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ATIVIDADE LABORATORIAL

CARACTERÍSTICAS DE UMA PILHA

APRENDIZAGEM ESSENCIAL
Compreender a função e as características de um gerador e determinar as características de uma pilha numa atividade
experimental, avaliando os procedimentos e comunicando os resultados.

SUGESTÕES METODOLÓGICAS
Deverá ter-se em atenção o valor da corrente elétrica do circuito (calcular previamente o valor aproximado) para
escolher a escala correta do amperímetro e não o danificar. Como a resistência interna da pilha é muito inferior à do
voltímetro, o valor lido diretamente nos terminais do voltímetro constitui uma boa aproximação para a força eletromotriz
da pilha. Uma vez que a tensão nos terminais da pilha diminui muito (tende para zero) para correntes elétricas
elevadas, deverá iniciar-se a atividade selecionando o valor de resistência elétrica do reóstato ou do potenciómetro
mais elevado e deverá alertar-se os alunos para nunca baixar demasiado o valor da resistência, pois a pilha entra em
curto-circuito e sai da zona de variação linear da diferença de potencial elétrico. Deverá alertar-se os alunos que, no
caso de obterem pontos fora do ajuste linear, não devem considerar esses pontos.

EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE LABORATORIAL


A. REGISTO DE DADOS
Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.
Tabela I – Incertezas absolutas de leitura
Instrumento de medição Grandeza medida Incerteza absoluta de leitura
Voltímetro Diferença de potencial elétrico 0,01 V ou 1 × 10−2 V
Amperímetro Corrente elétrica 0,00001 A ou 1 × 10−5 A

Uma vez que, a diferença de potencial elétrico nos terminais da pilha e a corrente elétrica no circuito foram medidas
com multímetros, nas funções voltímetro e amperímetro, respetivamente, instrumentos com escalas digitais (a
medida é indicada por um número), considera-se a incerteza absoluta de leitura igual a uma unidade do último
dígito de leitura.
Tabela II – Registo de medidas para as pilhas nova e usada
Pilha nova Pilha usada
𝜺𝐢,𝐩𝐢𝐥𝐡𝐚 = (𝟗, 𝟑𝟏 ± 𝟎, 𝟎𝟏) 𝐕 𝜺𝐢,𝐩𝐢𝐥𝐡𝐚 = (𝟗, 𝟐𝟔 ± 𝟎, 𝟎𝟏) 𝐕
𝜺𝐟,𝐩𝐢𝐥𝐡𝐚 = (𝟗, 𝟐𝟒 ± 𝟎, 𝟎𝟏) 𝐕 𝜺𝐟,𝐩𝐢𝐥𝐡𝐚 = (𝟗, 𝟏𝟔 ± 𝟎, 𝟎𝟏) 𝐕
Registo 𝑈AB ⁄V 𝐼 ⁄A 𝑈AB ⁄V 𝐼 ⁄A
1 9,28 0,00304 9,23 0,00299
2 9,26 0,00455 9,22 0,00409
3 9,25 0,00607 9,20 0,00609
4 9,24 0,00721 9,18 0,00822
5 9,23 0,00897 9,17 0,00948
6 9,22 0,01002 9,16 0,01071
7 9,21 0,01153 9,15 0,01268
8 9,20 0,01306 9,14 0,01402
9 9,19 0,01417 9,13 0,01513
10 9,18 0,01594 9,12 0,01652
11 9,17 0,01764 9,10 0,01905
12 9,16 0,02055 9,09 0,02092
Os valores apresentados foram obtidos para a mesma pilha, antes de qualquer utilização e após três utilizações
pelos alunos.

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B. TRATAMENTO DE RESULTADOS
1. Utilizando a calculadora gráfica ou uma folha de cálculo, construa, para cada uma das pilhas, o gráfico 𝑈AB = 𝑓(𝐼),
ou seja, da diferença de potencial elétrico entre os terminais da pilha (pontos A e B do diagrama esquemático do
Esquema de Montagem) em função da corrente elétrica no circuito.
2. Determine, para cada uma das pilhas, a equação da reta que melhor se ajusta ao conjunto de pontos experimentais
(despreze, para esse efeito, os pontos que considere fora do ajuste linear).
Para realizar esta tarefa deve começar-se pela introdução, numa calculadora gráfica ou numa folha de cálculo, dos
valores da corrente elétrica no circuito e da diferença de potencial elétrico aos terminais da pilha, em duas colunas
distintas, depois construir-se o gráfico de dispersão com esses pontos e, posteriormente, adicionar-se a reta de
ajuste ao conjunto dos pontos experimentais.
Pilha nova Pilha usada

C. ANÁLISE DE RESULTADOS
Comunique ao professor os resultados obtidos, destacando, entre outros aspetos:
• a equação da curva característica de cada uma das pilhas, indicando o valor da força eletromotriz e da resistência
interna das pilhas;
• a relação entre o valor da força eletromotriz obtido com base na curva característica com os valores da força
eletromotriz medidos em circuito aberto, para cada uma das pilhas, e analisando as possíveis diferenças
encontradas;
• a diferença entre o valor da força eletromotriz da pilha nova, medido em circuito aberto, com o valor da força
eletromotriz da pilha usada, medido nas mesmas condições;
• o que acontece à resistência interna de uma pilha à medida que vai sendo utilizada;
• a adequação dos procedimentos efetuados aos objetivos a alcançar nesta atividade, salientando possíveis causas
de erro.
Analisando o gráfico verifica-se que o conjunto dos pontos experimentais estão bastante alinhados numa orientação
ligeiramente oblíqua, alinhamento esse que se aproxima a uma reta oblíqua com declive negativo. A reta de ajuste
obtida corrobora esta análise pois permite constatar que praticamente todos os pontos experimentais pertencem à
reta obtida (e o coeficiente de correlação, r, é muito próximo de um).
As retas de ajuste ao conjunto de pontos experimentais são para a pilha nova e para a pilha usada, respetivamente,
𝑦 = −6,88𝑥 + 9,29 e 𝑦 = −7,76𝑥 + 9,25. Tratando-se de gráficos diferença de potencial elétrico em função da
corrente elétrica, atendendo às variáveis independente, I, e dependente, U, presentes tem-se: 𝑈pilha,nova = −6,88𝐼 +
9,29 (V) e 𝑈pilha,usada = −7,76𝐼 + 9,25 (V), ou seja, as expressões que correspondem às equações das curvas
características da pilha.
Uma vez que a equação da curva característica para uma pilha (gerador) é:
𝑈pilha = −𝑟interna,pilha 𝐼 + 𝜀pilha

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então, para a pilha nova os valores das suas características, resistência interna e força eletromotriz são, 6,88 Ω e
9,29 V, respetivamente, e para a pilha usada 7,76 Ω e 9,25 V, respetivamente.
Comparando o valor da força eletromotriz obtido com base na curva característica com os valores da força
eletromotriz medidos em circuito aberto verifica-se que, para as duas pilhas, os valores são muito próximos, sendo
superior o valor obtido em circuito aberto antes dos ensaios. Considerando o valor lido com o voltímetro, em circuito
aberto, uma boa aproximação ao valor de referência da força eletromotriz da pilha em causa, pode obter-se:
|𝑒a | |𝜀experimental −𝜀referência |
𝑒r,pilha nova (%) = × 100 ⇒ 𝑒r,pilha nova (%) = × 100
𝜀referência 𝜀referência

|9,29−9,31| |9,25−9,26|
𝑒r,pilha nova (%) = × 100 = 0,2 % e 𝑒r,pilha usada (%) = × 100 = 0,1 %
9,31 9,26

Uma vez que com o circuito fechado a pilha está a fornecer energia elétrica ao circuito existirá uma alteração da
componente eletroquímica desta, diminuindo a diferença de potencial elétrico entre os seus terminais e aumentando
a oposição à passagem da corrente elétrica na própria pilha, pelo que a sua força eletromotriz tende a diminuir e a
resistência interna tende a aumentar com a sua utilização. Este facto pode, então, justificar a diferença entre a força
eletromotriz obtida antes e após cada utilização bem como a diferença entre os valores medidos em circuito aberto
e graficamente, pois a reta obtida é de ajuste a valores obtidos com a pilha em funcionamento.

Tendo a pilha usada um maior intervalo de tempo de funcionamento do que a pilha nova, é de esperar que esta
apresente uma força eletromotriz inferior. Tal facto é verificado experimental mente pois, nas mesmas condições e
com a mesma pilha, o valor obtido para a força eletromotriz da pilha nova é superior ao valor obtido para a pilha
usada. Analisando os valores da resistência interna obtida para cada pilha também se pode confirmar que o valor
da resistência interna de cada pilha tende a aumentar à medida que é utilizada. Estes resultados permitem concluir
que, com a utilização da pilha, como a força eletromotriz diminui e a resistência interna aumenta, a pilha torna-se
menor capaz de transferir energia elétrica para o circuito. O procedimento experimental que foi seguido possibilitou
a realização de medições, diretas e indiretas, de várias grandezas físicas que conduziram à obtenção de um
conjunto de dados, experimentais para a realização do tratamento estatístico previsto. O tratamento destes dados
além de permitir obter experimentalmente a equação da curva característica das pilhas e determinar as suas
características, possibilitou verificar algumas das previsões teóricas. No entanto, a utilização da pilha usada com
mais tempo de uso permitiria obter valores mais diferentes entre a pilha nova e a usada.

QUESTÕES PÓS-LABORATORIAIS
1. Partindo da curva característica obtida para a pilha nova, determine a tensão elétrica nos seus terminais para um
valor de corrente elétrica atribuído à escolha, de acordo com as condições experimentais.
Para esta determinação deve selecionar-se um valor intermédio de corrente elétrica, entre os valores máximo e
mínimo obtidos experimentalmente (de modo a garantir que, para essa corrente, a pilha apresenta um
comportamento linear), e substituir na equação da reta obtida anteriormente: 𝑈pilha,nova = −6,88𝐼 + 9,29 (V). Por
exemplo, no caso da pilha nova, se a corrente elétrica que atravessa o circuito for 0,02000 A, então, a tensão
elétrica nos terminais da pilha seria:
𝑈pilha,nova = −6,88 × 0,02000 + 9,29 = 9,15 V

2. Em que condições a pilha transforma mais energia?


A potência elétrica da pilha é máxima quando a pilha é nova, uma vez que apresenta menor resistência interna (há
menos dissipação de energia na própria pilha), e quando a resistência do circuito é próxima da resistência interna
da própria pilha, pois nessas circunstâncias a potência, dada pelo produto 𝑈 × 𝐼, é máxima. Simultaneamente, como
nessas circunstâncias a corrente elétrica é elevada, a dissipação de energia na própria pilha também é elevada, a
pilha aquece bastante e “gasta-se” rapidamente.

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