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GABARITO

Q.1. Considere a força


𝐹⃗ = 𝐴(𝑥𝑦𝚤̂ + 𝑦 𝚥̂)
e calcule o trabalho realizado por essa força de (0,0) a (0,1),
primeiro, (a) ao longo do caminho 1 e depois, (b) ao longo do
caminho 2, conforme mostrado na figura ao lado. A força 𝐹⃗ é
conservativa ou não conservativa? (c) Calcule ∇⃗ × 𝐹⃗ . Comente.

Solução: (a) Ao longo do caminho 1: A força no caminho reto de (0,0) a (1,0) é igual a
zero porque nesse caminho 𝑦 = 0. De (1,0) a (1,1), a força é 𝐹⃗ = 𝐴(𝑦𝚤̂ + 𝑦 𝚥̂) porque
𝑥 = 1 e 𝑑𝑟⃗ = 𝑑𝑦𝚥̂. Logo, 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑟⃗ = 𝐴𝑦𝑑𝑦. De (1,1) a (0,1), 𝑦 = 1, 𝐹⃗ = 𝐴(𝑥𝚤̂ + 𝚥̂),
𝑑𝑟⃗ = 𝑑𝑥𝚤̂. Logo, 𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑟⃗ = 𝐴𝑥𝑑𝑥. Assim,
𝑊 = 𝑊( , )→( , ) + 𝑊( , )→( , ) + 𝑊( , )→( , )
𝐴 𝐴 𝐴
= 0 + 𝐴𝑦𝑑𝑦 + 𝐴𝑥𝑑𝑥 = − = −
3 2 6
(b) Ao longo do caminho 2: De (0,0) a (0,1), 𝑥 = 0, 𝐹⃗ = 𝐴𝑦 𝚥̂, 𝑑𝑟⃗ = 𝑑𝑦𝚥̂. Logo,
𝐹⃗ ∙ 𝑑𝑟⃗ = 𝐴𝑦 𝑑𝑦. Assim,
𝐴
𝑊 = 𝑊( , )→( , ) = 𝐴𝑦 𝑑𝑦 =
3
Como 𝑊 ≠ 𝑊 , a força é não conservativa.
(c)
𝚤̂ 𝚥̂ 𝑘
𝜕 𝜕 𝜕 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹
∇⃗ × 𝐹⃗ = = − 𝚤̂ + − 𝚥̂ + − 𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝐹 𝐹 𝐹
Para a força dada, 𝐹 = 𝐴𝑥𝑦, 𝐹 = 𝐴𝑦 e 𝐹 = 0. Então,
𝜕𝐹 𝜕𝐹
∇⃗ × 𝐹⃗ = − 𝑘 = −𝐴𝑥𝑘 ≠ 0
𝜕𝑥 𝜕𝑦
Isto está de acordo com o resultado do item anterior de que a força não é conservativa.
Q.2. Uma conta de massa m, sob a influência da gravidade, desliza sem atrito ao longo
de um fio rígido no plano vertical que tem a forma de uma parábola, 𝑦 = 𝑐𝑥 .
(a) Escreva a Lagrangiana da conta e, a partir da equação de Euler-Lagrange,
(𝑑 ⁄𝑑𝑡)(𝜕𝐿⁄𝜕𝑥̇ ) = 𝜕𝐿⁄𝜕𝑥 , chegue à equação do movimento:
𝑥̈ (1 + 4𝑐 𝑥 ) + 4𝑐 𝑥𝑥̇ + 2𝑔𝑐𝑥 = 0
(b) Mostre que 𝑥 = 0 é a posição de equilíbrio da conta. Justifique.
(c) Qual é a freqüência de oscilação do movimento de pequenas amplitudes em torno da
posição de equilíbrio?

Solução: A Lagrangiana é dada por 𝐿 = 𝑇 − 𝑉. A energia cinética é


1
𝑇 = 𝑚(𝑥̇ + 𝑦̇ )
2
Como 𝑦 = 𝑐𝑥 , então
𝑦̇ = 2𝑐𝑥𝑥̇
e
1
𝑇 = 𝑚𝑥̇ (1 + 4𝑐 𝑥 )
2
A energia potencial é
𝑉 = 𝑚𝑔𝑦 = 𝑚𝑔𝑐𝑥
Portanto, a Lagrangiana da partícula é
1
𝐿 = 𝑇 − 𝑉 = 𝑚𝑥̇ (1 + 4𝑐 𝑥 ) − 𝑚𝑔𝑐𝑥
2
Agora,
𝑑 𝜕𝐿 𝑑
= 𝑚𝑥̇ (1 + 4𝑐 𝑥 ) = 𝑚𝑥̈ (1 + 4𝑐 𝑥 ) + 8𝑚𝑐 𝑥𝑥̇
𝑑𝑡 𝜕𝑥̇ 𝑑𝑡
𝜕𝐿
= 4𝑚𝑐 𝑥̇ 𝑥 − 2𝑚𝑔𝑐𝑥
𝜕𝑥
Então, da equação de Euler-Lagrange, segue a equação do movimento
𝑥̈ (1 + 4𝑐 𝑥 ) + 4𝑐 𝑥𝑥̇ + 2𝑔𝑐𝑥 = 0
(b) Para 𝑥 = 0, a equação do movimento fica
𝑥̈ = 0
Logo, a força sobre a partícula é zero e 𝑥 = 0 é um ponto de equilíbrio.
(c) Perto do ponto de equilíbrio, 𝑥 = 0 + 𝜂, onde 𝜂 ≪ 1. A equação do movimento fica
𝜂̈ (1 + 4𝑐 𝜂 ) + 4𝑐 𝜂𝜂̇ + 2𝑔𝑐𝜂 = 0
Como 𝜂 ≪ 1, podemos desprezar os termos quadráticos e de ordem superior e a
equação acima se reduz a
𝜂̈ + 2𝑔𝑐𝜂 = 0
que é a equação de um movimento harmônico simples de freqüência 𝜔 = 2𝑔𝑐.

Q.3. Uma partícula de massa m move-se ao longo de um eixo horizontal sem atrito. Ela
foi lançada de 𝑥 = 0 para a direita com uma energia cinética inicial 𝑇 , sujeita a uma
força 𝐹(𝑥) = −𝑘𝑥 + 𝑘𝑥 /𝐴 , onde k e A são constantes positivas.
(a) Encontre a função energia potencial 𝑉(𝑥) para esta força.
(b) Encontre a energia cinética 𝑇(𝑥) e a energia mecânica total E da partícula.
(c) Encontre os pontos de equilíbrio da partícula e escreva a condição que a energia
mecânica total deve satisfazer para que o movimento tenha pontos de retorno.

Solução: (a) A força é dada por


𝑑𝑉(𝑥)
𝐹(𝑥) = −
𝑑𝑥
Então,
𝑘
𝑑𝑉(𝑥) = − 𝐹(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝑘 𝑥 𝑑𝑥 − 𝑥 𝑑𝑥
𝐴
e obtemos:
1 𝑘 1 𝑘
𝑉(𝑥) − 𝑉(𝑥 ) = 𝑘𝑥 − 𝑥 − 𝑘𝑥 − 𝑥
2 4𝐴 2 4𝐴
Fazendo 𝑉(𝑥 ) = 0 em 𝑥 = 0, a energia potencial é
1 𝑘
𝑉(𝑥) = 𝑘𝑥 − 𝑥
2 4𝐴
(b) A partícula foi lançada de 𝑥 = 0 para a direita com uma energia cinética inicial 𝑇 .
Em 𝑥 = 0, 𝑉(0) = 0. Então, da conservação da energia,
𝑇 = 𝑇(𝑥) + 𝑉(𝑥) = 𝐸
de onde,
1 𝑘
𝑇(𝑥) = 𝑇 − 𝑘𝑥 + 𝑥
2 4𝐴
A energia total da partícula é 𝐸 = 𝑇 , independente da posição.
(c) Os pontos de equilíbrio são os pontos onde 𝐹(𝑥) = 0, ou seja,
𝑘𝑥 𝑥
0 = −𝑘𝑥 + → 𝑘𝑥 −1 + =0
𝐴 𝐴
Assim, os pontos de equilíbrio são 𝑥 = 0 e 𝑥 = ±𝐴.
A energia cinética 𝑇(𝑥) é uma quantidade positiva. Como 𝑇(𝑥) = 𝐸 − 𝑉(𝑥), então, a
condição sobre a energia total da partícula para que seu movimento tenha pontos de
retorno é 𝐸 − 𝑉(𝑥) ≥ 0, ou seja,
1 𝑘
𝐸 ≥ 𝑘𝑥 − 𝑥
2 4𝐴

Q.4. Considere dois pêndulos simples, de mesmo comprimento


l, acoplados por uma mola de constante k. Veja a figura ao
lado.
(a) Escreva a Lagrangiana do sistema e mostre que, no caso de
pequenas amplitudes, as equações do movimento para as
coordenadas 𝑥 e 𝑥 são:
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
Dicas: Suponha 𝑥 > 𝑥 com 𝑥 e 𝑥 pequenos, de modo que para os cossenos dos
ângulos 𝜃 e 𝜃 você possa considerar cos 𝜃 ≈ 1 − 𝜃 ⁄2 no cálculo da energia
potencial do sistema.
(b) Encontre as freqüências dos modos normais do sistema.
(c) Escreva a equação do movimento do centro de massa, 𝑋 = (𝑚 𝑥 + 𝑚 𝑥 )/(𝑚 +
𝑚 ), do sistema. Escreva também a equação do movimento para a coordenada relativa
𝜂 = 𝑥 − 𝑥 . Que conclusões você pode tirar sobre as coordenadas normais do sistema?

Solução: Para ângulos pequenos, a posição da partícula 1 é 𝑥 ≈ 𝑙𝜃 e a da partícula 2,


𝑥 ≈ 𝑙𝜃 . A energia cinética do sistema para pequenas oscilações é
1 1
𝑇 = 𝑚 𝑥̇ + 𝑚 𝑥̇
2 2
A energia potencial do sistema consiste da energia potencial na mola
1
𝑉 = 𝑘(𝑥 − 𝑥 )
2
mais a energia potencial gravitacional das duas partículas
1 𝑔 1 𝑔
𝑉 = 𝑚 𝑔𝑙(1 − cos 𝜃 ) + 𝑚 𝑔𝑙(1 − cos 𝜃 ) ≈ 𝑚 𝑥 + 𝑚 𝑥
2 𝑙 2 𝑙
Para escrever a expressão acima, tomamos o zero da energia potencial na posição
𝜃 = 𝜃 = 0 e fizemos a aproximação cos 𝜃 ≈ 1 − 𝜃 ⁄2.
A Lagrangiana do sistema é, portanto,
1 1 1 1 𝑔 1 𝑔
𝐿 = 𝑚 𝑥̇ + 𝑚 𝑥̇ − 𝑘(𝑥 − 𝑥 ) − 𝑚 𝑥 + 𝑚 𝑥
2 2 2 2 𝑙 2 𝑙
Desta Lagrangiana,
𝑑 𝜕𝐿 𝜕𝐿 𝑔
= 𝑚 𝑥̈ , = −𝑘(𝑥 − 𝑥 ) − 𝑚 𝑥
𝑑𝑡 𝜕𝑥̇ 𝜕𝑥 𝑙
e, da equação de Euler-Lagrange, a equação do movimento para 𝑥̇ é
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
Do mesmo modo, encontramos a equação do movimento para 𝑥 :
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
(b) Freqüências dos modos normais do sistema.
No modo normal todas as coordenadas que especificam a configuração do sistema
variam harmonicamente no tempo com a mesma frequência e mesma fase; no entanto,
elas geralmente têm amplitudes diferentes. Então, vamos fazer
𝑥 = 𝐴 cos(ω𝑡 + 𝜙)
𝑥 = 𝐴 cos(ω𝑡 + 𝜙)
Substituindo nas equações do movimento, encontramos
𝑔 𝑘 𝑘
−𝜔 + + 𝐴 − 𝐴 =0
𝑙 𝑚 𝑚
𝑘 𝑔 𝑘
− 𝐴 + −𝜔 + + 𝐴 =0
𝑚 𝑙 𝑚
Os modos normais são dados pelas soluções da equação
𝑔 𝑘 𝑘
−𝜔 + + −
𝑙 𝑚 𝑚
=0
𝑘 𝑔 𝑘
− −𝜔 + +
𝑚 𝑙 𝑚
Fazendo 𝜎 = −𝜔 + , obtemos
𝜎=0
𝑘 𝑘
𝜎 𝜎+ + =0 → 𝑘 𝑘
𝑚 𝑚 𝜎=− +
𝑚 𝑚
Assim, as freqüências dos modos normais são:
𝑔
𝜔 =
𝑙
𝑔 𝑘 𝑘
𝜔 = + +
𝑙 𝑚 𝑚
(c) Vamos começar com a equação do movimento para a coordenada relativa 𝜂 = 𝑥 −
𝑥 . Temos que
𝑔 𝑘 𝑔 𝑘
𝜂̈ = 𝑥̈ − 𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 ) − − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚 𝑙 𝑚
𝑔 𝑘 𝑘
=− 𝜂− + 𝜂
𝑙 𝑚 𝑚
ou seja,
𝑔 𝑘 𝑘
𝜂̈ + + + 𝜂=0
𝑙 𝑚 𝑚
que é a equação de um oscilador harmônico de freqüência 𝜔 = + + .
Agora, passamos para a coordenada do centro de massa:
𝑋̈ = (𝑚 𝑥̈ + 𝑚 𝑥̈ )/(𝑚 + 𝑚 )
𝑚 𝑔 𝑘 𝑚 𝑔 𝑘
= − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 ) + − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑚 +𝑚 𝑙 𝑚 𝑚 +𝑚 𝑙 𝑚
𝑔𝑚 𝑥 +𝑚 𝑥 𝑘 𝑘
=− + − (𝑥 − 𝑥 ) + − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚 +𝑚 𝑚 +𝑚 𝑚 +𝑚
𝑔𝑚 𝑥 +𝑚 𝑥 𝑔
=− =− 𝑋
𝑙 𝑚 +𝑚 𝑙
ou seja,
𝑔
𝑋̈ + 𝑋 = 0
𝑙
que é a equação de um oscilador harmônico de freqüência 𝜔 = .
Conclusão: As coordenadas normais do sistema são aquelas combinações de 𝑥 e 𝑥 que
desacoplam as equações do movimento. Logo, X e 𝜂 são as coordenadas normais.
No caso em que 𝑚 = 𝑚 = 𝑚, veja a figura 4.5, pag. 92 da Aula 4.

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