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Revisão Textual:
Esp. Sara Marques Orofino
Quantização e Bandas de Energia
em Sólidos
• Introdução;
• Átomos de um Elétron e Átomos Multieletrônicos;
• Modelo de Bandas;
• Classificação dos Sólidos em Isolantes, Condutores e Semicondutores.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar os níveis de energia dos sólidos e os estados quânticos, conforme a teoria de bandas.
UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Introdução
Nesta quarta unidade da disciplina, o foco dos nossos estudos será o elétron. Em
primeiro lugar, vamos abordar, novamente, mas de forma mais conceitual, o átomo de
hidrogênio, que, como sabemos, apresenta somente um elétron e também átomos multie-
letrônicos – isto é, com mais de um elétron em sua estrutura.
Assim, nos tópicos a seguir, veremos que o comportamento do elétron dentro dos
átomos, e também as ligações atômicas, levam às classificações de diversos materiais
sólidos conforme suas propriedades. Por fim, descreveremos os sólidos por meio, prin-
cipalmente, do seu comportamento elétrico que, como veremos, são classificados em
categorias de condutividade – condutores, isolantes e semicondutores.
Átomos de um Elétron e
Átomos Multieletrônicos
Átomo de Hidrogênio
Em outras Unidades desta disciplina, vimos duas formas gerais da Equação de
Schrödinger (dependente do tempo e independente do tempo) para o caso de proble-
mas unidimensionais. No entanto, para o átomo de hidrogênio, a forma adequada de se
analisar é utilizando a Equação de Schrödinger na forma tridimensional, pois os átomos
são tridimensionais.
2 ∂ 2ψ ∂ 2ψ ∂ 2ψ
− + + + V ( x, y, z )ψ ( x, y, z ) =
Eψ ( x, y, z ) (Eq. 01)
2m ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Onde:
• V ( x, y, z ) é a função de energia potencial da partícula;
• ψ ( x, y , z ) é a função de onda;
• E é a energia do sistema;
• m é a massa da partícula;
• x é a posição no eixo x;
• y é a posição no eixo y;
• z é a posição no eixo z;
8
h
• é a constante de Planck reduzida ( = );
2π
• h é a constante de Planck.
Importante!
A Equação de Schrödinger para átomos com dois ou mais elétrons necessita da utilização
de métodos de aproximação, pois não pode ser resolvida de forma exata.
2 ∂ ψ ( x1 , x2 ) 2 ∂ ψ ( x1 , x2 )
2 2
− − + V ( x1 , x2 )ψ ( x1 , x2 ) =
Eψ ( x1 , x2 ) (Eq. 02)
2m ∂x12 2m ∂x12
Onde:
• V ( x1 , x2 ) é a função de energia potencial das partículas;
• ψ ( x , x ) é a função de onda;
1 2
• E é a energia do sistema;
• m é a massa de cada partícula;
• x1 e x2 são as coordenadas das partículas;
h
• é a constante de Planck reduzida ( = );
2π
• h é a constante de Planck.
A solução da Eq. 02 é uma função de onda do tipo simétrica (para Férmions, como
elétrons, prótons e nêutrons) ou antissimétrica (para Bósons, como os fótons, mésons,
partículas α , etc.)
Observe a Figura 1:
9
9
UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Próton
Elétron
r
x
y
#ParaTodosVerem: Figura com gráfico, sob fundo branco, a ilustração mostra três
eixos (x, y, z) representados por linhas que partem de um ponto no centro da figura,
que tem a presença de um pequeno círculo na cor verde indicado como próton. Um
pequeno ponto em verde-claro indica o elétron, cuja ilustração de suas coordenadas
é indicada com linhas tracejadas em preto. A linha que liga o próton ao elétron está
representada por uma letra “r” indicando o raio. Fim da descrição.
Na Figura 1, nota-se que, no átomo de hidrogênio, o elétron se encontra a uma distân-
cia r do próton, perfazendo um movimento coulombiano. Verifica-se, juntamente, a forma
tridimensional do átomo.
1 1 e2 13, 6eV
En =
− 2 =− 1, 2, 3,…
n= (Eq. 03)
n 4π ò0 2aB n2
Onde:
» aB é o raio de Bohr.
• O momentum angular da órbita do elétron, dado por L, deve assumir algum valor
dado por:
L= l ( l + 1) l 0,1, 2, 3,…, n − 1
=
(Eq. 04)
Onde:
» l é inteiro e corresponde ao número quântico orbital.
10
• O momentum angular de componente z ( Lz), deve assumir algum valor dado por:
Onde:
» m é inteiro e corresponde ao número quântico magnético.
Em Síntese
Com exceção da energia, que é caracterizada somente por n, cada estado estacionário
do átomo de hidrogênio é caracterizado por três números quânticos: número quântico
principal (n), número quântico orbital (l ) e número quântico magnético (m), que
estão, cada um deles, associados a uma propriedade física do átomo.
Exemplo 1
Determinar, para o estado fundamental do hidrogênio, a simbologia utilizada confor-
me a notação espectroscópica de l.
Solução
No estado fundamental, o átomo de hidrogênio apresenta o número quântico princi-
pal (n) como = 1.
Utilizando das relações e valores possíveis para os números quânticos dados nas Eqs.
03, 04 e 05, podemos encontrar os outros números quânticos l e m. Como neste exemplo
necessitamos somente de l, utilizaremos os valores possíveis de l dados na Eq. 04. Assim,
o valor do número quântico orbital (l) é:
=l 0,1, 2, 3,…, n − 1
l = n − 1 = (1) − 1 = 0
E, portanto:
l =0
11
11
UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Note que o número “1” do estado 1s corresponde ao valor do número quântico prin-
cipal (n)!
Solução
Para o estado quântico ( n, l , m ) = ( 4, 2,1), o ângulo de inclinação do vetor momentum
angular é:
m 1 1
θlm cos
= −1
= cos
−1
= cos −1 = 65,9°
l ( l + 1) ( 2 )( 2 + 1) 6
12
Energia, eV
S P D F G
n I=0 1 2 3 4
∞ 0,00
4 –0,85
3 –1,51
656,3
2 121,6 –3,40
1 – 13,6 eV
Figura 2 – Diagrama de níveis de energia para o átomo de hidrogênio
Fonte: Adaptada de TIPLER; LLEWELLYN, 2017
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13
UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Átomos Multieletrônicos
Átomos que apresentam dois ou mais elétrons e sejam neutros consistem na quan-
tidade Z de elétrons orbitando ao redor do núcleo de Z prótons, cuja carga seja +Ze –
onde Z é o número atômico. A interação entre Z elétrons com o núcleo atômico e de Z
elétrons entre si, constitui a função energia potencial dos átomos multieletrônicos.
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O modelo atômico de Bohr explicava muito bem o átomo de hidrogênio (somente
um elétron), mas para átomos multieletrônicos não funcionava, o que acabou por
inviabilizá-lo como um modelo atômico. A Equação de Schrödinger conseguia descrever
esses átomos, mesmo que de forma não tão exata, mas bem próxima das medidas ex-
perimentais. Assim, as interações mais complexas, como no caso elétron-elétron ou elé-
tron-próton, cuja energia potencial resultante flutua com a movimentação dos elétrons
e varia conforme a distância entre eles, pode-se utilizar da Equação de Schrödinger de
uma forma diferente, transformando-a em Z equações separadas, pois nestas interações
elétron-elétron, por exemplo, utiliza-se uma abordagem denominada de aproximação de
partícula independente, cujos elétrons se movem dado um potencial médio entre todos
os outros durante a interação.
A consequência mais importante da IPA é que cada elétron pode ser des-
crito por uma função de onda com os mesmos quatro números quânticos
n, l , m, ms usados para descrever o único elétron do átomo de hidrogênio.
Ainda podemos utilizar apenas n e l para caracterizar o elétron, semelhan-
temente ao que utilizávamos para o hidrogênio, pois os números quânticos
m e ms não afetam a energia do elétron. (KNIGHT, 2009, p. 1310)
Em Síntese
Elétrons com número quântico orbital l menores permanecem por mais tempo próximos
ao núcleo atômico e, portanto, sentem uma força nuclear maior, sendo mais atraídos.
No caso dos elétrons, o Princípio de Exclusão de Pauli pode ser enunciado como:
Importante!
Princípio de Exclusão de Pauli: “dois elétrons confinados na mesma armadilha não
podem ter o mesmo conjunto de valores para os números quânticos” (HALLIDAY;
RESNICK, 2012, p. 241).
Desta forma, em um sistema quântico, dois elétrons não podem apresentar qualquer
um dos números quânticos (n, l , m, ms) que os descrevem com valores iguais, devendo
no mínimo um destes números ser diferente. Assim, caso um elétron ocupe um estado
quântico, é excluída a possibilidade de outro elétron ocupar este mesmo estado.
Para o átomo de hélio, seus dois elétrons precisam estar em estados quânticos dife-
rentes, devido ao Princípio de Exclusão de Pauli.
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UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Estado Fundamental do He
#ParaTodosVerem: Figura com gráfico em preto e branco. Sob fundo branco, a ilustra-
ção mostra duas linhas horizontais na cor preta. Na parte inferior da figura, uma destas
linhas tem a indicação 1s e apresenta dois círculos azuis, sendo um com uma seta para
baixo e o outro à direita com uma seta para cima. Na linha de cima, também na cor
preta, indica “2s” na parte esquerda. Na esquerda da figura, há duas frases indicando
os significados das linhas e dos pontos, com o seguinte texto: “As linhas horizontais
representam as energias permitidas”. No texto logo abaixo, está escrito: “Cada círculo
representa um elétron naquele nível de energia”. Há linhas verdes tracejadas ligando
os textos às suas indicações na figura. Fim da descrição.
Um conceito importante a mencionar diz respeito à energia de ionização, que cor-
responde a menor energia que é necessária para remoção de um elétron do estado
fundamental, produzindo um íon positivo (KNIGHT, 2009, p. 1315).
A Figura 5 mostra a primeira energia de ionização em função do número atômico Z ,
para átomos no intervalo 1 ≤ Z ≤ 90:
16
30
He
25
Ne
Energia de ionização, eV 20
Ar
15
Kr
Xe
Rn
10
5 2s 3s
Li Na 4s 5s 6s 7s
K Rb Cs Fr
0
02 10 20 30 36 40 50 54 60 70 80 86 90 100
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Z
#ParaTodosVerem: Figura com gráfico em preto e branco. Sob fundo branco, a ilustra-
ção mostra um gráfico nos eixos x, y com a energia de ionização em função do número
atômico Z. Em linhas na cor verdes, são mostrados valores de energia para átomos do
número atômico 1 ao 90. Fim da descrição.
Modelo de Bandas
Vamos iniciar o estudo do modelo de bandas utilizando como exemplo o átomo de
sódio. Assim, observe a Figura 6, que mostra um diagrama de níveis de energia para
um único átomo de Na, com número atômico Z = 11, cuja configuração eletrônica é
1s 2 2 s 2 2 p 6 3s1 (SHACKELFORD, 2008):
3s
2p
2s
1s
Átomo de Na isolado
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UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
para baixo, seis orbitais com pequenas linhas pretas com pontos de mesma cor, indi-
cando os elétrons em cada orbital. Na primeira linha há um orbital com um elétron, na
linha logo abaixo há três orbitais com seis elétrons, e nas duas linhas de baixo há dois
elétrons em cada. Na parte inferior, abaixo do último orbital, há um grande círculo de
cor cinza indicando o átomo, com um texto escrito logo abaixo: “Átomo de Na isolado”.
Ao lado de cada uma das quatro barras dos orbitais, está escrito: “3s”, “2p”, “2s”, “1s”,
respectivamente e de cima para baixo. Fim da descrição.
Conforme a Figura 6, nota-se que o nível energético 2 p apresenta três orbitais asso-
ciados e os restantes somente um orbital. O orbital externo 3s está parcialmente ocupado,
com somente um elétron.
Em Síntese
Cada orbital diferente corresponde a um conjunto singular caracterizado por quatro
números quânticos (n, l , m, ms), e só pode admitir, no máximo, dois elétrons.
A forma da distribuição destes elétrons em todos os níveis de energia, fazendo com que
cada nível tenha um elétron, atende ao Princípio da Máxima Multiplicidade, também
chamado de Regra de Hund.
A Figura 7 ilustra como seria este processo dado pela Regra de Hund para o átomo
de nitrogênio.
Ou
1s 2s 2p 1s 2s 2p
Correto Incorreto
Figura 7 – Diagrama de orbital com a aplicação correta
e incorreta da Regra de Hund para o átomo de N
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons
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“repulsão elétron-elétron é igual a mais alta energia”, indicando três retângulos da
camada 2p, sendo o primeiro com dois elétrons, o segundo adiante com um elétron e
o terceiro retângulo sem qualquer seta. Tanto na esquerda quanto na direita, também
há dois retângulos em cada lado, representando as camadas 1s e 2s, contendo cada
um deles duas setas (uma para cima e outra apontando para baixo). Fim da descrição.
A separação dos elétrons conforme a Regra de Hund resulta em uma estreita banda
de níveis energéticos, que correspondem a energia de um único nível 3s no átomo iso-
lado. Assim, essa estrutura separada resulta em uma alta mobilidade dos elétrons nos
átomos adjacentes (SHACKELFORD, 2008).
A Figura 8 mostra em (a) uma molécula hipotética de sódio com quatro átomos, e
em (b) um sólido de Na com diversos átomos reunidos pela ligação metálica. De forma
análoga ao conjunto hipotético de quatro átomos de sódio, em (b) nota-se as separações
ocorridas nos últimos orbitais mais externos, com exceção que em (b) isso ocorre em
grande quantidade em 3s.
3s banda de valência
(preenchida atéa metade)
3s 2p
2s
2p 1s
2s
1s
Figura 8 – Diagrama de níveis de energia para (a) Na4 (hipotético) e (b) Na sólido
Fonte: Adaptada de SHACKELFORD, 2008
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UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Assim, é possível observar uma banda de energia do nível 3s do átomo isolado, também
chamada de banda de valência.
A depender do tipo de átomo e do tipo de ligação do sólido, a banda de valência
pode estar completa ou parcialmente preenchida com elétrons. Isso nos dá uma ideia do
porquê alguns sólidos são condutores ou isolantes.
A seguir, estão expressas algumas denominações importantes:
• Banda de condução: é assim denominada a banda mais baixa, com a presença de
estados de energia não ocupados;
• Banda de energia proibida: são as lacunas ou espaçamentos presentes entre as
bandas de energia permitidas.
A Figura 9 mostra as estruturas de bandas típicas para sólidos, com as seguintes
características:
a) Estrutura de bandas de um condutor típico, como o cobre, cuja banda de valência
é também a banda de condução, parcialmente cheia;
b) Neste caso, a banda de valência de um condutor se superpõe a banda de con-
dução acima dela;
c) Banda típica de um isolante, com a presença de uma grande lacuna entre a
banda de valência e a banda de condução;
d) Banda de um material semicondutor, com uma pequena lacuna entre a banda
de valência e a banda de condução, permitindo que alguns elétrons sejam exci-
tados para a banda de condução.
Proibida
oibida Espaçamentos dos níveis
de energia muito próximos
Permitida,, vazia Sobreposição dentro da banda
Permitida,
mitida,
ocupada
cupada
Condutor
Conduutor Condutor
Con duttor Isolante
Iso nte Semicondutor
Semiccondutor
(a)) ((b) (c) (d)
20
O preenchimento parcial da banda de valência permite uma alta mobilidade para o
elétron, o que condiz com a boa condutividade dos metais, que normalmente se encontra
dessa forma (com exceção de alguns metais).
1
f (E) = ( E − EF ) / ( kT )
(Eq. 07)
e +1
Onde:
• E é o nível de energia;
• EF é o nível de energia de Fermi;
• k é a constante de Boltzmann (1,38 × 10−25 J / K );
• T é a temperatura, em Kelvin.
Em Síntese
Os metais apresentam boa condutividade elétrica por causa da fonte externa de energia
térmica, capaz de promover elétrons para níveis acima de EF , por ora desocupados.
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UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Solução
2/3
N
( )
2/3
=EF 0,3646
= eV .nm 2 0,3646 eV
= .nm 2 84, 7 / nm3 7, 03eV
V
Exemplo 4
Calcular a probabilidade da promoção térmica na temperatura de 25°C de um elé-
tron para a banda de condução do diamante, cujo valor de energia da banda de espaça-
mento é de Eg = 5, 6eV .
Solução
Para o diamante, o fundo da banda corresponde à metade do valor de Eg , pois EF se
encontra no centro do espaçamento entre as bandas de condução e a banda de valência.
Assim, temos o seguinte:
5, 6eV
E − E=
F = 2,8eV
2
T ( K ) =°
( C ) + 273,15K
T (K ) =
( 25) + 273,15K =
298,15 K
1 1
f (=
E) = = 4,84 ×10−48
( E − EF ) / ( kT ) ( 2,8 eV ) / ( 86,2×10−6 eV . K −1 )( 298,15 K )
e +1 e +1
22
Covalente
Semicondutores
Polímeros
Metálica Secundária
Metais
Iônica Cerâmicas e vidros
Figura 10 – Ilustração da contribuição relativa das ligações para diferentes tipos de materiais
Fonte: Adaptada de SHACKELFORD, 2008
Condutores
De acordo com Tipler e Llewellyn (2017, p. 459), “Um condutor é um sólido cuja banda
de valência está apenas parcialmente completa ou cuja banda de condução coincide parcial-
mente com a banda de valência”. Desta forma, os materiais condutores apresentam grande
valor de condutividade.
23
23
UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
σ = ne qe µe (Eq. 09)
Onde:
• σ é a condutividade, em (Ω −1 ⋅ m −1);
• n
e é a concentração de portadores de carga, em m −3;
• q
e é a carga transportada por portador, em Coulombs;
• µe é a mobilidade de cada portador, em m 2 / (V ⋅ s ).
O subscrito e nos termos da Eq. 09 descreve uma condução eletrônica pura, cuja
condução elétrica é resultante do movimento dos elétrons.
1
ρ= (Eq. 10)
σ
Desta forma, em função da temperatura, a relação também é inversa, cujo aumento
da resistividade é linear:
Onde:
• ρ é a resistividade, em (Ω × m);
• ρ rt é a resistividade à temperatura ambiente;
• α é o coeficiente de temperatura da resistividade;
• T é a temperatura;
• T é a temperatura ambiente.
rt
RA
ρ= (Eq. 12)
l
Onde:
• ρ é a resistividade, em (Ω ⋅ m);
• R é a resistência, em Ohms;
• A é a área da seção transversal da amostra;
• l é o comprimento da amostra.
24
Exemplo 5 (SHACKELFORD, 2008)
Determinar a condutividade de uma liga de alumínio contendo 1,2% de magnésio,
cuja amostra tem as dimensões de 1mm de diâmetro por 1m de comprimento, e é colo-
cada em um circuito elétrico cuja queda de tensão medida entre as extremidades do fio
é de 432mV , relativa a uma condução de corrente de 10A.
Solução
Primeiro utilizaremos a Lei de Ohm para encontrar a resistência:
V
R=
I (Eq. 13)
V 432 ×10-3V
R= = =43, 2 ×10-3 Ω
I 10 A
(
-3 -3
RA R π r
2
ρ =
= = 33,9 ×10-9 Ω × m
l l 1m
1 1
σ= = = 29,5 ×106 Ω-1 × m-1
ρ -9
33,9 ×10 Ω × m
25
25
UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
30
P Fe
Si
25
p x 109 (ohm-m) a 20°C
Cr
20 Al
Cd
15
0 0,10 0,20
Adição de elemento de liga (% p)
Exemplo 6
Determinar a condutividade do ouro a 200°C , considerando uma temperatura am-
biente de 20°C , cujo coeficiente de temperatura da resistividade
= α 0, 0034°C −1 e a
resistividade na mesma temperatura ambiente seja de 24, 4 × 10-9 Ω × m.
Solução
Utilizaremos para este cálculo a Eq. 11:
ρ = ρ rt 1 + α (T − Trt )
ρ
= ( 24, 4 ×10 -9
) (
Ω × m 1 + 0, 0034°C -1 ( 200°C - 20°C=)
) 39,3 ×10-9 Ω × m
1 1
σ= = = 25, 4 ×106 Ω-1 × m-1
ρ ( 39,3 ×10-9 Ω × m )
26
Isolantes
Consideram-se isolantes os materiais cuja condutividade é baixa, isto é, para isolantes
-10 -16 -1 -1
típicos, a magnitude da condutividade é da ordem de 10 a 10 Ω × m , devido ao
grande espaçamento entre as bandas de energia serem maiores que 2eV .
Importante!
Conforme Tipler e Llewellyn (2009, p. 459), “Um sólido com a banda de valência total-
mente ocupada é um isolante quando a largura da banda proibida que separa a banda
de valência da banda de condução é maior que aproximadamente 2eV ”.
Semicondutores
Os materiais com condutividade intermediária entre os condutores e os isolantes
são denominados de semicondutores. Estes materiais têm vasta aplicação na indústria
eletrônica.
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UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Em Síntese
“Para altas concentrações de impurezas, os semicondutores têm uma concentração de
elétrons semelhante à dos semimetais; para concentrações muito baixas, alguns semi-
condutores se tornam isolantes” (KITTEL, 2013, p. 160).
(b) Banda de
(a) Elétron a mais
condução vazia
Si Si Si Si Si
Níveis
Elétron Si As Si Si Si doadores
a mais
Si Si Si As Si
Banda de valência
Si Si Si Si Si completa
28
na diagonal um pouco espaçadas, com um texto acima indicando “banda de condução
vazia”. Logo abaixo há três linhas menores com dois pequenos círculos sobrepostos, com
a frase ao lado indicando “níveis doadores”. No retângulo de baixo, também preenchido
com linhas na diagonal pouco menos espaçadas, o texto abaixo indica “banda de valência
completa”. Fim da descrição.
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UNIDADE Quantização e Bandas de Energiaem Sólidos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Mecânica quântica – Spin e experimento de Stern-Gerlach
Conheça mais sobre o experimento de Stern-Gerlach, desenvolvido para medir o momento
magnético dos átomos, acessando o seguinte vídeo.
https://youtu.be/feWYbIjFOMI
Leitura
Átomos com mais de um elétron Teoria de Hartree
Saiba mais sobre átomos com mais de um elétron, conforme a Teoria de Hartree, acessando
o seguinte material.
https://bit.ly/3KR9ICL
Algumas Considerações sobre a Regra de Hund e a Estrutura Eletrônica de Átomos no Ensino de Química
Explore um artigo com algumas considerações sobre a Regra de Hund acessando o
seguinte material.
https://bit.ly/3ZfUU5f
Distribuição de Fermi-Dirac
Conheça detalhes sobre a Distribuição de Fermi-Dirac, que governa a distribuição de elétrons
livres, acessando o seguinte material.
https://bit.ly/3mfOnc5
30
Referências
EISBERG, R.; RESNICK, R. Quantum physics of atoms, molecules, solids, nuclei,
and particles. 2. ed. New York: John Wiley & Sons, 1985.
KNIGHT, R. Física 4: uma abordagem estratégica. Trad. Clóvis Belbute Peres, Ana Rita
de Avila Belbute Peres. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. A. Física moderna. Trad. e rev. técnica Ronaldo Sérgio
de Biasi. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2017.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: física moderna: me-
cânica quântica, relatividade e estrutura da matéria. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora,
2009. v. 3. (Física para cientistas e engenheiros, 3).
31
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