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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE FÍSICA
LABORATÓRIOS DE FÍSICA EXPERIMENTAL BÁSICA
PROFESSOR JOSÉ COELHO NETO

Nome: Eliézer Mendes Silva

Curso: Física Experimental Básica: Mecânica Turma: PU9A

Data da realização do experimento: 10/11/2022

COLISÃO INELÁSTICA

Objetivo:

Determinar o coeficiente de restituição na colisão de uma bola de borracha com o chão.

Teoria resumida:

Se tratando de colisões no geral, existem dois tipos principais, colisão elástica, na qual a
energia cinética se conserva, e colisão inelástica, na qual ocorre perda de energia cinética.
Considera-se também que uma colisão inelástica, pode ser perfeitamente inelástica, quando
toda energia cinética é dissipada, e parcialmente inelástica, sendo que, uma parte da energia
cinética é conservada.

Considerando o experimento tratado, tem-se uma bola de borracha com alto coeficiente de
restituição, que é solta de uma certa altura (ℎ𝑖 ), e que atinge o chão com uma velocidade (𝑉𝑖 ),
em contato com o solo, a mesma se comprime perdendo parte da energia cinética, porém
salta com uma velocidade (𝑉𝑓 ) e atinge uma altura (ℎ𝑓 ) que será menor que (ℎ𝑖 ). A equação
que representa a perda da energia cinética é descrita como:
1
∆𝐸 = 𝑚 (𝑉𝑖 2 − 𝑉𝑓 2 )
2
(Eq. 1)

Que pode ser descrita também como:


1
∆𝐸 = 𝑚𝑉𝑖 2 (1 − 𝑟 2 )
2
(Eq. 2)

No caso em que 𝑟 é o coeficiente de restituição:


𝑉𝑓
𝑟=
𝑉𝑖
(Eq. 3)

Nota-se que ao considerar para que não haja dissipação de energia cinética ∆𝐸 = 0,
consequentemente, 𝑟 = 1 (colisão elástica). Porém, quando se trata de uma colisão inelástica
𝑟 < 1.

Considerando-se que há conservação de energia mecânica nos intervalos antes e após cada
colisão, pode-se relacionar a velocidade da bola, com a altura da mesma (considerando-se que
no experimento não se mede a velocidade experimentalmente, apenas as alturas):
1
𝑚𝑉𝑖 2 = 𝑚𝑔ℎ𝑖
2
1
𝑚𝑉 2 = 𝑚𝑔ℎ𝑓
2 𝑓
Isolando-se as velocidades (𝑉𝑖 ) e (𝑉𝑓 ):

2𝑚𝑔ℎ𝑓
𝑉𝑓 2 = = 2𝑔ℎ𝑓
𝑚

𝑉𝑓 = √2𝑔ℎ𝑓

2𝑚𝑔ℎ𝑖
𝑉𝑖 2 = = 2𝑔ℎ𝑖
𝑚
𝑉𝑖 = √2𝑔ℎ𝑖

Pode-se relacionar o coeficiente de restituição com as alturas (ℎ𝑖 ) e (ℎ𝑓 ):

√2𝑔ℎ𝑓 ℎ𝑓
𝑟= = √
√2𝑔ℎ𝑖 ℎ𝑖

ℎ𝑓
𝑟2 =
ℎ𝑖
(Eq. 4)

Deste modo percebe-se que o coeficiente de restituição será sempre uma parcela da altura
inicial (ℎ𝑖 ).

Material:

- Fita métrica fixada na parede da sala;

- Bola de borracha com alto coeficiente de restituição;

- Câmera (para que seja possível determinar as alturas por um vídeo).


Procedimento:

- Determina-se uma altura inicial (ℎ0 ) de aproximadamente 2 m, solta-se a bola desta altura
inicial, enquanto realiza-se a uma gravação, repetiu-se este procedimento 5 vezes;

- Mediu-se a altura que o objeto alcança após a primeira colisão com o chão, realizou-se uma
média das cinco alturas medidas, esta será (ℎ1 );

- Repetiu-se os mesmos procedimentos, porém com a bola partindo da altura (ℎ1 ), e assim por
diante até se chegar em (ℎ6 );

- Com os dados obtidos, de (ℎ0 ) até (ℎ6 ), construiu-se um gráfico das alturas medidas (ℎ𝑛 )
em função do número das alturas (𝑛).

Dados Obtidos:

Realizando-se as medidas das alturas, foi possível a obtenção dos seguintes valores:

ℎ0 ℎ1 ℎ2 ℎ3 ℎ4 ℎ5 ℎ6
2,00 m 1,20 m 0,75 m 0,49 m 0,33 m 0,22 m 0,14 m
2,00 m 1,22 m 0,75 m 0,50 m 0,32 m 0,23 m 0,14 m
2,00 m 1,17 m 0,73 m 0,50 m 0,33 m 0,20 m 0,15 m
2,00 m 1,20 m 0,73 m 0,52 m 0,34 m 0,20 m 0,15 m
2,00 m 1,15 m 0,73 m 0,47 m 0,32 m 0,21 m 0,14 m
(Tabela 1)

Através dos valores medidos, realizou-se a média para cada (ℎ𝑛 ), e determinou-se o desvio de
(ℎ1 ):

(ℎ𝑛 ) 2,00 m 1,19 m 0,74 m 0,50 m 0,33 m 0,21 m 0,14 m


Média
Altura
Número 0 1 2 3 4 5 6
das
Alturas
(Tabela 2)

Após a linearização, utilizou-se a seguinte tabela de valores:

𝑙𝑜𝑔(ℎ𝑛 ) 0,3010 0,0755 -0,1308 -0,3010 -0,4815 -0,6778 -0,8539


Número 0 2 4 6 8 10 12
Altura *2
(2𝑛)
(Tabela 3)
Análise:

Ao construir-se o gráfico para melhor visualização do comportamento dos valores medidos,


tem-se dois gráficos, o primeiro, confeccionado por (ℎ𝑛 ) em função de (𝑛),usou-se a (Tabela
2):

Percebe-se que se trata de um gráfico não linear, isso pode ser confirmado através da equação
que o representa, sendo uma equação exponencial:

ℎ𝑛 = ℎ0 𝑟 2𝑛
(Eq. 5)

Com isso percebe-se a necessidade de linearização, para que o gráfico se torne uma reta, para
uma melhor visualização do comportamento dos dados experimentais, e para que se consiga
determinar o valor do coeficiente de restituição, através de uma regressão linear. Portanto,
para linearizar a (Eq. 5), fez-se a utilização de logaritmo e de suas propriedades:

𝑙𝑜𝑔 (ℎ𝑛 ) = 𝑙𝑜𝑔(ℎ0 𝑟 2𝑛 )

𝑙𝑜𝑔 (ℎ𝑛 ) = 𝑙𝑜𝑔 (ℎ0 ) + 𝑙𝑜𝑔 (𝑟 2𝑛 )


𝑙𝑜𝑔 (ℎ𝑛 ) = 𝑙𝑜𝑔 (ℎ0 ) + 2𝑛 𝑙𝑜𝑔(𝑟)
(Eq. 6)

Com a linearização modificou-se os valores aplicados nos eixos x e y do gráfico, tornando-se


log(ℎ𝑛 ) em função de (2𝑛), para a confecção do segundo gráfico usou-se a (Tabela 3):
Nota-se um comportamento linear, sendo possível realizar-se regressão linear para determinar
os valores que correspondem à A e B em:

𝐹(𝑥) = 𝐴𝑥 + 𝐵
Estes valores podem se relacionar com a (Eq. 6):

𝐴 = log(𝑟)
𝐵 = log(ℎ0 )
Torna-se então possível encontrar o valor do coeficiente de restituição e seu desvio:

10 𝐴 = 𝑟
𝑟 = 0,8035 ± 0,0017

O valor da altura (ℎ0 ) pode ser determinado através do valor de B:

10𝐵 = ℎ0
ℎ0 = 1,88 𝑚
A fração percentual da energia cinética dissipada em cada colisão da bola com o chão pode ser
determinada, sabendo-se que quando 𝑟 = 1 a colisão é completamente elástica e toda energia
cinética se conserva, tem-se que:

𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 = 1 − 𝑟 2

1 − 𝑟 2 = 0,3544
Multiplicando-se por 100, determina-se a porcentagem:

𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 = 35,44%

Discussão e Fechamento:

Através do experimento foi possível perceber o comportamento das alturas medidas, e


relaciona-las em um gráfico, no entanto para realizar-se uma regressão linear para assim
determinar o valor do coeficiente de restituição, foi necessária a realização de uma
linearização. Considerando que a função que relaciona as alturas medidas com o número das
mesmas apresenta comportamento exponencial.

Após linearizado e realizada a regressão linear foi possível determinar o coeficiente de


restituição através de A, e a altura inicial (ℎ0 ), através de B. Um meio de verificar e comprovar
a teoria proposta se trata da comparação entre o valor de ℎ0 experimental e o determinado
através da fórmula. Percebe-se uma boa proximidade entre os valores, porém com uma
diferença considerável, sendo, possíveis erros advindos de imprecisão das medidas e o fato da
teoria proposta considerar um sistema no qual a energia mecânica da bola se conserva antes e
após a colisão, desconsiderando a resistência do ar, por exemplo.

Foi possível a determinação de um valor para o coeficiente de restituição, sendo um valor


condizente com o que era esperado, percebe-se então que a teoria se comprova e se mostra
uma boa aproximação da realidade, apesar de não considerar todos os fatores que se
apresentam em uma situação real.

Referências Bibliográficas:

Física Experimental Básica na Universidade, Departamento de Física – Instituto de Ciências


Exatas– Universidade Federal de Minas Gerais, Edição Junho/2018, Belo Horizonte – MG.

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