Aula 02 - Estrutura Atômica e Ligação Interatômica

Ciência e Tecnologia dos Materiais - CTM
Ciência e Tecnologia dos materiais

Estrutura atômica e ligações
interatômicas
Professor: Filipe Dondoni Ramos

Engenheiro Mecânico;
Especialista em Engenharia de Manutenção;
Mestre em Engenharia Mecânica.
Aracruz, E.S.
 Introdução
 Algumas propriedades dos materiais sólidos dependem do arranjo geométrico dos

átomos e das interações entre os seus átomos e moléculas.
Diamante
Grafite
 Conceitos fundamentais
 O átomo consiste de um núcleo muito pequeno, composto por prótons e nêutrons,

envolto por elétrons em movimento.
 Os prótons e os elétrons possuem carga elétricas:
e  1,602  1019 C
 O número atômico (Z) caracteriza o elemento químico e representa a quantidade

prótons presente no seu núcleo. Hidrogênio ( Z=1 ) e Urânio (Z=92)
 Átomo eletricamente neutro ou completo:
n atômico (Z)  n elétrons
 A massa atômica (A) é dada pela soma das massas dos prótons e dos
nêutrons presentes no núcleo do átomo.
 Existem átomos de um determinado elemento com número de nêutros (N) variável

 átomos do mesmo elemento com massa diferente  ISÓTOPOS.
 O peso atômico (massa atômica) de um elemento

corresponde à média ponderada das massas atômicas dos
isótopos do átomo que ocorrem naturalmente.
A   fi Ai
 Unidade de massa atômica [uma] ou [u] – foi definida com sendo 1/12 da massa
atômica do isótopo mais comum do carbono, o carbono 12 (12C) (A = 12,00000).
1 u = 1,66054 x 10-27 kg. 

1 uma  1  g 
átomo mol
Exemplo 2.1: O cério possui quatro isótopos de ocorrência natural: 0,185% de 136Ce, com
um peso atômico de 135,907 uma; 0,251% de 138Ce, com um peso atômico de 137, 906
uma; 88,450% de 140Ce, com um peso atômico de 139,905 uma; e 11,114% de 142Ce, com
um peso atômico de 141,909 uma. Calcule o peso atômico médio do Ce.
Exemplo 2: O zinco tem cinco isótopos de ocorrência natural: 48,63% de 64Zn, com um
peso atômico de 63,929 uma; 27,90% de 66Zn, com um peso atômico de 65,926 uma;
4,10% de 67Zn, com um peso atômico de 66,927 uma; 18,75% de 68Zn, com um peso
atômico de 67,925 uma; e 0,62% de 70Zn, com um peso atômico de 69,925 uma. Calcule
o peso atômico médio do Zn.
 Conceitos fundamentais – Modelos atômicos
 Um dos primeiros modelos simplificado foi o modelo atômico de Bohr  considera

que os elétrons circulam ao redor do núcleo atômico em orbitais discretos.
i. A posição do elétron está mais ou menos bem

definidade.
ii. Princípio quântico-mecânico estipula que as energias

dos elétrons são quantizadas;
iii. Salto quântico para um estado de energia permitido

mais elevado (camada mais externa - com a absorção
de energia) ou para um estado de energia permitido
mais baixo (com a emissão de energia)  Níveis ou
estado de energia
 Conceitos fundamentais – Modelos atômicos
 Modelo mecânico-ondulatório  em que o elétron é visto com características tanto

de uma onda eletromagnética como de uma partícula.
• Elétron não é mais tratado como uma partícula que se move em um orbital discreto
• A posição do elétron é analisado como a

probabilidade de um elétron estar em vários
locais ao redor do núcleo.
• Em outras palavras, a posição é descrita

por uma distribuição de probabilidades, ou
uma nuvem eletrônica.
 Conceitos fundamentais – Números quânticos
 O elétron em um átomo será caracterizado por quatro números quânticos.
 Os níveis energéticos de Bohr  camadas eletrônicas  número quântico principal

(n) 1,2,3,4 ou por letras K,L, M, N, O, P....
 Os segundo número quântico (azimutal) (l) defini a subcamada eletrônica - as

subcamada é desgnida pelas letras s, p, d e f.
 A quantidade de subcamada em cada camada

é relacionada com o número quantico
principal (n).
l  n1
l  n1
 A forma dos orbitais eletrônicos depende do segundo número quântico (l).
A subcamada s tem A subcamada p tem três orbitas de forma alteres.

apenas um orbital de
forma esférica.
 O terceiro número quântico

(ml) (magnético) – representa
a quantidade de orbitais
eletrônicos para cada
subcamada (varia entre – l e +
l)
Subcamada (l) Número de orbitais (ml)
s 0
p -1 , 0 , +1
d -2, -1, 0, +1, +2
f -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3
l  n1
 O quarto número quântico é o momento de spin (momento de rotação) – (ms) que é
associado a cada elétron - associado a rotação do eletron em t
 O momento de spin (ms) deve ser orientado para cima ou para baixo, existindo dois
valores possíveis.
 Conceitos fundamentais – Distribuição eletrônica
 A distribuição eletrônica determina como os estados eletrônicos são preenchidos
pelos elétrons nos átomos  Princípio de exclusão de Pauli.
 Princípio de exclusão de Pauli diz que em cada estado pode eletrônico (orbital) pode
possuir no máximo dois elétrons, os quais devem ter spins opostos.
Subcamada (l) Número de orbitais (ml) N° de elétrons

s 0 2
p -1 , 0 , +1 6
d -2, -1, 0, +1, +2 10
f -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3 14
 Conceitos fundamentais – Distribuição eletrônica
Exemplo : Descreva a configuração eletrônica para: (a) Sódio com Z = 11 (b) Zinco com Z = 30
 Elétrons de valência: são aqueles que ocupam a camada mais externa. Esses
elétrons participam da ligação entre os átomos para formar agregados atômicos e
moleculares.
 Além disso, muitas das propriedades físicas e químicas dos sólidos estão baseadas
nesses elétrons de valência.
 Configuração eletrônica estável: são aqueles que possuem a camada mais externa
totalmente preenchida – corresponde as subcamadas s e p preenchidas com 8
elétrons  GASES INERTES ( Ar, He, Ne...)
Famílias – distribuição semelhante dos elétrons de
valência – prop. Físicas e químicas semelhantes
 Conceitos fundamentais – Tabela Periódica
Períodos
Características intermediária
entre metal e ametal.
Metais de transição –
Possuem 1 ou 2 elétrons possuem em geral
em excesso – alcalinos e subcamada d parcialmente
alcalinos terrosos preenchida
Exemplo 3: Determine a distribuição eletrônica para os seguintes elementos:
a) Nitrogênio
b) Criptônio
c) Neônio
d) Cloro
e) Cobalto
f) Titâneo
g) Alumínio
Eletronegativos: são elementos prontamente aceitam elétrons para completar a camada de valência –
Íons carregados negativamente
Eletropositivo: são elementos capazes de ceder seus poucos elétrons de valência para se tornarem íons
carregados positivamente.
 Conceitos fundamentais – Ligação atômica nos sólidos
 Para entender as propriedades físicas dos materiais é necessário compreender as
forças interatômicas que unem os átomos uns aos outros.
 Em pequenas distâncias de interação, cada átomo exerce forças sobre o outro – são
dois tipos de força: Forças atrativa (FA) ou Força repulsiva (FR) que dependem da
separação (r)
 Força repulsiva surge devido a sobreposição das
 Força atrativa depende do tipo
nuvens eletrônicas carregadas negativamente – a
particular de ligação entre os
medida que as camadas mais externas
dois átomos.
sobrepõem.
 A força resultante ou líquida (FL) é a soma entre a

atrativa e a repulsiva.
FL  FA  FR
 Na distância de equilíbrio r0 (0,3 nm), ocorre o
balanço entre as FA e a FR.
FA  FR  0
Uma vez nessa posição, qualquer tentativa em mover os dois
átomos para separá-los será contrabalançada pela força atrativa,
enquanto uma tentativa de aproximar os átomos sofrerá a
resistência de uma crescente força repulsiva
 A energia de interação entre os dois átomos é dada:

 
E   Fdr E   FA dr  FR dr
r r
E  EA ER
A energia mínima E0 correspondente a distância de
equilíbrio - ela representa a energia que seria
necessária para separar esses dois átomos até uma
distância de separação infinita.
E0 Tf dE  Rígidez
 drrr0
 Conceitos fundamentais – Ligações primárias
 As ligação primárias ou ligações químicas dos sólidos: Iônica, covalente e metálica.
Essas ligações ocorre através dos elétrons de valência  Obter a configuração
estável.
 Ligação iônica
 Ocorre para compostos formados entre elementos metálicos e não metálicos 

Diferença significativa de eletronegativa  configuração estável para os dois
átomos.
 Formação de íons: Cátions (íons positivos) e ânions (íons negativos).

 Conceitos fundamentais – Ligação iônica
 As forças de ligação atrativas são de Coulomb; isto é, os íons positivos e negativos, em

virtude de suas cargas elétricas resultantes, atraem-se uns aos outros.
Onde:
• A, B e n são constantes experimentais depende do par iônico. n ≈ 8
• r é a distância interatômica de separação
 Características para as ligações iônicas:
i. Predominante nos materiais cerâmicos;
ii. Não direcional  magnitude da ligação é igual em todas as direções ao redor do

íon.
iii. Elevada energia de ligação ( 600 a 1500 KJ/mol)  Altas temperaturas de fusão
iv. Elevada rígidez e frágeis (inclinação da curva de E x r)
v. Baixa condutividade térmica e elétrica

 Conceitos fundamentais – Ligação Covalente
 A ligação covalente é encontrada em materiais no qual os átomos têm pequenas
diferenças de eletronegatividade  átomos que estão próximos na tabela periódica.
 Na ligação covalente ocorre o compartilhamento de eletróns da camada de valência

para obter a configuração estável.
 Ocorre uma superposição de orbitais

eletrônicos;
 Ligação direcional  Ocorre entre átomos

específicos pode existir apenas na direção
entre um átomo e o outro que participa do
compartilhamento dos elétrons.
 Conceitos fundamentais – Ligação Covalente
 Características para as ligações Covalentes:
i. Podem ser extremamente fortes (como no diamante Tf > 3550°C) ou relativamente

fracas (Bismuto Tf > 270°C)
ii. Isolantes elétricos  pois elétrons que participam nas ligações covalentes estão
firmemente presos aos átomos da ligação.
iii. Alguns são duros e frágeis (SiC)

 Conceitos fundamentais – Ligação Metálica
 A ligação metálica é encontrada nos metais e nas suas ligas. Ex.: ligas de Fe, Ligas de Ni,
Ligas de Co.
Elétrons de valência não estão ligados a nenhum átomo em particular no sólido e

estão mais ou menos livres para se movimentar ao longo de todo o metal – “mar de
elétrons” ou “nuvem de elétrons”.
 Os elétrons restantes, os que

não são elétrons de valência,
juntamente com os núcleos
atômicos, formam o que é
denominado núcleos
iônicos.
 Os elétrons livres protegem os núcleos iônicos carregados positivamente das forças
eletrostáticas mutuamente repulsivas que os núcleos iriam exercer uns sobre os outros.
 Os elementos metálicos possuem 1, 2 ou 3 elétrons livres.
 Podem ter alto ponto de fusão ou baixo ponto de fusão.

 Características para as ligações metálicas:
i. Bons condutores de eletricidade e de calor devido a presença dos elétrons livres.
ii. Materiais, em geral, dúcteis em temperatura ambiente.
iii. Permitem grandes deformações plásticas antes da ruptura.

 Conceitos fundamentais – Ligações Van Der Waals
 As ligações secundárias ou ligações de Van Der Waals são de natureza física e estão
presentes em praticamente todos átomos e moléculas, mas fica obscurecida quando há
ligações primárias.
 Apresentam energia de ligação entre 4 kJ/mol a 30 kJ/mol.
 As forças de Van Der Waals são evidente nos gases inertes que tem a estrutura
eletrônica estável - são ligações intermoleculares de grupos de átomos, os quais, eles
mesmo estão ligados entre si por meio de ligações primárias.
 As ligações de Van Der Waals são formadas a partir de dipolos átomicos ou
moleculares – pequenas assimetrias na distribuição de cargas dos átomos que criam
dipolos
 As ligação de hidrogênio é um tipo de ligação secundária que ocorre para moléculas
com dipolo permanente.
 Ocorre entre moléculas nas quais o hidrogênio está

ligado covalentemente ao flúor (como no HF),
oxigênio (como na H2O) ou nitrogênio (como no
NH3).
 A extremidade carregada, altamente positiva, da

molécula é capaz de exercer uma grande força de
atração sobre a extremidade negativa de uma
molécula adjacente.
 Conceitos fundamentais – Ligação Mista
 Para muitos materiais reais as ligações atômicas são misturas de dois ou mais tipo de
ligação.
 O percentual de caráter iônico (%CI) de uma ligação entre dois elementos A e B (em que A
é o elemento mais eletronegativo) pode ser aproximado pela expressão:
XA e XB são as eletronegatividades
Exemplo 3: A energia potencial resultante entre dois íons adjacentes, EL, pode ser
representada pela soma das Equações 2.9 e 2.11, isto é:
Calcule a energia de ligação E0 em termos dos parâmetros A, B e n.
1. Derive EL em relação a r e, então, iguale a expressão resultante a zero, uma vez que a curva
de EL em função de r apresenta um mínimo em E0.
2. Resolva essa equação para r em termos de A, B e n, o que fornece r0, o espaçamento

interiônico de equilíbrio.
3. Determine a expressão para E0 pela substituição de r0 na Equação.
Bibliografias
• CALLISTER, William D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. 9 ed. Rio de
Janeiro, LTC, 2016.
• Van Vlack, L.H. Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais. 4 ed. São Paulo.
Campus, 2003.
• Ashby, M., F. Seleção de materiais no projeto mecânico. 2012.
• FERRANTE, M. Seleção de Materiais. 2 ed. São Paulo: Editora da UFSCar, 2002.
• Crane, F., A., A., Charles, J., A., Furness, J., A., G. Selection and Use of Engineering
Materials. 3 ed. Butterworth-Heinemann, 1997.
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Ciência e Tecnologia dos materiais

Estrutura atômica e ligações
interatômicas
Professor: Filipe Dondoni Ramos

Engenheiro Mecânico;
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 Algumas propriedades dos materiais sólidos dependem do arranjo geométrico dos

 O átomo consiste de um núcleo muito pequeno, composto por prótons e nêutrons,

 Os prótons e os elétrons possuem carga elétricas:

 O número atômico (Z) caracteriza o elemento químico e representa a quantidade

 Átomo eletricamente neutro ou completo:

n atômico (Z)  n elétrons

 Existem átomos de um determinado elemento com número de nêutros (N) variável

 O peso atômico (massa atômica) de um elemento

1 u = 1,66054 x 10-27 kg. 

 Um dos primeiros modelos simplificado foi o modelo atômico de Bohr  considera

i. A posição do elétron está mais ou menos bem

ii. Princípio quântico-mecânico estipula que as energias

iii. Salto quântico para um estado de energia permitido

 Modelo mecânico-ondulatório  em que o elétron é visto com características tanto

• A posição do elétron é analisado como a

• Em outras palavras, a posição é descrita

 Os níveis energéticos de Bohr  camadas eletrônicas  número quântico principal

 Os segundo número quântico (azimutal) (l) defini a subcamada eletrônica - as

 A quantidade de subcamada em cada camada

A subcamada s tem A subcamada p tem três orbitas de forma alteres.

 O terceiro número quântico

Subcamada (l) Número de orbitais (ml) N° de elétrons

 Conceitos fundamentais – Tabela Periódica

 A força resultante ou líquida (FL) é a soma entre a

 A energia de interação entre os dois átomos é dada:

 Ocorre para compostos formados entre elementos metálicos e não metálicos 

 Formação de íons: Cátions (íons positivos) e ânions (íons negativos).

 As forças de ligação atrativas são de Coulomb; isto é, os íons positivos e negativos, em

i. Predominante nos materiais cerâmicos;

ii. Não direcional  magnitude da ligação é igual em todas as direções ao redor do

iv. Elevada rígidez e frágeis (inclinação da curva de E x r)

v. Baixa condutividade térmica e elétrica

 Na ligação covalente ocorre o compartilhamento de eletróns da camada de valência

 Ocorre uma superposição de orbitais

 Ligação direcional  Ocorre entre átomos

i. Podem ser extremamente fortes (como no diamante Tf > 3550°C) ou relativamente

iii. Alguns são duros e frágeis (SiC)

Elétrons de valência não estão ligados a nenhum átomo em particular no sólido e

 Os elétrons restantes, os que

 Os elementos metálicos possuem 1, 2 ou 3 elétrons livres.

 Podem ter alto ponto de fusão ou baixo ponto de fusão.

i. Bons condutores de eletricidade e de calor devido a presença dos elétrons livres.

ii. Materiais, em geral, dúcteis em temperatura ambiente.

iii. Permitem grandes deformações plásticas antes da ruptura.

 Apresentam energia de ligação entre 4 kJ/mol a 30 kJ/mol.

 Ocorre entre moléculas nas quais o hidrogênio está

 A extremidade carregada, altamente positiva, da

Calcule a energia de ligação E0 em termos dos parâmetros A, B e n.

2. Resolva essa equação para r em termos de A, B e n, o que fornece r0, o espaçamento

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