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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas

Discentes:
Ademilson Oliveira dos Santos Júnior
Antônia Grazielly Fontes Oliveira
Bruno Henrique Alves de Oliveira
Flávio Zacarias Botelho da Silveira
Luiz Henrique Ribeiro Dalvas

PRÁTICA 2: DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE REYNOLDS EM


TUBO DE SEÇÃO CIRCULAR

Docente: Dr. Gustavo Araújo Teixeira


Disciplina: Laboratório Fundamentos de Fenômenos de Transportes

Uberaba - MG
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
2 OBJETIVO 6
3 MATERIAIS E METODOLOGIA 6
3.1 MATERIAIS 6
3.2 METODOLOGIA 6
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 7
5 CONCLUSÃO 10
6 REFERÊNCIAS 12
3

1 INTRODUÇÃO
Sempre que há o escoamento de um fluido, surge uma tensão de cisalhamento. Em
função desse fato, Newton determinou uma relação para todos os fluidos que se comportam
de forma linear num gráfico de uma tensão de cisalhamento x taxa de deformação (os ditos
fluidos newtonianos).
τ = µ. γ (1)
Surge, então, o termo de viscosidade µ. Numa tentativa de relacionar o
comportamento viscoso de todos esses fluidos newtonianos, Reynolds realizou seu
experimento.
Figura 1 - Esquema do experimento de Reynolds

Fonte: Ignácio (S.I)


Para tal feito, Reynolds constatou que o fenômeno ensaiado dependia da velocidade
média do fluido, da massa específica, da viscosidade e do diâmetro da tubulação.
Recorrendo-se ao Teorema dos Pi’s, primeiramente, devemos determinar a
quantidade de variáveis (n) que existem envolvidas para determinar o fenômeno (ρ, v, D, µ =
4), e determinamos a equação dimensional de cada uma delas.
−3
I. [ρ] = 𝑀 × 𝐿
−1
II. [𝑣] = 𝐿 × 𝑇
III. [𝐷] = 𝐿
−1 −1
IV. [µ] = 𝑀 × 𝐿 × 𝑇
Portanto, teremos três grandezas fundamentais (k) envolvidas (M, L, T). Então,
teremos m = n - k = 1 como número de variáveis adimensionais (m) definindo o fenômeno.
Por fim, para podermos dar início à aplicação do Teorema dos Pi’s, devemos
escolher a base dos números adimensionais (k variáveis que apresentam a equação
4

dimensional diferente entre si pelo menos uma grandeza fundamental). Nesse caso, será
adotada a base ρvD.
Aplicando o teorema, teremos:
α2 α2 α2
π = ρ 𝑥𝑣 𝑥𝐷 𝑥µ (2)
Substituindo cada adimensional por sua respectiva dimensional, teremos:
0 0 0 −3 α1 −1 α2 α3 −1 −1
𝑀 𝑥𝐿 𝑥𝑇 = (𝑀𝑥𝐿 ) 𝑥 (𝐿𝑥𝑇 ) 𝑥(𝐿) 𝑥𝑀𝑥𝐿 𝑥𝑇 (3)
0 0 0 α1+1 −3α1+α2+α3−1 −α2−1
𝑀 𝑥𝐿 𝑥𝑇 = 𝑀 𝑥𝐿 𝑥𝑇 (4)
Agora, teremos um sistema, igualando os expoentes de cada lado da igualdade:
| ∝1+1=0 (∝1=)1 |
| -∝2-1=0 = (∝2=)1 | (5)
|-3x(-1)+(-1)+∝3-1=0 (∝3=)1 |

Substituindo os resultados de (5) em (2), teremos:


−1 −1 −1
π = ρ 𝑥𝑣 𝑥𝐷 𝑥µ (6)
µ
π= ρ𝑥𝑣𝑥𝐷
(7)

Portanto, teremos Reynolds:


1 𝑝𝑥𝑣𝑥𝐷
π
= 𝑅𝑒𝑦 = µ
(8)

Onde:
| 𝑘𝑔 |
ρ = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜| 3 |;
|𝑚 |
𝑚
𝑣 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ⎡ ⎤;
⎣ 𝑠 ⎦
𝐷 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 [𝑚];
µ = 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 [𝑃𝑎. 𝑠];

Isso permitiu a classificação dos regimes de escoamento. Em tubulações cilíndricas


(ou tubos de seção circulares) com escoamento forçado, o regime laminar caracteriza-se para
número de Reynolds menor que 2100. Já o escoamento turbulento é atingido para o número
de Reynolds maior do que 10000. Na faixa intermediária, o escoamento é dito de transição.
5

Figura 2 - Esquema dos regimes de escoamento

Fonte: Hernandez Neto (S.I)

Para determinar a vazão mássica, faz-se a medição do tempo que demora para a
amostra atinja uma determinada massa. Assim, é possível determinar vazão mássica e a
velocidade média (a qual será necessária para o cálculo de Reynolds) da seguinte forma:
𝑚
𝑄𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 = 𝑡
(9)

Onde:
𝑚 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 [𝐾𝑔];
𝑡 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 [𝑠];
Portanto, teremos para a velocidade:
𝑄𝑚
𝑄𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = 𝑄 = ρ
(10)
2
𝐴*𝐿 𝑣*π*𝐷
𝑄= 𝑡
= 𝑣 *𝐴 = 4
(11)

Isolando a velocidade, temos:


4*𝑄
𝑣= 2 (12)
π*𝐷

Onde:
3
𝑚
𝑄 = 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ⎡⎢ 𝑠 ⎤⎥ ;
⎣ ⎦
𝐷 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 [𝑚];
Por fim, para o cálculo do erro propagado de qualquer variável, seguimos a equação
seguinte:
∆𝑥1 ∆𝑥2 ∆𝑥3 ∆𝑥𝑛−1 ∆𝑥𝑛
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑎𝑔𝑎𝑑𝑜 = || 𝑥1 || + || 𝑥2 || + || 𝑥3 || +... + || 𝑥𝑛−1 |||| 𝑥𝑛 || (13)

Onde divide-se o erro instrumental pela média calculada de cada variável presente
nos cálculos de cada grandeza.
6

2 OBJETIVO
O objetivo deste experimento é identificar visualmente o regime de escoamento no
tubo de seção circular, e calcular o número de Reynolds para as diferentes condições
empregadas no regime de escoamento.

3 MATERIAIS E METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS

Neste experimento foi utilizado a seguinte aparelhagem:


● Recipiente de 50 L;
● Seringa;
● Azul de metileno;
● Cronômetro;
● Termômetro;
● Módulo experimental para a determinação do número de reynolds;
● Reservatório de coleta de água de 10 L;
● Tubulação de silicone transparente (diâmetro de 28mm) para escoamento da
água;
● Registro controlador de vazão.

3.2 METODOLOGIA

No laboratório toda a parte experimental já estava pronta para que pudéssemos


analisar. Primeiramente abriu-se a válvula com a vazão de água bem baixa e, com o auxílio
de uma seringa, injetou-se o corante. Assim, pela tubulação transparente, foi possível
observar as lâminas escoando.
O cronômetro foi acionado no instante em que a coleta da amostra foi feita.
Portanto, obteve-se determinada massa por determinado tempo. Dessa maneira, o
experimento se repetiu 2 vezes para cada abertura da válvula. Também repetiu-se o
7

experimento para o aumento gradual do fluxo de água, totalizando 3 aberturas de válvula


(10%, 30% e 100%).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após todas as informações coletadas, foram obtidos os dados expressos na Tabela 1


a seguir.

Tabela 1 - Registro de dados experimentais para prática de determinação do número


de Reynolds.
Dados
Temperatura da água [°C]: 22

Massa específica água [kg/m³]: 997,8

Viscosidade da água [Pa.s]: 1,002x10-³


Re
Vazão Vazão Velocidade
Regime Massa calcul Regime
Registro Tempo [s] mássica volumétrica média
visualizado água [kg] ado calculado
[kg/s] [m³/s] [m/s]
[-]
20,04/
10% aberto Laminar 0,08/0,06 2,99x10^-3 2,997x10^-3 4,86x10^-3 135,5 Laminar
20,06
10,22/ 2,044x10^-
30% aberto Laminar 0,2/0,21 3,32x10^-2 3,32x10^-2 925,7 Laminar
10,09 2
100%
Turbulento 0,53/0,55 5,28/ 5,17 1,00x10^-1 1,62x10^-1 1,62x10^-1 4517 Turbulento
aberto
Fonte: Dos autores, 2022.

Em primeiro lugar, para os cálculos será necessário determinar: o volume de água utilizada,
massa específica da água, temperatura da água e sua viscosidade. Sendo assim, os respectivos
valores são: temperatura da água é 22ºC, viscosidade da água é 1,002x10-³Pa.s e massa
específica é de 997,8 kg/m³. Dados retirados da literatura fornecida.
𝑚 (á𝑔𝑢𝑎)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝑚 (𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎)

Em segundo lugar, é possível determinar a vazão volumétrica a partir do dado anterior, ou


seja, a divisão do volume de água utilizado sobre o tempo de experimento nos fornece a
vazão volumétrica em m³/s
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
Vazão volumétrica = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜
8

Em terceiro lugar, faz-se necessário calcular a velocidade dessa vazão, uma vez que para isso
será necessário calcular a área do recipiente pelo qual a água é transferida.
𝑑²
A = pi* 4

Com isso, obtemos a velocidade pela seguinte equação;


𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎
velocidade = Á𝑟𝑒𝑎

Dessa maneira, a massa específica deve ser calculada seguindo a orientação da fórmula
abaixo:
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎
p= 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒

Por fim, para determinar o número de Reynolds, faz-se necessário seguir a equação abaixo:
𝑝.𝑣.𝑑
Re= 𝑚𝑖

Cálculos considerando o Registro de 10%


𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 0,06/997,8 = 6,016x10^-4 m²,
𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = 6,013x10^−5/20,06 = 2,997x10^-6 m³/s
𝐴 = 𝜋(28x10−3)/4 = 6,16x10^-4m²
𝑣 =2,997x10^−6/6,16x10^−4 = 4,86x10^-3 m/s
Dessa forma:
𝑅𝑒 = 997,8 x4,86x10^−3x28x10^−3 / 1,002x10^−3 = 135,5
Por fim, conclui-se que o escoamento de 10% se enquadra no regime Laminar, observe a
figura abaixo com a foto do experimento.
Figura 1 - Imagem do experimento com vazão de 10%

Fonte: Dos autores, 2022.


9

Cálculos considerando o registro de 30%


𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 0,2075/997,8 = 2,079x1^-4 m³
𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = 2,079x10^−4/10,15 = 2,048x10^-5 m³/s
𝑣 =2,048x10^−5/6,16x10^−4 = 3,32x10^-2 m/s
Dessa forma:
𝑅𝑒 = 997,8 x3,32x10^−2x28.x10^−3 / 1,002x10^−3 = 925,7
Diante dessas informações obtidas, temos que o regime observado e o calculado são iguais ao
primeiro. Laminar.
Figura 2 - Imagem do experimento com vazão de 30%

Fonte: Dos autores, 2022.

Cálculos considerando o registro totalmente aberto


𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 0,525/997,8 = 5,261x10^-4 m³
𝑉𝑎𝑧ã𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = 5,261x10^−4/5,24 = 1,004x10^-4 m³/s
𝑣 =1,004x10^−4/6,16x10^−4 = 1,62x10^-1 m/s
Dessa forma:
𝑅𝑒 = 997,8 x1,62x10^−1x28.x10^−3 / 1,002x10^−3 = 4517
Por fim, obtivemos mais um resultado calculado igual ao resultado visualizado, sendo nesse
caso o regime turbulento.
10

Figura 3 - Imagem do experimento com vazão total.

Fonte: Dos autores, 2022.

A principal diferença entre os regimes de escoamento que foi visualizados é o


comportamento do fluido de acordo com a vazão. Ou seja, em um regime laminar, o fluido se
desloca em camadas ou lâminas e sofre grande influência das forças viçosas, e em um regime
turbulento é caracterizado por grande agitação do fluido, o qual se desloca de forma
descontinuamente, e sofrendo pouca influência das forças viçosas em relação às forças
inerciais.

O regime de fluxo laminar é bastante usado em cabinas de fluxo laminar em


laboratórios para várias finalidades como análise de clínica geral, patologia, inseminação de
amostras, manipulação de medicamentos entre outros empregos. Desse modo, o regime de
fluxo turbulento é típico das obras civis, como vertedores de barragens, tubulações
industriais, máquinas hidráulicas entre outros.

5 CONCLUSÃO

Por meio do presente experimento, é possível concluir que somente é pode-se dizer
com certeza se o regime é laminar, intermediário ou turbulento, através dos cálculos do
11

Número de Reynolds, mas a visualização ajuda a encontrar a faixa desejada. Sendo o regime
transiente o mais difícil de identificar visualmente, pois compreende uma faixa muito
pequena que vai de 2100 < Re < 2500.

Além de que é possível perceber que quando se aumenta a vazão mássica do fluido, há
uma interferência no seu regime, causada por esse aumento, que faz com que mude-se a
estrutura que é apresentada. Sendo assim, conclui-se que a partir desse experimento, é
possível compreender a influência das forças viçosas em cada regime e analisar o uso
industrial de cada regime.
12

6 REFERÊNCIAS

BIRD, R. B.; STEWART, W.E; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de transportes. Rio de


Janeiro: LTC,2012. 838 p. WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Editora
McGraw Hill, 2011. 880 p.

HERNANDEZ NETO, Alberto. Escoamento Viscoso em Condutos: características gerais,


escoamento laminar e noções de camada limite. São Paulo: Usp, [S.I]. 35 slides, color.
Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5718813/mod_resource/content/1/Aula%20L3%20E
scoamento%20viscoso%20em%20condutos%20-%20PME%203230.pdf. Acesso em: 10 dez.
2022

IGNÁCIO, Raimundo Ferreira. Experiência de Reynolds. [S.I], S.I. 19 slides, color.


Disponível em:
http://www.escoladavida.eng.br/mecflubasica/aulasfei/22013/experiencia_de_Reynolds_2201
3.pdf. Acesso em: 10 dez. de 2022
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