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Física Estatística

Trabalho 2
José Gonçalves

a) A entropia, S, do sistema relaciona-se com o número de


microestados, Ω, da seguinte forma:
𝑆 = 𝑘𝐵 ln (Ω)

Ω (E, V, N) terá uma dependência em V proporcional ao número de


maneiras que as partículas têm de se dispor no volume V. Tendo em
conta que estas não ocupam espaço, com E e N fixos, este valor
será proporcional a 𝑉 𝑁 (as possibilidades de disposição para cada
partícula individual multiplicadas umas pelas outras) [1].

Ω α 𝑉 𝑁 ; 𝑆 𝛼 𝑘𝐵 𝑁𝑙𝑛(𝑉 )

Tendo também em consideração que:


𝑑𝐸 𝑝 𝜇
𝑑𝐸 = 𝑇𝑑𝑆 − 𝑝𝑑𝑉 + 𝜇𝑑𝑁 ⇔ 𝑑𝑆 = + 𝑑𝑉 − 𝑑𝑁
𝑇 𝑇 𝑇

Vem que:
𝑝 ∂𝑆 𝑝 𝑁𝑘𝐵
=( ) ⇔ = ⇔ 𝑝𝑉 = 𝑁𝑘𝐵 𝑇
𝑇 ∂𝑉 𝑁,𝐸 𝑇 𝑉

b)
i. A energia de uma partícula é dada por:
ℎ𝑐 2 1/2
𝜖= (𝑛𝑥 + 𝑛𝑦2 + 𝑛𝑧2 )
2𝐿
Ou seja, para um sistema com N partículas teremos que a
energia é:
𝑁 𝑁
ℎ𝑐 2 2 2 1/2
𝐸 = ∑ 𝜖𝑖 = ∑(𝑛𝑥,𝑖 + 𝑛𝑦,𝑖 + 𝑛𝑧,𝑖 ) ⇔ (𝑉 = 𝐿3 ⇒
2𝐿
𝑖=1 𝑖=1
𝑁 ⇒ 𝐿 = 𝑉1/3 )
1/3
2 2 2 1/2 2𝐸𝑉
⇔ ∑(𝑛𝑥,𝑖 + 𝑛𝑦,𝑖 + 𝑛𝑧,𝑖 ) =
ℎ𝑐
𝑖=1

1
O número de combinações de nx,i ny,i e nz,i que permitam igualar a
equação anterior dar-nos-á o valor de Ω. Assim sendo, é possível
detetar imediatamente que Ω terá uma dependência em E e V do
tipo 𝑉 1/3 𝐸. Como 𝑆 = 𝑘𝐵 𝑙𝑛 (𝛺), então a entropia dependerá de E
e V de maneira semelhante.

Tendo em conta que se trata de um processo adiabático, S será


constante e, por conseguinte, como S depende de 𝑉 1/3 𝐸, este
produto também o será (parte-se do princípio que N também não
varia):
𝑐𝑡𝑒.
𝑉 1/3 𝐸 = 𝑐𝑡𝑒. ⇔ 𝐸 =
𝑉 1/3
Este último passo será útil para a alínea seguinte.

ii. Da alínea anterior, segue imediatamente que:


∂𝐸 1 𝑐𝑡𝑒. 1𝐸 (Daqui também
−𝑝 = ( ) ⇔ −𝑝 = − ⇔ 𝑝 = segue que
∂𝑉 𝑆,𝑁 3 𝑉 4/3 3𝑉 𝑝𝑉 4/3 = 𝑐𝑡𝑒.)

iii. Para calcular Cp/Cv basta ter em conta que:


∂𝐸
𝐶𝑉 = ( )
∂𝑇 𝑁,𝑉
∂(𝐸 + 𝑝𝑉) ∂𝐸 ∂𝑉
𝐶𝑝 = ( ) = ( ) + 𝑝( ) ∂𝑝
∂𝑇 ∂𝑇 𝑁,𝑝 ∂𝑇 𝑁,𝑝 (( ) = 0)
𝑁,𝑝 ∂𝑇 𝑁,𝑝
Ora, das alíneas anteriores, vem que:
1𝐸
𝑝= ⇔ 𝐸 = 3𝑝𝑉 = 3𝑁𝑘𝐵 𝑇
3𝑉
∂𝐸
𝐶𝑉 = ( ) = 3𝑁𝑘𝐵
∂𝑇 𝑁,𝑉

∂𝐸 ∂𝑉 𝑁𝑘𝐵
𝐶𝑝 = ( ) + 𝑝 ( ) = 3𝑁𝑘𝐵 + 𝑝 = 4𝑁𝑘𝐵
∂𝑇 𝑁,𝑝 ∂𝑇 𝑁,𝑝 𝑝

𝐶𝑝 4𝑁𝑘𝐵 4
= =
𝐶𝑉 3𝑁𝑘𝐵 3

2
Note-se que derivar a V ou p constante, neste caso, é indiferente, pois
pV4/3 é constante, logo, manter uma das variáveis constante implica
fazer o mesmo à outra.
iv. Para resolver este exercício, é primeiro necessário ter em conta que,
como S e N são constantes, o diferencial de E é simplesmente dado
por 𝑑𝐸 = −𝑝𝑑𝑉, de onde vem que:
𝑐𝑡𝑒.
𝑝𝑉 𝛾 = 𝑐𝑡𝑒. ⇔ 𝑝 =
𝑉𝛾
∂𝐸 𝑐𝑡𝑒. ∂𝐸 𝑐𝑡𝑒.
−𝑝 = ( ) ⇔ − 𝛾 = ( ) ⇔ 𝐸 (𝑉 ) = − 𝛾−1 +𝐶 ⇔
∂𝑉 𝑆,𝑁 𝑉 ∂𝑉 𝑆,𝑁 𝑉 (1 − 𝛾 )
𝑝𝑉
⇔ 𝐸 (𝑉 ) = + 𝐶, 𝐶 ∈ ℝ
𝛾−1

Como S e N são constantes, a dependência em S e N que normalmente


surgiria após a remoção da derivada parcial é simplesmente uma
constante real. O seu valor é irrelevante ao cálculo das derivadas nas
expressões de 𝐶𝑉 e 𝐶𝑝 , pelo que será colocada a zero, por simplicidade
(e para se ter E=0 para V=0).
A equação dos gases perfeitos obtida na alínea a) continua a ser válida
nesta alínea, uma vez que as partículas continuam a ser infinitesimais
e a não interatuar entre si. Assim sendo:
𝑁𝑘𝐵 𝑇
𝑉= (Mais uma vez, derivar a
𝑝
pressão ou volume
𝑁𝑘𝐵 𝑇 constantes é equivalente,
𝐸= devido à relação que existe
𝛾−1
entre ambas as variáveis)
∂𝐸 𝑁𝑘𝐵
𝐶𝑉 = ( ) =
∂𝑇 𝑁,𝑉 𝛾 − 1

∂(𝐸 + 𝑝𝑉) ∂𝐸 ∂𝑉 𝑁𝑘𝐵


𝐶𝑝 = ( ) = ( ) + 𝑝( ) = + 𝑁𝑘𝐵
∂𝑇 𝑁,𝑝
∂𝑇 𝑁,𝑝 ∂𝑇 𝑁,𝑝 𝛾 − 1
𝑁𝑘𝐵 1+𝛾−1
𝐶𝑝 𝛾 − 1 + 𝑁𝑘𝐵 𝛾−1
= = =𝛾
𝐶𝑉 𝑁𝑘 𝐵 1
𝛾−1 𝛾−1

Referências
[1] R. Pathria, Statistical Mechanics, 2.ª ed., Butterworth-Heinemann,
p.9, 1996 D.

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