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FÍSICA E QUÍMICA A RUMO À FÍSICA 10

ATIVIDADE LABORATORIAL

CARACTERÍSTICAS DE UMA PILHA

APRENDIZAGEM ESSENCIAL
Compreender a função e as características de um gerador e determinar as características de uma
pilha numa atividade experimental, avaliando os procedimentos e comunicando os resultados.

SUGESTÕES METODOLÓGICAS
Deverá ter-se em atenção o valor da corrente elétrica do circuito (calcular previamente o valor
aproximado) para escolher a escala correta do amperímetro e não o danificar.
Como a resistência interna da pilha é muito inferior à do voltímetro, o valor lido diretamente nos
terminais do voltímetro constitui uma boa aproximação para a força eletromotriz da pilha.
Uma vez que a tensão nos terminais da pilha diminui muito (tende para zero) para correntes
elétricas elevadas, deverá iniciar-se a atividade selecionando o valor de resistência elétrica do
reóstato ou do potenciómetro mais elevado e deverá alertar-se os alunos para nunca baixar
demasiado o valor da resistência, pois a pilha entra em curto-circuito e sai da zona de variação
linear da diferença de potencial elétrico.
Deverá alertar-se os alunos que, no caso de obterem pontos fora do ajuste linear, não devem
considerar esses pontos.

EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE LABORATORIAL


A. REGISTO DE DADOS
Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.

Tabela I – Incertezas absolutas de leitura

Instrumento de medição Grandeza medida Incerteza absoluta de leitura

Voltímetro Diferença de potencial elétrico 0,01 V ou 1 ×10−2 V

Amperímetro Corrente elétrica 0,00001 A ou 1 ×10−5 A

Uma vez que, a diferença de potencial elétrico nos terminais da pilha e a corrente elétrica no
circuito foram medidas com multímetros, nas funções voltímetro e amperímetro,
respetivamente, instrumentos com escalas digitais (a medida é indicada por um número),
considera-se a incerteza absoluta de leitura igual a uma unidade do último dígito de leitura.

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Tabela II – Registo de medidas para as pilhas nova e usada

Pilha nova Pilha usada

ε i , pilha=( 9,31 ± 0,01 ) V ε i , pilha=( 9,26 ± 0,01 ) V

ε f , pilha=( 9,24 ± 0,01 ) V ε f , pilha=( 9,16 ± 0,01 ) V

Registo U AB /V I/A U AB / V I/A


1 9,28 0,00304 9,23 0,00299

2 9,26 0,00455 9,22 0,00409

3 9,25 0,00607 9,20 0,00609

4 9,24 0,00721 9,18 0,00822

5 9,23 0,00897 9,17 0,00948

6 9,22 0,01002 9,16 0,01071

7 9,21 0,01153 9,15 0,01268

8 9,20 0,01306 9,14 0,01402

9 9,19 0,01417 9,13 0,01513

10 9,18 0,01594 9,12 0,01652

11 9,17 0,01764 9,10 0,01905

12 9,16 0,02055 9,09 0,02092

Os valores apresentados foram obtidos para a mesma pilha, antes de qualquer utilização e
após três utilizações pelos alunos.

B. TRATAMENTO DE RESULTADOS
1. Utilizando a calculadora gráfica ou uma folha de cálculo, construa, para cada uma das pilhas, o
gráfico U AB=f ( I ), ou seja, da diferença de potencial elétrico entre os terminais da pilha (pontos
A e B do diagrama esquemático do Esquema de Montagem) em função da corrente elétrica no
circuito.

2. Determine, para cada uma das pilhas, a equação da reta que melhor se ajusta ao conjunto de
pontos experimentais (despreze, para esse efeito, os pontos que considere fora do ajuste
linear).
Para realizar esta tarefa deve começar-se pela introdução, numa calculadora gráfica ou numa
folha de cálculo, dos valores da corrente elétrica no circuito e da diferença de potencial elétrico
aos terminais da pilha, em duas colunas distintas, depois construir-se o gráfico de dispersão

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com esses pontos e, posteriormente, adicionar-se a reta de ajuste ao conjunto dos pontos
experimentais.

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Pilha nova

Pilha usada

C. ANÁLISE DE RESULTADOS
Comunique ao professor os resultados obtidos, destacando, entre outros aspetos:
• a equação da curva característica de cada uma das pilhas, indicando o valor da força
eletromotriz e da resistência interna das pilhas;
• a relação entre o valor da força eletromotriz obtido com base na curva característica com os
valores da força eletromotriz medidos em circuito aberto, para cada uma das pilhas, e
analisando as possíveis diferenças encontradas;
• a diferença entre o valor da força eletromotriz da pilha nova, medido em circuito aberto, com o
valor da força eletromotriz da pilha usada, medido nas mesmas condições;
• o que acontece à resistência interna de uma pilha à medida que vai sendo utilizada;
• a adequação dos procedimentos efetuados aos objetivos a alcançar nesta atividade,
salientando possíveis causas de erro.
Analisando o gráfico verifica-se que o conjunto dos pontos experimentais estão bastante
alinhados numa orientação ligeiramente oblíqua, alinhamento esse que se aproxima a uma reta
oblíqua com declive negativo. A reta de ajuste obtida corrobora esta análise pois permite
constatar que praticamente todos os pontos experimentais pertencem à reta obtida (e o
coeficiente de correlação, r, é muito próximo de um).

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As retas de ajuste ao conjunto de pontos experimentais são para a pilha nova e para a pilha
usada, respetivamente, y=−6,88 x +9,29 e y=−7,76 x +9,25 . Tratando-se de gráficos
diferença de potencial elétrico em função da corrente elétrica, atendendo às variáveis
independente, I, e dependente, U, presentes tem-se: U pilha , nova=−6,88 I + 9,29(V ) e
U pilha ,usada =−7,76 I + 9,25(V ), ou seja, as expressões que correspondem às equações das
curvas características da pilha.
Uma vez que a equação da curva característica para uma pilha (gerador) é:
U pilha=−r interna , pilha I +ε pilha
então, para a pilha nova os valores das suas características, resistência interna e força
eletromotriz são, 6,88 Ω e 9,29 V, respetivamente, e para a pilha usada 7,76 Ω e 9,25 V,
respetivamente.
Comparando o valor da força eletromotriz obtido com base na curva característica com os
valores da força eletromotriz medidos em circuito aberto verifica-se que, para as duas pilhas,
os valores são muito próximos, sendo superior o valor obtido em circuito aberto antes dos
ensaios. Considerando o valor lido com o voltímetro, em circuito aberto, uma boa aproximação
ao valor de referência da força eletromotriz da pilha em causa, pode obter-se:
|ea| |ε experimental −ε referência|
e r , pilhanova ( % )= × 100 ⇒e r , pilha nova ( % ) = ×100
ε referência ε referência
|9,29−9,31| |9,25−9,26|
e r , pilhanova ( % )= ×100=0,2 % e e r , pilhausada ( % )= ×100=0,1%
9,31 9,26

Uma vez que com o circuito fechado a pilha está a fornecer energia elétrica ao circuito existirá
uma alteração da componente eletroquímica desta, diminuindo a diferença de potencial elétrico
entre os seus terminais e aumentando a oposição à passagem da corrente elétrica na própria
pilha, pelo que a sua força eletromotriz tende a diminuir e a resistência interna tende a
aumentar com a sua utilização. Este facto pode, então, justificar a diferença entre a força
eletromotriz obtida antes e após cada utilização bem como a diferença entre os valores
medidos em circuito aberto e graficamente, pois a reta obtida é de ajuste a valores obtidos com
a pilha em funcionamento.

Tendo a pilha usada um maior intervalo de tempo de funcionamento do que a pilha nova, é de
esperar que esta apresente uma força eletromotriz inferior. Tal facto é verificado experimental
mente pois, nas mesmas condições e com a mesma pilha, o valor obtido para a força
eletromotriz da pilha nova é superior ao valor obtido para a pilha usada.
Analisando os valores da resistência interna obtida para cada pilha também se pode confirmar
que o valor da resistência interna de cada pilha tende a aumentar à medida que é utilizada.

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Estes resultados permitem concluir que, com a utilização da pilha, como a força eletromotriz
diminui e a resistência interna aumenta, a pilha torna-se menor capaz de transferir energia
elétrica para o circuito.

O procedimento experimental que foi seguido possibilitou a realização de medições, diretas e


indiretas, de várias grandezas físicas que conduziram à obtenção de um conjunto de dados,
experimentais para a realização do tratamento estatístico previsto. O tratamento destes dados
além de permitir obter experimentalmente a equação da curva característica das pilhas e
determinar as suas características, possibilitou verificar algumas das previsões teóricas. No
entanto, a utilização da pilha usada com mais tempo de uso permitiria obter valores mais
diferentes entre a pilha nova e a usada.

QUESTÕES PÓS-LABORATORIAIS
1. Partindo da curva característica obtida para a pilha nova, determine a tensão elétrica nos seus
terminais para um valor de corrente elétrica atribuído à escolha, de acordo com as condições
experimentais.
Para esta determinação deve selecionar-se um valor intermédio de corrente elétrica, entre os
valores máximo e mínimo obtidos experimentalmente (de modo a garantir que, para essa
corrente, a pilha apresenta um comportamento linear), e substituir na equação da reta obtida
anteriormente: U pilha , nova =−6,88 I+ 9,29(V ). Por exemplo, no caso da pilha nova, se a corrente
elétrica que atravessa o circuito for 0,02000 A, então, a tensão elétrica nos terminais da pilha
seria:
U pilha , nova =−6,88 ×0,02000+ 9,29=9,15 V

2. Em que condições a pilha transforma mais energia?


A potência elétrica da pilha é máxima quando a pilha é nova, uma vez que apresenta menor
resistência interna (há menos dissipação de energia na própria pilha), e quando a resistência
do circuito é próxima da resistência interna da própria pilha, pois nessas circunstâncias a
potência, dada pelo produto U × I , é máxima. Simultaneamente, como nessas circunstâncias a
corrente elétrica é elevada, a dissipação de energia na própria pilha também é elevada, a pilha
aquece bastante e “gasta-se” rapidamente.

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