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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ

Metalografia e Tratamentos Térmicos 1/ Atividade Avaliativa 1 – Resenha Crítica sobre: “CARACTERIZAÇÃO DAS
TRANSFORMAÇÕES DE FASES ISOTÉRMICAS E DOS SEUS RESPECTIVOS PRODUTOS EM TRES AÇOS EUTETÓIDES DE
APLICAÇÃO FERROVIÁRIA”.
Aluno: Henrique Portes de Oliveira

Em artigo publicado no ano de 2019, Karine Fernandes Rodrigues, Gabriel Marques Magalhães Mourão e Geraldo
Lúcio de Faria, que na época eram alunos de mestrado de Engenharia Mineral da Universidade Federal de Ouro Preto,
foi abordado diversos procedimentos e os resultados acerca de três tipos de aços para a aplicação especificamente
voltada para a indústria ferroviária. Assim, esse conteúdo visa resultados técnicos não somente para fins científicos,
mas também para o melhor entendimento de qual tipo as empresas desse ramo devem adquirir a fim da adequação
das necessidades de cada uma.
Com uma visão mais detalhada, primeiramente é observado um dos motivos pelo qual o artigo foi produzido, que
consiste na importância do conhecimento microestrutural de certos aços eutetóides, porque com esses dados, pode-
se determinar características como a resistência mecânica, ao desgaste e a tenacidade. Após isso, foram escolhidos
três aços para avaliação: um da classe standard e outros dois da classe premium (denominados materiais C, B e A,
respectivamente). Destaca-se o motivo pela a escolha da avaliação desses três materiais que são a ampla utilização
dos aços perlíticos na indústria ferroviária, apontando a diferença da classe standard para a premium, que é a falta do
resfriamento controlado durante o processo do primeiro (standard), e o aço bainítico como uma possível boa opção
de mercado pois ele pode atingir maior dureza, resistência ao desgaste e à fadiga.
Foi utilizada a norma AREMA junto a composição química para obter a classificação de cada aço. A e B foram
classificados como premium pois apresentaram maior teor de carbono e menor teor de manganês em comparação a
C, além dos aços premium conterem maior teor de elementos de liga microligantes. Esse último ponto ocorre por
conta do retardo da recristalização da austenita, (que é um aço de solução sólida que é facilmente manipulado e
resistente à corrosão) porque durante a laminação à quente, há uma fina precipitação de carbonetos.
Passando para a parte dos procedimentos de cada experimento, é especificado como foi feita a análise
metalográfica, apresentando as normas recomendadas, as fórmulas e as imagens de cada corpo de prova, que foram
extraídas de um microscópio de varredura. Vale também ressaltar a utilização do ensaio de microdureza Vickers que
é ideal para esse caso, já que esse tipo de ensaio garante uma grande precisão, pois os cálculos da dureza não
dependem das dimensões do penetrador. Outro processo abordado na análise foi a dilatometria que também é
fundamental para a medição das mudanças dimensionais (contração e expansão) de cada corpo de prova submetidos
às diferentes temperaturas de transformação isotérmica, a fim de analisar o comportamento dos três aços na
decomposição isotérmica da austenita. Dessa forma, o aquecimento (a 3°C/s) e o resfriamento (a 200°C/s) foram
realizados de maneira contínua para garantir essa análise.
O primeiro resultado apresentado é referente a micrografia obtida na região central dos trilhos e com os resultados
pôde-se concluir que o valor médio das colônias de perlita e o espaçamento interlamelar foi menor no aço A em
relação a B, que por sua vez foi menor que C. Já no que tange a dureza os resultados foram opostos, com A sendo
maior que B, e esse foi menor que C. Com isso foi-se comparado todos esses resultados as normas internacionais,
comprovando que A e B possuem características de aços premium porque possuem grãos mais refinados e maior
dureza em comparativo a C.
A seguir foi situado, através de uma simulação termodinâmica, as frações das fases dos aços, sequente a uma dada
temperatura. O resultado apresentado foi de semelhança entre os três aços a respeito das temperaturas iniciais e
finais da formação de austenita, e o início e o final da austenitização são levemente maiores em A. Mesmo a
composição química sendo semelhante entre eles, o real motivo para esses resultados são a concentração de três
elementos que influenciam para a formação da austenita que são o Carbono, Manganês e o Silício. Eles possuem
propriedades que expandem o campo de estabilidade do aço nessa derivação, no caso do primeiro e segundo
elemento, ou contraí-lo, no caso do terceiro.
Os gráficos da figura 8 dos Ensaios de Dilatometria mostram o cálculo da média e do desvio padrão de nove testes
e que é constatado que o tempo de nucleação da austenita (que tem o seu início acelerado com o equilíbrio
termodinâmico) do aço A, foi menor do que o aço B, que por sua vez foi menor que C, já que a os testes foram
realizados com uma taxa constante de elevação da temperatura. Outro dado importante, explicitado na figura 9, é o
intervalo de tempo do início e término da decomposição de austenita isotermicamente que é a base para a obtenção
do Diagrama TTT (Diagramas de transformações isotérmicas) e o tempo em que ocorreu a decomposição Austenítica.
O segundo gráfico dessa figura mostra uma comparação entre o Diagrama TTT dos três aços acerca da estabilidade da
austenita em dada temperatura e é conclusivo que a maior concentração de carbono não proporcionou uma maior
estabilidade para o aço A (gráfico deslocado para a esquerda). Isso se deve a maior concentração de Manganês do aço
C que gera maior estabilidade já que isto acaba diminuindo a concentração de carbono.
O último tema foi debatido durante os corpos de prova serem submetidos as etapas de Dilatometria. Calculou-se
a microestrutura e a microdureza Vickers, em 3 temperaturas distintas, ao longo desse processo de transformação
isotérmica que foram em 650°C, 550°C e 400°C. Na temperatura mais alta, foi constatado que o tamanho médio das
colônias de perlita e o tamanho de grão austenítico prévio foram muito maiores nos aços da linha premium A e B em
relação a C. A microestrutura perlítica mais refinada dos aços premium proporcionou esses grãos austeníticos maiores
durante a etapa de austenitização em relação a C, mesmo com a contribuição dos maiores teores de Nióbio e Titânio
presentes em C para o aumento desses grãos austeníticos. Já o tamanho da colônia de perlita segue o mesmo
reciocínio anterior, ele está interligado ao grão inicial de austenita, isso quer dizer que o tamanho das colônias de
perlita vai variar de maneira diretamente proporcional ao tamanho de grão austenítico prévio. Por esses motivos os
aços A e B obtiveram esses valores nesses dados. O valor da dureza foi o último tópico abordado sobre essa
temperatura e os valores mostram que o aço A teve o maior nível de dureza graças a sua maior concentração de
carbono e menor espaçamento interlamelar. Já C teve uma maior dureza que B devido ao maior refinamento da
microestrutura do aço C, em decorrência do tratamento térmico sofrido por ele.
As temperaturas de transformação isotérmica de 550°C e 400°C mostrados nas imagens 11 e 12 observa-se uma
maior concentração de bainita com o decréscimo de temperatura. Nos aços à 550°C é possível perceber uma
constituição mista de perlita e bainita na microestrutura, e na temperatura de 400°C foi percebido um domínio de
constituição bainítica nos três aços. Essa diferença microestrutural acarreta à maior dureza em materiais
predominantemente bainíticos em relação aos mesmos aços majoritariamente perlíticos (à 650°C) ou de
microestrutura mista (400°C).
Apresentado os principais assuntos do artigo destacados pela visão de um estudante de engenharia mecânica é
perceptível que o artigo fornece diversos mecanismos, técnicas e análises da área de materiais que são de ampla
importância não apenas para o setor ferroviário, que é o foco do artigo, mas também para todas as indústrias, já que
é necessário conhecer as caraterísticas dos materiais que se adequam ao melhor uso em uma determinada tarefa. Foi
interessante analisar como as diferentes composições químicas afetam diretamente em quase todas as suas
propriedades e como a falta de resfriamento térmico controlado faz com que o material seja classificado como mais
simples (standard). Além disso, os diferentes processos realizados mostraram que mesmo utilizando um aço dessa
linha mais simples, ela pode ser satisfatória para algumas atividades porque (embora não tenha grãos refinados e
tenha menor teor de carbono) após ser submetido à tratamentos isotérmicos ele apresentou maior dureza que os dois
da linha premium, e isso pode ser interessante para as empresas ferroviárias pois pode ser uma alternativa mais barata
e ainda sendo satisfatório. No final foi constatado também a importância dos aços bainíticos, pois eles apresentam
maior dureza do que os aços com a presença de microestrutura perlítica.
Outro ponto que vale a pena ser mencionado é observar que toda a teoria vista acerca da parte da disciplina que
aborda esses conteúdos de materiais são utilizados, desde a preparação do corpo de prova ao fazer um teste de dureza
Vickers, até a análise de um resultado de medidas de um tamanho de grão de perlita e as consequência disso. O
trabalho realizado pelos alunos de mestrado da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) certamente vai atender
as expectativas do mercado ferroviário, mesmo não abrangendo todos os tipos de aço que são utilizados e que
poderiam ser abordados no estudo igualmente.
Portanto, o artigo é finalizado com um pequeno resumo acerca de todos os resultados levantados pela pesquisa
e pelos diversos procedimentos laboratoriais, que por sua vez, utilizou as normas adequadas para cada ensaio
realizado. Com isso tem-se os agradecimentos finais feitos pelos autores para todas as Instituições e Conselhos que
de alguma forma proporcionaram o suporte necessário para a realização e publicação do artigo.

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