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INSPER – INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA

Desconstruindo a Matéria

Augusto Rocha Ribeiro


Giulia Carolina Martins de Sampaio
João Pedro Pereira Silva Marques de Oliveira

Relatório

São Paulo - SP
2021
Sumário
Introdução ................................................................................................................................................ 3
Análise de resultados ............................................................................................................................... 3
Ensaio de tração ................................................................................................................................... 3
Ensaio de Dureza .................................................................................................................................. 4
Diagrama de Fases.................................................................................................................................... 4
Mecanismos de endurecimento ............................................................................................................... 6
Conclusões ............................................................................................................................................... 6
Bibliografia ............................................................................................................................................... 7

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Introdução
Anteriormente, foram realizadas e estudadas três técnicas de caracterização de metais: o ensaio de
tração, o ensaio de dureza e a metalografia. Nesses estudos, as três amostras passaram por diferentes
processos e algumas informações foram alcançadas. Este relatório tem como objetivo discutir os
resultados obtidos nos processos de identificação dos metais e, com o auxílio de conhecimentos e
estudos sobre as características dos metais e sua composição, convergir a uma resposta conclusiva que
possa caracterizar cada amostra em seu respectivo metal.

Análise de resultados
Ensaio de tração
O primeiro teste para identificação dos metais analisados foi o ensaio de tração, nesse procedimento,
os três materiais foram submetidos a uma força e alongados até sua ruptura com o auxílio de um
extensômetro. Após o teste, a máquina usada gerou uma planilha com os dados de posição, força,
deformação, tempo, diâmetro e comprimento final. A partir disso, foi possível plotar dois gráficos
diferentes para cada corpo de prova e extrair informações a respeito de algumas propriedades físicas,
como o módulo de elasticidade, o limite de escoamento, a ductilidade e o limite de resistência.

A B C
Módulo de 64,183 214,89 221,48
elasticidade (GPa)
Limite de escoamento 302,98 235,5 327,08
(MPa)
Limite de resistência 320,20 391,94 587,03
(MPa)
Ductilidade (%) 15,3 34 24,1

Comparando as propriedades de cada um desses materiais, percebemos que o metal que apresenta
maior rigidez é C, seguido por B e, então, A (é importante observar que os materiais C e B possuem um
valor próximo, se compararmos ao valor de A, podendo até considerar um “empate” entre esses
dados). Tal afirmação se baseia no módulo de elasticidade, pois, quanto maior esse valor, maior a
tensão que deverá ser aplicada para uma mesma deformação elástica, portanto, mais rígido é o
material.

Analisando o limite de escoamento, que define o início da deformação plástica, se pode concluir que
o metal B (seguido por A e C) requer menor tensão aplicada para começar a deformar plasticamente,
portanto, é mais resistente que os demais.

Quanto à análise do limite de resistência, que define a tensão máxima que poderá ser suportada pelo
material (ponto de máximo da curva de tensão-deformação), podemos concluir que C (seguido por B
e A) é capaz de aguentar maiores esforços de tração em relação aos outros metais analisados. Nessa
propriedade, devido a um grande intervalo que os valores tem entre si, não é possível dizer que houve
um empate entre alguns dos materiais.

A ductilidade, por sua vez, apresenta maior valor em B, por C com um valor próximo e, então, A. Isso
significa que dentre os materiais em questão, B é aquele que mais deforma plasticamente antes de
romper.

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Com base nos resultados obtidos e analisados no ensaio aqui descrito, pode-se associar a amostra A
ao alumínio, pois é o material menos rígido, capaz de aguentar menor tensão máxima que os demais
e possui menor resistência a deformação plástica. O material B pode ser classificado como aço 1020
pois apresenta maior ductibilidade em relação a C (aço 1045), tal característica ocorre devido a menor
concentração de carbono no material B em relação a C.

Ensaio de Dureza
O ensaio de dureza, que consiste em pressionar uma ponta rígida contra a amostra e analisar as marcas
deixadas pela indentação, teve os seguintes valores médios para as amostras A, B e C respectivamente:
52, 97 HRB, 58,74 HRB e 83,58 HRB. Agora, é necessário relacionar esses dados ao material de cada
amostra.

Primeiramente, com uma breve pesquisa sobre as características dos metais é possível confirmar que
o aço possui um valor de dureza maior que o do alumínio. Isso se deve ao teor de carbono presente
no aço, ou seja, quanto mais duro o aço, maior seu teor de carbono. Tendo isso em vista, é possível
concluir que o aço 1045 é o mais duro dentre os três metais analisados. E dentre as três amostras, a
amostra C é a com maior valor de dureza. Esses resultados apontam que a amostra C deve ser o aço
1045. Para as outras amostras, apenas com esses dados do ensaio de dureza, não é possível obter uma
conclusão muito precisa, mas é possível dizer que os valores de dureza dos materiais A e B estão bem
próximos (considera-se um “empate”) se comparados ao valor do material C.

Para facilitar o comparativo entre as propriedades dos 3 materiais, utiliza-se a tabela abaixo:

Rigidez (GPa) Limite de Resistência Dureza (HRB)


(MPa)
Menor A: 64,183 A: 320,20 A: 52,97
Média B: 214,89 B: 391,94 B: 58,74
Maior C: 221,48 C: 587,03 C: 83,58

Diagrama de Fases
A seguir, tem-se o diagrama de fases do Ferro e do Carbono:

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Nele, pode-se observar 4 fases, são elas as seguintes:

• Ferrita (alfa): Solução sólida de C no Fe, numa estrutura CCC, com uma concentração muito
baixa de carbono (no máximo 0.022%);
• Cementita (Fe3C): Carboneto de Ferro;
• Austenita (gama): Solução sólida de C no Fe, numa estrutura CFC
• Ferrita (delta): Solução sólida de C no Fe, numa estrutura CCC estável a altas temperaturas

De acordo com a especulação feita no relatório passado, o material B, por apresentar maior
concentração de ferritas, correspondia ao aço 1020 (com menor concentração de C), e
consequentemente, o material C, ao aço 1045 (com maior concentração de C). Agora, com um
conhecimento mais avançado na área, é possível apresentar um argumento mais bem fundamentado
para essa hipótese. Para isso, será feita uma análise do diagrama de fases acima.

Primeiro, toma-se como referência um ponto no campo de fase alfa e abaixo de 727°C, ao aumentar a
concentração de carbono nesse aço e mantendo a mesma temperatura inicial, é ultrapassado um
limite de solubilidade e chega-se no campo de fases alfa + Fe3C. Considerando que mesmo com o
aumento da concentração de carbono a fase alfa se manteve, é possível concluir que o carbono só
entrou no aço por meio da cementita, aumentando a quantidade de perlitas. Assim, chega-se à relação
de que o teor de carbono aumenta a quantidade de perlita.

Agora, analisando as fotos aumentadas em 1000x dos materiais B e C no relatório LB1.2, observa-se
como perlitas as regiões escuras e rajadas nas fotos. E levando em conta a explicação realizada acima,
pode-se agora afirmar mais seguramente que o material C corresponde ao aço 1045, pois com seu
maior teor de carbono em relação ao outro aço, é visível nas fotos a sua maior quantidade de perlitas.
Consequentemente, o material B corresponde ao aço 1020.

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Importante ressaltar que apesar do aumento do teor de carbono resultar no aumento das cementitas,
nesse teste não é possível classificar os materiais de acordo com a quantidade de cementitas apenas
olhando as fotos. Isso porque ao ver a perlita, não é possível saber qual parte é a ferrita do eutetóide
e qual parte é a cementita, as linhas pretas que se vê nas fotos são apenas os contornos entre uma
fase e outra.

Mecanismos de endurecimento
Visando maior compreensão das propriedades dos aços 1020 e 1045, a análise dos mecanismos de
endurecimento se faz importante. Para tal estudo, o objetivo é verificar se os metais foram originados
a partir de um processo de precipitação ou solução sólida e quais as consequências de tais
procedimentos.

Considerando as concentrações de carbono presentes em cada aço e que não se está trabalhando com
temperaturas superiores a 727ºC (pois aí haveria mudança de fases), pela análise do diagrama de fases
é possível ver que ambos os aços se encontram no campo alfa + Fe3C, sendo o Fe3C o precipitado, logo,
pode-se afirmar que o mecanismo de endurecimento de ambos os aços é o endurecimento por
precipitação.

Os precipitados nas microestruturas formam matrizes que dificultam a movimentação da discordância


porque os átomos da discordância não fazem ligação com os átomos do precipitado. Logo, essa matriz
será uma região de resistência ao deslizamento da discordância, a qual irá acompanhar o entorno do
precipitado.

Como já dito anteriormente, o aço 1045, por ter maior concentração de carbono, acaba por formar
mais cementitas em sua estrutura. E levando em consideração a explicação do último parágrafo,
quantos mais cementitas, maior resistência será apresentada ao deslizamento das discordâncias. Com
isso, conclui-se 3 coisas que ocorrem com o metal conforme se aumenta a intensidade da atuação do
mecanismo de endurecimento que age nele: a RESISTÊNCIA AUMENTA, a DUCTILIDADE DIMINUI, e a
TENACIDADE DIMINUI.

Assim, é coerente dizer que o material C, classificado no tópico anterior como o aço 1045, corresponde
ao aço que apresenta maior intensidade da atuação dos mecanismos de endurecimento devido a sua
maior concentração de cementitas. Para sustentar essa afirmação basta consultar a primeira tabela
desse relatório que mostra algumas propriedades de cada aço. A resistência do material C (587,03
MPa) é superior à do material B (391,94 MPa) e a ductilidade do material C (24,1%) é inferior à do
material B (34%), a tenacidade não foi uma propriedade abordada nesse projeto.

Conclusões
Levando em conta todos os dados, ensaios e análises feitas, a distinção entre os materiais passa a ser
nítida. A identificação, primeiramente, da amostra A como alumínio nos ensaios de tração e de dureza
(por meio dos valores de rigidez, resistência e dureza obtidos) foi relativamente imediata, todavia, uma
tarefa mais complexa ainda deveria ser realizada: distinguir o aço 1020 do aço 1045. Para isso, uma
análise mais profunda das amostras foi necessária para confirmar os resultados do ensaio de tração:
utilizando imagens obtidas em um microscópio antes e depois de um ataque metalográfico e os
conhecimentos das fases presentes em cada metal. Esse estudo mais complexo possibilitou não só a

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distinção entre os aços, como também uma confirmação de que a amostra A é, como foi identificada,
o alumínio.

Ao relacionar os resultados dos ensaios, já era possível notar que a amostra C possuía valores de
rigidez, resistência e dureza maiores que as demais amostras. Agora, somado à conhecimentos mais
profundos e uma análise das fases presentes nos metais, sua maior quantidade de perlitas associa-se
diretamente à um maior teor de carbono, indicando a amostra C como sendo o aço 1045. Então, da
mesma forma, podemos afirmar que a amostra B é o aço 1020: com valores de rigidez, resistência e
dureza mais altos que os valores de A, porém menores que o de C e com uma maior concentração de
ferritas do que os demais.

Por último, é importante destacar que, a fim de identificar amostras de metais entre si, apenas uma
técnica de caracterização não é o suficiente. Para obter uma resposta próxima à realidade, deve
sempre ser levado em conta mais de um método de diferenciação e analisar todos os resultados em
conjunto.

Bibliografia

https://www.pasifer.com.br/noticias/ao-carbono

https://caiofill.wixsite.com/tecnologiamecanica/single-post/2016/11/09/resist%C3%AAncia-dos-
materiais-limite-de-escoamento-como-assim

https://www.materiais.gelsonluz.com/2017/10/o-que-e-limite-de-escoamento.html

http://sites.poli.usp.br/d/pmt2100/Aula07_2005%201p.pdf

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