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1. Resumo
2. Introdução
3. Caracteristicas gerais dos aços FBL ao CrMo
4. Transformações microestruturais nos aços FBL ao CrMo
5. Influência das transformações microestruturais no desempenho em condições de fluência
6. Defeitos em serviço nas juntas soldadas circunferenciais de tubulações de vapor
7. Comportamento em fluência do reparo por soldagem em tubulações de vapor após tempos
longos de serviço
8. Citas bibliográficas
RESUMO
Considerando as tendências atuais pela procura de critérios quanto ao desempenho de tubulações
de vapor de aços Ferríticos Baixa Liga ao CrMo (aços FBL ao CrMo) - reparadas por soldagem após longos
períodos de serviço - e baseado no interesse da Indústria Petroquímica pelo assunto, foi desenvolvido o
presente trabalho visando definir as caraterísticas gerais, assim como quais mudanças que, do ponto de
vista microestrutural e do desempenho em seviço, estão associadas com o reparo por soldagem destes
componentes.
1. INTRODUÇÃO
Grande parte dos componentes industriais, nos setores de geração de energia e de processamento
de petróleo, estão operando a mais de vinte anos e seus componentes críticos têm ultrapassado o tempo de
vida útil calculado no projeto.
Razões econômicas e justificativas técnicas contribuíram na decisão de prolongar o tempo de
serviço destes componentes, por períodos superiores a vinte anos. Segundo Viswanahathan [ 1 ], cálculos
preliminares indicam que, o custo da prolongação da vida útil dos componentes críticos representa somente
20 a 30 % do custo da fabricação de uma planta nova.
Nestas indústrias, os componentes fabricados com aço Ferrítico Baixa Liga do tipo CrMo ( aço FBL
ao CrMo ) após vários anos de serviço e como resultado das complexas condições de trabalho, sofrem
deterioração metalúrgica e mecânica. Frequentemente, esta deterioração pode implicar em substituição
parcial ou total dos componente.
Visto que não é economicamente atrativo o encerramento da operação de uma unidade sem que
esta tenha realmente esgotada sua vida útil, além das dificuldades em seguir as exigências dos órgãos
governamentais quanto ao serviço após uma falha, parte-se para a realização da avaliação da vida residual
e de reparos por soldagem. Neste caso, o objetivo fundamental é aumentar o período de trabalho com
segurança garantida ao nível das exigências estabelecidas nos códigos e regulamentos de desenho,
fabricação e manutenção.
Como destaca Viswanahatan [ 1 ], muitas vezes o reparo por soldagem torna-se o único
procedimento viável que, do ponto de vista econômico e tecnológico, permite reduzir os tempos de parada
durante a manutenção.
Atualmente não existem procedimentos ou normas específicas para a seleção da tecnologia de
reparo por soldagem dos componentes deteriorados em serviço, nem para o prognóstico da vida residual
após o reparo. De acordo com Viswanahatan [ 1 ], isto de alguma forma, pode trazer as seguintes
consequências:
insegurança durante o serviço após o reparo e risco de acidentes fatais,
dificuldades na programação das paradas de manutenção,
aumento da quantidade de paradas não previstas, devidas a falhas, associadas a consideráveis
perdas econômicas que podem atingir US$ 500 mil por dia [ 1 ].
Os fenômenos ligados à deterioração mecânica e metalúrgica destes componentes têm sido
amplamente estudados, tanto em materiais diretamente expostos ao serviço, como através de ensaios de
envelhecimento acelerado que simulam as condições de serviço. No entanto, segundo Shiga e
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colaboradores [ 2 ], é pouca a quantidade de trabalhos publicados sobre estudos nesta área visando
particularmente a região da junta soldada, e menos ainda de trabalhos referentes à solda de reparo.
Trabalhos recentes apresentam resultados que comprovam a influência não prejudicial do reparo
por soldagem em tubulações de vapor de FBL ao CrMo após tempos longos de serviço. Entretanto, de
acordo com Gandy e colaboradores [ 3 ], o assunto tem que ser tratado com precaução para não se
generalizar resultados que foram obtidos em condições particulares.
Por tal motivo, atualmente desperta-se o interesse para a realização de estudos visando obter
resultados que permitam registrar, caraterizar e compreender, com fundamento científico, os fenômenos
que determinam a vida útil das instalações submetidas a condições de fluência. Estudos desta natureza têm
sido conduzidos no Brasil por Silva e Payão [ 4 ], Meneses e Guimarães [ 5 ] e Levi e colaboradores [ 6 ].
Estes aços durante o processo de fabricação, geralmente, são submetidos a tratamentos térmicos
de recozimento ou normalização com ou sem revenido posterior, de tal forma que sejam garantidas as
propriedades mecânicas exigidas nas normas de projeto e fabricação.
Originalmente, os aços FBL ao CrMo tendem a apresentar uma microestrutura composta de uma
mistura de ferrita com perlita ou bainita. De acordo com os respetivos diagramas de transformação de fase
em resfriamento continuo, o aço 2,25Cr-1Mo tem maior temperabilidade e a estrutura original geralmente é
formada por ferrita com aproximadamente até 25% de bainita. O aço 1,25Cr0,5Mo, com temperabilidade
menor, geralmente apresenta uma estrutura ferrítica com aproximadamente até 30 % de Perlita.
No caso das juntas soldas, na zona termicamente afetada ( ZTA ) podem predominar a bainita e ou
a martensita, devido as altas taxas de aquecimento e resfriamento a que geralmente resulta submetida esta
região.
Em qualquer uma das condições de tratamento térmico de fabricação, segundo Klueh [ 8 ], o
comportamento em fluência dos aços FBL ao CrMo depende do comportamento mecânico da ferrita,
sempre que seja o constituinte microestrutural majoritário. Por outro lado, o comportamento mecânico da
ferrita depende do tipo de tratamento térmico de fabricação utilizado.
De acordo com Baird e colaboradores [ 9 ], o efeito dos mecanismos de endurecimento da ferrita
( por efeito de solução sólida ou por precipitação ) é determinado pela aplicação ou não do revenido.
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b - vetor de Burgers
- tensão aplicada
Qs – energia de ativação para a autodifusão
Tabela 4 - Correlação entre os processos microestruturais e o tempo de vida útil em serviço [ 18 ].
Tabela 5 - Correlação entre os processos microestruturais e o tempo de vida útil em serviço na ZTA
no aço 2,25Cr1Mo [ 17 ].
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extração incompleta do metal danificado; porém, não fizeram tentativas de reparo com extração total do
metal danificado [ 34 ].
Viswanahathan e colaboradores [ 35 - 37 ], compararam os resultados do reparo localizado, de
juntas soldadas expostas ao serviço, utilizando o método de soldagem com eletrodo revestido com TTPS,
com os resultados do reparo aplicando a técnica de Deposição Controlada ( casos 2 e 6, tabela 2.6 ).
Várias combinações de valores da tensão ( entre 55 e 162 MPa ) e da temperatura ( entre 565 e 650
o
C ) foram utilizadas para determinar o tempo de ruptura no ensaio de fluência, do MB, da junta soldada
exposta ao serviço e da junta soldada gerada com o reparo localizado. Com os resultados obtidos foi
estabelecida a correlação entre a tensão do ensaio de fluência e o parâmetro de Larson-Miller. A partir
desta correlação foi estimado o tempo de vida residual para cada condição na tensão de operação ( tabela
2.6 ).
Estes autores [ 35 - 37 ], concluíram que o reparo mediante ambos métodos fornrce resultados
satisfatórios, já que o tempo de vida residual estimado para as juntas soldadas geradas por reparo foi
sempre maior do que o estimado para as juntas expostas ao serviço; assim como, porque no primeiro caso
a ruptura sempre ocorreu no MB e no segundo no MS.
Arnswald e colaboradores [ 38 ], estudaram o efeito na vida residual do reparo por soldagem com
eletrodo revestido com TTPS no MB de tubulações de vapor ( casos 3 e 7, tabela 2.6 ). Mediante
extrapolação dos resultados do ensaio de fluência, estimaram o tempo de vida residual para o MB e para as
juntas soldadas geradas pelo reparo ( figura 2.10 ).
Estes autores [ 38 ], concluíram que o tempo de vida residual após o reparo é 30 % menor do que
para o MB. Este resultado foi similar a outro obtido anteriormente por estes autores, utilizando como
material MB não exposto ao serviço. Com isto generalizaram a conclusão de que, a junta soldada, tanto no
material original quanto no exposto ao serviço, apresenta um tempo de vida residual 30 % menor do que o
MB.
Westwood [ 39 ], investigou o reparo mediante soldagem com eletrodo revestido com TTPS no MB
de tubulações, novas e expostas ao serviço ( caso 9 tabela 2.7 ). A partir da extrapolação dos resultados do
ensaio de fluência ( tensão de 40 MPa e temperaturas entre 600 e 650 oC ), concluiu que, as juntas
soldadas tanto do material novo, quanto do material envelhecido em serviço, teriam um tempo de vida
residual inferior ao do MB, ( com fator de redução de vida aproximadamente igual a 5 ). No caso da junta
soldada no material exposto ao serviço o tempo de vida residual é inferior ao da junta soldada no material
novo ( com fator de redução de vida aproximadamente igual a 2,4 ).
Num trabalho recente Parker e Stratford [ 40 ], chegaram a uma importante conclusão referente ao
TTPS. Segundo estes autores, o efeito do TTPS no reparo de tubulações de vapor de aço FBL ao CrMo não
foi suficientemente estudado, por isso, atualmente são utilizadas recomendações que abrangem uma faixa
muito ampla de temperaturas para o TTPS. De acordo com os resultados estes autores, o TTPS nas
temperaturas de 700, 725 e 750 oC ( todas dentro da faixa recomendada nas normas de fabricação ) conduz
a diferenças de comportamento quanto à fluência. A partir destes resultados, recomendam fazer novos
estudos sobre este assunto.
Tabela 6 - Resumo de resultados publicados sobre reparo por soldagem e vida residual de
tubulações de vapor fabricadas com aço FBL ao CrMo.
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Legenda:
( a )- Extrapolação de resultados do ensaio de fluência a isotensão,( b )- Extrapolação de resultados
no gráfico “Tensão de Ruptura em função do Parâmetro de Larson-Miller”, ( c )- Extrapolação de
resultados do ensaio de fluência a velocidade de deformação constante
( )- Valor determinado utilizando os resultados dos autores.
MB- Metal de Base, E- Exposto, S- Serviço, J- Junta Soldada, R- Reparo.
Lunding e colaboradores [ 41 ], avaliaram o efeito do reparo mediante soldagem com eletrodo
revestido com e sem TTPS, no MB e na junta soldada longitudinal em tubulações de vapor ( casos 5 e 10,
tabela 2.6 ). Ensaios de fluência do Metal de B, da junta soldada exposta ao serviço e da junta solda gerada
pelo reparo, foram conduzidos com varias combinações de valores da tensão ( entre 55 e 170 MPa ) e de
temperatura ( entre 538 e 660 oC ). Na maioria das condições de ensaio os valores do parâmetro de
Larson-Miller obtidos foram menores que os valores da curva Larson-Miller de cada material. Mesmo assim,
os autores concluíram que o reparo pode ser conduzido com sucesso e que não existem diferenças
significativas quanto ao desempenho do material com e sem reparo.
Baseado nos resultados da maioria dos trabalhos referidos, o reparo por soldagem em tubulações
de vapor após tempos longos de serviço, pode ser realizado com sucesso ou pode reduzir o tempo de vida
de um componente.
Duas importantes limitações condicionam a generalização dos resultados referidos:
- O tempo de vida residual tem sido estimado em base à extrapolação de uma quantidade limitada
de dados, sem seguir procedimentos comuns quanto ao ensaio de fluência e à análise estatística.
- Não foi suficientemente estabelecida a correlação da microestrutura com o efeito do ciclo térmico
ligado ao reparo por soldagem. Uma avaliação deste tipo teria facilitado a comparação dos resultados, pelo
menos numa base qualitativa, utilizando a microestrutura como referencial e não apenas o tempo de vida
residual.
Logo, conforme considerado por Shiga e colaboradores [ 2 ], o assunto relacionado com o
desempenho de juntas soldadas em tubulações de vapor após tempos longos de serviço, não foi
suficientemente compreendido do ponto de vista científico, nem resolvido do ponto de vista tecnológico.
Segundo Viswanathan [ 1 ], esta afirmação é reforçada pelo fato de não terem sido desenvolvidas
normas ou procedimentos de reparo por soldagem de tubulações de condução de vapor, reconhecidas
internacionalmente.
Assim sendo, a partir das considerações apresentadas, em hipótese, pôde-se considerar que o
desempenho após o reparo por soldagem destes componentes, depende do estado microestrutural atingido
durante o serviço e do complexo efeito que o ciclo térmico exerce sobre o mesmo.
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Autores:
Alfonso Rafael Fernández Fuentes
rfernandez@uclv.edu.cu
Centro de Investigación de Soldadura (CIS)
Facultad de Ingeniería Mecánica
Universidad Central "Marta Abreu" de Las Villas
Carretera a Camajuaní Km. 5½
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Cuba
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