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AP1 de Mecânica 2022 – 2

GABARITO
Q.1. Uma partícula está se movendo ao longo de uma trajetória
circular de raio R com rapidez 𝑣 quando, no instante 𝑡 = 0, começa
a atuar sobre ela uma aceleração tangencial dada 𝑎 = 𝑎 − 𝛽𝑣,
onde 𝑎 e 𝛽 são constantes positivas dadas.
(a) Encontre a velocidade da partícula no instante t.
(b) Para instantes 𝑡 ≫ 1/𝛽, ou seja, para valores de t muito grandes,
qual será a velocidade da partícula?
Dica: Você pode chegar à reposta deste item (a) sem ter o resultado do item anterior.
(c) Qual é a aceleração total da partícula quando 𝑡 ≫ 1/𝛽?

Solução: (a) O módulo do vetor velocidade obedece a equação:


𝑑𝑣
= 𝑎 − 𝛽𝑣
𝑑𝑡
Então,
𝑑𝑣 𝑑𝑡
𝑎 =−𝛽
𝑣−
𝛽
Integrando,
𝑎
𝑑𝑣 𝑑𝑡 𝑣− 𝑡
𝛽
𝑎 = − → ln 𝑎 = −
𝑣− 𝛽 𝑣 − 𝛽
𝛽 𝛽
A velocidade no instante t é
𝑎 𝑎
𝑣= + 𝑣 − 𝑒 ⁄
𝛽 𝛽
(b) Para 𝑡 ≫ 1/𝛽, 𝑒 ⁄ → 0 e a velocidade da partícula é 𝑣 𝑡 ≫ = 𝑎 ⁄𝛽 .
Outro modo de chegar a esse resultado é nota que, quando a velocidade cresce, a
aceleração tangencial diminui até chegar a zero e a partir daí, velocidade não cresce
mais. Quando 𝑎 = 0, a velocidade terminal é 𝑣 = 𝑎 ⁄𝛽.
(c) Para 𝑡 ≫ 1/𝛽, 𝑎 = 0 e, portanto, a aceleração da partícula é puramente normal:
𝑣 𝑎
𝑎= =
𝑅 𝑅𝛽

Q.2. A energia potencial de uma partícula m é


1
𝑈(𝑥) = 𝑘𝑥 + 𝐴𝑒
2
onde 𝑘, 𝐴 e 𝛼 são constantes positivas.
(a) Faça um esboço do gráfico de 𝑈(𝑥).
(b) Suponha que a partícula tenha velocidade 𝑣 quando sua posição é 𝑥 = 𝑎. Mostre
que a partícula não passará pela origem a menos que
𝑚𝑣 + 𝑘𝑎
𝐴≤
2 1−𝑒
Solução: (a) Gráfico de 𝑈(𝑥).
(b) Quando a partícula está em 𝑥 = 𝑎 sua energia total
é
1 1
𝐸 = 𝑚𝑣 + 𝑘𝑎 + 𝐴𝑒
2 2
A energia potencial em 𝑥 = 0 é 𝑈(0) = 𝐴. Logo, com
essa energia total a partícula só passará pela origem se
𝐸 ≥ 𝐴, ou seja,
1 1
𝑚𝑣 + 𝑘𝑎 + 𝐴𝑒 ≥𝐴
2 2
de onde tiramos que
𝑚𝑣 + 𝑘𝑎
𝐴≤
2 1−𝑒

Q.3. Considere dois pêndulos simples, de mesmo comprimento l, acoplados por uma
mola de constante k. Veja a figura ao lado.
(a) Escreva a Lagrangiana do sistema e mostre que as
equações do movimento para pequenas amplitudes são:
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
Dicas: Suponha 𝑥 > 𝑥 com 𝑥 e 𝑥 pequenos, de modo que
para os cosenos dos ângulos 𝜃 e 𝜃 você pode considerar
cos 𝜃 ≈ 1 − 𝜃 ⁄2 no cálculo da energia potencial do sistema.
(b) Encontre as freqüências dos modos normais do sistema.
(c) Escreva a equação do movimento do centro de massa, 𝑋 = (𝑚 𝑥 + 𝑚 𝑥 )/(𝑚 +
𝑚 ), do sistema. Escreva também a equação do movimento para a coordenada relativa
𝜂 = 𝑥 − 𝑥 . Que conclusões você pode tirar sobre as coordenadas normais do sistema?

Solução: (a) A energia cinética do sistema é


1 1
𝑇 = 𝑚 𝑥̇ + 𝑚 𝑥̇
2 2
A energia potencial gravitacional do sistema é
𝑉 = 𝑚 𝑔𝑙(1 − cos 𝜃 ) + 𝑚 𝑔𝑙(1 − cos 𝜃 )
Fazendo cos 𝜃 ≈ 1 − 𝜃 ⁄2, válida para ângulos pequenos,
𝜃 𝜃
𝑉 ≈ 𝑚 𝑔𝑙 + 𝑚 𝑔𝑙
2 2
Para pequenos deslocamentos 𝑥 e 𝑥 , podemos confundir os arcos descritos com as
cordas, ou seja, 𝑥 ≈ 𝑙𝜃 e 𝑥 ≈ 𝑙𝜃 . Então,
𝑔𝑥 𝑔𝑥
𝑉 ≈𝑚 +𝑚
𝑙 2 𝑙 2
Temos ainda a energia potencial armazenada na mola:
1
𝑉 = 𝑘(𝑥 − 𝑥 )
2
Assim, a Lagrangiana do sistema é
1 1 1 𝑔 1 𝑔 1
𝐿= 𝑚 𝑥̇ + 𝑚 𝑥̇ − 𝑚 𝑥 − 𝑚 𝑥 − 𝑘(𝑥 − 𝑥 )
2 2 2 𝑙 2 𝑙 2
Das equações de Euler-Lagrange,
𝑑 𝜕𝐿
= 𝑚 𝑥̈
𝑑𝑡 𝜕𝑥̇
e
𝜕𝐿 𝑔
= −𝑚 𝑥 − 𝑘(𝑥 − 𝑥 )
𝜕𝑥 𝑙
Do mesmo modo,
𝑑 𝜕𝐿
= 𝑚 𝑥̈
𝑑𝑡 𝜕𝑥̇
e
𝜕𝐿 𝑔
= −𝑚 𝑥 − 𝑘(𝑥 − 𝑥 )
𝜕𝑥 𝑙
Portanto, as equações do movimento são
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
𝑔 𝑘
𝑥̈ = − 𝑥 − (𝑥 − 𝑥 )
𝑙 𝑚
(b) As freqüências dos modos normais do sistema. Fazendo 𝑥 = 𝐶 𝑒 e 𝑥 = 𝐶 𝑒 ,
obtemos
𝑔 𝑘 𝑘
−𝑝 + +
⎛ 𝑙 𝑚 𝑚 ⎞ 𝐶
⎜ =0
𝑘 𝑔 𝑘⎟ 𝐶
−𝑝 + +
⎝ 𝑚 𝑙 𝑚 ⎠
Esta equação tem solução não trivial se
𝑔 𝑘 𝑘
−𝑝 + +
𝑙 𝑚 𝑚
=0
𝑘 𝑔 𝑘
−𝑝 + +
𝑚 𝑙 𝑚
ou seja,
𝑔 𝑔 𝑘 𝑘
−𝑝 + −𝑝 + + + =0
𝑙 𝑙 𝑚 𝑚
As freqüências dos modos normais são, portanto,
𝑔 𝑘 𝑘
𝜔 = + +
𝑙 𝑚 𝑚
𝑔
𝜔 =
𝑙
(c) Equação do movimento do centro de massa, 𝑋 = (𝑚 𝑥 + 𝑚 𝑥 )/(𝑚 + 𝑚 )
𝑔
𝑋̈ + 𝑋 = 0
𝑙
Equação do movimento para a coordenada relativa 𝜂 = 𝑥 − 𝑥
𝑔 𝑘 𝑘
𝜂̈ + + + 𝜂=0
𝑙 𝑚 𝑚
Concluímos que X e 𝜂 são as coordenadas dos modos normais.
Q.4. Uma partícula move-se num plano horizontal ao longo
da parábola 𝑦 = 𝑥 . Em 𝑡 = 0, ela encontra-se no ponto
(1,1) movendo-se na direção mostrada com velocidade
escalar 𝑣 . Além da força de vínculo mantendo a partícula
no caminho parabólico, atuam sobre ela as seguintes forças
externas:
Uma força radial 𝐹⃗ = −𝐴𝑟 𝑟̂
Uma força dada por 𝐹⃗ = 𝐵(𝑦 𝚤̂ − 𝑥 𝚥̂)
(a) Mostre que a força 𝐹⃗ é conservativa e 𝐹⃗ não é
conservativa.
(b) A variação da energia mecânica de um sistema é igual ao
trabalho das forças não conservativas que atuam sobre ele. A partir deste teorema,
encontre a velocidade 𝑣 da partícula quando ela chega à origem (0,0).
Solução: (a) A força 𝐹⃗ é conservativa porque ela pode ser derivada de uma energia
potencial
1
𝑈(𝑟) = 𝐴𝑟
4
Para verificar se 𝐹⃗ é ou não conservativa, vamos calcular ∇⃗ × 𝐹⃗ :
𝚤̂ 𝚥̂ 𝑘
𝜕 𝜕 𝜕
∇⃗ × 𝐹⃗ = = −2𝐵(𝑥 + 𝑦)𝑘
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
𝐵𝑦 −𝐵𝑥 0

Logo, 𝐹 não é conservativa.
(b) Sabemos da Física Básica que a variação da energia mecânica do sistema é igual ao
trabalho das forças não conservativas. O trabalho da força 𝐹⃗ de 𝑟⃗ = (1,1,0) até
𝑟⃗ = (0,0,0) é
𝑊= 𝐹 𝑑𝑥 + 𝐹 𝑑𝑦 = 𝐵 𝑦 𝑑𝑥 + (−𝐵) 𝑥 𝑑𝑦
No caminho de integração, 𝑦 = 𝑥 e então podemos escrever
𝐵 𝐵 3𝐵
𝑊 = 𝐵 𝑥 𝑑𝑥 + (−𝐵) 𝑦 𝑑𝑦 = − + =
5 2 10
Finalmente,
1 1 3𝐵
∆𝐸 = 𝑚𝑣 − 𝑚𝑣 − 𝐴 =
2 2 10
ou,
2𝐴 3𝐵
𝑣 =𝑣 + +
𝑚 5𝑚

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