Você está na página 1de 12

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS DE UM GERADOR DE CORRENTE

CONTÍNUA
Laboratório 5 – Grupo 4

Lorena Cezar - RA 161320813

Natália Santos Fernandes - RA 161323065

Julianne Bellíssimo - RA 161323375

Thiago Fernandes Fachin - RA 161323774

Turma 222

Maurício Antônio Algatti

Laboratório de Física Experimental II

Guaratinguetá – SP

22/05/2017
Resumo

Com a intenção de obter a curva característica de um gerador de corrente


contínua e determinar os valores de sua força eletromotriz e resistência interna,
realizou-se o experimento contendo um reostato, um voltímetro, um
microamperímetro e um gerador. Realizaram-se medições da corrente e da
tensão no circuito com 11 valores de resistência. A partir dos resultados
obtidos, calcularam-se os valores de resistência de carga. Construiu-se a curva
experimental característica do gerador. Com base na equação do gerador e no
gráfico anterior, obtive-se a resistência interna do circuito e a força eletromotriz
do gerador. Posteriormente, traçou-se a curva ideal do gerador, que foi próxima
da curva experimental. Com base novamente na equação do gerador, obtive-se
a potência útil, potência total e rendimento do circuito. Com esses dados,
construiu-se a curva de potência útil e total em função da resistência de carga
do circuito e a curva do rendimento em função da resistência de carga.
Introdução

Corrente contínua, abreviada por CC, engloba os diversos sistemas


elétricos nos quais há um fluxo unidirecional (uma direção).
As fontes de tensão CC podem ser divididas em três categorias: baterias
(usam reações químicas); geradores (eletromecânicos); fontes de alimentação
(usam processos de retificação).
Gerador de corrente contínua é uma máquina capaz de converter energia
mecânica em energia elétrica. Ele possui tensão e capacidade de potência bem
altas, e sua vida útil é determinada apenas por sua construção. Quando o eixo
do gerador está girando na velocidade nominal, em função de um torque
aplicado por alguma fonte externa de energia mecânica, o valor nominal de
tensão aparece em seus terminais. Os geradores CC comerciais mais usados
são de 120 V e 240 V.
A resistência elétrica dos materiais condutores que constituem um
gerador é chamada resistência interna do gerador, sendo indicada por .
Um gerador elétrico é ideal quando sua resistência interna é nula.
A tensão elétrica ou a ddp entre os pólos de um gerador ideal é indicada
por e recebe o nome de força eletromotriz (fem).
A tensão entre os pólos de um gerador real é igual à tensão que
teríamos se ele fosse ideal ( menos a tensão na resistência interna .
Assim, podemos escrever a chamada equação característica do gerador:

Gerador em curto-circuito
Um gerador está em curto-circuito quando seus pólos são ligados por um
fio de resistência elétrica nula.

Figura 1: Esquema de um gerador em curto-circuito.


Nestas condições, a tensão entre os pólos do gerador é nula e a corrente
elétrica que percorre o gerador é denominada corrente de curto circuito .
Da equação característica do gerador, resulta:

Curva característica de um gerador

Figura 2: Curva característica de um gerador.

Da equação 1, com Ԑ e constantes concluímos que o gráfico V x i é uma


reta inclinada decrescente em relação aos eixos V e i. O ponto A do gráfico
acima tem coordenadas e e corresponde ao coeficiente linear da

reta. O ponto B tem coordenadas e .


Todas as vezes que uma máquina realiza um trabalho, parte de sua
energia total é dissipada, seja por motivos de falha ou até mesmo devido ao
atrito. Lembrando que essa energia dissipada não é perdida, ela é
transformada em outros tipos de energia (Lei de Lavoisier). Assim sendo,
considera-se a seguinte relação para calcular o rendimento:

Onde:
é o rendimento da máquina;
é a potência utilizada pela máquina;
é a potência total recebida pela máquina.

A potência total é a soma das potências útil e dissipada.

Por se tratar de um quociente de grandezas de mesma unidade,


rendimento é uma grandeza adimensional, ou seja, ele não possui unidade.
Rendimento é expresso em porcentagem e ele é sempre menor que um e
maior que zero .

Arranjo Experimental

Ligou-se o microamperímetro e o gerador no reostato de fundo de escala


de 25 Ω em seu valor de resistência máxima e um voltímetro em paralelo,
conforme a figura a seguir.

Figura 3: Esquema do circuito contendo o gerador mostrando todos os resistores que


compõem o circuito.

Variou-se a resistência do reostato em seu valor máximo até o valor


mínimo, anotamos os valores obtidos de tensão na saída do gerador e corrente
no resistor de carga.

Figura 4: Montagem experimental do circuito.

Repetiu-se esse procedimento em dez pontos experimentais espaçados


relativamente iguais.
Resultados e Discussões

Com os valores da resistência do reostato, de tensão, corrente obtidos


nas medidas feitas em laboratório, calculou-se o valor da resistência de carga
(Rc) pela equação 1 e verificou-se se os valores de Rc foram igualmente
espaçados. Os resultados obtidos estão apresentados na tabela 1.

[1]
Com os valores medidos, construiu-se o gráfico 1 (V x Ic) e determinou-se
o valor da resistência interna (r) e da força eletromotriz (Ԑ) a partir dele.
Utilizando a equação do gerador:
[2]

Sabendo que e , temos a equação 3:

[3]

A partir da equação 3, admitindo V = 0, temos:

[4]
Onde Icc é a corrente de curto-circuito e seu valor experimental é a raíz
da reta obtida no gráfico 1.

Sabendo que β é o coeficiente linear da reta obtida no gráfico 1, tem-se a


equação 5:

[5]
Trabalhando algebricamente as equações 4 e 5, encontrou-se a
resistência interna do gerador:

[6]

Sendo β = 1,4 V, Rv = 250 Ω e Icc = 0,12 A, calcula-se r = 12,24 Ω.


Com o auxílio da equação 4, obtive-se o valor da força eletromotriz do
gerador utilizado ɛ = 1,47V.
Ainda no gráfico 1, de posse do valor da força eletromotriz do gerador,
traçou-se sua curva característica (voltímetro ideal), caracterizada pela linha
tracejada.
Ao multiplicar a equação 2 pela corrente I, obteve-se a equação 7:
[7]
A partir da equação7, obteve-se a potência útil , representada pela
equação 8, e potência total , representada pela equação 9. Pelas equações
8 e 9, obteve-se o rendimento (η), representado pela equação 10. Efetuou-se
esses cálculos para cada valor de Rc, sendo os resultados apresentados na
tabela 1.

[8]

[9]

[10]

Com os valores obtidos de e , construiu-se o gráfico 2 com duas


escalas verticais distintas, plotando neste as curvas Pu x Rc e Pt x
Rc. Observe-se que a potência útil é máxima quando a resistência de carga for
igual à resistência interna.
Construiu-se, também, o gráfico 3 (η x Rc) com os valores de rendimento
obtidos. Analisou-se que o rendimento é maior quanto maior for a resistência
de carga e quanto menor for a corrente do circuito.

R (Ω) V (V) Ic (mA) Rc (Ω) Pu (W) Pt(W) η(%)


25,0 0,99 40 25,00 0,0390 0,058 67,0
24,0 0,97 41 24,75 0,0395 0,060 66,0
20,0 0,91 45 21,10 0,0416 0,067 62,0
17,0 0,86 50 18,75 0,0430 0,074 58,0
16,0 0,83 51 16,35 0,0433 0,076 56,6
14,0 0,78 55 13,51 0,0440 0,082 53,6
12,0 0,74 60 10,94 0,0441 0,089 49,5
11,0 0,69 64 8,71 0,0440 0,093 47,0
9,0 0,63 69 6,25 0,0430 0,100 43,0
7,0 0,55 75 3,16 0,0400 0,110 36,0
2,0 0,23 110 0,61 0,0200 0,150 13,0
Tabela 1: Resultados obtidos em laboratório e calculados a partir de dados experimentais.

Questionário
1. Determine matematicamente o valor de resistência R c para o

qual a potência útil é máxima, a partir da expressão: .


Compare este valor com o valor obtido a partir do gráfico P ux Rc.
Derivando a equação de Pu em relação à Rc e, igualando-a a zero,
obtém-se que o valor máximo de Rc é igual a r.
Pelo gráfico, tem-se que o valor máximo de Rc é 12 ohms, que
corresponde exatamente ao valor de r, confirmando os cálculos realizados
anteriormente.

2. Analise a partir do gráfico P u x Rc o comportamento da potência


útil quando o resistor de carga tende a zero (gerador em curto-circuito) e
quando o valor tende a infinito (gerador em aberto). Justifique fisicamente
os valores encontrados para potência útil nessas duas condições
extremas.
A partir da análise do gráfico, é possível observar que a potência útil
tende a zero tanto quando o resistor de carga tende a zero, quanto quando o
valor tende a infinito.
Fisicamente, tal comportamento da potência útil em função do resistor
de carga é explicado pelas fórmulas seguintes:

(1) e (2)

Quando Rc tende a zero, a corrente tende a e, quando tal valor é


substituído na equação (2), , que representa a potência útil, será igual a zero.
Já quando Rc tende a infinito, pela equação (1) tem-se que a corrente
tenderá a zero e, quando substituído na equação (2), a potência útil será um
valor nulo.

3. Repita a análise proposta no item anterior para a potência total


fornecida pelo gerador (gráfico Pt x Rc).
Graficamente, tem-se que a potência total tende a um número próximo a
0,18 W quando Rc tende a zero e, a potência total tende a zero quando R c
tende a infinito.
Já quando analisamos fisicamente, através das equações (1) e (2)
utilizadas na questão anterior, para o caso em que R c tende a zero, pela
equação (1), obtém-se um valor de para a corrente, que quando substituída
na equação (2), resulta num valor de ɛ²/r (1,47²/12,24 = 0,176 W) para a
potência total. Já no segundo caso, em que Rc tende a infinito, tem-se pela
equação (1) que a corrente tende a zero e, consequentemente pela equação
(2), a potência total também se anula.
4. Sendo o rendimento do gerador definido por η = P u/Pt , explique o
comportamento do mesmo frente a variação do valor da resistência de
carga (gráfico η x Rc). Qual é o valor do rendimento do gerador para a
resistência de carga igual ao valor da resistência interna do mesmo?
Seguem-se as seguintes equações:

(3) e (4)

Manipulando as duas equações, tem-se que:

(5)

Portanto, se Rc tende a zero, o rendimento também tende a se anular e,


se Rc tende a infinito, o rendimento tende a 1, ou seja, 100%.
Quando a resistência de carga é igual ao valor da resistência interna do
gerador (12 ohms), o rendimento é de 50%, como observado graficamente.

12
ɳ= .100 %=50 %
12+ 12

5. Por que o rendimento num circuito contendo um gerador real


nunca chega a 1 (i.e., 100%)? Quais seriam os resultados obtidos para as
potências útil e total e para o rendimento, se o valor da resistência interna
do gerador fosse nula? Neste caso o rendimento dependeria do valor da
resistência de carga? Justifique detalhadamente as respostas.
O rendimento de um circuito contendo um gerador real, nunca chega a 1
porque existe a presença de uma resistência interna a qual sempre promoverá
uma dissipação de potência, a qual subtrairá a potência total de um certo valor,
fazendo com que a potência útil nunca seja igual à potência total, condição que
configuraria um gerador ideal, ou seja, um rendimento igual a 1 segundo a
equação (4).
Quando a resistência interna do gerador for nula, o rendimento é igual a
1, e a potência útil será igual à potência total a qual apresenta um valor de
. Isto se explica pela manipulação da equação (2) e a que se segue:
(6)
Neste caso, o rendimento seria sempre 100%, não dependendo da
resistência de carga.
Conclusões
Analisando as curvas características do gerador obtive-se resultados
satisfatórios, visto que a curva experimental foi bem próxima da ideal, sendo
que, na prática, elas nunca serão coincidentes, uma vez que o gerador sempre
possui uma resistência interna. Analisando algebricamente, obtive-se um bom
desempenho, já que o erro percentual para a força eletromotriz foi muito
pequeno.
Quanto à potência útil, conclui-se que esta é máxima quando a resistência
de carga for igual à resistência interna. Matematicamente, isso é verificado
igualando a zero a derivada primeira da potência útil, em relação à resistência
de carga.
O rendimento do experimento é maior quanto maior a resistência de carga
e quanto menor a corrente do circuito. Isso ocorre porque a potência dissipada
é diretamente proporcional ao quadrado da corrente. Dessa forma, o
rendimento é máximo quando a corrente é mínima.
Referências Bibliográficas

[1] ALGATTI, Maurício A.. Estudo das Características de um Gerador de


Corrente Contínua. Guaratinguetá, 2017. Roteiro elaborado pelo professor
Mauricio Antonio Algatti em 29/04/2011 e revisado pelo mesmo em 03/04/2017
para disciplina Física Experimental II, programa de Graduação em Engenharia,
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho".

[2] Robert L. Boylestad,. Introdução à Análise de Circuitos. Pearson


Education do Brasil, 10ª edição, São Paulo, (2009).

[3] OS FUNDAMENTOS DA FÍSICA: Eletricidade.


Disponível em: < http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/08/cursos-
do-blog-eletricidade_28.html >
Acesso em: 29 de maio de 2017.

Você também pode gostar