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MECÂNICA: 2023/24

Folha nº 3

Aproximações e limites

Neste Curso, muitas vezes, os estudantes farão aproximações de funções para simplificar os cálculos
ou procurar limites. Estes problemas procuram introduzir as principais noções de forma operacional,
deixando o rigor da demonstração para as cadeiras de Cálculo.

1. Expansão de Taylor

Uma ferramenta matemática muito usada pelos Físicos, quando pretendem analisar casos limites, é a
expansão de Taylor. Esta consiste em escrever uma função 𝑓(𝑥) analítica, para valores da variável 𝑥
muito próximos de um valor fixo 𝑥𝑜 , na forma de uma soma de parcelas expressas à custa das
derivadas da função no ponto 𝑥𝑜 :

𝑎𝑛
𝑓(𝑥) = ∑ (𝑥 − 𝑥𝑜 )𝑛
𝑛!
𝑛=0

com

𝑑𝑓 𝑛
𝑎𝑛 = ( )
𝑑𝑥 𝑥=𝑥𝑜

A figura seguinte apresenta o gráfico de uma função 𝑓(𝑥) e os gráficos dos termos de ordem zero, até
primeira e até segunda ordem.

1.1. Com base na figura, descreve o significado geométrico das várias aproximações.

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1.2. Como deves imaginar, quantos mais termos da expansão forem considerados, melhor é a
descrição da função dada, nomeadamente na vizinhança de 𝑥𝑜 . No entanto, os físicos consideram
apenas um número muito restrito de termos da expansão. Se 𝑓(𝑥) = 𝑠𝑒𝑛(𝑥) e 𝑥𝑜 = 0, qual deve ser
a condição a que deve obedecer o valor de 𝑥 para que o erro cometido seja inferior a 10%.

2. Este problema é um outro exemplo de aplicação da expansão de Taylor, mas desta vez para inferir
comportamentos físicos limites.

Imagina a queda de uma esfera (de massa 𝑚) no ar, partindo do repouso a uma altura 𝐻. Considera
que o movimento é retilíneo e que a força de resistência do ar que atua na esfera tem valor que é
proporcional à sua velocidade: 𝐹𝑟 = −𝑏𝑣. Admite que o movimento é retilíneo.

Mostra-se que a velocidade de queda é dada pela função:


𝑚𝑔
𝑣(𝑡) = − (1 − 𝑒 −𝑏𝑡/𝑚 )
𝑏
2.1. Esboça o gráfico do valor da velocidade em função do tempo.

2.2. Considera os primeiros instantes da queda; isto é, t é pequeno (mais precisamente 𝑏𝑡/𝑚 ≪ 1).
Utiliza a expansão de Taylor e mostra que até termos da ordem de 𝑡 a velocidade pode ser aproximada
pela equação:

𝑣(𝑡) ≈ −𝑔𝑡
2.3. Já deves ter encontrado este resultado em estudos elementares: queda livre. Procura explicar
porque é que o efeito da resistência do ar na velocidade é desprezável nos primeiros instantes do
movimento.

2.4. Agora considera o caso limite oposto: 𝑡 é grande (mais precisamente, 𝑏𝑡/𝑚 ≫ 1). Neste caso,
mostra que:
𝑚𝑔
𝑣≈−
𝑏
2.5. Na resposta à alínea anterior, o valor da velocidade não depende do tempo. Compara este valor
limite com o valor assintótico da velocidade no gráfico que esboçaste na primeira alínea e interpreta
este valor. O que podes dizer quanto ao movimento neste limite?

3. A expansão de Taylor é de facto uma aproximação do valor de uma função (muitas vezes complicada
e até desconhecida!), mas que admite derivadas. Imagina neste problema uma molécula diatómica,
que pode ser N2, O2 ou outras. Estas moléculas lineares podem ser pensadas como duas esferas
rígidas, de massa 𝑚. A estabilidade da molécula tem origem num potencial que está representado na
figura seguinte (Gyuk N.J., M.S. Abubakar and S.G. Abdu. Science World Journal Vol. 14 (No 3) 2019).

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Como verificas do gráfico da figura anterior, este potencial tem uma dependência complexa na
distância interatómica.

3.1. Descreve as implicações físicas do potencial representado na figura anterior e discute a


importância do mínimo do potencial na estabilidade da molécula.

3.2. As moléculas lineares têm um modo de vibração de extensão. Considera que 𝑉(𝑟) descreve a
função potencial da molécula. Considera ainda que a amplitude das vibrações 𝑟𝑚 (elongação com
respeito à distância de equilíbrio 𝑟𝑜 ) é pequena comparada com 𝑟𝑜 ; isto é, |𝑟𝑜 − 𝑟𝑚 | ≪ 𝑟𝑜 .

Mostra que nesta suposição, o potencial pode ser escrito da seguinte forma:

1 𝑑2 𝑉(𝑟)
𝑉(𝑟) ≈ 𝑉(𝑟𝑜 ) + ( ) (𝑟 − 𝑟𝑜 )2 + ⋯
2 𝑑𝑟 2 𝑟
𝑜

3.3. O que podes dizer quanto ao movimento de vibração nestas condições?

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