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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


Curso de Graduação em Engenharia
Aeronáutica

Avaliação das forças aerodinâmicas sobre um


aerofólio NACA0015 (Aproximação bidimensional –
2D) e uma asa finita (NACA0012)

AERODINÂMICA APLICADA
(FEMEC41070)

Lara Franco de Oliveira Araújo Parreira (11911EAR30)

Luara de Souza Guirao (12011EAR027)

Prof. Odenir de Almeida

Uberlândia, Junho de 2023.


1. Objetivo

Este relatório e experimento tem como objetivo medir o arrasto e a sustentação de um


aerofólio e de uma asa finita em diferentes ângulos de ataque relacionando tais parâmetros
com o número de Reynolds do escoamento.

2. Resultados Experimento Aerofólio NACA0015 (Aproximação


Bidimensional)

Durante o experimento, foi realizada a coleta de 10 dados de força de sustentação e


força de arrasto para 13 ângulos de ataque diferente para o aerofólio. A partir desses
dados, fez-se uma média de força de arrasto e força de sustentação para cada ângulo
de ataque utilizando a equação 1. Os resultados podem ser visualizados na tabela 1.

𝑛
1
𝑥= 𝑛
∑ 𝑥𝑖 (Eq. 1)
𝑖=1

Onde,

𝑥: Média aritmética simples;

𝑛: Número total de termos;

𝑥𝑖: Valores dos dados;

Tabela 1 - Dados de Força de Arrasto e Força de Sustentação.

Ângulo [◦] D [N] L [N]

0 0,081 0

1 0,15 0,73

2,1 0,382 4,722

3 0,503 5,75

4,1 0,798 7,945

5,1 0,509 6,141

6,2 0,631 7,692

7 0,805 9,874

8,2 1,265 12,761


9,1 1,313 13,062

10,2 2,366 14,677

11,2 3,109 11,996

12,1 3,342 12,951


Para o cálculo do número de Reynolds utilizou-se a equação 2.

𝑉·𝐶
𝑅𝑒 = ν
(Eq. 2)

Onde,
V: Velocidade média do escoamento[m/s];
C: Corda do aerofólio[m²];
ν: Viscosidade cinemática[m²/s];

A partir de um sensor presente no laboratório, coletou-se os dados de pressão e


temperatura do ambiente, com 91,5 kPa e 21,3 ºC. A partir disso, utilizou-se o software
“Engineering Equation Solver” para determinar a viscosidade cinemática, que é de 16,92E-6
m²/s.
A velocidade média é de 16,2 m/s e a corda do aerofólio possui 0,195 m, portanto, o número
de Reynolds é 186.748.

Para determinar o coeficiente de arrasto e coeficiente de sustentação para cada ângulo de


ataque, utilizou-se as equações 3 e 4, respectivamente.

𝐷
𝐶𝐷 = 0,5*ρ∞𝑉∞²𝑆
(Eq. 3)

𝐿
𝐶𝐿 = 0,5*ρ∞𝑉∞²𝑆
(Eq .4)

Onde,

𝐶𝐷: Coeficiente de arrasto;

𝐶𝐿: Coeficiente de sustentação;


D : Força de arrasto [N];
L : Força de sustentação [N];
ρ∞: Massa específica do ar [𝑘𝑔/𝑚³];

𝑉∞: Velocidade do escoamento a montante [m/s];

𝑆: Dimensão característica [m²];

Para determinar a dimensão característica do aerofólio, utilizou-se a seguinte relação,


apresentada pela Equação 5.

𝑆=𝑐·𝑏 (Eq. 5)
Onde,
c: Corda do Aerofólio;
b: Envergadura da asa;

Sabe-se que o aerofólio utilizado no experimento possui 195 mm de corda e 565 mm de


envergadura, portanto a dimensão característica do aerofólio é 0,11 m²

Para determinar a massa específica do ar, utilizou-se a equação 6. O resultado de


densidade do ar foi de 1,083 kg/m³.

𝑃
ρ∞ = 0,2869*(𝑇+273,1)
(Eq. 6)

O resultado do coeficiente de arrasto e do coeficiente de sustentação pode ser visualizado


na tabela 2.

Tabela 2 - Coeficiente de Arrasto e Coeficiente de Sustentação.

Ângulo [◦] Cd Cl

0 0,0052 0

1 0,0096 0,0467

2,1 0,0245 0,3021

3 0,0322 0,3678

4,1 0,0511 0,5083


5,1 0,0326 0,3928

6,2 0,0403 0,4921

7 0,0515 0,6317

8,2 0,0809 0,8164

9,1 0,084 0,8356

10,2 0,1514 0,9389

11,2 0,1989 0,7674

12,1 0,2138 0,8285

Por conseguinte, com os dados de coeficiente de arrasto, Cd, e coeficiente de sustentação,


Cl, foi possível plotar os gráficos de cada um desses coeficientes pelo ângulo de ataque do
aerofólio. Os gráficos podem ser visualizados nas Figuras 1 e 2, respectivamente.

Figura 1. Curva Cd versus Alpha (ângulo de ataque)


Figura 2. Curva Cl versus Alpha (ângulo de ataque)

A partir do site “Airfoiltools”, foi possível obter a curva teórica de Cl e Cd versus alpha para
Reynolds de 200.000. Os gráficos podem ser visualizados nas figuras 3 e 4.
Figura 3. Curva Teórica de Cd x Alpha

Figura 4. Curva Teórica de Cl x Alpha

É possível visualizar que para os trechos dos ângulos de ataque (α) do experimento, que as
curvas obtidas pelo Airfoil Tools se aproximam bem das curvas obtidas experimentalmente. A
título de comparação matemática calcula-se o erro relativo, especificado na equação 7.

|𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜−𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙|
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
· 100 (Eq. 7)

Para o ângulo de ataque igual a 10,2, o valor do coeficiente de sustentação experimental é de


1,01 e o valor do coeficiente de arrasto é de 0,023. O valor do erro relativo pode ser
visualizado na tabela 3.

Tabela 3 - Erro relativo dos coeficientes de sustentação e arrasto NACA0015


Teórico Experimental Erro relativo [%]

Ângulo º Cl Cd Cl Cd Cl Cd

10,2 1,01 0,023 0,9389 0,1514 7,039 558,26

A partir da tabela 3, pode-se fazer uma análise com os valores obtidos experimentalmente, o
coeficiente de sustentação experimental se aproxima bastante do teórico, com um erro de
cerca de 7%, no entanto, o coeficiente de arrasto experimental possui um erro extremamente
grande.

3. Resultados Experimento Asa Finita (NACA0012)

Durante o experimento para asa finita, a temperatura 23 °C, a pressão de 91,4 kPa e a
velocidade de 16,1 m/s. Dessa maneira, determinou-se a viscosidade cinemática do ar e a
densidade para tal condição, através do EES. Os valores obtidos foram: ρ = 1, 075 kg/m³ e
−5
ν = 1, 71 · 10 m²/s. A asa finita utilizada no experimento tem perfil NACA 0012 com a corda
igual a c=196 mm e a envergadura e=383 mm.
Para o cálculo do número de Reynolds utilizou-se a equação 2. O resultado do número de
Reynolds encontrado foi de 184.430,16.

Durante o experimento, foi realizada a coleta de 10 dados de força de sustentação e força


de arrasto para 14 ângulos de ataque diferente para o aerofólio. A partir desses dados,
fez-se uma média de força de arrasto e força de sustentação para cada ângulo de ataque
utilizando a equação 1. Os resultados podem ser visualizados na tabela 4.

Tabela 4 - Dados de Força de Arrasto e Força de Sustentação.


Ângulo º D [N] L [N]

0 0,158 0,000

1 0,148 1,994

2,1 0,217 2,994

3 0,226 3,547

4 0,339 4,856

5 0,376 5,651

6,1 0,520 6,512

7,1 0,652 7,182

8,2 0,753 7,924

9,1 1,435 8,374

10 1,659 8,077
11,1 1,085 7,746

12 1,902 7,953

13,1 2,184 6,444

Para determinar a dimensão característica do aerofólio, utilizou-se a seguinte relação,


apresentada pela Equação 5. O valor encontrado foi de S=0,075068 m². A partir dos
dados da tabela acima, foi possível realizar o cálculo do coeficiente de arrasto e do
coeficiente de sustentação do aerofólio, os resultados podem ser visualizados na
tabela 5.

Tabela 5 - Coeficiente de Arrasto e Coeficiente de Sustentação.


Ângulo º Cd Cl

0 0,015096 0

1 0,014158 0,190622

2,1 0,020722 0,286261

3 0,021566 0,339144

4 0,032442 0,464319

5 0,035912 0,540268

6,1 0,049695 0,622592

7,1 0,062353 0,686727

8,2 0,072011 0,757612

9,1 0,137177 0,80065

10 0,158648 0,772239

11,1 0,103703 0,740641

12 0,181902 0,760425

13,1 0,208812 0,616123


Por conseguinte, com os dados de coeficiente de arrasto, Cd, e coeficiente de sustentação,
Cl, foi possível plotar os gráficos de cada um desses coeficientes pelo ângulo de ataque do
aerofólio. Os gráficos podem ser visualizados nas figuras 5 e 6, respectivamente.

Figura 5. Curva Cd versus Alpha (ângulo de ataque)


Figura 6. Curva Cl versus Alpha (ângulo de ataque)

Para se obter a inclinação da curva 𝐶𝐿 x 𝛼, basta utilizar a equação 8.

∆𝑌 ∆𝐶𝐿
𝑎𝑒𝑥𝑝 = ∆𝑋
= ∆α
(Eq. 8)

Utilizando os valores de 𝐶𝐿 para 𝛼=1º e 𝛼=3º, temos que a inclinação é de


−1
0, 07 𝑑𝑒𝑔 . A inclinação teórica da curva de Sustentação versus Alpha é igual a
−1
0, 11 𝑑𝑒𝑔 . No entanto, essa teoria é formulada para altos reynolds, o experimento
realizado foi com um valor de reynolds baixo.

Para asa com formato elíptico, o coeficiente de arrasto induzido pode ser encontrado
a partir da equação 9.

2
𝐶𝐿
𝐶𝐷𝑖 = π𝐴𝑅
(Eq. 9)

Onde,

𝐴𝑅: Alongamento da asa;

𝐶𝐿: Coeficiente de sustentação.

Para outros formatos de asa, o coeficiente de arrasto induzido pode ser encontrado a
partir da equação 10.

2
𝐶𝐿
𝐶𝐷𝑖 = π·𝑒·𝐴𝑅
(Eq. 10)

A partir dos resultados experimentais, é possível observar que o coeficiente de


sustentação é maior para o aerofólio (aproximação bidimensional) do que para a asa
finita devido o efeito de ponto da asa quase nulo, fator preocupante na realização da
montagem do experimento para aproximar melhor possível de um aerofólio
bidimensional, já a asa finita tem esse efeito maximizado.

O fenômeno de ponta de asa provoca a formação do vórtice, resultando em uma força


de sucção para baixo no fluxo de ar sobre a asa. Essa situação causa um arrasto
induzido que tem um impacto direto na sustentação. Além disso, o arrasto total sobre a
asa finita é maior, uma vez que há a geração de arrasto induzido e no aerofólio com
aproximação bidimensional esse efeito é praticamente nulo.

Shahrooz Eftekhar e Abdulkareem Shafiq Mahdi Al-Obaidi investigaram a asa finita


(NACA0012) com razão de aspecto igual a 1, para baixos números de Reynolds. Os
resultados obtidos por eles das curvas de coeficiente de sustentação e coeficiente de
arrasto em função do ângulo de ataque são apresentados pelas figuras 7 e 8,
respectivamente.

Figura 7. Curva Cl x 𝛼 para baixos Reynolds


Figura 8. Curva Cd x 𝛼 para baixos Reynolds

Ao realizar a comparação com as curvas obtidas experimentalmente, pode-se observar um


comportamento parecido para a variação de ângulo de ataque obtida no experimento.

4. Conclusão

A partir dos dados experimentais analisados, é possível concluir que o escoamento sobre
uma asa finita é mais complexo do que sobre um aerofólio, devido à tridimensionalidade da
asa. Os resultados mostraram que os coeficientes de sustentação e arrasto em uma asa finita
são influenciados pela proporção da asa.

Bibliografia

1. Fundamentals of Aerodynamics, Anderson, Jr, J. D. (2011).


2. Airfoil Tools, “NACA 0015 (naca0015-il)” - Disponível em:
http://airfoiltools.com/airfoil/details?airfoil=naca0015-il
3. Shahrooz Eftekhari e Abdulkareem Shafiq Mahdi Al-Obaidi , "Investigation of a
NACA0012 Finite Wing Aerodynamics at Low Reynold’s Numbers and 0° to 90°
Angle of Attack ", Disponível em:
https://www.scielo.br/j/jatm/a/JdnMCtH6R3PhTBZ69YNqNfd/?format=pdf&lang=
en

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