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(versão 1)
• Equação de Bernoulli;
• Escoamento interno.
É uma ferramenta que permite fazer a ligação entre a abordagem de Sistema (uso
preferencial em termodinâmica) para a abordadem de Volume de Controle (uso
preferencial em mecânica dos fluidos) (Fig. 1).
𝑑𝑁 𝑑 → →
( ) = ∫ 𝜂𝜌𝑑𝑣 + ∫ 𝜂𝜌𝑉 𝑑𝐴 (1)
dt 𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 dt 𝑣𝑐
𝑠𝑐
Onde:
N: é uma propriedade extensiva. Pode ser: quantidade de massa, ou quantidade
de movimento, ou quantidade angular, ou energia, ou entropia de um sistema.
𝜂: é a propriedade intensiva correnpondente a N, ou seja, é expressa por unidade
de massa.
𝑑𝑁
( ) é a taxa de variação da propriedade extensiva do sistema.
dt 𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
𝑑
∫ 𝜂𝜌𝑑𝑣 é a taxa de variação da quantidade da propriedade N dentro do volume
dt 𝑣𝑐
de controle.
→ →
∫ 𝜂𝜌𝑉 𝑑𝐴 é a taxa na qual a propriedade N está saindo da superfície de controle.
𝑠𝑐
4
2. Conservação da Massa para o Volume de Controle
N=m
𝜂 = N/m = m/m = 1
𝑑𝑁 𝑑𝑚
( ) =( ) =0
dt 𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 dt 𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
Obtemos:
𝑑 → →
∫ 𝜌𝑑𝑣 + ∫ 𝜌𝑉 𝑑𝐴 = 0
dt 𝑣𝑐
(2)
𝑠𝑐
5
Figura 3: Casos simplificados da equação 2 para fluidos incompressíveis.
6
3. Quantidade de Movimento para o Volume de Controle
Aplicando o TTR (eq. 1) e sabendo que:
N = 𝑃⃗ = 𝑚. 𝑉
⃗
𝜂 = 𝑃⃗/m = 𝑃⃗m/m = 𝑉
⃗
Obtemos:
𝑑𝑃⃗ 𝑑 → →
( dt ) = ⃗ 𝜌𝑑𝑣 + ∫ 𝑉
∫ 𝑉 ⃗ 𝜌𝑉 𝑑𝐴 (3)
𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 dt 𝑣𝑐
𝑠𝑐
𝑑𝑃⃗
∑𝐹 = ( ) (4)
dt 𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
Logo:
𝑑 → →
∑𝐹 = ⃗ 𝜌𝑑𝑣 + ∫ 𝑉
∫ 𝑉 ⃗ 𝜌𝑉 𝑑𝐴 (5)
dt 𝑣𝑐
𝑠𝑐
7
Figura 5: Significado Físico da Equação 5.
8
Figura 7: Forma vetorial da Equação 5. O vetor velocidade (𝑉 ⃗ ) é substituído pelas suas
componentes do vetor u, v, w nos eixos x, y, e z, respectivamente.
9
4. Equação da Energia
N=𝐸
𝜂 = E/m = 𝑒
Obtemos:
𝑑𝐸 𝑑 → →
( dt ) = ∫ 𝑒𝜌𝑑𝑣 + ∫ 𝑒𝜌𝑉 𝑑𝐴 (6)
𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 dt 𝑣𝑐
𝑠𝑐
𝑑𝐸
O lado esquerdo da equação 6,( ) , é a taxa de variação de energia no
dt 𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
sistema, podendo ser estimada pelo somatório do calor líquido de entrada, o trabalho
de eixo de entrada e o trabalho líquido de pressão de entrada, conforme equação 7:
𝑑𝐸
( dt ) = 𝑄̇𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) + 𝑊̇𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) + 𝑊̇𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) (7)
𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
10
Importante destacar que na equação 7 é apresentado os trabalhos de eixo e
de pressão na forma de potência (J/s). Isso porque o trabalho (J), ou seja, uma força
agindo sobre uma certa distância, pode ser expressa pelo tempo, sendo assim
chamada a taxa de realização de trabalho, ou simplesmente potência (𝑊) ̇ .
𝑑 𝑃 → →
𝑄̇𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) + 𝑊̇𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎) = ∫ 𝑒𝜌𝑑𝑣 + ∫ (𝜌 + 𝑒) 𝜌𝑉 𝑑𝐴 (11)
dt 𝑣𝑐
𝑠𝑐
11
Por sua vez, a energia na forma intensiva (e), mostrado no lado direito da equação 11,
pode ser estimada por:
e = energia interna (u)+ energia cinética (𝑒𝑐 ) + energia potencial (𝑒𝑝 ) (12)
Matematicamente:
𝑉2
𝑒 = 𝑢 + 𝑒𝑐 + 𝑒𝑝 = 𝑢 + + 𝑔𝑧 (13)
2
Hipóteses Simplificativas:
𝑃
i) + 𝑒 é uma constante;
𝜌
→ →
ii) 𝑚̇ = 𝜌𝑉 𝑑𝐴 (vazão mássica)
𝑉2
iii) 𝑒 = 𝑢 + 𝑒𝑐 + 𝑒𝑝 = 𝑢 + + 𝑔𝑧 (equação 13)
2
iv) ℎ = 𝑢 + 𝑃𝑣 = 𝑢 + 𝑃/𝜌 (definição da entalpia, advinda da
termodinâmica)
𝑑
v) ∫ 𝑒𝜌𝑑𝑣
dt 𝑣𝑐
=0 (escoamento estacionário)
𝑉2 𝑉 2
𝑄̇𝑙í𝑞 (𝑒) + 𝑊̇𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞 (𝑒) = 𝛴𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑚̇ (ℎ + + 𝑔𝑍) − 𝛴𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑚̇ (ℎ + + 𝑔𝑍) (14)
2 2
12
Condições de validade da equação 14:
✓ Hipóteses simplificativas anteriores são satisfeitas;
✓ Múltiplas entradas e múltiplas saídas.
A equação 14 ainda pode ser modificada para o caso mais simples de dispositivos
de corrente única (apenas uma entrada e uma saída):
𝑉 2 2
𝑠 −𝑉 𝑒
𝑄̇𝑙í𝑞 (𝑒) + 𝑊̇𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞 (𝑒) = 𝑚̇ (ℎ𝑠 − ℎ𝑒 + + 𝑔(𝑍𝑠 − 𝑍𝑒 )) (15)
2
Onde:
e = entrada
s = saída
13
As equações 14 e 15 foram expressas na forma de taxa de taxa (no SI: J/s).
Uma forma alternativa é expressar a equação de energia na forma intensiva, ou seja,
por unidade de massa. Para fazer isso, basta dividir a equação 15 pela vazão mássica
(𝑚̇), gerando, dessa forma, a equação 16 (na forma intensiva, no SI: J/kg).
𝑉 2 2 −𝑉 2 1
𝑞𝑙í𝑞 (𝑒) + 𝑤𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞 (𝑒) = ℎ2 − ℎ1 + + 𝑔(𝑍2 − 𝑍1 ) (16)
2
𝑃1 𝑉1 2 𝑃2 𝑉2 2
+ + 𝑔𝑧1 + 𝑤𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = + + 𝑔𝑧2 + 𝑤𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 + 𝑒𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 (17)
𝜌1 2 𝜌2 2
A versão na forma de taxa (no SI: J/s) da equação 16 pode ser obtida multiplicando-a pela
vazão mássica (𝑚)̇:
𝑃 𝑉1 2 𝑃 𝑉 2
𝑚̇ (𝜌1 + + 𝑔𝑧1 ) + 𝑊̇𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = 𝑚̇ (𝜌2 + 22 + 𝑔𝑧2 ) + 𝑊̇𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 + 𝐸̇𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎 𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 (18)
1 2 2
14
Ainda, podemos expressar a equação da energia em termo de cargas (no SI: m), bastando
dividir a equação 18 por 𝑚̇𝑔:
𝑃1 𝑉1 2 𝑃2 𝑉2 2
+ + 𝑧1 + ℎ𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = + + 𝑧2 + ℎ𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 + ℎ𝑙 (19)
𝜌1 𝑔 2𝑔 𝜌2𝑔 2𝑔
15
As equações anteriores (14 a 20), estão expressas na “forma mecânica”, e
têm bastante aplicação em estudos de mecânica dos fluidos. No entanto, outra
forma da equação da energia pode ser desenvolvida, chamada de “forma
entálpica”, sendo mais útil em problemas de termodinâmica. Naturalmente, as
duas formas são equivalentes, no sentido em que uma pode ser convertida em
outras apenas com relações físicas e matemáticas.
𝑉 2 −𝑉 2
𝑄 ̇𝑙í𝑖𝑞(𝑒) + 𝑊̇𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞(𝑒) = 𝑚̇ (ℎ2 − ℎ1 + 2 1
+ 𝑔(𝑍2 − 𝑍1 )) (21)
2
𝑉 2 2 −𝑉 2 1
𝑞𝑙í𝑖𝑞(𝑒) + 𝑤𝑒𝑖𝑥𝑜,𝑙í𝑞(𝑒) = (ℎ2 − ℎ1 + + 𝑔(𝑍2 − 𝑍1 )) (22)
2
Lembrar que:
16
5. Equação de Bernoulli
Sendo assim,
𝑃1 𝑉1 2 𝑃2 𝑉2 2
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2 (24)
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
De forma geral, o princípio de Bernoulli diz que a soma das energias cinética,
potencial e de escoamento de uma partícula de fluido é constante ao longo de uma linha
de corrente durante um escoamento estacionário quando os efeitos de compressibilidade
e do atrito são desprezíveis:
𝑃1 𝑉1 2
+ + 𝑧1 = 𝑐𝑡𝑒 (25)
𝜌𝑔 2𝑔
17
Dessa forma, a equação de Bernoulli pode ser entendida como uma simplificação
da equação da energia (também nomeada de forma degenerada da equação da energia).
Embora com bastante aplicações na engenharia, é importante enfatizar que algumas
condições devem ser satisfeitas para o uso adequado da equação de Bernoulli (e sempre
que aplicamos estamos implicitamente assumindo são satisfeitas, ou aproximadamente
satisfeitas), tais como:
i) Escoamento Estacionário;
ii) Efeitos viscosos desprezíveis (escoamento invíscido);
iii) Ausência de trabalho de eixo;
iv) Incompressível, ou seja, a massa específica é constante. Nesse caso, o número de Mach deve
ser menor que 0,3;
v) Transferência de calor desprezada;
vi) Processo isentrópico (adiabático e irreversível);
vii) A rigor, só vale para escoamento que ocorre ao longo de uma linha de corrente;
viii) No entanto, para escoamentos irrotacionais, a equação torna-se aplicável entre dois pontos
quaisquer ao longo do escoamento (e não apenas na mesma linha de corrente).
A equação de Bernoulli pode ser expressa em três formas diferentes (conforme Fig.
10), a saber: Forma de pressão, forma de energia e forma de altura.
vi) Escoamento irrotacional.
18
6. Escoamento Interno
6.1 Tópicos Introdutórios
Onde: 𝜇 = 𝜈. 𝜌
𝜈 − 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑒𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎, 𝑚2 /𝑠
Para valores altos de Re, as forças inerciais são maiores que as forças viscosas, e o
escoamento é chamado de turbulento. Para valores baixos de Re, as forças viscosas superas
as forças inerciais, e, portanto, o escoamento é chamado de laminar.
Para escoamentos internos em um tubo circular e na maioria das aplicações de
Engenharia:
Re ≤ 2300 (LAMINAR)
2300 ≤ Re ≤ 4000 (regime de transição)
Re≥ 4000 (TURBULENTO)
O valor de 𝐷ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜 depende da geometria do tubo, conforme a Fig. 11.
19
Figura 11: Valor do diâmetro hidráulico para diferentes geometrias.
20
Figura 12: Desenvolvimento de regiões do escoamento no interior de um tubo.
21
Matematicamente:
Para fins de cálculos de engenharia, é útil trabalhar com o conceito de região de entrada
hidrodinâmica (Lh). Esta é definida como a distância da entrada do tubo até o lugar onde
a tensão de cisalhamento da parede (e, portanto, o fato de atrito) chega a 2% do valor
completamente desenvolvido (Fig. 14).
Conforme pode ser visto na Fig. 14, após o valor de Lh, a tensão de cisalhamento torna-
se constante, e, portanto, a análise física do problema torna-se simplificada.
𝐿ℎ,𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜
≌ 1,359𝑅𝑒 1/4 (28)
𝐷
22
Para várias aplicações em Engenharia:
𝐿ℎ,𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜
≌ 10 (29)
𝐷
i) Regime laminar;
ii) Fluido incompressível (ex.: água)
iii) Propriedades constantes
iV) Escoamento completamente desenvolvido (efeitos de entrada desprezíveis)
v) Tubo horizontal
23
Aplicando um balanço de momento linear (e as hipóteses acima) a um elemento
de volume diferencial, é possível demonstrar (detalhes não mostrados aqui) que:
𝑅 2 𝑑𝑃 𝑟2
𝑢(𝑟) = − ( ) (1 − 𝑅2) (30)
4𝜇 𝑑𝑥
Onde:
r – é valor do raio que “varia” ao longo do tubo;
R – é o raio de valor constante do tubo.
𝑑𝑃 𝑃2 −𝑃1
= (31)
𝑑𝐿 𝑥
𝑑𝑃 𝑃2 −𝑃1
= (31.2)
𝑑𝐿 𝐿
24
2 𝑅
𝑉𝑚é𝑑. = ∫0 𝑢(𝑟)𝑟𝑑𝑟 (32)
𝑅2
𝑅 2 𝑑𝑃
𝑉𝑚é𝑑. = − ( 𝑑𝐿 ) (33)
8𝜇
Logo, combinando a equação da velocidade média (eq. 33) com a equação 30,
obtemos o perfil de velocidade:
𝑟2
𝑢(𝑟) = 2𝑉𝑚é𝑑. (1 − ) (34)
𝑅2
25
Um caso especial é quando analisamos o que ocorre no eixo central do tubo (ou
seja, r =0). Nesse caso, encontramos que a velocidade média do escoamento laminar
completamente desenvolvido em um tubo é a metade da velocidade máxima:
𝑢𝑚𝑎𝑥
𝑉𝑚é𝑑. = (35)
2
𝑑𝑃 𝑃2 −𝑃1
= (36)
𝑑𝐿 𝐿
V ΔP𝐷2 (38)
méd=
32μL
ΔPπ𝐷4
𝑄= (39)
128μL
26
É importante mencionar a validade das equações 37 a 39:
✓ Escoamento Laminar;
✓ Escoamento através de um tubo horizontal;
✓ Escoamento completamente desenvolvido;
✓ Fluido Incompressível.
As equações 38 e 39 pode facilmente ser adaptada para o caso de um tubo com subida ou
descida (inclinado):
V (ΔP−ρgLsenϴ)𝐷2 (40)
méd=
32μL
(ΔP−ρgLsenϴ)π𝐷 4
𝑄 = 𝑉𝑚é𝑑 𝐴𝑐 = (41)
128μL
2
𝐿 𝜌𝑉𝑚é𝑑
𝛥𝑃𝐿 = 𝑓 (42)
𝐷 2
Onde:
𝑓 – é o fator de atito de Darcy (ou fator de atrito Darcy-Weisbach) e pode ser calculado por:
8𝜏𝑤
𝑓= 2 (43)
𝜌𝑉𝑚é𝑑
Por sua vez, 𝜏𝑤 é a tensão de cisalhamento na parede do tubo, sendo calculado por:
𝑑𝑢
𝜏𝑤 = − 𝜇 (44)
𝑑𝑟
27
É importante mencionar a validade das equações 42 e 43:
✓ Escoamento Laminar e Turbulento;
✓ Escoamento através de um tubo circular ou não circular.
[Ou seja, tem aplicabilidade bastante geral]
2
𝛥𝑃𝐿 𝐿 𝑉𝑚é𝑑
ℎ𝑙 = =𝑓 (45)
𝜌𝑔 𝐷 2𝑔
Algumas vezes sabemos o valor de ℎ𝑙 , e, portanto, temos a equação anterior sendo aplicada
de forma mais direta (sem necessidade de saber o valor do fator de atito de Darcy):
𝛥𝑃𝐿 = ℎ𝐿 𝜌𝑔 (45.1)
28
Caso qualquer uma dessas restrições não sejam satisfeitas, é obrigatório o uso da
equação da Energia para o cálculo de queda de pressão (𝛥𝑃), pois a equação da energia
contempla todos os casos quando as exceções acima são violadas. Em caso de dúvidas de
aplicabilidade da equação 45.1 e 46, recomenda-se sempre o uso da Equação da Energia. Por
exemplo, a partir da equação 19.1 (equação da energia rescrita logo abaixo), podemos
calcular o valor de 𝛥𝑃.
𝑃1 𝑉1 2 𝑃 𝑉2
+ 𝛼1 + 𝑧1 + ℎ𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = 𝜌 2 + 𝛼2 2𝑔
2
+ 𝑧2 + ℎ𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 + ℎ𝐿
𝜌1 𝑔 2𝑔 2𝑔
29
Sendo assim, a partir da equação 45 (caso geral) devemos conseguir obter a equação 37,
pois esta é um caso específico daquela. Mais precisamente, a equação 37 é um caso
simplificado (regime laminar em tubo horizontal) da equação 45.
O processo disso basicamente consiste em inserir na equação 44 a derivada do perfil de
velocidade (ou seja, a derivada du/dr da equação 34). Na sequência, combinamos o resultado
anterior (τW (laminar) = 8μV/D) com a equação do fator de atrito de Darcy (equação 43). Dessa
forma, resulta que:
64𝜇 64
𝑓𝑙𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟 = 𝐷𝜌𝑉 = 𝑅𝑒
(47)
Não podemos perder de vista que a equação 43 tem validade apenas para o regime
laminar, pois sua derivação partiu do uso e um perfil de velocidade modelada para um regime
laminar (equação 34). A equação 43 é bastante importante, pois nos diz que o fator de atito
de Darcy em um escoamento laminar é uma função apenas do número de Reynolds,
sendo independente da rugosidade da superfície. Conforme veremos adiante, isso não é
verdade caso o regime de escoamento seja turbulento.
O último passo consiste em inserir a expressão de fator de atrito (𝑓 = 64/Re, equação 43)
dentro da equação de queda de pressão do caso geral (equação 45), finalmente obtendo a
equação 37.
Portanto, precisamos encontrar uma forma de calcular o fator de atrito para o regime
turbulento, e depois inserir o valor na equação 38 para estima o valor da queda de pressão.
30
Antes de proceder, e necessário pontuar algumas características pertinentes do regime
turbulento:
o Ocorrem flutuações aleatórias nos valores de velocidade;
o Presença de regiões de redemoinho (vórtices);
o Os vórtices em redemoinho transportam massa, momento e energia para outras
regiões do escoamento (muito mais rapidamente do que a difusão molecular);
o Perfil de velocidade turbulento é achatado, com uma queda brusca perto das
paredes, portanto a equações de perfil anteriormente desenvolvidas (equações 30 ou
33) não podem ser aplicadas;
o Algumas relações matemáticas conseguem capturar o perfil de velocidade em regime
turbulento, mas não são recomendáveis para o cálculo da tensão de cisalhamento
na parede τ𝑤, pois observa-se é constatado erros com relação a dados experimentais
e também dificuldades matemáticas.
o A rugosidade (𝜀) nas paredes (irregularidades) perturba e afeta todo o
escoamento, afetando sobretudo a subcamada viscosa;
o Todos os materiais são “rugosos” se ampliarmos suficientemente (com ajuda de
microscópio). No entanto, alguns materiais em engenharia podem ser considerados
como hidrodinâmicamente lisos, ou seja, quando os efeitos da rugosidade podem ser
desprezados. Exemplos: superfícies de plásticos e de vidro.
o Sendo assim, a rugosidade afeta muito mais o regime turbulento que o regime
laminar.
Conforme mencionado, a rugosidade afeta os escoamentos em regime turbulento, o que
não acontecia no regime laminar. Valores de rugosidade (𝜀) podem ser encontrados
tabelados em livros ou na literatura de mecânica dos fluidos. Consiste em um valor dado
em comprimento, usualmente em mm ou pés. Por exemplo, a rugosidade ferro fundido e aço
inoxidável é de 0,26 mm e 0,002 mm, respectivamente.
É útil definir a rugosidade relativa como:
𝜀
𝑅𝑢𝑔𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = (49)
𝐷
Onde
𝜀 - É a rugosidade do material
D - É o diâmetro por onde escoa o fluido.
No regime Turbulento, uma das formas de calcular o fator de atrito 𝒇 é fazer uso da
equação de Colebrook:
1 𝜀/𝐷 2,51
= −2,0𝑙𝑜𝑔 ( + ) (50)
√𝑓 3,7 𝑅𝑒√𝑓
31
A dificuldade de calcular o fator de atrito a partir dessa equação é pelo fato de 𝒇 estar
presente tanto do lado esquerdo como do lado direito da equação. Portanto, o cálculo deste
coeficiente não é imediato e não existe uma única fórmula para calculá-lo em todas as
situações possíveis. É necessário um processo iterativo de resolução. No entanto, a equação
de Colebrook pode ser colocada em um gráfico, chamado de Diagrama de Moody
(mostrado na Fig. 18). O diagrama de Moody é a representação gráfica em escala duplamente
logarítmica do fator de atrito em função do número de Reynolds e a rugosidade relativa de
uma tubulação.
32
Nas situações de projeto e análise de tubos, é comum termos as informações das
propriedades dos fluidos e a rugosidade do tubo. Sendo assim, são 03 os principais tipos de
problemas encontrados:
i) Determinação da queda de pressão (ou perda de carga) quando comprimento e
diâmetro do tubo são conhecidos para uma dada vazão ou velocidade)
especificada;
ii) Determinação da vazão quando o comprimento e o diâmetro do tubo são dados,
para uma dada queda de pressão (ou perda de carga) especificada;
iii) Determinação do diâmetro do tubo quando o comprimento do tubo e a vazão
são dados, para aqueda de pressão (ou perda de carga) especificada.
iv)
Dentre os três casos, o primeiro é mais simples e pode ser resolvido diretamente
usando o diagrama de Moody. Nos demais casos serão necessárias iterações de
convergência para a resolução do problema. Para evitar iterações cansativas nos cálculos
da perda de carga, vazão e diâmetro, existem outras relações úteis (chamada de equações
de Swamee e Jain), e podem ser usadas com exatidão até 2% quando fazemos uso do
diagrama de Moody. Cada equação apresenta uma validade de aplicação, conforme
mostrado abaixo (equações 51 a 53).
−2
𝑄𝐿 𝜀 𝜈𝐷 0,9
ℎ𝐿 = 1,07 {𝑙𝑛 [3,7𝐷 + 4,62 ( 𝑄 ) ]} (51)
𝑔𝐷5
Validade
0,5 0,5
𝑔𝐷5 ℎ𝐿 𝜀 3,17𝜈2 𝐿
𝑄 = −0,965 ( ) 𝑙𝑛 [ +( ) ] (52)
𝐿 3,7𝐷 𝑔𝐷3 ℎ𝐿
Validade
Re > 2000
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Validade
33
6.7 Perdas de Carga Menores em tubulações (hL)
Ao longo do comprimento por onde passa um fluido no interior de uma tubulação haverá
componentes variados como válvulas, curvas, cotovelos, tês, entradas, saídas, extensões e
reduções. A presença desses pode contribuir para o atrito em tubulações em tubulações, pois
a presença deles interrompem o escoamento suave do fluido e causam perdas de carga
adicionais. Normalmente são perdas menores em comparação ao total de perda de carga
(de turbinas e bombas), mas algumas vezes pode até ser maior (sobretudo em sistemas com
várias válvulas e curvas em distâncias curtas).
𝑉2
ℎ𝐿 = 𝐾𝐿 (54)
2𝑔
ℎ𝐿
𝐾𝐿 = 2
(55)
𝑉 /2𝑔
Combinando as equações 54 e 56, obtemos uma expressão para o cálculo de perda de carga
no interior de tubulações:
V2 Lequiv V2
hL = K L =𝑓 (57)
2g D 2g
34
O uso das equações (57) dispensa a consulta de dados de valores dos coeficientes de
perda KL em tabelas, desde que se conheça o comprimento equivalente.
Outra forma (mais comum) de fazer os cálculos é usar valores coeficiente de perda
(𝐾𝐿 ) tabelados. Para isso, devemos conhecer todos os valores de 𝐾𝐿 de um sistema. Na
sequência, podemos calcular a perda total de carga, conforme equação abaixo:
𝐿𝑖 𝑉𝑖2 𝑉𝑗2
ℎ𝐿,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝒉𝑳,𝒎𝒂𝒊𝒐𝒓 + 𝒉𝑳,𝒎𝒆𝒏𝒐𝒓 = ∑𝑖 𝑓𝑖 + ∑𝑗 𝐾𝐿,𝑗 (58)
𝐷𝑖 2𝑔 2𝑔
Onde:
i – representa cada seção de tubo com diâmetro constante
j – representa cada componente que causa uma perda menor
A equação anterior (58) é válida para o caso mais abrangente no qual a tubulação tem
diferentes seções com diâmetros distintos. Em alguns casos, a tubulação analisada
apresenta diâmetro constante. Nesses casos, a equação 58 se reduz a:
𝐿 𝑉2
ℎ𝐿,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (𝑓 + ∑ 𝐾𝐿 ) (59)
𝐷 2𝑔
35