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“Estrutura atômica e Ligações químicas”

Prof. Frederico A.P. Fernandes


codoico@gmail.com
frederico.fernandes@ufabc.edu.br

CECS - Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas


Objetivos

- Conhecer os principais modelos atômicos;


- Conhecer as ligações químicas e descrevê-las;
- Relacionar o tipo de ligação química com as propriedades
e características das classes de materiais;
Modelos atômicos

John Dalton

Amadeu Avogadro

Michael Faraday

Joseph John Thomsom

Rutherford

Niels Bohr

Sommerfeld

Heisenberg

Louis de Broglie
Cada elemento é caracterizado por...

Número atômico (Z):


- Número de prótons do núcleo
Para cada átomo eletricamente neutro, o número
atômico é igual ao número de elétrons
- Varia de 1 (para o hidrogênio) até 92 (para o urânio)

Massa atômica (A):


- Massa dos prótons (Z) + massa dos nêutrons (N)
O número de prótons é sempre o mesmo para um dado
elemento, mas o número de nêutrons (N) pode variar:
ISÓTOPOS
Logo...

Isótopos: mesmo número atômico, mas diferente massa


atômica, isto é, isótopos diferem em número de nêutrons;

Normalmente um dos isótopos de um elemento é


abundante na natureza e o outro é raro;

A massa atômica apresentada na tabela periódica é a


massa atômica média;

Exemplo: Hidrogênio (Z=1, A=1) é o mais abundante. Seu


isótopo, o deutério (Z=1, A=2) é menos abundante:
1H → 99,98% / 2H → 0,014% e 3H
Símbolos

Um átomo específico é identificado pelo símbolo do


elemento com número atômico Z como um índice
inferior e o número de massa A com um índice superior:

A
Z X
Indica um átomo do elemento X com o número atômico
Z e número de massa A. Por exemplo:
16
8 O
Refere-se ao átomo de oxigênio, com número atômico
8 e número de massa 16.
Unidade de massa atômica (u.m.a.)

1/12 da massa atômica do isótopo mais comum do


carbono:

Átomo do 12C
1/12 do 12C = 1 u.m.a.

Indica quantas vezes um elemento qualquer pesa mais que 1/12 do


12C. Exemplo: a massa atômica do Hélio = 4 u.m.a., significa que o

Hélio tem 4 vezes a massa de 1/12 do C12


Unidade de massa atômica (u.m.a.)

Exemplo:
seja o carbono C composição isotópica:

12C → 98,94% / 14C → 1,06%

Peso atômico do C = 12x98,94 + 14x1,06 / 100 = 12,0212u


Resumindo

ÁTOMO

NÚCLEO ÉLETRONS

NÊUTRONS +PRÓTONS

1,602 X 10-19 C

1,67 X 10-27 kg 9,11 X 10-31 kg


Estrutura atômica Órbitas
estáveis
elétron

Modelo de Bohr

Níveis

Núcleo: Z = # prótons = 1 para o hidrogênio até 92 para o urânio


N = # neutrons

Número de massa: A ≈ Z + N
Átomo neutro: Z = P = e
Estrutura atômica
Modelo de Bohr
Posição de cada elétron em particular é
mais ou menos bem definida em
termos do seu orbital;

Energias dos elétrons são quantizadas


→ mudança de orbital é possível, com
absorção (maior energia) ou emissão
(menor energia) de energia;

Estados adjacentes são separados por


energias finitas;

O modelo de Bohr apresenta limitações


significativas, não servindo para
explicar vários fenômenos envolvendo
os elétrons.
Estrutura atômica
Modelo Mecânico-Ondulatório
Para o átomo de H:
As deficiências do modelo de
Bohr foram supridas pelo
modelo atômico da Mecânica
Quântica.
Nesse modelo, o elétron
apresenta características tanto
de onda, quanto de partícula.
O elétron não é mais tratado
como uma partícula que se
movimenta num orbital
definido.
A posição do elétron passa a
ser considerada como a
probabilidade deste ser
encontrado em uma região
próxima do núcleo.
Estrutura atômica
Modelo Mecânico-Ondulatório

Necessidade de definição dos


números quânticos;
- Principal, n
- Secundário, l
- Magnético, m (ml)
- Spin, s (ms)

Descrição completa dos


elétrons nos átomos;
Números Quânticos

Número
quântico
principal (n)
K (n=1) 1s
L (n=2) 2s 2p Subníveis ou subcamada em
cada camada (número quântico
M (n=3) 3s 3p 3d secundário)

N (n=4) 4s 4p 4d 4f Ocupação dos


elétrons
O (n=5) 5s 5p 5d 5f
P (n =6) 6s 6p 6d
Q (n=7) 7s
Números Quânticos
Número quântico secundário (l)
n-1

Subcamada s (número quântico secundário=0)

Subcamada p (número
quântico secundário=1)

Subcamada d (número
quântico secundário=2)
Números Quânticos
Número quântico magnético (m)
2l+1
.Exemplo:
0 Subnível s

-1 0 +1 Subnível p

-2 -1 0 +1 +2 Subnível d

-3 -2 -1 0 +1 +2 +3 Subnível f

Número quântico de spin (s)

+1/2 ou -1/2
indica a direção do momento angular
intrínseco do elétron (momento magnético).
Números Quânticos
Resumindo...
Configurações eletrônicas
Princípio da exclusão de Pauli:

Cada estado eletrônico pode comportar um número máximo


de dois elétrons, os quais devem possuir valores opostos de
spin;

Os elétrons preenchem os estados energéticos possíveis mais


baixos nas camadas e subcamadas eletrônicas;

O número de elétrons em cada subcamada é indicado por um


índice sobrescrito após a designação da cada e da subcamada;

- Para o átomo de hidrogênio (1H): 1s1

- Para o átomo de sódio (11Na): 1s22s22p63s1


Configurações eletrônicas
Princípio da exclusão de Pauli

(36Kr): 1s22s22p63s23p64s23d104p6
Increasing energy

4p
n=4 3d
4s
n=3 3p
3s
n=2 2p
2s
n=1 1s
Exercício

Qual deve ser a valência do ferro, que tem


número atômico 26?
56
26 Fe • 1s22s22p63s23p64s23d6
Solução

115
49 In

• 1s22s22p63s23p64s23d104p65s?4d105p?6s?4f0

• Portanto:
5s25p1  a valência é 3
6s0
Exercício

Qual é a distribuição do Al3+ e do O2-?


27
13 Al
16
8 O

Al2O3 Não há elétrons livres!


Relembrando...

Moléculas se formam por meio das ligações químicas;

A distribuição eletrônica, em um átomo, é a principal


responsável pelas ligações químicas;

A camada mais externa de um átomo é chamada de


camada de valência. Se a camada de valência está
parcialmente preenchida, o átomo se torna reativo;

O átomo se torna mais estável, ou seja, em seu mais baixo


estado de energia, na medida em que tem a sua camada
de valência totalmente preenchida;
Relembrando...
Maioria dos elementos: configuração eletrônica não estável.

Element Atomic # Electron configuration


Hydrogen 1 1s 1
Helium 2 1s 2 (stable)
Lithium 3 1s 22s 1
Beryllium 4 1s 22s 2
Boron 5 1s 22s 22p 1 Adaptado Tabela 2.2,
1s 22s 22p 2 Callister 6e.
Carbon 6
... ...
Neon 10 1s 22s 22p 6 (stable)
Sodium 11 1s 22s 22p 63s 1
Magnesium 12 1s 22s 22p 63s 2
Aluminum 13 1s 22s 22p 63s 23p 1
... ...
Argon 18 1s 22s 22p 63s 23p 6 (stable)
... ... ...
Krypton 36 1s 22s 22p 63s 23p 63d 10 4s 24 6 (stable)
Por que?
Camada de Valência (mais externa) não está
totalmente cheia.
Tabela Periódica
Elementos classificados de acordo
com sua configuração eletrônica.
Ligações químicas

Ligações primárias:
Ligação metálica
Ligação iônica
Ligação covalente

Ligações secundárias:
Dipolo induzido
Dipolo permanente
Ponte de hidrogênio
Ligações químicas

Estrutura
Princípios de
ligação química

“Força que mantém diferentes


átomos unidos para formar
uma molécula.”
Processamento

Propriedades

Desempenho
Ligações químicas

- Moléculas consistem de dois ou mais átomos unidos


por uma força atrativa chamada Ligação Química.

- A distribuição dos elétrons em um átomo é a principal


responsável pelas ligações químicas.
Ligação metálica (primária)
Átomos dos metais possuem
de um a três elétrons de
valência;
Os elétrons de valência
passam a se comportar como
elétrons “livres”:
-Apresentam a mesma
probabilidade de se associar
a um grande número de
átomos vizinhos.
-Formam uma “nuvem
eletrônica”.
A ligação resultante é não-
direcional;
Ligação metálica (primária)

- Exemplo – Sódio (Na):

Ligação metálica:

Átomos isolados

- Como os átomos
metálicos se agrupam?
Ligação metálica (primária)

- Principais propriedades: bons condutores elétricos e de calor,


deformáveis, opacos, alta densidades, etc.

Energia de ligação: entre 68 e 850KJ/mol


Ex.: ferro, aço, cobre, alumínio, bronze
Ligação iônica (primária)

Envolve a transferência de elétrons de um átomo para


outro.
A ligação é não-direcional.
Grande diferença de eletronegatividade entre os
elementos:
- Na = 0,9 ; Cl = 3,0
A ligação iônica resulta da atração eletrostática entre dois
íons de cargas opostas;
Ligação iônica (primária)

Obs.: cerâmicas
também podem
apresentar ligações
covalentes!

- Principais propriedades: isolantes elétricos e de calor,


quebradiços, muito pouco deformáveis, alguns são
transparentes, alta resistência ao calor.

Energia de ligação: entre 630 e 1550KJ/mol


Ex.: CaO, MgF2, NaCl
Caráter Iônico (C.I.)
XA: eletronegatividade do elemento A.
* 100 XB: eletronegatividade do elemento B.

- Eletronegatividade é a tendência do átomo para ganhar um


elétron.
Átomos de alta eletronegatividade tendem a estar no lado
direito da tabela periódica, e átomos com baixa
eletronegatividade, do lado esquerdo.
- Qual é o elemento mais eletronegativo?
Ligação covalente (primária)

Envolve o compartilhamento dos elétrons


de valência de átomos adjacentes;
A ligação resultante é altamente direcional;
Menor diferença de eletronegatividade
entre os elementos do que o observado em
ligações iônicas.

12 , 01
C
6
C = 2,5
H = 2,1
DE = 0,4
Forte caráter
covalente
Ligação covalente (primária)

Obs.: cerâmicas
também podem
apresentar ligações
covalentes!
SiC, Si3N4, Al2O3

-Principais propriedades: isolantes elétricos e de calor, flexíveis,


deformáveis, algumas vezes transparentes, boa resistência ao
ataque químico, baixa resistência ao calor, baixa densidade.

Energia de ligação: entre 150 e 713KJ/mol


Ex.: termoplásticos, borrachas, resinas, madeira.
Ligação covalente (primária)
- Exemplo: SiO2 – Sílica

Representação esquemática da
ligação covalente na sílica ( SiO2 )

O = 3,5 - Exemplo: PE - polietileno


Si = 1,8
DE = 1,7
Caráter iônico-
covalente
Ligações secundárias

- Também chamadas de ligações de van der Waals;

- São fracas quando comparadas às ligações primárias;

- Surgem a partir de dipolos atômicos ou moleculares.


Essencialmente, um dipolo elétrico existe sempre que há
alguma separação entre as partes positiva e negativa de
um átomo ou molécula;

- O mecanismo dessas ligações é similar ao das ligações


iônicas, porém não existem elétrons transferidos;

- Surgem a partir de dipolos atômicos ou moleculares;


Ligações secundárias
Forças de dipolo permanente:
- Moléculas Polares: assimetria permanente de cargas

Forças de dipolo induzido:


- Moléculas apolares: assimetria temporária
devido a flutuações da nuvem eletrônica.
Ligações secundárias
Pontes de Hidrogênio:
- Caso especial (e mais forte) de dipolo permanente.
Ocorre quando hidrogênio é ligado covalentemente a flúor,
oxigênio ou nitrogênio;

- Ácido fluorídrico (HF)


- Molécula da água (H2O)
Ligações secundárias
- Exemplo: PVC – policloreto de vinila

- Ligações covalente na molécula e


- Ligações secundárias entre moléculas.
Resumo das energias de ligação
Resumindo
- Ligações vs. Classes de materiais:

2 ???

1 ???
3 ???
Perguntas

- Por que os metais são bons condutores elétricos?

- Por que os materiais cerâmicos são, em geral, mais


“duros/resistentes”, quando comparados aos metais e
polímeros?

- Por que os polímeros apresentam baixo ponto de


fusão?
Forças e Energias de Ligação

Caso Unidimensional;

Quando dois átomos se aproximam, eles exercem uma força


um no outro:

FN = FA + FR
onde:
FA ≡ força de atração
FR ≡ força de repulsão
FN ≡ força resultante

A energia potencial (EN) será dada por:


r r
EN = F N dr = F A dr +  FR dr
∞ ∞
onde:
r ≡ distância interatômica
Forças e Energias de Ligação
- O comprimento da ligação entre dois átomos é a distância
correspondente ao ponto de mínima energia (soma dos dois raios
atômicos).

(a) Para metais puros, todos os átomos têm o mesmo raio


atômico. (b) Para sólidos iônicos, os raios atômicos são
diferentes.
Forças e Energias de Ligação

- Estado de equilíbrio:
FA+FR=0

- Energia total:
EN=EA+ER
- Energia de ligação: E0

- Distância de ligação: r0
Forças e Energias de Ligação
- Módulo de Elasticidade (E)
Obs.: o módulo de elasticidade
é uma propriedade mecânica
que será estudada em detalhe
mais à frente no curso.

- O módulo de elasticidade pode ser


associado à derivada da curva F(r) no
r0b ponto r = r0; quanto maior for o valor
da derivada, maior será o módulo de
r0a elasticidade.
- O material a apresenta maior rigidez
F=0, ponto onde forças do que o material b.
de atração e repulsão são iguais
Forças e Energias de Ligação
- Temperatura de Fusão (Tf )

Ligação Fraca
Ligação Forte

- Materiais que apresentam grandes


energias de ligação (ou seja, poços de
potencial profundos) também
apresentam temperaturas de fusão e
de ebulição elevadas.
Sugestão de Leitura

- Capítulo 2 – Livro: W.D. Callister, Ciência e Engenharia de


Materiais.

- Capítulo 2 e 3 – Livro: A.F. Padilha, Materiais de engenharia.

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