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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCET


DISCIPLINA: EXPERIMENTOS DE FÍSICA III

Experimento 4: Potencial do Dipolo Elétrico


Aluno: Thiago Silva Oliveira

São Luís – 2021


Resumo
Este relatório tem o intuito de apresentar os resultados obtidos do
experimento que envolve o estudo do potencial elétrico produzido por um dipolo
elétrico: duas cargas 𝑞 e −𝑞, separados por uma distância 𝑑, gerando um dipolo
elétrico 𝑝⃗. Usando a plataforma de simulação PhET na aba Charges and Fields
e usando um transferidor encontrar os ângulos, calcular o erro referente aos
ângulos encontrados, calculando o cosseno dos ângulos obtidos e o desvio
padrão do cosseno do ângulo. A partir disso encontrar o valor da permissividade
elétrica através da expressão do potencial elétrico em um dipolo elétrico.
Fundamentação Teórica
Podemos calcular o potencial produzido em um certo ponto por um grupo
de cargas pontuais com a ajuda do princípio de superposição. Usando a equação
1 com o sinal da carga incluído calculamos separadamente os potenciais
produzidos pelas cargas no ponto dado e somamos os potenciais. No caso de 𝑛
cargas o potencial total é dado pela equação 2.
1 𝑞
𝑉= ∙ (1)
4𝜋𝜀0 𝑟

𝑛 𝑛
1 𝑞𝑖
𝑉 = ∑ 𝑉𝑖 = ∑ (2)
4𝜋𝜀0 𝑟𝑖
𝑖=1 𝑖=1

Onde 𝑞𝑖 são o valor da carga de ordem 𝑖 e 𝑟𝑖 é a distância radial entre o


ponto dado e a carga de ordem 𝑖. O somatório da equação (2) é uma soma
algébrica, e não uma soma vetorial como a que foi usada para calcular o campo
elétrico produzido por um grupo de cargas pontuais. Esta é uma vantagem
importante do potencial em relação ao campo elétrico, já que é muito mais fácil
somar escalares do que vetores.
Aplicando a equação 2 a um dipolo elétrico para calcular o potencial em
um ponto arbitrário 𝑃 da Figura 1. No ponto 𝑃, a carga pontual positiva (que está
a distância 𝑟+ ) produz um potencial 𝑉+ , e a carga pontual negativa (que está a
uma distância 𝑟− ) produz um potencial 𝑉− . Assim, de acordo com a equação com
a equação 2, o potencial total no ponto 𝑃 é dado por
2
1 𝑞 −𝑞 1 (𝑟− − 𝑟+ )
𝑉 = ∑ 𝑉𝑖 = 𝑉+ + 𝑉− = ( + )= (3)
4𝜋𝜀0 𝑟+ 𝑟− 4𝜋𝜀0 𝑟− 𝑟+
𝑖=1

Os dipolos que ocorrem naturalmente, como os que estão presentes em


muitas moléculas, têm dimensões reduzidas. Assim, normalmente estamos
interessados apenas em pontos relativamente distantes do dipolo, tais que 𝑟 ≫
𝑑, onde 𝑑 é a distância entre as cargas. Nessas condições, podemos escrever,
de acordo com a figura 1.
𝑑 𝑑
Em que 𝑟+ = 𝑟 − 2 𝑐𝑜𝑠𝜃 e 𝑟− = 𝑟 + 2 𝑐𝑜𝑠𝜃.

E, portanto,
𝑟− − 𝑟+ = 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 (4)

𝑑2 𝑑2 𝑑
𝑟+ 𝑟− = 𝑟 2 − 𝑐𝑜𝑠𝜃 2 = 𝑟 2 (1 − 4𝑟 2 cos 2 𝜃) ≈ 𝑟 2 para ≪1 (5)
4 𝑟
𝑟− − 𝑟+ ≈ 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 e 𝑟− 𝑟+ ≈ 𝑟 2 (6)

Substituindo esses valores na equação 3, obtemos para 𝑉 o valor


aproximado.
𝑞 𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑉= (7)
4𝜋𝜀0 𝑟 2

Onde o ângulo 𝜃 é medido em relação ao eixo do dipolo, como na figura


1. O potencial 𝑉 também pode ser escrito na forma
1 𝑝𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑉= (8)
4𝜋𝜀0 𝑟 2

Onde 𝑝 = 𝑞𝑑 é o módulo do momento dipolar elétrico 𝑝⃗. O vetor 𝑝⃗ tem


direção do eixo do dipolo e aponta da carga negativa para a carga positiva.

Figura 1: Dipolo Elétrico. Fonte: https://docplayer.com.br/docs-


images/40/8149592/images/page_5.jpg

Objetivos
Analisar a teoria sobre o Potencial de dipolos elétricos usando a
plataforma PhET colorado, a partir disso encontrar os ângulos com um
transferidor, cosseno, potencial elétrico e seus respectivos erros. Com os valores
obtidos trançar um gráfico 𝑉 × 𝐶𝑜𝑠𝜃 no software gratuito SciDavis e analisar o
seu desvio padrão e o seu significado, e se o 𝑋 2 obtido é razoável e aceitável.
Encontrado o valor da permissividade elétrica e sua análise da propagação de
erro.
Procedimento de Coleta de Dados
O experimento atual foi iniciado usando a plataforma PhET Colorado na
seção Charges and Fields, foi escolhido duas cargas: uma de −1𝑛𝐶 e +1𝑛𝐶 com
uma distância de 20 𝑐𝑚 entre as duas cargas e uma distância 𝑟 ao ponto 𝐴 de
237 𝑐𝑚. Com esses valores é necessário usar um transferidor para encontrar os
ângulos e foi analisado 20 pontos no 1 quadrante do ciclo trigonométrico.

Figura 2: Medição dos ângulos usando um transferidor no PhET

Simultaneamente na obtenção dos ângulos também foi obtido 20


potenciais elétricos variando o ângulo de medida. Com esses valores foi
montado a tabela com os valores dos ângulos, potenciais e cosseno do ângulo
obtido.
N Ângulos (°) Potencial Elétrico (V) 𝑐𝑜𝑠𝜃
1 14 0,602 0,97
2 18 0,59 0,95
3 23 0,577 0,92
4 27 0,555 0,89
5 30 0,543 0,87
6 35 0,508 0,82
7 38 0,492 0,79
8 44 0,464 0,72
9 49 0,423 0,66
10 53 0,38 0,60
11 55 0,366 0,57
12 60 0,325 0,50
13 64 0,266 0,44
14 66 0,258 0,41
15 69 0,216 0,36
16 73 0,189 0,29
17 75 0,112 0,26
18 78 0,092 0,21
19 80 0,077 0,17
20 82 0,039 0,14

Tabela 01: Valores obtidos através do PhET

Resultados e Discussões
Com os dados obtidos se faz necessário calcular a propagação de erro
dos potenciais, ângulos e cosseno do ângulo.
O erro estimado para os ângulos obtidos já que foi usado um transferidor
foi de 0,5, logo 𝜎𝜃 = 0,5°
Obtemos a seguinte tabela:
N Ângulos (°) 𝜎𝜃 (°)
1 14 0,5
2 18 0,5
3 23 0,5
4 27 0,5
5 30 0,5
6 35 0,5
7 38 0,5
8 44 0,5
9 49 0,5
10 53 0,5
11 55 0,5
12 60 0,5
13 64 0,5
14 66 0,5
15 69 0,5
16 73 0,5
17 75 0,5
18 78 0,5
19 80 0,5
20 82 0,5
Tabela 02: Tabela com os erros dos ângulos

Em seguida, calculando o erro de propagação do 𝑐𝑜𝑠𝜃:

2 𝜕𝑐𝑜𝑠𝜃 2 2
𝜎𝑐𝑜𝑠𝜃 =( ) 𝜎𝜃 (9)
𝜕𝜃

2
𝜎𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 ∙ 𝜎𝜃2 (10)

𝜎𝑐𝑜𝑠𝜃 = |𝑠𝑒𝑛𝜃| ∙ 𝜎𝜃 (11)

Encontrando os valores do erro do cosseno do ângulo deverá ser


calculado em radiano, assim foi gerado a seguinte tabela:
𝑐𝑜𝑠𝜃 𝜎𝑐𝑜𝑠𝜃
0,97 0,002
0,95 0,003
0,92 0,003
0,89 0,004
0,87 0,004
0,82 0,005
0,79 0,005
0,72 0,006
0,66 0,007
0,60 0,007
0,57 0,007
0,50 0,008
0,44 0,008
0,41 0,008
0,36 0,008
0,29 0,008
0,26 0,008
0,21 0,009
0,17 0,009
0,14 0,009
Tabela 03: Cosseno do ângulo com os seus desvios

Com os valores tabelados e organizados, foi usado o programa gratuito


SciDavis para a plotagem do gráfico e feito o seu ajuste de curva linear, sendo o
𝑐𝑜𝑠𝜃 o eixo das ordenadas e o potencial elétrico o eixo das abscissas.

Gráfico 1: 𝑪𝒐𝒔𝜽 × 𝑽

Com a plotagem do gráfico foi obtido os seguintes dados:


• Coeficiente Angular (A) = 1,42 ± 0,008
• Coeficiente Linear (B) = 0,07 ± 0,001
• 𝑋 2 = 185
• 𝑅 2 = 0,99
É perceptível que o valor do 𝑋 2 é extremamente alto com o era esperado,
já que foi analisado 20 pontos e 2 parâmetros, era esperado um 𝑋 2 igual a 18.
O ajuste de curva utilizado foi 𝑦 = 𝐴𝑥 + 𝐵. Feito a análise com a equação
𝑐𝑜𝑠𝜃 = 4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑉/𝑞𝑙, em que 𝐴 = 4𝜋𝜀0 𝑟 2 /𝑞𝑙. Desta forma será possível calcular a
permissividade elétrica isolando o 𝜀0 , da seguinte maneira:
𝑞𝑙𝐴
𝜀0 = (12)
4𝜋𝑟 2

Substituindo os valores, em que 𝑞 = 1 𝑛𝐶, 𝑙 = 20 𝑐𝑚, 𝑟 = 273 𝑐𝑚 e 𝐴 =


1,42, encontramos.

𝜀0 = 8,43 × 10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚2 (13)

Calculando o erro estimado para a permissividade elétrica, foi usado a


seguinte expressão, com 𝜎𝑑 = 1𝑐𝑚 e 𝜎𝑟 = 1𝑐𝑚:
Com: 𝜀0 (𝑙, 𝐴, 𝑟) = 𝑞𝑑𝐴/4𝜋𝑟 2

𝜕𝜀0 2 2 𝜕𝜀0 2 2 𝜕𝜀0 2 2


𝜎𝜀20 = ( ) 𝜎𝑙 + ( ) 𝜎𝐴 + ( ) 𝜎𝑟 (14)
𝜕𝑙 𝜕𝐴 𝜕𝑟

𝑞𝐴 2 2 𝑞𝑙 2 2 2𝑞𝐴 2 2

𝜎𝜀0 = ( ) 𝜎𝑑 + ( ) 𝜎𝐴 + (− ) 𝜎𝑟 (15)
4𝜋𝑟 2 4𝜋𝑟 2 4𝜋𝑟 3

Substituindo os dados, foi obtido 𝜎𝜀0 = 0,41 × 10−12

Assim, a permissividade com o seu respectivo erro:

𝜀0 = (8,43 ± 0,41) × 10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚2 (16)


Conclusão
Com o uso da plataforma PhET Colorado, foi possível simular um
laboratório real de um experimento envolvendo potencial de um dipolo elétrico,
houve alguns dados insatisfatório como o valor do 𝑋 2 extremamente alto.
Algumas dificuldades foram notadas, como o manuseio do transferidor e sua
obtenção de dados, com a plotagem do gráfico e o valor do coeficiente angular,
foi encontrado o valor da permissividade elétrica, foi satisfatório junto com sua
propagação de erro que resultou em 𝜀0 = (8,43 ± 0,41) × 10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚2 .

Referências Bibliográficas
PHET COLORADO. Disponível em: Cargas e Campos - Campo Elétrico | Eletrostática |
Equipotencial - Simulações Interativas PhET (colorado.edu). Acessado em: 17/01/22

HALLIDAY, David, 1916 – Fundamentos de Física, volume 3: eletromagnetismo / Halliday,


Resnick, Jearl Walker; tradução e revisão técnica: Ronaldo Sérgio de Biasi. – Rio de Janeiro;
LTC, 2009. 4v

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