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Universidade Zambeze Disciplina: Física I

Lição n0 9: Elasticidade e
Faculdade de Ciências e Tecnologia Movimento Oscilatório

Cursos: Engenharias, Eléctrica e Civil Data: 25/04/2023 - I Semestre


Aula Teórica
Docente: Msc. Enfraime Jaime Valoi (valoi.enfraime@uzambeze.ac.mz)
Subtemas:
 Introdução ao MHS  Conservação de Energia no MHS
 Cinemática do MHS  Discussão de curvas de energia
 Velocidade,
Mecânica Aceleração
como ciênciae Força no MHS  Pêndulo Simples
 Energia no MHS  Método de Energia
 Energia Cinética e Potencial  Ressonância de Amplitude e de Energia

VIII. Introdução

Dos movimentos encontrados na natureza, um dos mais importantes é o movimento


oscilatório, ou simplesmente vibracional. Entende-se por vibração todo movimento periódico de
um corpo ou sistema de corpos interligados, em torno de uma posição de equilíbrio. As vibrações
podem ser livres ou forçadas, e ambos podem ser amortecidas e não amortecidas.
Dentre todos os movimentos oscilatórios, o mais importante é o movimento harmónico
simples (MHS), porque constitui uma descrição mais precisa de muitas oscilações encontradas na
natureza e o mais simples de se escrever matematicamente, dai que, neste tema a nossa atenção
estará virada ao estudo deste tipo de movimento.

VIII.1 Cinemática do Movimento Harmónico Simples

Diz-se que uma partícula está em movimento harmónico simples ao longo do eixo X
quando seu deslocamento x, em relação a origem do sistema de coordenadas, é dada como função
de tempo pela expressão,
𝑥(𝑡) = 𝐴𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑) (8.1)
Onde, (𝜔𝑡 + 𝜑) −é denominada fase e 𝜑 −é a fase inicial (fase quando t=0 s).

Para além da definição senoidal apresentada pela relação (8.1), poderíamos ter definido o
deslocamento por uma função cossenoidal, e para tal tomamos em consideração a fase inicial igual
𝜋
a 2.
𝜋
𝑥(𝑡) = 𝐴𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 − ) (8.2)
2
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Como é de conhecimento, as funções seno e cossenos variam de -1 a 1, respectivamente, dai que,
os deslocamentos possíveis estarão dentro do domínio – 𝐴 𝑒 𝐴.

Pela definição, o movimento harmónico simples é periódico, pelo que, o período e a frequência
são definidos pelas fórmulas,
2𝜋 𝜔
𝑃= (𝑎) 𝑒 𝑓 = (𝑏) (8.3)
𝜔 2𝜋

VIII.2 Velocidade e Aceleração

Para a velocidade da partícula, recorremos a definição, i.e,


𝑑𝑥 𝑑
𝑣= = [𝐴𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑)] = 𝐴𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑) (8.4)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑣 = 𝑣𝑚𝑎𝑥 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑) (𝑎) 𝑣𝑚𝑎𝑥 = 𝐴𝜔 (𝑏) (8.5)

E para a aceleração resulta,

𝑑𝑣 𝑑
𝑎= = [𝐴𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑)] = −𝐴𝜔2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑) (8.6)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑎 = 𝑎𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑) (𝑎) 𝑎𝑚𝑎𝑥 = −𝐴𝜔2 (𝑏) (8.7)

Comparando as relações (8.1) e (8.5), concluímos que no movimento harmónico simples a


aceleração é proporcional e de sentido oposto ao deslocamento, i.e,

𝑎 = −𝜔2 𝑥 (8.8)

VIII.3 Força no Movimento Harmónico Simples

Vamos considerar um bloco amarado a uma mola e distendido (ver a figura 8.1),
𝑑2 𝑥
𝐹𝑟𝑒𝑠 = 𝑚𝑎 𝐹𝑒𝑙 = −𝑘𝑥 (8.7), 𝑎= (8.9)
𝑑𝑡 2
𝐹𝑒𝑙 𝑑2 𝑥
𝑚𝑥̈ = −𝑘𝑥 ↔ 𝑚 + 𝑘𝑥 = 0 (8.10)
𝑑𝑡 2
𝑥 𝑘 𝑘
𝜔2 = 𝑜𝑢 𝜔 = √ (8.10) 𝐹 = −𝑚𝜔2 𝑥 (8.11)
Figura 8.1 Mola Distendida 𝑚 𝑚

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Segundo a relação (8.11), assim como a aceleração, a força é proporcional e de sentido contrário
ao deslocamento, ela, independentemente das circunstâncias sempre aponta na origem (no
equilíbrio).
Substituindo (8.10) em (8.3), novas fórmulas para o período e a frequência podem ser escritas,

𝑚 1 𝑘
𝑃 = 2𝜋√ (𝑎) 𝑒 𝑓 = √ (𝑏) (8.12)
𝑘 2𝜋 𝑚

VIII.4 Energia no Movimento Harmónico Simples


VIII.4.1 Energia Cinética

1 2
1 2
𝑚𝐴2 𝜔2
𝐸𝐶 = 𝑚𝑣 = 𝑚[𝐴𝜔𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜑)] = 𝑐𝑜𝑠 2 (𝜔𝑡 + 𝜑) (8.13)
2 2 2
Se levarmos em consideração a equação fundamental da trigonometria temos que, 1 − 𝑠𝑒𝑛2 𝛽 =
𝑐𝑜𝑠 2 𝛽, logo,

𝑚𝐴2 𝜔2 2 (𝜔𝑡
𝑚𝜔2 2
𝐸𝐶 = [1 − 𝑠𝑒𝑛 + 𝜑)] = [𝐴 − 𝐴2 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡 + 𝜑)]
2 2
𝑚𝜔2 2
𝐸𝐶 = [𝐴 − 𝑥 2 ] (8.14)
2
Mais uma conclusão pode ser tirada da relação (8.14), a saber, a energia cinética é máxima no
centro (𝑥 = 𝑜) e nula nas extremidades ±𝐴.

VIII.4.2 Energia Potencial

𝑑𝐸𝑃
Partindo do gradiente da energia potencial temos, 𝐹 = − , e combinando esta com (8.6),
𝑑𝑥

resulta,
𝑑𝐸𝑃 = 𝑘𝑥𝑑𝑥 (8.15)
1
Integrando a relação anterior, temos, ∫ 𝑑𝐸𝑃 = 𝑘 ∫ 𝑥𝑑𝑥 → 𝐸𝑃 = 2 𝑘𝑥 2

1
𝐸𝑃 = 𝑚𝜔2 𝑥 2 (8.16)
2

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Veja que a energia potencial é nula no centro (𝑥 = 0) e aumenta à medida que a partícula se
aproxima dos extremos da oscilação (±𝐴).

VIII.4.3 Conservação de Energia de um Movimento Harmónico Simples

Segundo a definição, a energia mecânica (total) é a soma das energias cinética e potencial,
respectivamente, e das definições anteriores temos,
𝑚𝜔2 2 1
𝐸𝑀 = [𝐴 − 𝑥 2 ] + 𝑚𝜔2 𝑥 2 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.
2 2

𝑚𝜔2 𝐴2 𝑘𝐴2
𝐸𝑀 = = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ↔ 𝐸𝑀 = = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (8.17)
2 2

VIII.4.4 Discussão de Curva de Energia de um MHS

𝐸𝑃 (𝑥) A parábola e a linha horizontal da figura ao lado


1 representam as energias, potencial e mecânica,
𝐸𝑃 = 𝑘𝑥 2
2
𝐸𝑀 respectivamente. Veja que os limites de oscilação são
determinados pelas intersecções da horizontal com a
curva de 𝐸𝑃 , como foi analisado num dos capítulos
anteriores. É importante também salientar que devido a
𝑋
−𝐴 0 𝐴 simetria da parábola, as intersecções encontram-se a
Figura 8.2 Curvas de Energias Potencial e Mecânica mesma distância (±𝐴) da origem. Rever discussão de
curvas de anergia no tema anterior “Trabalho e Energia”

VIII.5 Pêndulo Simples

A figura ao lado representa um pêndulo simples, onde


actuam as forças como o peso do corpo e a tensão no fio. 𝜃 𝑙
𝜃0 𝑇
Segundo a figura a componente tangencial da força será, 𝐵′ 𝐵

𝐹𝑇 = −𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 (8.18) 𝐴′ 𝐹𝑇 𝐴
𝜃 𝐹
𝑁
Para além da relação anterior, sabe-se que, 𝐹𝑇 = 𝑚𝑎 𝑇 = Amplitude 𝐹𝑔
𝑑𝑣 𝑑𝜃
𝑚 𝑑𝑡 , onde, 𝑣 = 𝑅𝜔 = 𝑙𝜔 𝑒 𝜔 = , logo, Figura 8.3 MHS de um Pêndulo Simples
𝑑𝑡

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𝑑2 𝜃
𝐹𝑇 = 𝑚𝑙 2 (8.19)
𝑑𝑡

Combinando (8.19) com (8.18), para equação de movimento tangencial temos,


𝑑2 𝜃 𝑑2𝜃 𝑔
𝑚𝑙 = −𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑜𝑢 + 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 0 (8.20)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2 𝑙
Vamos assumir que o ângulo 𝜃 é muito pequeno (menores amplitudes de oscilação) de modo que
seja válida a condição 𝑠𝑒𝑛𝜃 ≈ 𝜃,
𝑑2𝜃 𝑔
+ 𝜃=0 (8.21)
𝑑𝑡 2 𝑙
A equação diferencial (8.21) é idêntica a equação (8.9), mas desta vez, substituímos 𝑥 𝑝𝑜𝑟 𝜃, dado
que agora o movimento é angular. Com isto, concluímos que dentro da aproximação feita, o
movimento angular do pêndulo é harmónico simples, com,

𝑔 𝑔 2𝜋 𝑙
𝜔2 = 𝑜𝑢 𝜔 = √ (8.22) 𝑒 𝑃 = = 2𝜋√ (8.23)
𝑙 𝑙 𝜔 𝑔

1 𝑔
𝑓= √ (8.24)
2𝜋 𝑙
De lembrar que para amplitudes maiores, a aproximação feita perde a validade, dai que pode-se
dizer que o período depende da amplitude inicial e não depende da massa do pêndulo (corpo).

VIII.6 Método de Energia

As forças, restauradora gravitacional e elástica da mola são as responsáveis pelo


movimento harmónico simples do corpo, e, sendo elas conservativas podemos recorrer à condição
de conservação de energia para determinar a frequência e o período de vibração.
Levando em consideração o bloco da figura 1, deslocado a uma distância X em relação ao ponto
de relaxamento (de equilíbrio), então, as suas energias cinética e potencial serão,
2
1 2
1 𝑑2𝑥 1 2
𝐸𝐶 = 𝑚𝑣 = 𝑚 ( 2 ) (𝑎) 𝑒 𝐸𝑃 = 𝑘𝑥 (𝑏) (8.25)
2 2 𝑑𝑡 2
2
1 𝑑2𝑥 1
𝐸𝐶 + 𝐸𝑃 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. ↔ 𝑚 ( 2 ) + 𝑘𝑥 2 = 0 (8.26)
2 𝑑𝑡 2

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Agora, derivando (8.24) em função ao tempo reduzimos a relação anterior para a forma,

𝑑2 𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑2𝑥 𝑑2𝑥
𝑚 . + 𝑘𝑥. = 0 → (𝑚 + 𝑘𝑥) = 0 ↔ 𝑚 + 𝑘𝑥 = 0 (8.27)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2

𝑑2 𝑥 𝑘 𝑘
+ 𝑥 = 0 (8.28) 𝜔 = √ (8.29)
𝑑𝑡 2 𝑚 𝑚

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