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Desconstruindo a Matéria

Relatório LB1.2

Augusto Rocha Ribeiro


Giulia Sampaio
João Pedro Pereira Silva Marques de Oliveira
Introdução

O conhecimento das propriedades dos materiais é vital para identificar o material correto para
fabricação de determinado produto, sendo assim essencial em diversos campos de estudo da
engenharia. Mas como identificar essas propriedades?

A princípio existem diversos estudos e testes que podem vir a identifica-las, no caso dos metais,
podemos destacar o ensaio de dureza, que se baseia em medir sua resistência a uma deformação
permanente localizada, e a metalografia, que consiste em um procedimento de análise de uma
amostra metálica por meio de um microscópico óptico, possibilitando o estudo mais profundo de suas
propriedades, correlacionando-as com sua microestrutura. Antes de iniciar esses processos, todavia,
a preparação metalográfica se faz necessária para garantir uma boa visualização da microestrutura no
microscópio e garantir, no ensaio de dureza, uma análise mais apropriada.

Este documento, tem como finalidade descrever esse processo por meio do detalhamento de cada
uma dessas etapas, para a análise e classificação dos metais A, B e C.

Processo de Preparação Metalográfica

Antes de iniciar a análise, os três materiais precisam passar pelo processo de preparação
metalográfica, importante para garantir que a amostra tenha uma superfície lisa, pois a presença de
imperfeições pode afetar diretamente na reflexão dos raios de luz, prejudicando a leitura realizada
pelo microscópio óptico.

O processo possui 5 etapas: o corte, o embutimento, o lixamento, o polimento e o ataque


metalográfico, detalhadas a seguir.

No corte, etapa inicial do processo de preparação metalográfica, é coletada uma amostra do material
para análise. Para que os resultados do procedimento sejam condizentes com os resultados do ensaio
de tração, é importante usar o mesmo corpo de prova.

Após a separação do material para estudo é realizado o embutimento em uma substância polimérica,
importante para facilitar o manuseio durante os demais procedimentos, principalmente durante o
lixamento. O polímero usado nesse caso é a baquelite, a uma temperatura de 180°C e pressão de 3
bar.

Em seguida a amostra parte para a etapa de lixamento. Inicialmente é usada uma lixa #180 (180 grãos
de areia por centímetro quadrado) e após a conclusão desse processo o corpo passa por lixas de #320,
#600, sendo finalizado com #1200.

No procedimento de polimento, por sua vez, são realizadas duas suspensões em diamante, a primeira
em partículas maiores do cristal (3 μm) e a segunda em partículas menores (1 μm). Após o polimento
é perceptível que a superfície da amostra se torna espelhada, fazendo com que a luz seja refletida de
forma mais homogênea.

Com o metal devidamente polido a etapa final de preparação metalográfica (ataque metalográfico)
pode se iniciar. Tal procedimento é importante para tornar visível a microestrutura do material. Para
esse processo, o corpo é lavado e secado, e então, se realiza a aplicação do nital, uma solução com 3%
de ácido nítrico em etanol que ataca os contornos de grão do metal, os quais são mais suscetíveis a
reagir com o reagente porque os contornos são regiões mais instáveis do metal, já que são regiões
nas quais se encontra uma distância além da ideal entre os átomos. Após aplicação desse reagente, a
superfície da amostra é secada com o auxílio de um secador especial, visando evitar manchas de
secagem e o acúmulo de água que poderia gerar oxidação do material.

Metalografia

A seguir, é possível observar imagens dos materiais polidos e antes do ataque metalográfico, numa
lente com ampliação de 200x:

Material A

Material B
Material C

Apenas partir dessa visualização, ainda não é possível inferir conclusões significativas que levem a uma
atribuição correta de cada amostra de metal ao seu material correspondente.

Sendo assim, a busca fica bem mais interessante ao traçar um comparativo das imagens anteriores
com as que se seguem abaixo, que representam os materiais depois do ataque metalográfico,
continuando numa visualização por uma lente de aumento de 200x:

Material A

Material B
Material C

Agora, observa-se algo bem chamativo, trata-se da particularidade da visualização da estrutura do


material A em relação a dos outros dois materiais, e essa particularidade se dá devido ao reagente
utilizado no ataque metalográfico: o nital. Esse reagente não tem o mesmo efeito em qualquer
amostra, deve-se escolher o reagente adequado para cada amostra. E sabemos que o reagente
adequado para o aço é o nital.

Logo, é possível realizar a seguinte pergunta: por que apenas um material não reagiu evidenciando
assim os seus contornos de grãos? Porque dentre os três materiais disponíveis, apenas um não é um
aço, ou seja, o alumínio. Assim, é possível trazer uma grande conclusão: o material A corresponde ao
alumínio, pois este é o único dentre os três que não reage com o nital.

Mas a análise ainda continua, foi utilizado até agora uma lente de menor aumento, que é importante
para a análise pois, com o auxílio dela, verifica-se a homogeneidade da amostra, e analisa-se se a
microestrutura é a mesma em suas diferentes regiões. Porém, a fim de conseguir observar mais
detalhes, os quais permitiriam realizar uma análise mais profunda das microestruturas das amostras,
é necessário utilizar uma lente de maior aumento, no caso, x1000:

Material A
Material B

Material C

Por fim, dado as imagens ampliadas em mil vezes das 3 amostras e a descoberta de qual o material
correspondente a uma das letras, agora é possível analisar as estruturas B e C para descobrir qual é o
aço 1045 e qual o 1020.

O aço 1045 tem uma concentração de carbono em sua estrutura maior que a do aço 1020, essa
concentração elevada favorece o crescimento de sementitas em sua estrutura. Logo, o aço 1020 é o
aço que tem maior concentração de fenitas, podendo ser identificadas nas duas últimas imagens como
as regiões que são mais claras.

Assim, tendo em vista a aparente maior concentração de fenitas no material B do que em C, pode-se
deduzir como hipótese que o material B corresponde ao aço 1020, e o material C ao aço 1045, com
base nos argumentos apresentados. Importante ressaltar que essa ainda é apenas uma hipótese, e
não a resposta definitiva.

Ensaio de Dureza

Os ensaios de dureza vistos foram o Rockwell e o Vickers, cada um deles tem a medida de dureza
calculada dependendo das características da marca deixada pelo indentador: no Rockwell é analisada
a profundidade da marca deixada e no Vickers, o tamando da indentação. Nas amostras de metais a
serem analisadas, foi utilizado o ensaio Rockwell B. Nesse ensaio, o material a ser estudado é colocado
em uma máquina chamada durômetro, onde um dispositivo chamado de indentador é forçado contra
o metal deixando uma marca. O ensaio de dureza Rockwell possui diversas escalas e, nesse caso, a
mais adequada é a B, que é utilizada em materiais menos resistentes (com o limite de resistência de
até 930 MPa). O indentador utilizado para cada escala, bem como seus valores de carga, são distintos,
nesse caso, o indentador é uma esfera de carbeto de tungstênio e possui 10 kgf de pré-carga e 100kgf
de carga principal.

O ensaio começa com o material embutido para metalografia, visto que dessa maneira garante-se que
a amostra tenha suas faces paralelas à da mesa, assegurando uma análise mais adequada e precisa. A
amostra, então, é posicionada de uma maneira que o durômetro fique alinhado apenas com o material
que se deseja estudar, e não com a baquelite. O processo continua e a indentação é feita em duas
etapas: a aplicação da pré-carga, em que o indentador parece apenas encostar na amostra como uma
espécie de preparo, e a aplicação da carga principal, onde é possível notar que ele se aprofunda mais
e aplica a força total específica para o tipo de ensaio (B). Antes de seguir para as análises dos
resultados obtidos, é importante notar que a dureza de uma amostra nunca é dada por uma só
medida. Diante disto, para cada um dos três materiais analisados, foram feitas quatro indentações. A
média dos quatro valores obtidos nesse ensaio para os materiais A, B e C foi, respectivamente: 52,97
HRB; 58,74 HRB; 83,58 HRB.

Em uma análise comparativa, após ter observado tanto os ensaios de tração e de dureza, notam-se
algumas diferenças. Em especial, o ensaio de dureza possui algumas vantagens: não é necessário um
corpo de prova padronizado e, dependendo da geometria da peça, é possível realizar o ensaio
diretamente nela. Mas também existem algumas desvantagens: a exigência de diversas escalas e
indentadores para materiais diferentes.

Considerações Finais

Em virtude de todas as análises feitas e como já havia sido apontado após a finalização do ensaio de
tração, não é possível determinar o material de uma amostra apenas com um único experimento.
Durante o estudo, a fim de obter maior precisão e adequação no momento de estimar os materiais
que compõe as amostras A, B e C foi feito um total de três análises: a do ensaio de tração, ensaio de
dureza e a metalografia.

Com o teste de metalografia realizado e traçando um comparativo entre as três amostras através das
imagens antes e depois do ataque químico, foi possível descobrir que o material A corresponde ao
alumínio, e também foi feita a hipótese de que os materiais B e C correspondem, respectivamente,
aos aços 1020 e 1045.

Os resultados do ensaio de dureza, no geral, foram condizentes com as hipóteses feitas. Com o
material alumínio já definido dentre as três amostras misteriosas, era preciso distinguir apenas quais
eram os aços. Para isso, foi necessária uma pesquisa na internet para definir qual aço é mais duro. É
importante ressaltar que como maior parte das informações foi achada em sites de venda de aço, os
números analisados na internet revelaram valores específicos para aços que muito provavelmente
tinham tratamentos diferentes dos aços das amostras. Então analisou-se no geral a dureza dos aços e
convertendo-as usando uma tabela de conversão e foi obtida uma conclusão: o aço 1045 possui uma
dureza maior que a do aço 1020. Tendo isso em mente, foi feita um estudo da média dos valores
fornecidos e foi possível observar que o material C é mais duro que o material B. As duas análises
levam a mesma hipótese final: o material B deve ser o aço 1020 e o material C deve ser o aço 1045.
Bibliografia:

https://www.acoespecial.com.br/aco-1045

https://www.materiais.gelsonluz.com/2017/10/aco-sae-1020-propriedades-mecanicas.html

http://www.repal-es.com.br/pdf/DUREZA%20DOS%20A%C3%87OS.pdf

http://metalurgicavera.com.br/produtos/TABELA-DE-CONVERSAO-DE-DUREZAS.php

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