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SINOPSE ABSTRACT
Objetivo: Estudar o perfil de degradação de um implante Objective: This study traces the degradation profile of a
de coluna em poli(ácido lático) produzido por processos spinal implant produced in PLLA by industrial processes and
industriais e comparar os resultados com os obtidos em compares it with results obtained from experiments made in
estudos de modelos experimentais, produzidos por processos laboratory models.
de laboratório.
Materials and Methods: A bioabsorbable interbody spinal
Materiais e Métodos: Um implante absorvível para artrodese
intersomática de coluna foi desenvolvido e produzido por implant was developed and produced by an industrial injection
injeção, em ambiente industrial. As peças foram degradadas process. The specimens were degraded in vitro by one year,
in vitro por um ano, acompanhando-se o processo com ensaios with the evolution monitored by tests of mass loss and water
de perda de massa e penetração de água, cromatografia por absortion, gel permeation chromatography, diferential scaning
permeação em gel, calorimetria exploratória diferencial, calorimetry, mechanical compression tests and electron
ensaios mecânicos de compressão e microscopia eletrônica scanning microscopy.
de varredura.
Results: The degradation in one year was insignificant,
Resultados: O implante apresentou degradação insignificante without changes in mass, volume or mechanical behaviour.
em um ano, praticamente sem alterações da massa, The different tests showed a minimal water absortion by the
volume e características mecânicas. Os diferentes ensaios specimens, without bulk hydrolysis, but only loss of the small
caracterizaram uma baixíssima penetração de água nas
polymer chains of the surface and a major rise in cristalinity,
peças, sem ocorrência de hidrólise da massa, mas apenas
com perda das cadeias poliméricas da superfície e grande probably by an aging process.
aumento do grau de cristalinidade, provavelmente por um Conclusions: The implant performed very differently from
processo de envelhecimento do polímero. the small laboratory pieces, with insignificant degradation.
Conclusões: O implante se comportou de modo diferente do It is possible to anticipate that, in clinical settings, it could
descrito em peças pequenas de laboratório, apresentando originate long lasting crystalline residues.
degradação insignificante. É possível projetar que, em uso
Keywords: PLA, resorbable implants, polymers, degradation.
clínico, o implante originaria resíduos cristalinos perenes.
Palavras-chave: PLA, implantes, polímeros, degradação.
1 - Cirurgião de coluna, membro da Sociedade Brasileira de Coluna , Mestre em Engenharia e Tecnologia de Materiais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –
PUCRS – Porto Alegre (RS), Brasil.
2 - Pós-doutora em Química, Professora Titular , Faculdade de Química , Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS – Porto Alegre (RS), Brasil.
3 - Pós-doutora em Química, Professora Titular , Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE - Joinville (SC), Brasil.
Recebido em agosto 2010, aceito em setembro 2010
Simões MS, Einloft SMO, Pezzin APT - Degradação In Vitro de Implante Biorreabsorvível em Poli (L-Lactide) para Artrodese de Coluna Lombar J Bras Neurocirurg 21 (4): 208-214, 2010
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O presente estudo apresenta a caracterização e o perfil de calorimetria exploratória diferencial (DSC) e compressão
degradação in vitro de um implante para artrodese intersomática estática. As amostras não degradadas e degradadas por 6 e 12
de coluna lombo-sacra (PLIF) fabricado em PLLA com meses também foram submetidas a microscopia eletrônica de
técnicas de produção industrial. varredura (MEV).
As medidas de massa e absorção de água foram realizadas
utilizando-se balança digital de precisão, antes e após a secagem
dos mesmos em dessecador à vácuo com sílica gel. Foram
calculados o percentual de perda de massa37, o percentual de
Materiais e Métodos absorção de água25 e o percentual de absorção de água corrigido
pela perda de massa37.
Um espaçador para artrodese intersomática lombar por via A medida das massas molares e polidispersividade foi em
posterior foi projetado, utilizando-se os softwares de desenho aparelho de GPC com bomba HLPC, coluna Styragel™,
assistido por computador (CAD) AutoCAD Inventor™ versão detector de índice de refração e software Breeze™ (Waters
9 (Autodesk®) e de ensaios virtuais através de análise de Instruments® – USA), com clorofórmio como solvente.
elementos finitos (FEA) ANSIS workbench 9.0™ (Autodesk®).
Os implantes foram confeccionados em PLLA PURASORB™ Para o DSC foi utilizado um aparelho TA Q100™ V7.0 Build
(PURAC biochem® – USA), em conformidade com a norma 244 (TA Instruments® – USA). Os ensaios foram realizados
ASTM F 1925-993, utilizando-se uma injetora Arburg 60™ com ciclos de dois aquecimentos até 200ºC, conforme a norma
(Arburg Spritzgieβmaschinen® – Deutschland), instalada em ASTM D34181. O grau de cristalinidade das amostras foi
uma sala limpa de classe 10000(30) (Bioteck® – RS, Brasil). calculado pela entalpia de fusão cristalina do implante (ΔHm),
usando-se a equação [Cristalinidade percentual = (ΔHm /
O ciclo de injeção teve temperatura máxima da matéria-prima
93,7)100%], onde 93,7 é o valor atribuído à entalpia de fusão
de 210ºC e tempo de resfriamento na matriz de 30 segundos a
do PLLA 100% cristalino20.
55ºC.
Os ensaios de compressão estática foram realizados em uma
Os implantes têm 23mm de comprimento, 14mm de largura
máquina universal EMIC®, seguindo as premissas da norma
e altura de 10mm, com uma abertura central para colocação
ASTM F 20774. Foram testados 3 implantes em cada tempo de
do enxerto ósseo. O volume das peças é de 1471.57mm3 e a
degradação.
área de superficie é de 1360.6mm2 (fig. 1). A esterilização foi
feita em óxido de etileno, em conformidade com a norma ISO Para as observações com MEV foi utilizado um microscópio
11135-122. eletrônico de varredura XL 30™ (Phillips® – Germany).
As peças receberam recobrimento metálico por sputtering de
ouro-paládio.
Resultados
Ensaios de perda de massa e absorção de água: A perda
de massa das amostras foi de aproximadamente 0,2% até os 9
meses de degradação, aumentando para 0,6% aos 12 meses. O
Figura 1.
percentual de absorção de água para todas as peças, degradadas
Os implantes foram degradados em solução de tampão fosfato ou não, foi insignificante, abaixo de 0,5%. A perda de massa
com pH mantido em 7,4±0,2 e temperatura fixada em 37±1ºC, foi tão pequena que os valores do percentual de absorção de
com base nas orientações das normas ASTM F 1635-04(2) e água corrigidos foram iguais aos não corrigidos.
NBR ISO 1378129.
Cromatografia por permeação em gel (GPC): Os ensaios
Foram ensaiados um total de 24 implantes, sendo feita no implante não degradado mostraram uma Mw de 65.202 g/
caracterização de amostras não degradadas e degradadas por mol. Ao contrário do esperado, durante a degradação houve um
períodos de 3, 6, 9 e 12 meses, decorridos do tempo zero. A discreto aumento nas massas molares médias e uma pequena
cada intervalo foram realizados ensaios de perda de massa e redução na polidispersividade, indicando uma redução no
absorção de água, cromatografia de permeação em gel (GPC), número das cadeias menores (fig. 2).
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Calorimetria exploratória diferencial (DSC): A Microscopia eletrônica de varredura: Nas peças não
cristalinidade do implante não degradado e não estéril foi de degradadas e degradadas por 6 meses, observou-se uma
22%, aumentando para 24% após a esterilização. Nas amostras superfície de fratura lisa sob aumentos menores (fig. 4A) que,
em degradação, houve um aumento do grau de cristalinidade com aumentos maiores (fig. 4B), mostrou grande número de
até os 6 meses, seguido de uma estabilização até os 12 meses. áreas de orientação concêntrica do polímero por toda a extensão
Ao fim de um ano de degradação, o grau de cristalinidade do implante, sugerindo focos de cristalização e esferulitos. Nas
passou de 24 para 36%, sendo a característica que sofreu maior amostras de 12 meses houve um aumento na irregularidade da
alteração durante o experimento, da ordem de 50% (fig. 2). superfície externa da peça, que tomou um aspecto heterogêneo,
com áreas de verdadeira porosidade por erosão superficial
(fig. 4C). A superfície de fratura dessas peças também foi
heterogênea, observando-se diferenças entre as partes próximas
à superfície externa e as zonas mais centrais, do interior do
implante (fig. 4D). Comparando as amostras não degradadas
com as degradadas por 6 e 12 meses, não foram observadas
alterações grosseiras secundárias a degradação, demonstrando
que o processo se deu principalmente na superfície da peça e
de forma pouco intensa.
Figura 2.
Figura 4A.
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foi realizado utilizando implantes, mas sim amostras na concordantes e complementares entre sí, permitindo traçar
forma de filmes ou peças pequenas, específicas para ensaios para o implante em PLLA um perfil de degradação de 12
laboratoriais. meses in vitro totalmente diferente do esperado pelos dados
de literatura, caracterizado por ser um processo de superfície,
A pouca afinidade do implante pela água deve ter sido um dos
envolvendo as cadeias poliméricas menores, sem ocorrência
fatores responsáveis pela degradação muito abaixo dos níveis
de hidrólise de massa ou autocatálise, acompanhado de um
esperados. Possíveis responsáveis por esta baixa penetração
rearranjo das cadeias em forma de cristais, como em um
devem ter sido o alto grau de cristalinidade e o tamanho e forma
processo de envelhecimento do polímero.
da peça, principalmente no que concerne à proporção volume/
superfície. O MEV mostrou apenas uma erosão superficial do Mesmo sabendo que a degradação in vivo é maior que a in vitro,
implante, ao invés da esperada degradação na massa. Isso está pode-se traçar uma tendência clara do implante em arranjar-se
em concordância com uma baixa penetração de líquidos. na forma de resíduos altamente cristalinos e não degradar-se,
fato comumente observado em implantes de uso comercial.
A GPC nos dá uma idéia dos efeitos da degradação a
nível molecular, mostrando as alterações no tamanho e
distribuição das cadeias. A perda de massa insignificante
e a redução da polidispersividade falam a favor da hipótese
de desaparecimento das cadeias menores, superficiais. Esse Referências
mesmo tipo de comportamento foi descrito por Tsuji38, em seu
experimento com amostras altamente cristalinas.
1 ASTM D 3418 – Standard Test Method for Transition
O DSC foi o método eleito para acompanhar o grau de Temperatures and Enthalpies of Fusion and Crystalization
of Polymers by Differential Scanning Calorimetry. West
cristalinidade. O aumento era esperado, mas deveria ser Conshohocken, PA: American Society for Testing and Materials
conseqüência de uma redução da massa molar e de uma maior International; 2008
penetração de água na peça, fatos que não ocorreram neste 2. ASTM F 1635-04 – Standart Test Method for in vitro Degradation
experimento. Assim, pode-se imaginar que o aumento da Testing of Hydrolytically Degradable Polymer Resins and
cristalinidade tenha ocorrido de forma mais semelhante ao que Fabricated Forms for Surgical Implants. West Conshohocken,
acontece no processo de envelhecimento do polímero, como PA: American Society for Testing and Materials International;
2004
descrito por Liao25, onde existe apenas um relaxamento das
cadeias a seco e com temperaturas relativamente baixas. 3. ASTM F 1925-99 – Standart Specification for Virgin Poly(L-
Lactic Acid) Resin for Surgical Implants. West Conshohocken,
Os resultados dos testes de compressão foram muito PA: American Society for Testing and Materials International;
semelhantes nos implantes degradados ou não, mostrando a 2004
degradação insignificante. A única diferença observada foi uma 4. ASTM F 2077-03 – Test Methods for Intervertebral Body Fusion
variação da rigidez, que pode ser justificada pelas variações da Devices. West Conshohocken, PA: American Society for Testing
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cristalinidade durante o processo de degradação.
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