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Albino José Joaquim

Compostos de coordenação

Licenciatura em Ensino de Química

Universidade Licungo

Beira

2021
Albino José Joaquim

Compostos de coordenação

Licenciatura em Ensino de Química

Trabalho apresentado ao departamento de


Química da Faculdade de Ciências e
Tecnologias da Universidade Licungo,
Extensão da Beira, para fins de avaliação na
cadeira de Química Inorgânica II, 2ºsemestre
do 2º ano.

Docente: Prof. Doutor José Arão


Monitor: dr Luís Machaeia

Universidade Licungo

Beira

2021
Índice

1. Introdução ........................................................................................................................................ 3

2. Natureza das ligações químicas nas combinações complexas ............................................................ 4

2.1. Teoria de ligação de valência (TLV) ......................................................................................... 4

2.2. Teoria do campo cristalino (TCC): ............................................................................................ 6

2.2.1. Energia de estabilização do campo cristalino octaédrico .................................................... 8

2.2.2. Limitações da teoria do campo cristalino ........................................................................... 8

2.3. Teoria de orbitais moleculares (OM) ......................................................................................... 8

3. Tipos principais das combinações complexos ................................................................................... 9

3.1. Aquocomplexos: ....................................................................................................................... 9

3.2. Amoniacatos:.......................................................................................................................... 10

3.3. Ácidos complexos .................................................................................................................. 11

4. Considerações finais ....................................................................................................................... 12

5. Referencias Bibliográficas .............................................................................................................. 13


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1. Introdução
O presente trabalho da cadeira de Química Inorgânica, tem como tema Compostos de
Coordenação ou Combinações Complexas.

O trabalho aborda temas como, natureza das ligações químicas nas combinações complexas e
Tipos principais das combinações complexas; Aquocomplexos; Amonicatos; Ácidos complexos.

Em relação a natureza das ligações quimicas nas combinações, abordarei sobre as três teorias de
ligação que ajudam a explicar como as ligações quimicas acontecem nos compostos de
coordenação.

Essas teorias são: teoria de ligação de valência, teoria do campo cristalino e teoria do orbital
molecular.
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2. Natureza das ligações químicas nas combinações complexas


As três teorias de ligação (teoria de ligação de valência, teoria do campo cristalino e teoria do
orbital molecular) que nos ajudam a explicar como acontecem as ligações químicas.

A formação de muitos compostos complexos pode ser explicada, no primeiro grau de


aproximação, pelo atracão electroestática entre o catião central de metal e os aniões ou moléculas
polares de ligandos. A par das forças do atracão actuam também as forças de repulsão
electroestática entre os ligandos da mesma carga (ou, no caso das moléculas polares, com a
mesma orientação). Em consequência, forma-se um agrupamento de átomos (ou iões) de
estabilidade máxima com a energia potencial mínima.

Existem três ou quatro maneiras importantes de se chegar a natureza de ligação em complexos de


metais de transição baseadas nas seguintes teorias:

2.1. Teoria de ligação de valência (TLV)


Teoria da ligação de valência diz que a ligação covalente ocorre quando átomos compartilham
elétrons. Na teoria de ligação de valência, esse compartilhamento ocorre quando os orbitais
contendo os elétrons se superpõem (compartilham uma região no espaço) e a densidade eletrônica
(os elétrons dos átomos) se concentra entre os núcleos.

Segundo Pauling, a formação de um complexo pode ser vista como uma reacção ácida- (metal
central) – base – (ligantes) de Lewis, formando-se uma ligação covalente coordenada entre as
espécies. Para explicar a geometria dos compostos de coordenação, Pauling propôs as orbitais
atómicas das espécies que sofrem hibridização de tal forma que as novas orbitais atómicas
híbridas (OAH”s) tenham a simetria do complexo. Os electrões doados pelos ligantes (formados
a custa do par electrónicos não partilhado de um dos átomos e uma orbital livre do outro átomo)
ocupam (OAH”s) formados.

Ex: na molécula do amoníaco, o átomo do nitrogénio encontra-se no estado de hibridização sp3,


tendo um par eletrónico numa das suas orbitais híbridas. Portanto, na interação dativa NH3 com
ião H+ forma-se o ião NH4+ que tem a configuração tetraédrica. Alguns complexos do subgrupo
do zinco, por exemplo [Zn(NH3)4]2+, [Cd(NH3)4]2+, [HgI]2-, tem a mesma configuração
geométrica (tetraédrica). Assim, no complexo de Zn(NH3)4]2+ o ião do zinco põe à disposição
dois pares electrónicos de ligandos (condicionalmente indicado no esquema por pontos) uma
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orbital 4s e as três orbitais 4p realizando a hibridização sp 3 que corresponde a localização dos


ligandos nas vértices de um tetraedro (coordenação tetraédrica) como mostra o esquema a baixo:

Os iões dos elementos d com as quatro orbitais d ocupadas (Pt 2+, Pd2+, Au2+) e com o número de
coordenação 4, põem à disposição dos pares electrónicos de ligandos uma orbital (n-1)d, uma
"ns" e as duas "np", por exemplo o complexo de [Pt(NH3)4]2+, onde realiza-se a hibridização dsp2
, correspondente à localização dos ligandos nas vértices do quadrado (coordenação quadrada)
como mostra o esquema a baixo:

Ao número de coordenação 6 corresponde a hibridização d 2sp3 e a disposição octaédrica dos


ligandos. A coordenação assim tem lugar, por exemplo, nos complexos de platina IV:
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A mesma coordenação octaédrica realiza-se nos complexos [Co(NH3)6]3+,[Fe(CN)6]4-, [RhCl6]3-


Ao número de coordenação 2 corresponde a hibridização do tipo sp e a coordenação linear dos
ligandos por exemplo no complexo [Ag(NH3)2]+:

O método de ligação valente pode explicar os valores determinados de número de coordenação e


as formas geométricas das partículas complexas.

2.2. Teoria do campo cristalino (TCC):


A teoria do campo cristalino (também chamada de TCC) nos diz que a única interação existente
entre o íon central e os seus ligantes é puramente eletrostática, pois os ligantes considerados
bases de Lewis possuem carga negativa que irá repelir os elétrons do orbital d do metal. Vamos
entender essa afirmação: Imagine um metal M, com orbital d semipreenchido. Ao se aproximar
os ligantes desse metal (que são ácidos de Lewis e contêm elétrons), ocorre uma repulsão entre os
elétrons do ligante e os elétrons do metal (MIESSLER; FISCHER; TARR, 2015; LEE, 2000).

Quando ocorre a aproximação dos ligantes, acontece a repulsão entre os elétrons e a energia dos orbitais
aumenta (MIESSLER; FISCHER; TARR, 2014).

Porém, essa aproximação dos ligantes pode se dar de duas maneiras: de maneira frontal dos
orbitais d (aproximação de maior repulsão) e de maneira entre os lóbulos dos orbitais d
(aproximação de menor repulsão). A figura seguir, que mostra esses dois tipos de aproximação:

Figura 1: Aproximação frontal (a) e lateral (b) dos ligantes sobre o orbital d do metal.
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FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RNY1vLrHtaU&t=1655s>.

Com isso, alteramos a energia dos orbitais quando a ligação propriamente dita se forma, ficando a
representação dos orbitais da seguinte maneira, como mostra a figura a seguir.

Figura 2: Energia dos orbitais após a aproximação dos ligantes sobre o metal m

FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RNY1vLrHtaU&t=1655s>

Como podemos ver na figura acima, os orbitais que possuem alinhamento frontal com os ligantes
irão possuir mais energia, e são chamados de orbitais eg. Já os orbitais que não estão sobre o eixo
e possuem alinhamento não frontal, possuem menor repulsão dos elétrons e seus orbitais possuem
menor energia e são chamados de t2g (LEE, 2000).

Essa representação é válida para compostos do tipo octaédricos.

Essa diferença de energia entre os orbitais eg e t2g é chamada de desdobramento do campo


cristalino e pode ser representada por (Δ0) e seu valor para espécies octaédricas é de Δ0 = 10 Dq.

A teoria do campo cristalino é bastante útil para que possamos entender como acontecem as
ligações químicas entre o metal e seu ligante, porém ainda apresenta falhas no quesito força dos
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ligantes. A teoria mais completa neste quesito é a teoria do orbital molecular, que será discutida a
seguir (LEE, 2000).

2.2.1. Energia de estabilização do campo cristalino octaédrico


Devido ao desdobramento dos orbitais d, quando submetido a um campo cristalino, os elétrons
passam a ocupar os orbitais t2g, que são de menor energia do que os orbitais d no íon livre em um
campo esférico, e de energia maior quando estão preenchendo os orbitais e g. Para calcularmos
quanto será a energia dos elétrons devido à nova posição, devemos proceder da seguinte maneira.
Os orbitais t2g vão se estabilizar de uma mesma quantidade em relação ao íon livre que os
orbitais eg, isto é, 1/5 ∆0. Como temos três orbitais t2g e somente dois orbitais eg, para que seja
mantido o baricentro em relação ao íon livre em um campo esférico teremos que os orbitais t2g
contribuem no total com (-2/5) ∆o, e os orbitais eg contribuem no total com (+3/5) ∆0. A energia
de estabilização do campo cristalino (EECC) será dada pela expressão:

EECC = x (-2/5)∆o + y (+3/5)∆0

Onde x e y são o número de elétrons nos orbitais t2g e eg, respetivamente.

2.2.2. Limitações da teoria do campo cristalino


Ele não obteve como explicar a posição dos ligandos na série espetroquímica nem o próprio facto
da formação de complexos.

No campo há influência dos ligando sobre o ião central, não toma em consideração a participação
dos electrões dos ligando na formação das ligações químicas com o ião central. Por isso a
aplicação da teoria do campo cristalino é limitado praticamente pelos compostos complexos com
carácter iónico da ligação entre o átomo central e os ligando.

2.3. Teoria de orbitais moleculares (OM)


As ligações são consideradas como sendo essencialmente covalentes. Os ligantes fornecem
electrões que vão ocupar as orbitais σ e π ligantes, antiligantes e as vezes não ligantes do
complexo. As orbitais moleculares nos compostos complexos formam-se segundo o mesmo
principio de LV, e possuem as mesmas propriedades que as orbitais moleculares nas moléculas
diatómicas. Uma diferença reside em que nos compostos complexos "OM" são policêntricas,
deslocalizadas à semelhança.

Diagrama de Orbital Molecular Para o [CoF6] 3-


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Diagrama de Orbital Molecular Para o [Co(NH3)6]3+

3. Tipos principais das combinações complexos

3.1. Aquocomplexos:
São aqueles onde a água desempenha o papel do ligando.

Exemplo:
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 [Co(H2O)4]Cl2 -cloreto de tetraquo cobalto,

 [Al(H2O)6]Br3 -brometo de hexaquo alumínio,

 [Cr(H2O)6]2(SO4)3 -sulfato de hexaquo crómio III

 [Cr(H2O)6]Cl3 –cloreto de hexaquo crómio III,etc

Os catiões hidratados dispostos na solução aquosa contem a título do elo central um


aquocomplexo. Alguns dos aquocomplexos retêm também a água de cristalização no estado
cristalino, como por exemplo:

[Cu(H2)4]SO24.H2O;

[Fe(H2O)4]SO4.H2O

Essa água não entra na composição da esfera interna, ela é ligado menos fortemente que a de
coordenação, e no aquecimento liberta-se com maior facilidade.

3.2. Amoniacatos:
São os complexos nos quais a título de ligandos servem as moléculas de amoníaco, como por
exemplo:

 [Cu(NH3)4]SO4- sulfato de tetramónio cobre II,

 [Co(NH3)6]Cl3- cloreto de hexamónio cobalto III,

 [Pt(NH3)6)]Cl4- cloreto de haxamino platina IV.

São conhecidos os compostos análogos aos amoniacatos, onde o papel do ligando é


desempenhado pelas moléculas de aminas, designados por aminatos:

Exemplo:

 NH2-CH3 (metilamina),

 C2H5-NH2 (etilamina),
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 NH2-CH2-CH2-NH2 (etilenodiamina-condicionalmente designado por En).

3.3. Ácidos complexos


Nesses complexos os aniões desempenham um papel de ligandos. A esses pertencem os
complexos do tipo dos sais duplos (produtos de combinação de dois sais), como por exemplo:

 K2[PtCl4] tetracloreto platinato II de potássio = PtCl2.KCl,

 K3[Fe(CN)6] Hexacianoferrato (III) de potássio = Fe(CN) 3.3KCN prussiato vermelho

 Ácidos complexos: H2[PtCl6] = HCl.PtCl4 Hexacloroplatinato (IV) de hidrogénio ou


ácido haxacloroplatínico.

 H2[SiF6] = 2HF.SiF4 Hexafluorosilicato IV de hidrogénio.


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4. Considerações finais
Na teoria de ligação de valência, o compartilhamento de eletrões ocorre quando os orbitais
contendo os elétrons se superpõem e a densidade eletrônica se concentra entre os núcleos.

A teoria do campo cristalino, nos diz que a única interação existente entre o íon central e os seus
ligantes é puramente eletrostática, pois os ligantes considerados bases de Lewis possuem carga
negativa que irão repelir os elétrons do orbital d do metal.

Na Teoria de orbitais moleculares (OM), as ligações são consideradas como sendo


essencialmente covalentes. Os ligantes fornecem electrões que vão ocupar as orbitais σ e π
ligantes, anti-ligantes e as vezes não ligantes do complexo.

Os Tipos principais das combinações complexos são: Aquocomplexos que são aqueles onde a
água desempenha o papel do ligando. Amoniacatos que são os complexos nos quais a título de
ligandos servem as moléculas de amoníaco. Ácidos complexos onde nesses complexos os aniões
desempenham um papel de ligando.
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5. Referencias Bibliográficas
ATKINS, P. W.; SHRIVER, D. F. Química inorgânica, 3. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.

ARÃO, José, Texto de apoio de Química Inorgánica-II, Beira - Moçambique, 2007.

GLINKA, N., Química Geral, Mir Moscovo, Volume-2, 1984.

KHODAKOV,Lu. V, Química Inorganica-II, editora Mir, 1986;

MAYER, Mahan, Um Curso Universitário, 2ª edição. Edgard Blüche Ltda. 1993

OHLWEILER, Otto Alcides, Química Inorgânica, Edgard Blucher, Lda. Edit., vol.II

LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa. 5. Ed. São Paulo: Edgard Blüche Ltda., 2000

MIESSLER, G. L., FISCHER, P. J., TARR, D. A. Química inorgânica. São Paulo: Editora
Pearson, 5.ed., 2014.

https://www.youtube.com/watch?v=RNY1vLrHtaU&t=1655s

https://www.youtube.com/watch?v=RNY1vLrHtaU&t=1655s

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