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Estrutura atómica

H
Hidrogénio C
Carbono Si
Silício
Fe
Ferro Ag
Prata

Termodinâmica e Estrutura da Matéria


Estrutura atómica Faculdade de Engenharia
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Átomo
 É constituído por três partículas subatómicas: o protão, o neutrão e o eletrão1
 A sua massa encontra-se concentrada num pequeno núcleo com cerca de 10-14 m, o
qual está rodeado por uma núvem eletrónica de densidade variável
 O seu diâmetro é da ordem dos 10-10 m (1 Å - angstrom)
 O núcleo contém protões e neutrões
 O protão tem uma massa de 1,673 x 10-27 kg e uma carga elétrica de +1,602 x 10-19 C
 O neutrão tem uma massa de 1,675 x 10-27 kg mas não possui carga elétrica
 O eletrão tem uma massa de 9,109 x 10-31 kg e uma carga elétrica de -1,602 x 10-19 C

 O número de protões no núcleo é o número atómico do elemento


 Como os átomos são neutros, o número atómico é também igual ao número de eletrões
existentes na sua núvem eletrónica

 A massa atómica é simplesmente a massa do átomo em causa


 Mesmo o grama é uma unidade demasiado grande para indicar a massa atómica

 no SI usa-se a unidade de massa atómica (uma): 1/12 da massa atómica do 12C


1 Protões, neutrões e eletrões são por sua vez constituídos por outras partículas subatómicas como quarks, neutrinos e bosões
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Átomo (cont.)
 A núvem eletrónica, sendo responsável por praticamente todo o volume do átomo,
apenas contribui para uma pequena parte da sua massa
 São os eletrões, principalmente os mais afastados do núcleo, que determinam a maior
parte das propriedades elétricas, mecânicas, químicas e térmicas dos elementos
 Assim, o conhecimento básico da estrutura eletrónica dos elementos é importante no
estudo dos diferentes tipos de materiais
 Não se pode falar de estrutura eletrónica sem se referir primeiro o modelo atómico

Modelos atómicos
 O modelo atómico, tal como hoje é conhecido, sofreu grandes evoluções à medida que
novas técnicas experimentais, cada vez mais sofisticadas e precisas, iam surgindo.
 A obtenção de novos e melhores resultados experimentais obrigaram (obrigam) ao refinamento
continuado do modelo atómico
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Modelo de Thomson
 Também conhecido como “modelo pudim de ameixas”
 Um átomo seria constituído por uma núvem de carga positiva, na
qual se encontram inbutidos os eletrões do átomo
 A núvem positiva seria responsável por praticamente toda a massa
do átomo → a sua carga seria +Ze
 Z - nº de eletrões; e – carga do eletrão
 Em repouso, os eletrões ocupariam posições de equilíbrio, onde a atração devida à
núvem positiva e a repulsão entre os vários eletrões se anula
 Quando perturbados (p. ex. uma colisão) os eletrões vibrariam em torno da sua
posição de equilíbrio, emitindo luz
Limitações:
 as frequências de luz emitidas previstas pelo modelo não coincidem com as riscas
espetrais observadas experimentalmente
 o átomo é considerado uma entidade bastante difusa devido à massa estar dispersa
pela núvem positiva
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Modelo de Rutherford
 Também conhecido como “modelo planetário”
 Um átomo seria constituído por um núcleo muito pequeno, cuja
massa seria praticamente a massa do átomo → a sua carga seria
+Ze
 Os eletrões moviam-se em órbitas em torno do núcleo
(analogamente aos planetas em torno do sol)
Limitações:
 não explica porque é que os átomos emitem (ou absorvem)
radiação eletromagnética a certas frequências características
 os eletrões sofrem a força de atração eletrostática do núcleo, sendo
“obrigados” a efetuar um movimento orbital em torno do núcleo
 de acordo com o eletromagnetismo clássico, uma partícula com
movimento acelerado radia ondas eletromagnéticas, perdendo
energia → o raio da órbita diminuiria sucessivamente caindo assim
no núcleo
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Modelo de Bohr
 Desenvolvido para o átomo de hidrogénio
 Um eletrão orbita em torno de um protão
 Descreve um movimento circular caracterizado por um raio fixo r,
ao qual está associado um determinado nível de energia
 Discretização das órbitas eletrónicas e energias associadas a
elas implica que leis da mecânica e do eletromagnetismo clássico
não se aplicam ao nível atómico

Postulados de Bohr:
 O eletrão numa órbita discreta não emite radiação → estado estacionário
 O eletrão pode transitar entre estados estacionários, emitindo ou absorvendo uma
quantidade de energia eletromagnética correspondente à diferença entre os níveis de
energia
ΔE = E2 – E1
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Postulados de Bohr (cont.):


 As leis da mecânica clássica aplicam-se apenas ao movimento orbital do eletrão num
estado estacionário (mas não à passagem de um estado para outro)
 Na transição entre dois estados estacionários, a energia envolvida na emissão ou
absorção é devida a um único fotão de frequência
 h é a constante de Planck: h = 6,63 x 10-34 J.s

 A energia eletromagnética associada a um fotão é

 As órbitas permitidas são caracterizadas por valores discretos do momento angular


orbital L, o qual é um múltiplo inteiro n (com n=1,2,3,… ) de

Para o átomo de hidrogénio, os postulados anteriores permitem determinar o valor do raio


orbital r e as energias dos estados estacionários
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 A força eletrostática (de atração) entre o protão e o eletrão é


dada pela lei de Coulomb

onde
e - a carga elétrica do eletrão
𝜀 - permitividade do vazio: 𝜀 = 8,85 × 10 𝐶 /𝑚 𝑁
𝑟̂ - é o versor que aponta do protão para o eletrão

 Admitindo que o eletrão efetua um movimento circular com velocidade uniforme v (ver
figura), então de acordo com o postulado 3,

 De acordo com o postulado 5, o momento angular orbital é dado por


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 Substituindo numa equação anterior, obtém-se que

 Para o raio da menor órbita permitida (n=1), conhecido como raio de Bohr ao, vem

 Vamos agora calcular a energia correspondente a cada órbita → a energia total do


eletrão é a soma da sua energia cinética Ec e potencial Ep:

onde se usou a relação para r anterior

usando novamente a relação para r vem


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 A energia total é então dada por

 Para n=1 obtém-se a energia do eletrão do hidrogénio


correspondente ao estado de menor energia E0 = -13,6 eV
(Nota: eV diz-se eletrãoVolt: 1 eV=1,6 x 10-19 J)
 O diagrama ao lado representa as energias do eletrão no
átomo de hidrogénio correspondentes a vários valores de n
 À media que n aumenta, a diferença de energia entre estados
consecutivos torna-se cada vez menor
 As transições podem ser agrupadas em séries: Lyman,
Balmer, Paschen, …
 p. ex., a série de Balmer corresponde às transições de
estados elevados (n>2) para o estado n=2
 esta série é a única que se situa na parte visível do espetro
eletromagnético
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Teoria atómica moderna


Apesar de o modelo de Bohr explicar corretamente os resultados experimentais para o
átomo de hidrogénio apresenta sérias lacunas:
 É uma mistura inconsequente de ideias clássicas e não-clássicas
 Não explica porque o momento angular orbital deve ser discreto
 Não explica também porque se efetuam transições entre estados estacionários
 Falha completamente quando aplicado a átomos com mais do que um eletrão
Só a mecânica quântica consegue resolver as limitações anteriormente discutidas
 Todavia dada a sua complexidade não irá ser aborada nesta UC

No entanto, algumas ideias do modelo de Bohr são válidas no modelo quântico:


 Os átomos possuem estados estacionários associados a níveis de energia discretos
 A transição entre estados tem a ver com radiação eletromagnética
Por outro lado, no contexto da teoria quântica tem-se que:
 O movimento dos eletrões nos átomos é muito complexo, tendo órbitas não-circulares
em torno do núcleo, numa região difusa do espaço designada por orbital
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Teoria atómica moderna (cont.)


 O princípio da incerteza de Heisenberg impede que a posição exata e a quantidade
de movimento do eletrão sejam conhecidas em simultâneo
 Dependendo da experiência realizada, o eletrão comporta-se como uma partícula
clássica ou como uma onda clássica → dualidade onda-partícula
 Para descrever matematicamente o movimento do eletrão define-se uma função de
onda , a qual representa uma onda não-estacionária em três dimensões
 A intensidade da função de onda representa a densidade de probabilidade de
encontrar o eletrão numa dada posição do espaço
 Esta interpretação relaciona os aspetos corpusculares e ondulatórios do eletrão:
 a onda indica qual a probabilidade de encontrar o eletrão como partícula (corpúsculo)
num determinado ponto do espaço

 A função de onda é governada pela equação de Shrödinger


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Teoria atómica moderna (cont.)


é o operador laplaciano (em coordenadas cartesianas
Ep é energia potencial na região considerada
 Em geral, quando aplicada a eletrões pertecentes a átomos é extremamente complexa,
sendo necessário usar métodos numéricos para a sua resolução

Números quânticos
 De acordo com a teoria atómica moderna cada eletrão num átomo é caracterizado por
quatro números, os números quânticos:
• número quântico principal n
• número quântico angular l
• número quântico magnético m
• número quântico relativo ao “spin” ms
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Número quântico principal


 Corresponde ao n que aparece no modelo de Bohr
 Representa os níveis de energia principais do eletrão
 Caracteriza uma região (camada) do espaço onde a probabilidade de encontrar um
eletrão com o valor n é alta
 Quanto maior o valor de n mais afastada se encontra a camada eletrónica do núcleo e
mais alta é a energia do eletrão
 n é um número inteiro positivo (1,2,3,…)
Número quântico angular (ou azimutal)
 Está associado ao momento cinético do eletrão na sua órbita
 Depende do valor de n pois toma valores compreendidos entre 0 < l < n-1
 Especifíca subníveis de energia no interior dos níveis de energia principais
 Habitualmente esses subníveis energéticos são designados por letras s (l=0), p (l=1), d
(l=2), f (l=3), …
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Número quântico angular (cont.)


 A forma da orbital depende unicamente do valor do número quântico angular:
 As orbitais s têm simetria esférica
 As orbitais p são mais complexas, sendo contituídas por dois lóbulos separados por um
plano nodal, onde a densidade eletrónica é nula
 As orbitais de ordem superior são ainda mais complexas – não serão discutidas

Número quântico magnético


 Especifíca a orientação espacial da orbital
 Pode tomar valores inteiros entre –l e +l (incluindo 0)
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Número quântico magnético (cont.)


 Determina assim o número de orbitais equivalentes de cada subnível energético s, p, d, f
 Para o subnível s → l=0 → ml= 0: apenas uma orbital neste subnível energético
 Para o subnível p → l=1 → ml= -1, 0, +1: existem três orbitais neste subnível energético

 Em geral, existem 2l+1 valores possíveis para ml


 Tem-se uma orbital s, três orbitais p, cinco orbitais d, sete orbitais f, …

Número quântico do “spin”


 Os três primeiros números quânticos n, l e ml caraterizam a dimensão, a forma e a
orientação da orbital eletrónica, respetivamente
 O quarto número quântico ms está associado à rotação do eletrão em torno do seu eixo
(“spin”)
 Pode apenas tormar dois valores: +1/2 (sentido horário) e -1/2 (sentido anti-horário)
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Configurações Eletrónicas dos Elementos


 Discutimos até aqui níveis de energia permitidos ao eletrão, os estados eletrónicos
 Para determinar como esses estados (orbitais) são preenchidos por eletrões, é
necessário ter em consideração o princípio de exclusão de Pauli:
dois eletrões não podem ter o mesmo conjunto de números quânticos → máximo de
dois eletrões em cada orbital, com “spins” opostos
 Assim, o número máximo de eletrões que podem existir em cada camada é 2n2

sumário das relações entre os números quânticos n,l e ml e o número de orbitais e eletrões
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Configurações Eletrónicas dos Elementos (cont.)


 As configurações eletrónicas escrevem-se segundo uma notação convencional
 O número quântico principal aparece em primeiro lugar
 Segue-se a letra associada à orbital (s, p, d, f, …)
 Um número colocado em cima da letra da orbital indica o número de eletrões

 Todavia, a ordem pela qual os eletrões preenchem as orbitais é diferente pois segue o
seguinte esquema:
 Nem todos os estados eletrónicos no átomo estão preenchidos com eletrões; para a
maioria dos átomos, os eletrões ocupam os níveis (e subníveis) energéticos mais baixos
possíveis
 Quando tal ocorre diz-se que o átomo está no seu estado fundamental
 A configuração eletrónica (estrutura atómica) representa a maneira na qual os estados
do átomo são ocupados
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Configurações Eletrónicas dos Elementos (cont.)

 Configuração eletrónica de diversos elementos


determinada experimentalmente
 Da sua observação, verifica-se que nem todos os
elementos possuem as configurações eletrónicas
previstas pela regra indicada
 p. ex., o cobre Cu (nº atómico 29) tem como
configuração eletrónica exterior 3𝑑 4𝑠 e não
3𝑑 4𝑠 como seria de esperar
 A razão destas irregularidades ainda não é
totalmente clara

 os eletrões da camada mais exterior designam-


se por eletrões de valência
 participam nas ligações entre átomos para
formar agregados atómicos ou moleculares
 são responsáveis pela maioria das
propriedades físicas e químicas dos sólidos
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Energia de ionização e afinidade eletrónica


Os eletrões periféricos estão mais ou menos ligados ao núcleo em função da taxa de
preenchimentos da camada de valência
 O ganho ou perda de um ou mais eletrões transformam o átomo neutro num ião
negativo (anião) ou num ião positivo (catião)
 A facilidade de formação de um catião depende da energia de ionização
energia necessária para extrair um eletrão de um átomo
 é máxima para os gases nobres (He, Ne, Ar, …): não podem receber ou ceder facilmente
um eletrão
 tem um valor baixo para os metais alcalinos (Li, Na, …)

 A facilidade de formação de um anião é medida através da afinidade eletrónica


variação da energia resultante da captura de um eletrão
 os halogéneos (F, Cl, …) têm uma elevada afinidade eletrónica
 também se designa por eletroafinidade
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Tabela Periódica dos Elementos


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Tabela Periódica dos Elementos (cont.)


 Todos os elementos da Tabela Periódica foram classificados de acordo com a sua
configuração eletrónica
 Existem 7 linhas horizontais, designadas por períodos, sendo que os elementos estão
dispostos por número atómico crescente
 Todos os elementos dispostos em uma determinada coluna, deignada por grupo, têm
configurações eletrónicas de valência semelhantes, bem como propriedades químicas
e físicas idênticas
 Estas propriedades mudam gradualmente, variando horizontalmente em cada período
e verticalmente para baixo em cada coluna
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Grande parte desta apresentação foi elaborada com material gentilmente cedido pela
Profª Maria Inês Carvalho do DEEC.

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