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Universidade Federal do Rio de Janeiro

EXPERIMENTO 08

Potência em Corrente Alternada

Macaé
2022.2

Introdução

A medição de potência para circuitos de corrente alternada é um importante tópico a ser


estudado, afinal, a medição de potência em corrente alternada varia bastante quando comparada
à de corrente contínua.

PÚBLICA
Existem 03 tipos de potência em corrente alternada; são elas:

• Potência Ativa: medida diretamente por um instrumento chamado wattímetro. Trata-se da


potência que efetivamente realiza trabalho no sistema. Sua unidade é o watt (W).

• Potência Reativa: gerada pelos elementos reativos do circuito (capacitores e indutores).


Não realiza trabalho algum. É advinda da energia armazenada nos campos elétrico e
magnético. Sua unidade é o volt-ampere-reativo (VAr).

• Potência Aparente: composição da potência ativa e reativa do circuito. Sua unidade é o


volt-ampere (VA).

Seja um circuito elétrico excitado por uma fonte senoidal v(t) = V sen (wt + θ). Neste circuito
circulará uma corrente i(t) = i sen (wt - ф). Logo, a potência instantânea pode ser dada por:

Podemos reescrever a expressão acima como:

Onde Vef e Ief são os valores RMS da tensão e corrente. Manipulando mais um pouco as
expressões, podemos chegar, finalmente, a:

Onde P é a Potência Ativa, Q é a Potência Reativa e S é a Potência Aparente. O fator cos(θ-


ф) é chamado de Fator de Potência. Pode ser representado graficamente as três potências da
seguinte forma:

Figura 01: Triângulo de Potências

Fator de potência

O fator de potência indica a eficiência do uso da energia que é entregue pela concessionaria de
energia. Para fazermos o cálculo do fator de potência da instalação utilizamos a seguinte
relação:

PÚBLICA
Figura 02: Cálculo do Fator de Potência

Deste modo, obtendo a razão entre a potência ativa e a potência aparente encontramos o valor
do fator de potência da instalação.

Como aumentar o fator de potência?

Não é interessante termos um valor alto de potência reativa circulando pela instalação elétrica,
pois além de não produzir trabalho, a potência reativa ocupa um “espaço” que poderia estar
sendo preenchido por mais potência ativa.

Outro ponto importante é que a Legislação Brasileira exige que o fator de potência seja no
mínimo 0,92. Caso a instalação tenha um valor de fator de potência menor do que o exigido, a
concessionária de energia deve cobrar uma multa na fatura de energia desta instalação.

Para diminuir a potência reativa e consequentemente aumentar o fator de potência são


instalados bancos de capacitores. Os bancos de capacitores são instalados de forma paralela na
entrada de energia ou em paralelo com o equipamento indutivo.

Instalados em paralelo com a entrada de energia, os bancos de capacitores introduzem carga


capacitiva na instalação. Esta carga capacitiva tem o efeito contrário da carga reativa e
consegue elevar o fator de potência para um valor próximo de 1, que é o ideal.

Além de não pagar a multa, existem outras vantagens para a instalação em manter um alto fator
de potência, algumas delas são:

• Redução do custo de energia


• Aumento da eficiência energética da instalação
• Aumento da capacidade dos equipamentos de manobra
• Aumento da vida útil da instalação e dos equipamentos
• Redução do efeito Joule

Objetivo

O objetivo deste experimento é entender como funciona a medição de potência em corrente


alternada e encontrar o fator de potência do circuito.

PÚBLICA
Modelo Teórico

Para a aplicação dos conceitos dos teoremas foco desse experimento, no laboratório, fez-se
manipulações e medições em um mesmo circuito através do fasltad (Trabalho Preparatório) e
utilizando a protoboard (Parte Laboratorial). O circuito montado está apresentado abaixo.

Figura 03: Circuito montado no fasltad e na protoboard

Conforme será melhor detalhado posteriormente, entre outras medições, foram anotados os
valores das tensões no resistor R1de 8kΩ (VR1), no potenciômetro de 5kΩ (VR2) e no resistor
de 3,3kΩ (VR3). Além disso, também foram anotadas as correntes correspondentes.

Montou-se o circuito da Figura 03 do falstad (1 - Trabalho Preparatório) e na protoboard (2 -


Parte Laboratorial).

Procedimento experimental

Para o 1) Trabalho Preparatório:

I) No fasltad, montou-se o circuito da Figura 04. Foram inseridos: tensão de corrente


alternada, capacitor de 2,2µF, indutor de 100mH, potenciômetro de 5kΩ e as resistências
de 3,3kΩ e 8kΩ;

PÚBLICA
Figura 04: Circuito montado no fasltad e na protoboard

II) Ajustou-se a frequência da fonte para 60Hz;


III) Colocou-se a tensão de pico 5V;
IV) No potenciômetro, variou-se o valor da resistência. Os valores de tensão e corrente,
correspondente a cada resistência, foram anotados, da seguinte forma:
VR1 – tensão no resistor de 8kΩ
VR2 – tensão no potenciômetro
VR3 – tensão no resistor de 3,3kΩ
VL – tensão no indutor
VC – tensão no capacitor
I1 – corrente passante no resistor de 8kΩ
I2 – corrente passante no potenciômetro e indutor
I3 – corrente passante no resistor de 3,3kΩ e capacitor

Para a 2) Parte Laboratorial:

Nessa etapa, na protoboard, montou-se o mesmo circuito da Figura ...

Devido a limitação do tempo durante o laboratório, as medições objeto da análise serão as


anotadas na 1) Trabalho Preparatório (falstad).

PÚBLICA
Resultados

A seguir, são apresentados os resultados anotados no falstad:

Resistência
VR1 VR2 VR3 VL VC I1 I2 I3 Itotal
Potenciômetro
(V) (V) (V) (mV) (V) (µA) (mA) (mA) (mA)
(Ω)
124 ± 1 3,535 ± 0,001 3,383 ± 0,001 3,321 ± 0,001 1,028 ± 0,001 V * 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 27,282 ± 0,001 1,006 ± 0,001 28,729 ± 0,001
173,5 ± 0,1 3,536 ± 0,001 3,455 ± 0,001 3,321 ± 0,001 750,78 ± 0,01 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 19,815 ± 0,001 1,006 ± 0,001 21,262 ± 0,001
272,5 ± 0,1 3,535 ± 0,001 3,503 ± 0,001 3,321 ± 0,001 484,559 ± 0,001 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 12,853 ± 0,001 1,006 ± 0,001 14,300 ± 0,001
619 ± 1 3,535 ± 0,001 3,529 ± 0,001 3,321 ± 0,001 214,949 ± 0,001 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 5,702 ± 0,001 1,006 ± 0,001 7,149 ± 0,001
1500 ± 1 3,535 ± 0,001 3,535 ± 0,001 3,321 ± 0,001 91,212 ± 0,001 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 2,419 ± 0,001 1,006 ± 0,001 3,866 ± 0,001
2500 ± 1 3,535 ± 0,001 3,535 ± 0,001 3,321 ± 0,001 54,391 ± 0,001 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 1,443 ± 0,001 1,006 ± 0,001 2,890 ± 0,001
4000 ± 1 3,535 ± 0,001 3,535 ± 0,001 3,321 ± 0,001 33,439 ± 0,001 1,213 ± 0,001 441,853 ± 0,001 887,26 ± 0,01 µA ** 1,006 ± 0,001 2,335 ± 0,001
* Nessa coluna esse valor está em V
** Nessa coluna esse valor está em µA
Tabela 1: valores medidos – falstad

Em complemento, a partir dos valores medidos (Tabela 1), foram calculados os valores de
potência e fator de potência para o circuito montado:

Resistência
P Q S
Potenciômetro Zeq cos(θ-ф) atan(Z)
(mW) (mVAr) (mVA)
(Ω)
124 ± 1 93,86 26,83 101,56 8,65689E-08 0,92 8,65689E-08
173,5 ± 0,1 70,02 13,66 75,19 8,64587E-08 0,93 8,64587E-08
272,5 ± 0,1 46,59 5,01 50,55 8,61299E-08 0,92 8,61299E-08
619 ± 1 21,68 0,01 25,27 8,38977E-08 0,86 8,38977E-08
1500 ± 1 10,11 -1,00 13,67 7,25368E-08 0,74 7,25368E-08
2500 ± 1 6,66 -1,14 10,22 5,62191E-08 0,65 5,62191E-08
4000 ± 1 4,70 -1,19 8,25 3,63141E-08 0,57 3,63141E-08
* Nessa coluna esse valor está em V
** Nessa coluna esse valor está em µA

Tabela 2: valores calculados de potência e fator de potência

Conclusão

Conforme é possível observar na Tabela 2, e no Gráfico 01 abaixo, a medida que o valor da


resistência do circuito no potenciômetro foi sendo aumentada durante o experimento, o valor
de Q (potência reativa) foi diminuindo, em contrapartida, os valores de P (potência ativa) e S
(potência aparente) foram se aproximando. Isso indica, portanto, que os resultados se
comportaram conforme o pretendido.

PÚBLICA
Potências Aparente x Reativa x Ativa
120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
1 2 3 4 5 6 7
-20,00

P Q S
(mW) (mVAr) (mVA)

Gráfico 01: Potências Aparente x Reativa e Ativa

É importante ressaltar, porém, que a potência reativa é responsável por gerar o campo
magnético entre os extremos da carga; a energia reativa não gera calor, ela atua como uma
“ponte” constante sobre a qual a energia ativa viaja e passa a fazer algum trabalho útil (calor,
movimento, iluminação).

O fator de potência, por sua vez, é utilizado para quantificar e tarifar a energia ativa e reativa
presentes no sistema elétrico em praticamente todo o mundo. Nesse sentido, o fator de potência
(FP) é medido quanto de potência elétrica consumida está sendo convertida em trabalho. Isto
é, não está sendo dissipada. Assim, ele indica com qual eficiência a energia está sendo usada.
Dessa forma, no que se refere a quantificação do consumo, o fator de potência se apresenta
como um importante instrumento de correção.

Na tabela Tabela 02 foi possível observar que o valor do fator de potência diminui à medida
que o valor da resistência no potenciômetro foi crescendo. Em contrapartida, considerando o
fato de que, de acordo com a Legislação Brasileira, o fator de potência mínimo permitido é de
0,92. Dessa forma, percebemos que há um “ponto ótimo” para a combinação a ser utilizada no
circuito (caso remetêssemos esse experimento ao contexto de uma residência, por exemplo).

PÚBLICA
Em verde, verificamos os valores de resistência no potenciômetro os quais o fator de potência
cos(θ-ф) se enquadrou na Legislação Brasileira. Em vermelho, estão destacados àqueles em
que esse enquadramento não aconteceu.

Destacamos, então, que foi observado haver um limite estratégico na diminuição na potência
reativa (Q), de modo a garantir o valor mínimo de 0,92 no fator de potência, performando assim
da melhor forma possível na relação potência ativa (P) x potência aparente (S), com
consequente otimização da potência elétrica consumida está sendo convertida em trabalho

Bibliografia

[1] Notas de Aula. Apostila Laboratório. Física Experimental III - UFRJ Macaé

[2] Site Engelétrica, http://www.engeletrica.com.br/novo-site/fatordepotencia-manual-


fatordepotencia.html

[2] Site INSP Therm Trafo Service , https://www.insp-therm.com.br/blog/fator-de-potencia-o-


que-e-conceitos-e-sua-importancia/

PÚBLICA

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