta apenas projetar a estrutura de modo a alcançar os


objetivos planejados se a execução não for minuciosamente controlada. Para
isso, todo o processo executivo deve ser planejado e acompanhado para
garantir os resultados esperados. Exemplo: (a) verificar o posicionamento das
formas; (b) verificar o posicionamento das armaduras antes da concretagem;
(c) realizar o correto recebimento do concreto usinado; (d) acompanhar o
correto adensamento do concreto durante a aplicação.

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Relação água/cimento

É um número adimensional definido pela quantidade de água no concreto


dividida pela quantidade de cimento. Quanto menor a relação água/cimento,
maior a resistência do concreto.

Classe do concreto
É a resistência à compressão, ou fck requerido em projeto e expressos em Mpa
(Mega Pascal).

O que é vida útil de uma estrutura de concreto?


O período de tempo, durante o qual o concreto deve manter suas
características e propriedades, é conhecido como vida útil. A NBR 6118 (2003)
normatiza todas essas exigências.
A extensão da vida útil desejada varia com o tipo e importância da estrutura
(permanente, temporária, obras de arte etc). Cabe ao projetista em conjunto
com o proprietário definirem a vida útil da estrutura e ao projetista, em conjunto
com o engenheiro de execução, especificar e garantir as medidas necessárias
para assegurar que ela seja atingida. (NBR 6118, 2003)

Quando um sistema de forças atua sobre um corpo, o efeito produzido é


diferente segundo a direção e sentido e ponto de aplicação destas forças. Os
efeitos provocados neste corpo podem ser classificados em esforços normais
ou axiais, que atuam no sentido do eixo de um corpo, e em esforços
transversais, atuam na direção perpendicular ao eixo de um corpo. Entre os
esforços axiais temos a tração, a compressão e a flexão, e entre os
transversais, o cisalhamento e a torção.

Quando as forças agem para fora do corpo, tendendo a alonga-lo no sentido da


sua linha de aplicação, a solicitação é chamada de TRAÇÃO; se as forças
agem para dentro, tendendo a encurtá-lo no sentido da carga aplicada, a

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solicitação é chamada de COMPRESSÃO.

a) Pés da mesa estão submetidos à compressão; b) Cabo de sustentação submetido à tração.

Fléxão
Definimos como flexão a solicitação que provoca, ou tende a provocar,
curvatura nas peças. O esforço solicitante responsável por este comportamento
é chamado de momento fletor, podendo ou não ser acompanhado de esforço
cortante e força normal.

Representação de uma viga biapoiada submetida á flexão. A ação da carga externa sobre a
viga, produz o momento fletor curvatura. As fibras superiores tendem a se aproximar
(compressão) e as fibras inferiores tendem a se afastar (tração).

A solicitação de CISALHAMENTO é aquela que ocorre quando um corpo tende


a resistir a ação de duas forças agindo próxima e paralelamente, mas em
sentidos contrários.

Rebite submetido ao cisalhamento

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A TORÇÃO é um tipo de solicitação que tende a girar as seções de um corpo,
uma em relação à outra.

Ponta de eixo submetida à torção.

O cimento é hoje o segundo material mais consumido no mundo, em primeiro


lugar se encontra a água. Desde sua descoberta pelo inglês Aspdin até o uso
atual em concretos, o processo de fabricação do cimento, bem como os
métodos de utilização do material, evoluíram significativamente.
Naturalmente, a evolução dos cimentos ampliou as possibilidades de utilização
do concreto. Além de ser empregado como material resistente para vencer
grandes vãos e grandes alturas; o custo, a estética, a durabilidade e a maneira
como esse concreto será executado passam a ter maior importância na sua
escolha (dosagem).
Isso quer dizer que o concreto hoje deve atender a critérios específicos de
cada tipo de obra, justificando as pesquisas e o estudo dos “concretos
especiais”.
Se o concreto convencional é a mistura de cimento (aglomerante), areia
(agregado miúdo), brita (agregado graúdo) e água; os concretos especiais são
a otimização dessa mistura buscando melhorar características específicas do
material.
Esses concretos podem ser produzidos introduzindo na mistura convencional
aditivos ou adições que modifiquem alguma propriedade do material. Alguns

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concretos ditos especiais melhoram as suas características no estado fresco,
como facilidade de lançamento e adensamento.

O cálculo de uma estrutura depende de três critérios:

• Estabilidade: Toda estrutura deverá atender às equações universais de


equilíbrio estático.

• Resistência: Toda estrutura deverá resistir às tensões internas geradas pelas


ações solicitantes.

• Rigidez: Além de resistir às tensões internas geradas pelas ações


solicitantes, as estruturas não podem se deformar excessivamente.

Para estudar resistência dos Materiais, é necessário que se conheça um pouco


do SI – Sistema Internacional de Unidades

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Outras Unidades

Vínculos das Estruturas


Chama-se vínculos ou apoios os elementos de construção que impedem os
movimentos de uma estrutura.
Nas estruturas planas, podemos classificá-los em 3 tipos.

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Vínculos de 1ª classe
Este tipo de vínculo impede o movimento de translação na direção normal ao
plano de apoio, fornecendo-nos desta forma, uma única reação (normal ao
plano de apoio).
Representação simbólica:

Vínculos de 2ª Classe
Este tipo de vínculo impede apenas dois movimentos; o movimento no sentido
vertical e horizontal, podendo formar duas reações. (vertical e horizontal).
Representação simbólica:

Engatamento de 3ª Classe
Este tipo de vínculo impede a translação em qualquer direção, impedindo
também a rotação do mesmo através de um contramomento, que bloqueia a
ação do momento de solicitação.

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Estrutura
É chamada de estrutura o conjunto de elementos de construção, composto
com a finalidade de receber a transmitir esforços.

Diagrama de Corpo Livre


De acordo com Ribbeler (2008), para uma aplicação bem-sucedida das
equações de equilíbrio de um corpo, é necessária uma completa especifi cação
de todas as forças externas conhecidas (como cargas que atuam) e
desconhecidas (como reações de apoio relativas a vínculos – incógnitas do
problema) que atuam no corpo. E a melhor maneira de se fazer isso é
construindo o diagrama de corpo livre para este corpo.
O diagrama de corpo livre é um esboço da forma do corpo, representado de
maneira isolada (ou livre) dos demais elementos estruturais vizinhos. Neste
esboço, é necessário mostrar todas as forças e momentos que as vizinhanças
exercem sobre o corpo para que esses efeitos sejam levados em consideração
quando as equações de equilíbrio forem aplicadas.
Acrescenta-se que a representação correta do corpo livre é primordial na
resolução de problemas estruturais.:

Graus de Liberdade
Denominam-se graus de liberdade de uma estrutura ao número de
possibilidades de movimento dessa estrutura.
De acordo com Süssekind (1975), uma translação no espaço pode ser
expressa por suas componentes segundo três eixos ortogonais entre si (x, y e
z) e uma rotação, de forma semelhante, sob três rotações, em torno de cada
um desses eixos. Portanto, uma estrutura no espaço possui um total de seis
graus de liberdade (três translações e três rotações).
Para estruturas planas, resumem-se a três graus de liberdade (duas
translações e uma rotação). Os graus de liberdade precisam ser restringidos,
de modo a se evitar qualquer tendência de movimento da estrutura, a fim de
possibilitar seu equilíbrio. Esta restrição é dada pelos apoios (vínculos) que

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devem impedir as diversas tendências possíveis de movimento, através do
aparecimento de reações destes apoios sobre a estrutura, nas direções dos
movimentos que eles impedem, isto é, dos graus de liberdade que eles
restringem.
Essas reações de apoio (vínculos, incógnitas a serem calculadas) se oporão às
cargas aplicadas à estrutura, formando este conjunto de cargas e reações, um
sistema de forças em equilíbrio.
Para efeito de cálculo, os graus de liberdade podem ser estáticos ou
cinemáticos.
E assim, respectivamente, são chamados de Graus de Estaticidade e Graus
de Deslocabilidade.

Tipos de estruturas:

Estruturas Hipoestáticas
Estes tipos de estruturas são instáveis quanto à elasticidade, sendo bem pouco
utilizadas no decorrer do nosso curso.
A sua classificação como hipoestáticas é devido ao fato de o número de equações da
estática ser superior ao número de incógnitas.

Estruturas Isostáticas
A estrutura é classificada como isostática quando o número de reações a
serem determinadas é igual ao número de equações da estática.

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Estruturas Hiperestáticas
A estrutura é classificada como hiperestática, quando as equações da estática
são insuficientes para determinar as reações nos apoios.
Para tornar possível a solução destas estruturas, devemos suplementar as
equações da estática com as equações do deslocamento.

Grau de Estaticidade
O grau de estaticidade, designado por g, é o numero que quantifica a condição
estática de uma estrutura, pela análise de seus movimentos. Pode-se dizer que
g representa o balanço entre o número de incógnitas (vínculos) e o número de
equações da estática.
Em uma estrutura plana constituída de m barras, tem-se que cada uma
apresenta 3 movimentos: 2 translações e 1 rotação. Assim, para cada barra
pode-se escrever 3 equações da estática (ΣFx = 0 , ΣFy = 0 e ΣMz = 0 ), que
são as 3 equações de equilíbrio para estruturas planas. Logo, o total de
equações é 3m.

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Para garantir a estabilidade da estrutura têm-se os apoios (vínculos externos) e
os vínculos internos, os quais representam as incógnitas do problema. Enfim, a
possibilidade de movimento de uma estrutura será igual à diferença entre o
número de deslocamentos possíveis e o número de vínculos associados ao
conjunto. Então:

sendo: V E os vínculos externos (apoios) e V I os vínculos internos.


Exemplos:

Notas Importantes:
A expressão de = 2n − b −Ve pode, em alguns casos, não apresentar fidelidade
quando a estrutura corresponder a casos especiais. Portanto, deve ser utilizada
apenas para obter um indicativo numérico com relação ao grau de estaticidade.
Assim, sempre é necessário fazer uma análise do comportamento global da
estrutura, em especial da posição dos vínculos.

Você entenderá bem isso, nos exemplos de aplicação que estão adiante.
Se "m” for considerado como chapa, a equação de g indicará o grau de
estaticidade externo. Para conhecer o grau de estaticidade global (externo +
interno), basta considerar “m” como sendo o número de barras ou número de
chapas abertas.

Duas barras contínuas possuem três vínculos e caso sejam três barras
contínuas, para cada duas, contam-se três vínculos. A análise é feita assim:
tomam-se duas barras e contam-se três vínculos, destas duas com a terceira,
ocorrem mais três, totalizando seis. Das três barras com uma quarta barra, ter-
se-ão mais três vínculos, totalizando nove. E, assim por diante.

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Da mesma maneira, é feita a contagem para barras articuladas entre si,
trocando o três por dois, no tocante aos vínculos explicados no parágrafo
anterior.

E, ainda, tem-se a seguinte situação: pode ocorrer que você tenha em um


mesmo nó barras que sejam contínuas e que sejam articuladas. A contagem
dos vínculos é semelhante às situações já explicadas, somando-se três na
continuidade e dois na articulação ou rótula.
Veja a seguir e acompanhe o raciocínio utilizado na contagem dos vínculos
totais internos contidos nas uniões que ocorrem em cada nó exemplificado:

Situação (a):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 3 vínculos, e da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 3 vínculos, totalizando 6 vínculos internos: Vi = 3 + 3 = 6.
Situação (b):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 2 vínculos, e da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 4 vínculos internos: Vi = 2 + 2 = 4.
Situação (c):
Na união das barras 1 e 3 têm-se 3 vínculos; e da união dessas com a barra 2,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 5 vínculos internos: Vi = 3 + 2 = 5.
Situação (d):
Na união das barras 1 e 2 têm-se 3 vínculos; e da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 5 vínculos internos: Vi = 3 + 2 = 5.
Situação (e):

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Na união das barras 1 e 2 têm-se 2 vínculos; da união dessas com a barra 3,
têm-se mais 2 vínculos, e da união dessas com a barra 4, têm-se mais 2
vínculos, totalizando 6 vínculos internos: Vi = 2 + 2 + 2 = 6.
Situação (f):
Na união das barras 2 e 3 têm-se 3 vínculos; da união dessas com a barra 4,
têm-se mais 3 vínculos, totalizando 6, e dessas três barras com a barra 1, têm-
se mais 2: Vi = 3 + 3 + 2 = 8.
Situação (g):
Na união das barras 2 e 4 têm-se 3 vínculos; da união dessas com a barra 1,
têm-se mais 2 vínculos, totalizando 5, e dessas três barras com a barra 3, têm-
se mais 2: Vi = 3 + 2 + 2 = 7.
Obviamente, a ordem utilizada na contagem independe para se obter a
quantidade total de vínculos internos.

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Tabela 1: Tipos de vínculos externos e internos e quantidade de movimentos
impedidos.

Grau de Deslocabilidade
Número que quantifica as possibilidades de deslocamentos dos nós da
estrutura, admitindo suas partes deformáveis, sob determinado carregamento.
Deslocabilidade Interna (di): possibilidade de rotação dos nós internos. Cada
nó possui uma possibilidade de rotação, exceto os nós de apoios engastados e
articulados e os nós intermediários articulados (rotulados). Para

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encontrar di, rotulam-se todos os nós, desprezam-se os balanços e contam-se
os nós internos restantes. Caso cheguem duas ou mais barras em um apoio,
de forma contínua,
ali também será contada uma deslocabilidade interna.
Deslocabilidade Externa (de): possibilidade de translação dos nós
considerando toda a estrutura com os nós rotulados.
Para se calcular de , rotulam-se todos os nós, desprezam-se os balanços e faz-
se: de = 2n − b –Ve.
em que:
n : número de nós (todos os nós da estrutura rotulada e com
balanços desprezados);
b: número de barras (todas as barras, exceto os balanços);
e V : número de vínculos externos (considerando todos os nós rotulados
– observe que, por exemplo, apoio fixo continua com um vínculo, pois já é
rotulado; apoio fixo, idem, com dois vínculos; e o engaste, quando articulado,
deixa de possuir três vínculos e passa a ter apenas dois – acompanhe
aplicações resolvidas adiante).

Superposição de efeitos
Segundo SORIANO e LIMA (2006), as estruturas podem ter comportamento
físico linear e não linear, e comportamento geométrico linear e não linear.
Diz-se comportamento físico linear quando os materiais constituintes das
barras da estrutura possuem diagrama tensão-deformação linear, ou seja,
obedecem à Lei de Hooke, conforme ilustra a figura abaixo.

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Gráfico tensão x deformação para corpos que obedecem à Lei de Hooke.

A Lei de Hooke é uma lei de física que está relacionada à elasticidade de


corpos e também serve para calcular a deformação causada pela força que é
exercida sobre um corpo, sendo que tal força é igual ao deslocamento da
massa partindo do seu ponto de equilíbrio multiplicada pela constante da mola
ou de tal corpo que virá à sofrer tal deformação.

F=K.∆l
Notando que segundo o Sistema Internacional:

F está em newtons
K está em newton/metro
∆l está em metros

Na Lei de Hooke existe grande variedade de forças interagindo, e tal


caracterização é um trabalho de caráter experimental. Entre essas forças que
se interagem as forças “mais notáveis” são as forças elásticas, ou seja, forças
que são exercídas por sistemas elásticos quando sofrem deformação. Devido a
tal motivo, é interessante ter uma idéia do comportamento mecânico presente
nos sistemas elásticos. Os corpos perfeitamentes rígidos são desconhecidos,
visto que em todos os experimentos realizados até hoje sofrem deformação
quando submetidos à ação de forças, entendendo-se por deformação de um
corpo (alteração na forma e/ou dimensões do corpo). Essas deformações
podem ser de diversos tipos:

Compressão
Distenção
Flexão
Torção, dentre outros.

E elas podem ser elásticas ou plásticas:

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Deformação plástica: persiste mesmo após a retirada das forças que
a originaram.
Deformação elástica: desaparece com a retirada das forças que a
originaram.

Estando uma mola, barra ou corpo em seu estado relaxado, e sendo uma das
extremidades mantida fixa, aplicamos uma força (F) à sua extremidade livre,
observando tal deformação. Após observado o fato, o físico Hooke estabeleceu
uma Lei, cujo carrega seu nome até hoje, a qual relaciona a Força Elástica (Fel),
reação causada pela força aplicada, e a deformação da mola (∆l).

A intensidade da Força elástica (Fel) é diretamente proporcional à


deformação (∆l).

Temos que: Fel = k.∆l, onde k é uma constante positiva denominada Constante
Elástica da mola, sendo sua unidade N/m no S.I.. A constante elástica da mola
traduz a rigidez da mesma, ou seja, é uma medida que representa a
sua dureza. Quanto maior for a constante Elástica da mola, maior será
a sua dureza.

É importante ressaltar que o sinal negativo observado na expressão vetorial da


Lei de Hooke, significa que o vetor Força Elástica (Fel), possui sentido oposto
ao vetor deformação (vetor força aplicada), isto é, possui sentido oposto à
deformação, sendo a força elástica considerada uma força restauradora.

Sendo W a Força aplicada, tem-se:

W = – Fel
Fel = – k.∆l
W = k.∆l
A lei de Hooke pode ser utilizada desde que o limite elástico do material não
seja excedido. O comportamento elástico dos materiais segue o regime elástico
na lei de Hooke apenas até um determinado valor de força, após este valor, a
relação de proporcionalidade deixa de ser definida (embora o corpo volte ao
seu comprimento inicial após remoção da respectiva força). Se essa força
continuar a aumentar, o corpo perde a sua elasticidade e a deformação passa
a ser permanente (inelástico), chegando à ruptura do material.
O instrumento que usa a lei de Hooke para medir forças é o dinamômetro.

A Lei de Hooke Aplicada a Materiais

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A Lei de Hooke também é percebida após a realização do ensaio de tração e
deste é obtido o gráfico de Tensão x Extensão. O comportamento linear
mostrado no início do gráfico está nos afirmando que a Tensão é proporcional
à Extensão. Logo, existe uma constante de proporcionabilidade entre essas
duas grandezas. Sendo,

σ=ε.E
σ = Tensão em Pascal
ε = Deformação específica, (adimensional)

E = Módulo de elasticidade ou Módulo de Young

E aí, onde a gente utiliza a Lei de Hooke?

A Lei de Hooke é uma lei muito importante quando tratamos de resistência e


comportamento dos materiais. Basicamente, estudamos tal Lei em quase todos
os cursos de Engenharia, porém podemos destacara a Engenharia Civil e a
Mecânica com as principais aplicações.

Conforme fiz breve introdução sobre a Lei acima, destaquei bastante a


Engenharia Mecânica, pois exemplifiquei com “molas”, por ser até mais fácil de
entendermos, porém encontrei na Internet o capítulo da apostila do
professor Luciano Rodrigues Ornelas de Lima, que explica bem
detalhadamente tal Lei, e algumas curiosidades extras sobre a
disciplina Resistência dos Materiais.

Diz-se comportamento geométrico linear quando as equações de equilíbrio


podem ser escritas com aproximações julgadas aceitáveis, considerando-se a
configuração não-deformada da estrutura, que é anterior à situação de cálculo,
na qual as ações externas estão atuando e deformando a estrutura. Trata-se
de análise de pequenos deslocamentos em que a tangente do ângulo de
rotação é tomada igual ao próprio ângulo em radiano, por ser este bem
pequeno.
Tendo comportamento linear físico e geométrico, é válido o Princípio de
Superposição de Efeitos, o que significa que se pode transformar um
carregamento na soma de vários carregamentos aplicados na estrutura, como
é ilustrado na Figura a seguir para um exemplo de viga biapoiada com duas
forças externas aplicadas.

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Ilustração do Princípio da Superposição de Efeitos.

Esforços Solicitantes

Um corpo solicitado por um carregamento externo terá nos seus pontos de


apoio, reações que o mantêm em equilíbrio.
Seccionando o corpo em uma posição qualquer, têm-se nesta seção os efeitos
estáticos (esforços seccionais: N – força normal, V – força cortante, M –
momento fletor) que a parte retirada provoca na parte restante, os quais
mantêm a parte restante, com suas cargas e suas reações, em equilíbrio.

A esses efeitos estáticos chamamos esforços, os quais abrangem noções de


força e momento. No caso de estruturas planas tem-se a força normal (N), a
força cortante ou de cisalhamento (V) e o momento fletor (M).
De uma forma explícita e redundante falamos em esforços internos ou
inerentes, os quais se manifestam entre elementos adjacentes de um corpo.
Assim, em uma
estrutura plana seccionada, para que esta se mantenha em equilíbrio existem
nela esforços solicitantes como: força normal, força cortante e momento
fletor. Sendo que os esforços resultantes do equilíbrio, em seções adjacentes
possuem mesma intensidade, direção e sentidos opostos.

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Força Normal ( N )

Atua na direção perpendicular à seção transversal da barra, ou seja, na direção


do eixo da barra. Caso a barra seja curva, atua tangenciando seu eixo, em
cada ação.
A força normal (ou esforço normal) é positiva caso tracione a seção
transversal, ou seja, tem sentido saindo da seção transversal. E é negativa
caso comprima a seção transversal, ou seja, tem sentido entrando na seção
transversal. Diz-se, respectivamente, normal de tração e normal de
compressão.

Convenção de sinais para o esforço normal.

Força Cortante ( V )

Atua na direção perpendicular ao eixo da barra, ou perpendicular à tangente,


se a barra for curva. A convenção de sinais do esforço cortante está associada
à posição em que esta força se encontra em relação ao restante do elemento
seccionado, se à esquerda ou à direita.

Convenção de sinais para o esforço cortante.

Uma maneira fácil de gravar os sentidos é pensar no giro horário de duas


forças (que correspondem aos cortantes positivos) e ao giro anti-horário de

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duas forças (que correspondem aos cortantes negativos). Em cada situação,
têm-se as posições: Esquerda (E) e Direita (D), que correspondem à mesma
posição do cortante, com relação ao restante do elemento estrutural
seccionado.
Você também pode pensar assim: o esforço cortante positivo é aquele que
“provoca giro no sentido horário”, ou seja, quando posicionado à esquerda, for
de baixo para cima. Você, aluno, deve encontrar a melhor maneira de gravar os
sinais do cortante. Obviamente, basta entender um dos dois sinais, o positivo,
por exemplo, pois estando com sentido contrário, o esforço cortante será
negativo.

Momento Fletor ( M )

É o momento que atua perpendicularmente ao plano que contém o elemento


estrutural e sua convenção de sinais está relacionada à região do elemento
estrutural que sofre tração, quando o elemento estrutural é fletido.
Por exemplo, na Figura 25, tem-se uma viga cuja ação externa produz a
deformação que confere à mesma, tração (simbolizada pelo sinal +) em sua
região inferior (ocorre tração embaixo). Neste caso, diz-se que o momento é
positivo. Se ocorrer tração em cima, o momento fletor será negativo.

Convenção de sinais para o momento fletor.

Momento Torçor ( T )

Como o próprio nome diz, é o que provoca giro da barra, ao longo do seu
próprio eixo, ou seja, faz com que a peça torça, em movimento similar ao de

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um parafuso. A convenção de sinais é a seguinte: o torçor é positivo quando
seu vetor representativo tem sentido entrando na seção transversal.

Convenção de sinais para o momento torçor.

Acessar o endereço eletrônico: http://web.mst.edu/~mecmovie/. Assistir aos


vídeos para melhor entendimento de reações.

CÁLCULO DAS REAÇÕES

Tipos de carregamentos
a) Forças concentradas

b) Carga uniforme distribuída

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Observação: Para o cálculo das reações de apoio, a carga uniforme distribuída
é substituída por uma força concentrada equivalente W igual a área da figura
geométrica da carga e que passa pelo seu centróide: W = p . L

c) Carga uniformemente variável

Observação: Para o cálculo das reações de apoio, a carga uniforme variável é


substituída por uma força concentrada equivalente W igual a área da figura
geométrica da carga e que passa pelo seu centróide: W = (p . L) /2

d) Momento concentrado

Classificação de vigas
a) Simplesmente apoiadas

b) Bi-engastada (fixa)

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c) Engastada- Apoiada

d) Em balanço

e) Em balanço nas extremidades

Cálculo das reações nas vigas


Equações de equilíbrio estático (forças aplicadas em um plano):

Exemplo 1.1: Calcular as reações nos apoios da viga. Desprezar o peso da


viga.

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Diagrama de corpo livre (D.C.L.):

Verificação:

Vamos Praticar?
Exercícios:

Calcule as reações da viga a seguir:


a)

b)

29
Trace os diagramas de momento fletor e de esforço cortante, considerando:
L = 5 m, q = 2 kN/m, P = 12 kN, a = 2 m, α = 20o.

30
Antes de se resolver qualquer estrutura submetida a um determinado
carregamento, é necessário efetuar o cálculo de suas reações de apoio, que
são as incógnitas do problema.
Neste capítulo, são estudadas as vigas isostáticas cujo grau de estaticidade é
zero.
Apenas para confirmar isso, façamos: g = 3 ⋅m − Ve − Vi = 3 ⋅ 1− (2 + 1) − 0 =

0.
Perceba que, como se tem apenas uma barra, não existem vínculos internos,
pois não há ligação (conexão, união) entre barras.
Também são estudadas estruturas que estejam em equilíbrio, qualquer que
seja o sistema, plano ou tridimensional, isostático ou hiperestático (nunca
hipostático, pois isso significa que o sistema é instável e pode se deslocar),
valerão as equações de equilíbrio da estática.
As reações de apoio em uma estrutura são obtidas através das equações de
equilíbrio (somatório de forças e de momentos em relação a qualquer ponto
da estrutura sempre será nulo). Ressalta-se que para cada situação, será
analisado em qual ponto se estará fazendo somatório de momento fletor, para
se obter determinada reação de apoio, mas pode acontecer em alguns casos
que bastam apenas as equações de equilíbrio relativas às forças. Enfim, você
adquirirá noções estruturais na medida da resolução de exercícios.
Situação (a):

31
Para o traçado do diagrama de momento fletor, recomenda-se proceder
conforme explicado a seguir.
Primeiramente, obtêm-se os valores correspondentes a cada apoio, ponto de
carga concentrada, ponto de união entre barras, ou de mudança do tipo de
carga aplicada. No exemplo, têm-se os pontos A, B e C, para a obtenção do
momento fletor:
MA = MB = 0

(Pois se referem a rótulas que não absorvem momento fletor, ou seja, nelas, o
momento fletor é sempre nulo.)

(Ocorre tração embaixo, pois perceba que o momento em C foi calculado com
todas as cargas e reações de apoio que estão à esquerda de C, que, no caso,
é apenas a reação de apoio em A, cuja flexão no ponto C ocorre tracionando a
viga embaixo. Neste caso, de acordo com a notação de sinais aprendida, tal
momento é positivo – traciona embaixo. Na verdade, o que se faz para se
calcular um determinado esforço seccional, é cortar a estrutura naquela seção
e fazer a contabilidade de todas as possíveis ocorrências do esforço desejado,
à esquerda da seção ou à direita da seção. Isso porque, como visto neste
32
capítulo, para estar em equilíbrio, o que se tem de um lado da estrutura
seccionada deve ser exatamente ao do restante dela, seccionada. Tais
comentários são feitos minuciosamente neste início e depois, obviamente, não
serão mais necessários, ao longo da resolução de outros exercícios.)
O traçado do diagrama de momento fletor é feito com representação dos seus
valores onde ocorre tração: se ocorre tração embaixo, o diagrama é desenhado
abaixo do eixo da viga e se ocorre tração em cima, tem-se o contrário. Traça-
se o eixo da viga, e posicionam-se os nós de interesse (neste caso, A, B e C)
que limitam os trechos do diagrama. Indica-se o nome Diagrama de Momentos
Fletores, e as unidades de força e distância. Marcam-se os valores dos
momentos, sempre perpendiculares ao eixo do elemento estrutura em análise.

Neste exemplo, o momento em C vale: Pab/L = (12kN)(2m)(3m)/(5m) = 14,4


kN.m e os momentos em A e B são nulos:

Da análise diferencial contida neste capítulo, vista no item 3.5, quando no


trecho de viga não se tem carga, ou seja, quando q = 0, o diagrama de esforço
cortante V (que é obtido pela integral de q) é um número real constante, e o
diagrama de momento fletor M (que é obtido pela integral de V) é uma reta.
Isso significa que neste exemplo, para o traçado do diagrama de momento
fletor, basta unir os valores de momentos das extremidades de cada trecho
(que não possui carga, ou seja, q = 0).

33
O diagrama de momento fletor é sempre desenhado do lado onde ocorre
tração, em cima ou embaixo da viga e, conforme convenção já vista, quando
ocorre tração embaixo, o sinal do momento é positivo.

O esforço cortante em trechos sem carga é constante.


Vejamos neste exemplo, que é simples, mas para o qual está se fazendo a
análise bem detalhada para traçado do diagrama de esforço normal e cortante,
o que será guia-base para as demais aplicações contidas neste capítulo.
Uma das formas de se obter o valor do esforço cortante em uma seção é
analisar o que ocorre em termos de cargas perpendiculares ao eixo do
elemento estrutural, até aquela seção, caminhando-se da esquerda para a
direita ou da direita para a esquerda.
Por exemplo, para a viga em questão, tem-se, como diagrama de corpo livre (o
eixo da viga no qual atuam cargas e reações de apoio), que nos permitirá fazer
a análise do cortante em qualquer seção transversal deste elemento estrutural:

Caminhando da esquerda para a direita, teremos, para a seção A, uma força


vertical para cima, de 3,2 kN, como resultante de todas as que atuam à
esquerda desta seção, como já dito, o cortante à esquerda de uma seção é
positivo se orientado para cima, ou seja, neste caso V = + 7,2 kN.

34
Em qualquer seção do trecho AC, a resultante de forças pela esquerda
também será de 7,2 kN orientada para cima, ou seja, para este trecho, o
cortante é positivo e vale: V = + 7,2 kN.
Para o traçado do diagrama de cortante, desenham-se acima do eixo da peça
valores positivos deste esforço e abaixo, valores negativos:

Prosseguindo, em uma seção logo após o ponto C, caminhando-se da


esquerda para a direita, teremos como resultante de forças:

Neste caso, o cortante à esquerda da seção é para baixo, ou seja, pela


convenção de sinais, é negativo. E no diagrama de corpo livre observa-se que,
em qualquer seção do trecho CB da viga, a resultante de forças à esquerda
também será de - 4,8, ou seja, neste trecho, tal esforço é constante:

Perceba o que uma carga concentrada produz em um diagrama de esforço


cortante: um salto no mesmo!
Veja que na seção C, tem-se um degrau cujo valor total equivale à carga
concentrada de 12 kN. Constata-se que nessas seções, o que ocorre de um
lado e do outro não é a mesma força de cisalhamento (cortante), mas sim dois
valores que produzem, localmente, uma força resultante concentrada, a partir

35
da soma do cortante à esquerda e à direita, que são desnivelados por ocasião
desta força concentrada atuante.
Portanto, no traçado de diagramas de esforços cortantes, há que se verificar
sempre a existência desses saltos que correspondem às cargas concentradas
aplicadas no elemento estrutural. É uma maneira de se conferir se o traçado
está correto.

Situação b:

Neste caso, a viga é constituída por apenas uma barra (um tramo), no qual a
carga é constante e não ocorre mudança do tipo de carga, por exemplo, com
alguma carga concentrada, ou algum trecho sem carga, ou seja, os pontos
primeiramente plotados são A e B, cujos momentos são nulos:

36
Sabe-se que, quando o carregamento é uniformemente distribuído no trecho da
viga, o cortante é uma reta e o momento fletor, uma parábola do segundo grau.
Portanto, entre A e B, o diagrama será parabólico, a união desses valores de
momentos (nulo para ambas as seções) será através de uma linha parabólica
do segundo grau. Resta saber se a concavidade é para cima ou para baixo, o
que será definido calculando-se o valor do momento no meio do vão AB (2,5
m), se tracionando em cima ou embaixo:

Perceba que a tração ocorre embaixo da viga e, como o diagrama de momento


fletor é desenhado do lado da tração, teremos uma parábola assim
representada:

Esse resultado pode ser utilizado em qualquer outra situação na qual se tenha
um trecho com carregamento uniformemente distribuído:
qL²
8
Tal medida, no diagrama, é feita sempre perpendicular ao eixo do elemento
estrutural. Em outras aplicações será visto como representar este valor,
quando os momentos nos extremos são diferentes de zero.

37
Lembrete:

Enfim, fica para você, aluno, a partir deste exemplo, o valor fixo para momento
fletor no meio de trechos com carga uniformemente distribuída, que em muito
facilita o traçado de diagramas deste esforço.
Nesse caso, os momentos fletores dos extremos dos trechos, ou seja,
referentes aos pontos A e B são nulos, mas podem ocorrer valores nessas
extremidades, que sejam diferentes de zero. Em qualquer caso, a parábola do
segundo grau possuirá uma curvatura central igual a qL2/8, medida a partir da
linha que une os valores de momentos nas seções extremas do trecho de viga
que se esteja considerando, no meio do seu comprimento. A seguir, são feitas
outras representações, para comparação com a obtida nessa situação (b).

Para o traçado do esforço cortante, raciocínio e procedimento análogos à


situação (a) serão utilizados, lembrando que, aqui, o diagrama será uma reta
(linear).

Caminhando-se da esquerda, na seção A, tem-se: V = + 5 kN, pois está


orientado
para cima.
Entre A e B, não se tem nenhuma carga concentrada que possa produzir
degrau no diagrama (como na situação a – veja comentário realizado naquela).
Por isso, o diagrama é contínuo, bastando se obter os cortantes em A e em B e
unir tais valores por uma reta.
Ainda, caminhando pela esquerda, o cortante em B será:

38
Sendo para baixo, à esquerda da seção pela convenção de sinais do esforço
cortante, tem-se: V = - 5 kN. Portanto, o traçado do diagrama de esforço
cortante para essa viga fica:

Importante!
Resumindo, sempre que uma seção tiver momento máximo em um trecho da
viga, para a curva correspondente a este esforço (parábola do segundo grau,
do terceiro grau etc.) nesta mesma seção, o cortante será nulo, em vice-versa.
As situações (a) e (b) são básicas a todo o estudo e, doravante, não mais será
necessário tanta explicação pormenorizada, pois se reportará ao que já fora
aqui comentado. Caberá a você prosseguir apenas se estiver consolidado o
que até aqui lhe foi apresentado.

Situação c:
É análoga à situação (b), porém com a viga inclinada. Veja no que interferirá esta
inclinação da viga.

Perceba que se trata de um caso semelhante ao da situação (b), porém, para


um vão inclinado, de valor:

39
Considerando-se o eixo x como o da viga e y, perpendicular a x, tem-se:

Conforme o já comentado na situação (b), são traçados os diagramas de M e


V:

40
Situação (d):
É análoga à situação (c), porém havendo necessidade de decompor o
carregamento perpendicularmente ao eixo da viga, para que se obtenham os
esforços cortantes (perpendiculares ao eixo da viga) e momentos fletores
(produzidos por forças perpendiculares ao eixo da viga com seus respectivos
braços de alavanca).

Sendo a mesma viga, tem-se já calculado do item anterior, o valor do vão


inclinado: 5,32 m.
Para que se obtenha o valor da carga distribuída perpendicular ao eixo da
peça, é conveniente encontrar a resultante da carga atuante e decompô-la
perpendicularmente a esse eixo, para depois transformá-la novamente em
carga uniformemente distribuída, bastando dividir tal componente concentrada
pelo vão inclinado de 5,32 m.
A resultante valerá: 2 kN/m x 5 m = 10 kN:

41
A componente desta carga concentrada, perpendicular ao eixo da barra é
calculada como: 10 x cos20o = 9,40 kN.
Para retornar à situação de carga uniformemente distribuída, divide-se este
valor pelo vão inclinado: q’ = 9,40 / 5,32 = 1,77 kN/m.
A partir daí, o cálculo é similar ao da situação (c), para o traçado dos
diagramas de momento fletor e esforço cortante atuantes na viga inclinada:

42
É interessante constatar que o valor do momento máximo é o mesmo
encontrado para a situação de carga uniformemente distribuída ao longo da
viga horizontal (situação b), ou seja, estando a viga inclinada, o momento
máximo qL²/8 pode ser calculado com os valores de: carga uniformemente
distribuída na vertical e o vão da viga inclinada projetado na horizontal.

Situação (e):
Neste caso, tem-se um carregamento distribuído linearmente. Para se
calcularem as reações de apoio, será considerada a resultante do
carregamento, obtida através da área triangular: (2x5)/2 = 5 kN, aplicada no
C.G. (centro de gravidade) do triângulo, ou seja, a um terço do comprimento,
medido a partir do ponto B: 5/3 = 1,67 m.

43
Conforme previsão apresentada nas relações diferenciais para cálculo de
esforços, quando se tem um carregamento linear em um trecho de viga, o
diagrama de cortante será uma parábola do segundo grau, e do momento
fletor, uma parábola do terceiro grau. Para o traçado do diagrama de
momentos fletores, são obtidos os valores nos extremos dos trechos:

Entre A e B, o diagrama será através de uma linha parabólica do terceiro grau.


Resta saber se a concavidade é para cima ou para baixo, o que será definido
calculando-se o valor do momento no meio do vão AB (2,5 m), se tracionando
em cima ou embaixo.
Ao se calcular o momento fletor no meio do vão, considera-se a carga
triangular até esta posição, cujo valor corresponde à metade da carga de todo
o vão (2 kN/m), ou seja, vale q’ = 1 kN/m. Com esta carga, calcula-se a carga
concentrada equivalente, até o meio do vão: (1 x 2,5)/2 = 1,25 kN, que atua no
C.G. desse triângulo de carga, ou seja, a 2/3 do apoio A: (2/3) x 2,5 = 1,67 m.

44
Perceba que a tração ocorre embaixo da viga e, como o diagrama de momento
fletor é desenhado do lado da tração, teremos uma parábola assim
representada:

Daqui, pode-se assumir para qualquer outra situação em que se tenha um


trecho com carregamento linearmente distribuído, o valor fixo de:

para valores de momento no meio deste trecho. Tal medida, no diagrama, é


feita sempre perpendicular ao eixo do elemento estrutural. Em outras
aplicações, será visto como representar este valor, quando os momentos nos
extremos são diferentes de zero. Pelo fato do carregamento não ser uniforme,
com a carga concentrando mais sobre o apoio B, ter-se-á a curva da parábola
do terceiro grau não simétrica, ou seja, mais encurvada à direita. Adiante será
feito o estudo analítico em função de x, para se obter a localização e valor do
máximo momento fletor.
Para o traçado do esforço cortante, sabe-se que a curva será uma parábola do

45
segundo grau, unindo os valores extremos do cortante, já que no meio do
trecho não ocorre nenhuma carga concentrada que confira descontinuidade
com degrau, no diagrama desse esforço.

Valor do cortante no meio da viga:

Pela convenção de sinais, o cortante à esquerda da viga é positivo (+1,67),


pois está orientado para cima, e o cortante à direita (-3,33), negativo, pois
está orientado para cima.

Portanto, o traçado do diagrama de esforço cortante para essa viga fica:

46
Sabendo-se que se trata de uma parábola do segundo grau, resta unir tais
valores por uma curva com concavidade voltada para baixo, tendo em vista o
valor no meio da viga.

Visualizando os dois diagramas, de momento fletor e de cortante, você


constata o que já se comentou aqui, quanto à posição de momento máximo. Na
seção em que ocorre tal momento, o cortante é nulo, porque o cortante
corresponde à primeira derivada da função momento fletor, e é sabido que no
ponto máximo de uma função curva, sua primeira derivada (inclinação da reta
tangente à curva) é nula (como aprendido em conceitos de cálculo diferencial).
Quando se deseja conhecer a localização desta seção de máximo momento e,
consequentemente, de cortante zero, é necessário equacionar o momento em
função de x (já se sabe que tal função será uma parábola do terceiro grau),
encontrar sua primeira derivada que corresponderá ao cortante (que será uma
parábola do segundo grau). Ao se igualar o cortante a zero, obtém-se a
posição x desejada, e substituindo este valor na expressão do momento,
encontra-se o momento máximo desejado. Este cálculo é apresentado, a
seguir.
Primeiramente, define-se uma orientação para o eixo x, por exemplo, com
origem no ponto A e orientação positiva para a direita.

47
Em uma posição genérica x (seção S qualquer), a partir do apoio A, tem-se um
trecho triangular de carga que necessita ser definido em função dos dados de
carregamento, comprimento de barra e distância x.
Fazendo a proporção de triângulos semelhantes (original de carga q = 2 kN/m
e o hachurado de carga q’), tem-se o valor de q’ definido:

A resultante da carga triangular é aplicada no C.G. do triângulo hachurado, que


dista dois terços do apoio A.
Com isso, escreve-se a expressão do momento fl etor, para a seção S, em
função da variável (distância) x, que é válida para qualquer seção da viga.
Caminhando-se da esquerda para a direita (poderia ser o contrário, mas aqui é
mais direto se fazer assim), tem-se:

Conferindo os valores nos pontos: A, B e seção média, com o estudo realizado,


tem-se:

48
Importante!
(Nesta conta, você não encontra exatamente zero, devido às aproximações dos
números decimais e, por isso, utilizam-se mais casas decimais aqui, para que
você veja que, de fato, o resultado é nulo. Aqui se faz apenas uma conferência,
porque em todo apoio rotulado, sempre o momento fletor é nulo e você não
precisa calcular, ok?)

(Esse resultado coincide com o já obtido, da relação qL2/16, vista


anteriormente) Agora, resta a você obter o valor e posição do momento
máximo, o que é feito derivando-se a função M(x) e igualando-a a zero:

O valor de x obtido representa a posição medida a partir do apoio A, em que


ocorre o momento máximo e o cortante nulo. Resta, agora, calcular o valor
deste momento máximo. Basta substituir x em M(x):

Portanto, os diagramas completos desses esforços serão os mesmos já


obtidos, com inserção da posição e valor do máximo momento, onde também
ocorre o cortante nulo:

49
Para finalizar, façamos mais uma análise: a equação da parábola
correspondente ao gráfico do esforço cortante é obtida com primeira derivada
de M(x), como feito anteriormente:

Situação (f):
É análoga à situação (f), porém, é conveniente caminhar-se da direita para a
esquerda, pela facilidade de se analisar trechos triangulares, pois a partir da
esquerda, tem-se trechos trapezoidais, quando se considera um pedaço do
carregamento.

Concentra-se a carga triangular para se calcularem as reações de apoio:

50
Semelhante à situação (f), calcula-se o momento fletor no meio do vão AB.

51
Para o traçado do esforço cortante, sabe-se que a curva será uma parábola do
segundo grau, unindo os valores extremos do cortante, já que no meio do
trecho não ocorre nenhuma carga concentrada que confira descontinuidade
com degrau, no diagrama desse esforço.
Semelhante ao realizado na situação (f), definem-se os sinais dos cortantes
nas seções A e B são, de acordo com a convenção apresentada neste
capítulo.

O cortante à esquerda da viga é positivo (+3,33), pois está orientado para


cima, e o cortante à direita (-1,67), negativo, pois está orientado para baixo.

E o cortante no meio do vão é obtido da direita para a esquerda:

52
Ou seja, plotado abaixo do eixo da viga, porque é negativo, diferente da
situação com o triângulo invertido (carregamento linear crescente). Portanto, o
diagrama de esforço cortante pode ser traçado:

Sabendo-se que se trata de uma parábola do segundo grau, resta unir tais
valores por uma curva com concavidade voltada para cima, coerente com os
três valores obtidos.

Em uma posição genérica x (seção S qualquer), a partir do apoio B, tem-se um


trecho triangular de carga que necessita ser definido em função dos dados de
carregamento, comprimento de barra e distância x.

53
Fazendo a proporção de triângulos semelhantes (original de carga q = 2 kN/m
e o hachurado de carga q’), tem-se o valor de q’ definido:

A resultante da carga triangular é aplicada no C.G. do triângulo hachurado, que


dista dois terços do apoio B. Com isso, escreve-se a expressão do momento
fletor, para a seção S, em função da variável (distância) x, que é válida para
qualquer seção da viga. Caminhando-se da direita para a esquerda (poderia
ser o contrário, mas aqui é mais direto se fazer assim), tem-se:

Conferindo os valores nos pontos: A, B e seção média, com o estudo realizado,


tem-se:

Importante!
(Nessa conta, você não encontra exatamente zero, devido às aproximações
dos números decimais e, por isso, utilizam-se mais casas decimais aqui, para
que você veja que, de fato, o resultado é nulo. Aqui, faz-se apenas uma
conferência, porque em todo apoio rotulado, sempre o momento fletor é nulo
e você não precisa calcular, ok?)

(Esse resultado coincide com o já obtido, da relação qL2/16, vista


anteriormente).
54
Agora, resta-nos obter o valor e posição do momento máximo, o que é feito
derivando-se a função M(x) e igualando-a a zero:

O valor de x obtido representa a posição medida a partir do apoio B, em que


ocorre o momento máximo e o cortante nulo. Resta, agora, calcular o valor
deste momento máximo. Basta substituir x em M(x):

Portanto, os diagramas completos desses esforços serão os mesmos já


obtidos, com inserção da posição e valor do máximo momento, onde também
ocorre o cortante nulo:

Para finalizar, façamos mais uma análise: a equação da parábola


correspondente ao gráfico do esforço cortante é obtida com primeira derivada
de M(x), como feito anteriormente:

55
Serão passados Alguns exercícios em sala de aula:

Baixar na internet o programa ftool, é gratuito e muito importante para


simulação das reações em vigas.

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Bibliografia

HIBBELER, R.C. Estática : mecânica para engenharia. 10. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2008.

MACGREGOR, J.G. Reinforced Concrete : mechanics & design. 2. ed. New


Jersey: Prentice-Hall, 1992.

SORIANO, H.L.; LIMA, S.S. Análise de estruturas : método das forças e


método dos deslocamentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna
Ltda., 2006.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de análise estrutural : estruturas isostáticas, v.1,


Porto Alegre: Editora Globo, 1975. 328p.

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