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Cálculo de Múltiplas Variáveis

Jonas Ricardo

Movimento no Espaço : Velocidade e Aceleração Vetorial.

A definição de uma derivada de uma função vetorial se assemelha muito com a definição de uma
derivada de uma função real, sendo que a derivada de uma função vetorial está diretamente ligada
ao movimento de uma partícula no plano num instante t.

Vamos supor que uma partícula tenha o seu movimento no espaço de forma que seu vetor posição
no instante t é r(t). A figura abaixo expressa melhor essa definição.

Figura 1: Fonte: Stewart (2013)

𝑟(𝑡+ℎ)−𝑟(𝑡)
A figura acima destaca que, para pequenos valores de h, o vetor se aproxima da

direção da partícula que se move ao longo da curva r(t).
Se nos lembramos da definição da derivada de uma função real vemos a semelhança entre as duas
definições e assim como na função de variável real a derivada de uma função vetorial também
tem a sua interpretação física.

O Vetor Velocidade.

𝑟(𝑡+ℎ)−𝑟(𝑡)
Tomando como base o figura 1, temos que o vetor representado por ℎ
O serve para fornecer
o vetor que nos dá a velocidade média em um intervalo de tempo de comprimento h, o que nos
diz que o seu limite é o vetor velocidade v(t) no instante t:
Em outras palavras temos que:
𝑟(𝑡 + ℎ) − 𝑟(𝑡)
𝑣(𝑡) = lim = 𝑟′(𝑡)
ℎ⟶𝑜 ℎ

Ao nos lembrarmos da definição de derivada de uma função real, podemos fazer a seguinte
associação :
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O vetor que representa a velocidade é um vetor tangente cuja direção e a


mesma da reta tangente a curva

Vejamos agora alguns exemplos de aplicação do conceito de derivada aplicado ao caso da


velocidade:

Exemplo 1:
O vetor posição de um objeto, em um instante t , em movimento em um plano é dado por 𝑟 (𝑡) =
𝑡 3 𝑖 + 4𝑡𝑗 + 2𝑡𝑘. Determine a sua velocidade quando t = 2.

Resolução:

Quando usávamos o conceito de derivada aplicado a cinemática, tínhamos que a função da


velocidade instantânea poderia ser obtida por meio da primeira derivada da função posição. Esse
mesmo conceito será utilizado nesse caso para podemos solucionarmos essa questão sendo assim
temos:

𝑣(𝑡) = 𝑟′ (𝑡)
𝑣 (𝑡) = 3𝑡 2 + 4𝑗 + 2𝑡𝑘
𝑣 (2) = 3 ∙ 2𝑖 + 4𝑗 + 2𝑘
𝑣 (2) = 6𝑖 + 4𝑗 + 2𝑘

O exemplo visto é para cálculos de velocidades instantâneas, ao abordarmos o conceito de


velocidade escalar devemos pensar como sendo o modulo de vetor v ou seja:

𝑑𝑠
|𝑣(𝑡)| = |𝑟′(𝑡)| =
𝑑𝑡
Vejamos agora alguns exemplos de aplicação desse conceito.

Exemplo 2. O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por


𝑟 (𝑡) = 2𝑡 4 𝑖 + 3𝑡𝑗 + 𝑡𝑘. Determine a sua velocidade escalar quando t = 2.

Resolução.

Para podemos resolver essa questão inicialmente devemos derivar a função r(t), sendo assim temos:
𝑟 (𝑡) = 2𝑡 4 𝑖 + 3𝑡𝑗 + 𝑡𝑘
𝑟 ′ (𝑡) = 8𝑡 3 𝑖 + 3𝑗 + 𝑘

O módulo de 𝑟 ′ (𝑡) = √𝑥(𝑡)2 + 𝑦(𝑡)2 + 𝑧(𝑡)2 , daí temos:

|𝑣(𝑡)| = |𝑟 ′ (𝑡)| = √(8𝑡 3 )2 + 32 + 12

|𝑣(𝑡)| = |𝑟′(𝑡)| = √64 ∙ 𝑡 6 + 9 + 1


|𝑣(2)| = |𝑟′(2)| = √64 ∙ 26 + 9 + 1
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|𝑣(2)| = |𝑟′(2)| = √4106

O vetor Aceleração.

Não é só a velocidade instantânea e a velocidade escalar que podemos calcular a partir da


função da posição podemos calcular também a aceleração que é um movimento unidimensional.
Assim como na função de valor real, aplicada a cinemática, a aceleração vetorial pode ser
calculada pela derivada da função velocidade ou simplesmente a segunda derivada da função
que dá o movimento do plano.

𝑎(𝑡) = 𝑣′(𝑡) = 𝑟′′ (𝑡)

Vejamos alguns exemplos de aplicação.

Exemplo 3: O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por


𝑟 (𝑡) = 𝑡 3 𝑖 + 3𝑡 2 𝑗. Determine a sua aceleração num instante t.

Resolução: Como a aceleração é a segunda derivada da função posição ou simplesmente a


derivada da função velocidade temos:
𝑣(𝑡) = 𝑟′ (𝑡)

𝑣 (𝑡) = 3𝑡 2 𝑖 + 6𝑡𝑗.

Derivando novamente a função temos:


𝑎(𝑡) = 𝑣′(𝑡)
𝑎 (𝑡) = 6𝑡𝑖 + 6𝑗.

Exemplo 4: Uma partícula movendo-se começa numa posição inicial igual a 𝑟 (0) = (1,0,0), com uma
velocidade inicial 𝑣(0) = 𝑖 − 𝑗 + 𝑘, sua aceleração é 𝑎(𝑡) = 6𝑡𝑖 + 4𝑡𝑗 + 𝑘, determine a sua velocidade
e a sua posição no instante t.

Resolução:

Lembrando que 𝑎 (𝑡) = 𝑣′(𝑡), consequentemente 𝑣 (𝑡) = ∫ 𝑎(𝑡)𝑑𝑡, assim como se 𝑣 (𝑡) = 𝑟′(𝑡),então
𝑟 (𝑡) = ∫ 𝑣(𝑡)𝑑𝑡 , iremos usar esses dois conceitos para a resolução desse problema, porém só
podemos calcular a posição depois que tivermos a velocidade por isso se faz necessário que a
velocidade seja calculada primeira, por meio da integral da aceleração, como definimos acima,
sendo assim temos:
𝑣 (𝑡) = ∫ 𝑎(𝑡)𝑑𝑡
Sendo 𝑎(𝑡) = 4𝑡𝑖 + 6𝑡𝑗 + 𝑘 temos:
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𝑣 (𝑡) = ∫(6𝑡𝑖 + 4𝑡𝑗 + 𝑘)𝑑𝑡


Integrando a função temos:
6𝑡 2 4𝑡 2
𝑣 (𝑡) = 𝑖+ 𝑗 + 𝑡𝑘 + 𝐶
2 2

Fazendo as simplificações possíveis temos:


𝑣 (𝑡) = 3𝑡 2 𝑖 + 2𝑡 2 𝑗 + 𝑡𝑘 + 𝐶

Agora para descobrirmos o valor da constante C, iremos fazer uso da informação que nos foi
fornecida no enunciado, no qual nos diz que 𝑣(0) = 𝑖 − 𝑗 + 𝑘, isso significa dizer que quanto t = 0 temos
que 𝑣(0) = 𝐶, ou seja 𝐶 = 𝑖 − 𝑗 + 𝑘, como temos a função da velocidade que foi encontrada ao
integrarmos a função 𝑎(𝑡), fazendo as devidas substituições fica da seguinte maneira:

𝑣 (𝑡) = 2𝑡 2 𝑖 + 3𝑡 2 𝑗 + 𝑡𝑘 + 𝐶
𝑣 (𝑡) = 3𝑡 2 𝑖 + 2𝑡 2 𝑗 + 𝑡𝑘 + 𝑖⏟− 𝑗 + 𝑘
𝐶
Efetuando a soma temos dos termos, componente por componente temos:

𝑣 (𝑡) = (3𝑡 2 + 1)𝑖 + (2𝑡 2 − 1)𝑗 + (𝑡 + 1)𝑘

Agora que temos a velocidade no instante t podemos calcular a posição em t = 0, fazendo da


mesma forma como foi calculada o valor da função velocidade:

𝑟 (𝑡) = ∫ 𝑣(𝑡)𝑑𝑡

𝑟 (𝑡) = ∫((3𝑡 2 + 1)𝑖 + (2𝑡 2 − 1)𝑗 + (𝑡 + 1)𝑘) 𝑑𝑡

3𝑡 3 2𝑡 3 𝑡2
𝑟 (𝑡) = ( + 𝑡) 𝑖 + ( − 𝑡) 𝑗 + ( + 𝑡) 𝑘 + 𝐶
3 3 2

Transformando as frações temos:

3𝑡 + 3𝑡 3 −3𝑡 + 2𝑡 3 2𝑡 + 𝑡 2
𝑟 (𝑡) = ( )𝑖 + ( )𝑗 + ( )𝑘 + 𝐶
3 3 2

Para que não tenhamos a constante C, devemos fazer o mesmo processo no qual fizemos quando
tínhamos que calcular a velocidade em V(t), quando fizemos uso dos valores fornecidos no
enunciado, sendo assim temos: 𝑟 (0) = 𝐶, ou seja 𝐶 = 𝑖 , fazendo as devidas substituições na função
encontrada ao integramos a função v(t) temos:

3𝑡 + 3𝑡 3 −3𝑡 + 2𝑡 3 2𝑡 + 𝑡 2
𝑟 (𝑡) = ( )𝑖 + ( )𝑗 + ( )𝑘 + 𝐶
3 3 2
3𝑡 + 3𝑡 3 −3𝑡 + 2𝑡 3 2𝑡 + 𝑡 2
𝑟 (𝑡) = ( )𝑖 + ( )𝑗 + ( ) 𝑘 + ⏟𝑖
3 3 2 𝐶
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Efetuando a soma temos dos termos, componente por componente temos:

3𝑡 + 3𝑡 3 −3𝑡 + 2𝑡 3 2𝑡 + 𝑡 2
𝑟 (𝑡) = ( + 1) 𝑖 + ( )𝑗 + ( )𝑘
3 3 2

3 + 3𝑡 + 3𝑡 3 −3𝑡 + 2𝑡 3 2𝑡 + 𝑡 2
𝑟 (𝑡) = ( )𝑖 + ( )𝑗 + ( )𝑘
3 3 2

EXERCÍCIOS.

1- Determine o vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado


por 𝑟 (𝑡) = 2𝑡 4 𝑖 + 3𝑡𝑗 + 𝑡 2 𝑘. Determine a sua velocidade quando t = 3.

2- O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por 𝑟 (𝑡) =


𝑡 4 𝑖 + 2𝑡 3 𝑗 − 𝑡 2 𝑘. Determine a sua aceleração num instante t = 1

3- O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por 𝑟 (𝑡) =


𝑡 3 𝑖 − 2𝑡 3 𝑗 − 4𝑡 2 𝑘. Determine :
a) a sua velocidade num instante t = 1
b) a sua velocidade escalar num instante t = 1
c) a sua aceleração quando t = 2

4- O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por 𝑟 (𝑡) =


𝑡 4 𝑖 + 3𝑡𝑗 + √𝑡𝑘. Determine a sua velocidade no instante t = 2.

5- O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por 𝑟 (𝑡) =


𝑡 3 𝑖 + 2𝑡𝑗 + ln(𝑡)𝑘. Determine a sua velocidade no instante t = 4 é :

6- O vetor posição de um objeto, em um instante t, em movimento em um plano é dado por 𝑟 (𝑡) =


−𝑡 3 𝑖 − 2𝑡 3 𝑗 + 𝑡 2 𝑘. Determine a sua velocidade no instante t = 2 é :

7- Uma partícula movendo-se começa numa posição inicial igual a 𝑟 (0) = 𝑖 + 𝑗 + 𝑘, com uma
velocidade inicial 𝑣(0) = 𝑖 − 𝑗 + 𝑘, sua aceleração é 𝑎(𝑡) = 2𝑡𝑖 − 𝑗 − 𝑘, determine a sua velocidade
no instante t = 3

REFERÊNCIAS
BROCHI, A. Cálculo Diferencial e Integral II (livro proprietário). Rio de Janeiro: SESES, 2015.
FLEMMING, D. M., GONÇALVES, M. B. Cálculo B. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007
STEWART, James.. Cálculo Volume 2; Tradução EZ2 Translater- São Paulo: Cegage Learning- 20

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