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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

ENGENHARIA AEROESPACIAL

Renan Girão Evangelista

Trabalho 1
Aerodinâmica de Sistemas Aeroespaciais

Brasília - Faculdade do Gama


2022

1
Resumo 4

Introdução 4

Dados experimentais do aerofólio NACA 2415 5

Calculando coeficientes normais e axiais e centro de pressão 6

Razão sustentação/arrasto 8

Calculando o comprimento da corda e a velocidade de fluxo livre 10

Protótipo de aeronave 10

Referências 11

Anexos: 12

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Resumo

Este trabalho apresenta um estudo sobre o aerofólio NACA 2415, demonstrando como se
comportam suas propriedades. O trabalho foi realizado utilizando a interpretação de dados de
coeficientes presentes na literatura e, por meios desses, foi possível obter alguns valores
importantes no estudo de aerofólios, tais como os coeficientes de normal e axial, desempenho
em voo, a variação da pressão e influência dela no aerofólio, a área da asa e as velocidades
tanto de stall e quanto de voo. As propriedades analisadas estão em função de três variáveis,
são elas o comprimento de corda, o número Mach e o número de Reynolds. Com essa análise,
é possível ter uma base adequada para estudos mais complexos sobre o comportamento de
aeronaves.

Introdução

Este trabalho visa analisar um aerofólio o qual pode ser definido como uma secção
transversal ou um corte com visão lateral da asa. O aerofólio é uma parte importante da
aeronave e o estudo de propriedades é de grande valor para o campo da aerodinâmica, uma
vez que a análise desta secção fornece informações cruciais de como a aeronave pode se
comportar em diferentes situações. O aerofólio escolhido para a análise neste trabalho foi o
Naca 2415, o seu perfil é mostrado na figura 1, a qual foi obtida no Designer Modeler.

Figura 1. Contorno do aerofólio Naca 2415


Fonte: Autor
O NACA 2415 faz parte dos chamados perfis NACA de quatro dígitos, estes têm o nome
dado devido a suas medidas em que o primeiro dígito é o que define o arco máximo em
porcentagem da corda, já o segundo dígito define o ponto de curvatura máxima em relação à
borda de ataque em décimos de corda e os dois últimos os dois últimos definem a espessura
máxima do perfil em porcentagem da corda. O NACA 2415 se tornou um perfil muito
popular em práticas de aeromodelismo, estes chegam a velocidades altas ( SELIG, 1996).

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Dados experimentais do aerofólio NACA 2415

Os coeficientes de sustentação, de arrasto de momento foram obtidos de maneira


experimental, em que as condições do experimento são iguais para todos os dados. O número
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de Reynolds utilizado foi de 3 · 10 , a massa específica do ar de 1,23 kg/m³ , velocidade de
fluxo livre de 70 m/s e corda de 0,65m.(ABBOT, 1959). A tabela 1 mostra os dados de
coeficiente de sustentação (𝑐𝑙), coeficiente de arrasto (𝑐𝑑) e o coeficiente de momento a 1/4
da corda(𝑐𝑚,𝑐/4), em função do ângulo de ataque α.

α[graus] 𝑐𝑙 𝑐𝑑 𝑐𝑚,𝑐/4

-2 -0,02 0,006 -0,050


0 0,19 0,006 -0,048
2 0,41 0,007 -0,048
4 0,6 0,007 -0,045
6 0,84 0,008 -0,040
8 1,05 0,009 -0,040
10 1,27 0,011 -0,035
12 1,41 0,013 -0,032
14 1,56 0,016 -0,028
Tabela 1. Coeficientes de sustentação, arrasto e momento (ABBOT,1959)

A figura 2 mostra como esses coeficientes se comportam em relação ao ângulo α.

Figura 2. Variação de 𝑐 , 𝑐 e 𝑐𝑚,𝑐/4 em função de α.


𝑙 𝑑
Fonte:Autor.

4
O coeficiente de pressão 𝐶𝑝 do perfil foi obtido por meio do Software XLFR5, com os dados
desse coeficiente foi obtido o gráfico apresentado na Figura 3.

Figura 3. Coeficiente de pressão em função da corda (x/c) e do ângulo α.


Fonte: Autor

Calculando coeficientes normais e axiais e centro de pressão

A partir dos coeficientes de sustentação e arrasto é possível obter os coeficientes normais 𝑐𝑛


e axiais 𝑐𝑎 em cada ângulo de ataque α, a relação entre eles é dada pelas equações (1) e (2) e
os coeficientes de sustentação e arrasto para seu respectivo ângulo de ataque está na tabela 1.
A tabela 2 apresenta os valores de 𝑐𝑛 e 𝑐𝑎de acordo com o ângulo α.

𝑐𝑙 = 𝑐𝑛 · 𝑐𝑜𝑠(α) − 𝑐𝑎 · 𝑠𝑒𝑛(α) (1)


𝑐𝑑 = 𝑐𝑛 · 𝑠𝑖𝑛(α) − 𝑐𝑎 · 𝑐𝑜𝑠(α) (2)

5
α[graus] 𝑐𝑛 𝑐𝑎

-2 0,0198 0,005
0 0,19 0,006
2 0,411 0,007
4 0,604 0,035
6 0,853 0,081
8 1,08 0,143
10 1,329 0,223
12 1,507 0,307
14 1,71 0,41
Tabela 2. Coeficiente Normal e Coeficiente Axial em função de α

O centro de pressão pode ser obtido a partir do coeficiente de sustentação e coeficiente de


momento a ¼ da corda em cada ângulo de ataque. Essa relação é encontrada na equação (3),
com os dados da Tabela 1, é possível encontrar o centro de pressão para diferentes ângulos, o
que está sendo mostrado na Tabela 3 e nas Figura 4 e 5.
𝑐𝑚,𝑐/4
𝑥𝑐𝑝 = 0, 25 − 𝑐𝑙
(3)

α[graus] 𝑥𝑐𝑝(x/c)

0 0,503
2 0,367
4 0,325
6 0,298
8 0,288
10 0,278
12 0,273
14 0,268
Tabela 3. Centro de Pressão em função de α.

6
Figura 4. Gráfico da variação do centro de pressão por α.
Fonte: Autor

Figura 5. Variação de 𝑥𝑐𝑝 ao longo da corda.


Fonte: Autor

Razão sustentação/arrasto
Uma das propriedades mais importantes que é possível obter a partir do estudo do aerofólio é
a razão entre a sustentação e o arrasto 𝑐𝑙/𝑐𝑑 ou L/D, já que com essa relação podemos ter a
eficiência do aerofólio. Com os dados da Tabela 1 foi possível calcular essa relação para
diferentes ângulos, esses valores estão na Tabela 4. Além disso, é possível comparar com
valores da bibliografia, obtidos por Ghods,essa comparação está na Figura 6.

7
α[graus] L/D
-2 -3,333
0 31,67
2 58,57
4 85,71
6 105
8 116,7
10 115,5
12 108,5
14 97,5
Tabela 4. Razão entre sustentação e arrasto

Figura 6. Representação gráfica da L/D.


Fonte: Autor

Ao analisar a Figura 6, percebemos que os valores obtidos da razão L/D para o NACA 2415 e
para os valores da bibliografia são diferentes, de modo que o valor da bibliografia está bem
menor. Isso ocorre devido a alguns fatores que tornam os valores teóricos calculados
diferentes dos que realmente são obtidos, já que os valores reais têm a interação real
tridimensional em que a aeronave está sujeita ao arrasto induzido, e além disso as aeronaves
têm influência de outros componentes como antenas, sistema de ventilação e etc(Anderson,
2017). Analisando a linha preta temos que o o valor máximo da razão está entre o ângulo de
6° e 10°.

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Calculando o comprimento da corda e a velocidade de fluxo livre
Para calcular a velocidade de fluxo livre (𝑉∞) e o comprimento da corda (c) é necessário
assumir um valor de número de Reynolds já que ambas podem ser obtidas com essa variável,
como é mostrada nas equações (4) e (5).
𝑉∞
𝑀= (4)
γ·𝑅·𝑇
ρ·𝑉∞·𝑐
𝑅𝑒 = µ
(5)
Em que:
M:número de Mach=0,2. valor já utilizado neste trabalho.
γ:razão do calores específicos=1,4
R:constante do gás do ar=287,05 J/kg·K
T:temperatura do ar=298,15 K
6
Re: número de Reynolds, este será de 3 · 10 valor que já foi utilizado.
ρ:densidade do ar=1,23 kg/m³
−6
µ:viscosidade dinâmica=17,8· 10 Pa·s

Utilizando essas equações e esses valores temos que a velocidade de fluxo é de


aproximadamente 69 m/s e o comprimento de corda é de aproximadamente 0,62 m.

Protótipo de aeronave
Algumas informações sobre um possível protótipo de uma aeronave com esse aerofólio
podem ser obtidas a partir dos dados que temos disponíveis, tais como a área da asa (S), a
velocidade de stall (𝑉𝑆𝑡𝑎𝑙𝑙) e a velocidade de cruzeiro ou voo (𝑉𝑉𝑜𝑜), isso em baixa velocidade
(fluxo incompressível). A área da asa pode ser encontrada através da equação (6):
2 1
𝐿 = 𝑊 = ρ · 𝑉∞ · 𝑆 · 𝑐𝑙,𝑧𝑒𝑟𝑜 · 2
(6)
Em que:
W:Peso da Aeronave= 380 kg · 9,8 m/s²(COELHO,1985)
𝑐𝑙,𝑧𝑒𝑟𝑜:coeficiente de sustentação quando o ângulo de ataque é 0°

Com esses dados temos que a área da asa é aproximadamente 6,7 m². Com o valor da área da
asa podemos obter a velocidade de voo e a velocidade de stall, esses valores podem ser
encontrados pela equações (7) e (8).
2𝑊
𝑉𝑉𝑜𝑜 = ρ·𝑠·𝑐𝑙,𝑧𝑒𝑟𝑜
(7)

9
2𝑊
𝑉𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 = ρ·𝑠·𝑐𝑙,𝑚𝑎𝑥
(8)

Em que:
𝑐𝑙,𝑚𝑎𝑥:coeficiente de sustentação máximo antes de ocorrer o stall.

Com esses valores temos que a velocidade de voo é cerca de 69 m/s e a velocidade de stall é
de aproximadamente 24 m/s.

Referências
SELIG, M.S. Summary of Low-Speed Airfoil Data.Vol 2. Virginia Beach:SoarTech
Publications, 1996.

GHODS, Mehrdad. Theory of Wings and Wind Tunnel Testing of a NACA 2415 Airfoil.
Technical Communication for Engineers, University of British Columbia, 2001

ANDERSON, J.D., Fundamentals of aerodynamics, 6 ed. New York: McGraw-Hill, 2017.

ABBOT, Ira H., Theory of wing sections: Including a Summary of Airfoil Data, 1 ed. New
York: DOVER, 1959

COELHO, Altair. AC–05. Altair Coelho, 2004. Disponível em


<http://www.altaircoelho.com.br/avioesac05.php?cd=02> . Acesso em 19 de Junho de 2022.

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Anexos:

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