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Comparação Da Resistência Ao Desgaste Em


Campo De Rolos Fundidos E Rolos Fundidos E
Revestidos Para Moinhos De Carvão Da Usina
Termoelétrica Jorge Lacerda
P. Ortega, UFSC; P. Bernardini, UFSC e L.A, Torres, TRACTEBEL

de ferro fundido branco hipereutética que apresentou a me-


Resumo- Os rolos dos moinhos de carvão rolo sobre pista das lhor resistência ao desgaste na primeira etapa do estudo. O
empresas termoelétricas são fabricados em geral de ferro fun- rolo revestido foi instalado em um moinho de carvão de uma
dido branco de alto cromo. Este material apresenta um bom empresa termoelétrica. O desgaste (perda de espessura) des-
desempenho e resistência ao desgaste. A liga mais usada para a te rolo foi monitorado durante um ano juntamente com o
fabricação destes rolos é a II D da norma ASTM A532 tratada
desgaste de dois rolos fundidos e tratados (rolos normalmen-
termicamente que apresenta aproximadamente 22% de Cr e
3% de carbono, cuja microestrutura (após tratamento) é com- te usados pela termoelétrica) que faziam parte do moinho.
posta de carbonetos eutéticos primários descontínuos e de uma Os três rolos operaram sobre as mesmas condições e a perda
matriz metálica que tipicamente é formada por carbonetos de de espessura dos rolos foi medida em 4 paradas de manu-
cromo secundários, martensita e austenita retida. Atualmente tenção. Durante o ano de serviço foram calculadas e compa-
se tem desenvolvido estudos sobre a viabilidade do revestimento radas as taxas de desgaste (perda de espessura respeito ao
por solda com ferros fundidos brancos de alto cromo hipereuté- tempo de serviço e às toneladas moídas de carvão), assim
ticos (materiais que têm alta quantidade de carbono e alguns como o desgaste (perda de espessura) dos três rolos. Encon-
elementos de liga, que formam carbonetos primários contínuos trou-se que o rolo revestido tem um desgaste inferior se
de grande tamanho que proporcionam alta resistência ao des-
comparado com os dois rolos fundidos, porém este desgaste
gaste) em estes rolos. Portanto, neste estudo se compara o de-
sempenho e a resistência ao desgaste em escala industrial, dos acelera drasticamente com o tempo. Já os rolos fundidos
rolos fundidos usados atualmente e os rolos revestidos, para isto apresentam uma taxa de desgaste mais alta com a vantagem
se fabricou um rolo revestido após a realização de vários testes que a perda é mais homogênea no tempo.
de laboratório.
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Palavras-chave—Moinho de Carvão, Desgaste, Ferro Fundi-
do Branco Alto Cromo, Revestimento por Solda . A. Moinhos de Carvão Rolo Sobre Pista
Os moinhos de carvão são equipamentos que recebem o
I. INTRODUÇÃO carvão bruto dos alimentadores e o pulverizam até uma fina
Para a realização desta pesquisa se realizaram dois estu- granulometria, promovendo uma secagem do mesmo, envi-
dos preliminares a nível de laboratório. O primeiro preten- ando-o diretamente aos queimadores ou aos silos de carvão
dia a otimização do tratamento térmico do ferro fundido pulverizado.
branco de alto cromo II D usado para fabricação dos rolos. O moinho do tipo rolo e pista é constituído de três rolos
O segundo estudo verificou a viabilidade do revestimento de moagem estacionários, que giram em torno de si mesmos
dos rolos por solda. Alguns corpos de prova de ferro fundi- sobre uma pista de moagem, conforme a Figura 1 que ilus-
do branco de alto cromo liga II D foram tratados termica- tra o principio de operação. O carvão é admitido pela parte
mente e outros revestidos com diferentes ligas hipereutécti- lateral e chega até o cone de distribuição, por gravidade,
cas. Posteriormente se efetuaram ensaios de desgaste nestas sendo então arrastado pela força centrifuga até a pista de
amostras. Os testes de desgaste foram realizados no equipa- moagem onde é triturado pelos rolos que giram devido ao
mento roda de borracha conforme a norma ASTM G65-00. atrito entre a superfície externas dos aros e a pista[1]. Os
Concluídos os estudos preliminares se concluiu que as duas rolos estão igualmente espaçados na circunferência da pista
linhas de pesquisa aumentavam a resistência ao desgaste do de moagem, a qual é composta por 12 segmentos. Os rolos
material. Porém, como se queria testar em campo um rolo são fixados com um ângulo de 15° em relação à vertical
revestido se realizou o revestimento de um rolo com a liga produzindo um desgaste ao longo da sua vida útil não uni-
forme. Esta leve inclinação faz que o processo de desgaste
Agradecimentos a empresa Tractebel Energia pelo apoio nesta pesquisa. se produza mais acentuadamente na metade do rolo. Portan-
P. Ortega trabalha na Universidade Federal de Santa Catarina (e-mail:
patrícia@emc.ufsc.br).
to, para obter um melhor aproveitamento do material se in-
P.A.N. Bernardini trabalha na Universidade Federal de Santa Catarina verte a posição do rolo depois de um período de trabalho,
(e-mail: pedro@emc.ufsc.br). que em na usina termoelétrica é aproximadamente de 6000
L.A. Torres trabalha na Tractebel Energia (e-mail: ltor- horas.
res@tractebelenergia.com.br)
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sempenho destes componentes pode ser otimizado adequan-


do-se suas propriedades as solicitações impostas durante o
seu serviço. Estas propriedades decorrem da microestrutura
que esta intimamente relacionada com a composição quími-
ca e com os processos de fundição e de tratamento térmico.

C. Características do Ferro Fundido Branco de Alto Cro-


mo
Os ferros fundidos brancos de alto cromo são ligas ferro-
sas com uma quantidade de cromo entre 11 e 30% de cromo
e uma faixa de1,8 a 3,6% de carbono. Também é comum
a presença de alguns elementos de liga como silício, molib-
dênio, manganês, cobre e níquel [3-5]. A norma mais
frequentemente utilizada para classificar este tipo de ferro
fundido é a norma ASTM A532, que engloba tanto os ferros
Figura 1. Moinho rolo sobre pista. fundidos de baixo cromo (cromo abaixo de 10%) quanto os
de alto cromo (acima de 10% Cr).
Adicionalmente, o desgaste sofrido pelo rolo não é uni- A microestrutura obtida em um dado ferro fundido branco
forme no sentido radial. O acumulo de carvão à frente do é resultante da composição química, da taxa de extração de
rolo [2] que gera movimento relativo (deslizamento) entre o calor durante a solidificação e da velocidade de resfriamento
carvão e a face do rolo e o ar que circula no moinho produz após a solidificação [4,5]. O diagrama de equilíbrio Fé-Cr-
uma superfície desgastada com forma ondulada, conforme C é tomado como um ponto de partida para o estudo de tais
ilustrado na Erro! A origem da referência não foi encon- ligas e que se pode projetar no diagrama da Figura 3.
trada.2. Na Figura 3 esta a projeção das linhas liquidus do dia-
grama ternário Fe – Cr – C [3,6,7] que ilustra as faixas de
composição química dos ferros fundidos brancos de alto
cromo segundo norma ASTM A532. Estas classes de ferros
fundidos brancos se caracterizam por apresentarem microes-
trutura hipoeutética, pois se situam a esquerda da linha H'K'
(linha onde se encontra a composição eutética que é uma
mistura de carbonetos e fase metálica), depois desta linha os
ferros fundidos brancos são chamados de hipereutéticos (que
são usados normalmente para os revestimentos por solda)
pelas altas concentrações de cromo e de carbono que produ-
zem carbonetos primários de grade tamanho que aumentam a
resistência ao desgaste porém deixam também o material
mais frágil.[8].
Figura 2. Forma de desgaste no rolo.
Os ferros fundidos brancos de alto cromo hipoeutécticos no
final da solidificação, são constituídos por uma fase primária
B. Materiais Usados na indústria da Mineração (dendritas de austenita) e um composto eutético (austenita +
carbonetos M7C3). Estes materiais no estado de trabalho
Na indústria da mineração a vida dos componentes possuem uma elevada fração volumétrica de carbonetos (10-
é limitada pelas solicitações de desgaste, corrosão, fadiga e 30%) e uma matriz metálica que pode ser constituída de
impacto. Na maioria das aplicações os materiais metálicos diferentes proporções (depende do histórico térmico) de
oferecem melhor desempenho as solicitações antes mencio- austenita, carbonetos secundários e martensita. A elevada
nadas, apresentando ainda uma boa relação custo/beneficio. fração volumétrica de carbonetos propicia elevada dureza e
Os principais insumos de desgaste na industria de mineração em geral, elevada resistência ao desgaste, o que torna estes
são corpos moedores e revestimentos de britadores e moi- materiais aplicáveis na indústria de mineração (equipamen-
nhos. Segundo estudos 90% dos gastos devidos ao desgaste tos de moagem, carcaças de bombas, revestimentos de moi-
na industria de mineração ocorrem na moagem (material e nhos e outros itens sujeitos ao desgaste) [9,10].
manutenção) e o dez por cento restante podem ser dividido
entre a britagem, transporte e armazenamento.
D. Tratamento Térmico
Portanto, na seleção de materiais para corpos moedores a
relação entre o custo por unidade de massa, a taxa de des- As peças feitas de ligas de ferro fundido branco de alto
gaste, bem como a disponibilidade do produto, são os fato- cromo que precisam ser usinadas antes da desestabilização
res determinantes, para a escolhia do material a ser empre- devem ser submetidas a um tratamento térmico de recozi-
gado. mento buscando obter uma matriz com o máximo de ferrita
Os ferros fundidos brancos de alto cromo se tem destaca- para facilitar o processo de usinagem, o fenômeno de de-
do dentro dos materiais metálicos empregados na indústria composição da austenita em ferrita mais carbonetos ocorre
da mineração para a fabricação de corpos moedores. O de-
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aproximadamente entre 700- 750°C[11] e com um tempo tensíticos aplicados em condições de desgaste metal-metal,
de tratamento de 4 a 6 horas [9]. depósitos com altas concentrações de cromo ideais para des-
gaste abrasivo com médio impacto e por último os depósitos
com carbonetos de tungstênio para desgaste abrasivo ou
com baixo impacto [13].

Figura 3. Composição das ligas de ferro fundido branco segundo norma


ASTM A532. Figura 4. Influência da temperatura de desestabilização na quantidade de
austenita retida e dureza da liga.
O tratamento térmicos de desestabilização se usa quando
se deeseja diminuir a quantidade de austenita retida (aumen-
tar a quantidade de martensita) visando maior dureza e resis-
tência ao desgaste de um ferro fundido branco de alto cromo
em estado bruto de fusão ou quando se pretende aumentar a
dureza de uma peça deste material previamente recozida.
A desestabiização é um tratamento equivalente à tempera
dos aços, porém com o emprego de maior tempo de patamar
visando desestabilizar a austenita.
Especificamente a desestabilização da austenita consiste
em propiciar a precipitação de carbonetos secundários vi-
sando aumentar Ms e Mf e, portanto, diminuir a quantidade Figura 5. Influência da temperatura
de austenita retida do material. Estas duas tendências opos- e do teor de cromo na dureza máxima.
tas explicam a existência de um pico de dureza ao longo da F. Desgaste
temperatura de desestabilização ilustrada na Figura 4.
O desgaste se pode definir como a mudança cumulativa e
Também foi constatado que o valor de máxima dureza
indesejável nas dimensões de uma peça motivada pela remo-
diminui com o aumento do teor de cromo e isto se deve a
ção gradual de partículas das superfícies que estão em conta-
que conforme aumenta o teor de cromo se reduz a solubili-
to com movimentos relativos, devido às ações mecânicas. O
dade do carbono na austenita, resultando em martensita me-
desgaste é complexo já que acontece pela ação de diferentes
nos dura. Outro aspecto interessante é que os picos de du-
processos nas superfícies que podem ocorrer independen-
reza ocorrem a temperaturas mais altas a medida que o teor
temente ou em combinações.
de cromo aumenta, isto se deve ao fato, de que o aumento do
Existem diversos mecanismos de desgaste como são abra-
teor de cromo, diminui a solubilidade do carbono na auste-
são; adesão; erosão; corrosão; e fadiga de contato mas nes-
nita, exigindo maior temperatura para solubilizar mais car-
te trabalho o enfoque principal será o mecanismo de des-
bono e propiciar uma máxima dureza (Figura 5) [12].
gaste abrasivo que é o mecanismo predominante no desgaste
dos moinhos rolos sobre pista.
E. Revestimento por Solda Embora também exista uma grande diversidade de ensaios
Os revestimentos por solda têm como objetivo fazer reco- de desgaste, este trabalho se concentra no contexto de des-
brimentos com ligas que formem depósitos duros. Dentro gaste abrasivo sem corrosão e sem impacto no ensaio roda
dos processos de soldadura usados para este tipo de traba- de borracha com areia seca, Figura 6 [14-16].
lho esta a soldadura elétrica (SMAW) que é uma solução O ensaio de roda de borracha com areia seca (dry-sand
viável, rápida e econômica. Outro procedimento bastante rubber-wheel, DSRW) simula uma situação de desgaste a-
utilizado é soldadura por GTAW onde se podem obter estru- brasivo sob baixa tensão entre três corpos e visa simular a
turas mais finas devido ao calor localizado que produz uma ação de atrito de fragmentos abrasivos que rolam entre duas
maior resistência ao desgaste, isto se deve ao fato que o superfícies. Este teste tornou-se bastante popularizado após
tamanho dos carbonetos afeta de forma direita a resistência padronização nos Estados Unidos (ASTM-G65-00) [17].
ao desgaste. Por outro lado os recobrimentos duros mais
aplicados com processo de soldadura são os depósitos mar-
4

C. Corpos de Prova Revestidos

As chapas metálicas de ferro fundido branco alto cromo so-


freram primeiramente limpeza mecânica e limpeza química.
Após o ajuste dos parâmetros (de acordo com o equipamen-
to de soldagem e material de deposição, respectivamente), as
deposições foram realizadas. Os depósitos obtidos apresen-
taram espessuras médias de 10 mm. Os corpos de prova re-
vestidos foram chamados de I1 , I2, L e T.

D. Ensaio de Desgaste
Trabalhou-se com o ensaio de desgaste abrasivo ASTM
G65-00. Na série de ensaios, optou-se pelo procedimento A,
Figura 6. Ensaio de Desgaste ASTM G65-00, roda de borracha.
6000 rotações e 130 N que é o procedimento para materiais
de elevada dureza e alta resistência ao desgaste.

III. MATERIAIS E MÉTODOS E. Fabricação do Rolo Revestido


Se realizou o revestimento sobre um rolo fabricado da li-
Com o intuito de conhecer a otimizar a resistência ao des- ga II D, já desgastado. Os depósitos foram feitos manual-
gaste dos rolos de ferro fundido brancos de alto cromo se mente com arame tubular que tinha na sua composição quí-
desenvolveram inicialmente duas pesquisas. Uma pesquisa mica, altas concentrações de carbono, cromo e de metais de
estudou a viabilidade dos revestimentos por solda (com ele- liga. Este processo é delicado já que não se permite um for-
trodos com alta quantidade de cromo e carbono) dos rolos. te aquecimento da peça para minimizar as trincas na camada
A outra linha priorizou a otimização do atual ciclo de trata- do revestimento.
mento térmico aplicado no material com o qual o rolo é fa-
bricado (liga ASTM A532 II D). F. Medição do Desgaste em Campo
Em ambos os casos fabricaram-se diversas amostras para Foi medida a perda de espessura dos rolos durante as pa-
os ensaios de desgaste (segundo norma ASTM A532) em radas de manutenção para quantificar o desgaste. Para este
laboratório, para identificar qual revestimento e qual trata- fim é medida a perda da espessura em milímetros em todo o
mento térmico apresentavam melhor resistência ao desgaste. perfil transversal do rolo (na largura da superfície). Em cada
Na segunda parte do estudo, se fabricou um rolo revestido rolo são realizadas nove medições como se mostra na Figura
em escala industrial para comparar a resistência ao desgaste 7. O valor obtido equivale à quantidade de material perdido
entre rolos fundidos e revestidos em testes de campo. em milímetros desde a instalação do rolo, portanto, é o des-
gaste em um determinado período de tempo.
A. Corpos de prova dos rolos
Estas amostras foram extraídas dos rolos dos moinhos (os
moinhos são fabricados com a liga ASTM A532 classe II D)
que estavam em operação. Para a retirada das amostras se
uso a técnica de trepanação e posteriormente eletroerosão
para obter os corpos de prova, com estas amostras se fizeram
ensaios de desgaste que serviriam como padrão, assim, se
conseguiu conhecer a efetividade das linhas de pesquisa es-
tudadas neste trabalho.

B. Corpos de Prova da liga II D Tratada em Laboratório


Foram fundidos em um forno de indução grandes blocos
da liga II D segundo norma ASTM A532. Para a obtenção
dos corpos de prova os cortes foram realizados por jato de
água.
Para o estudo do tratamento térmico, a desestabilização,
se realizou em corpos de prova sem e com recozimento pré-
Gabarito
vio a 700°C por 6 horas. As temperaturas de desestabiliza-
ção se variaram de 950°C a 1100°C e os tempos de 0,5 hora
Erro! A origem da referência não foi encontrada.7. Medição do desgas-
a 5 horas. Finalmente foi realizado um tratamento de reve- te em campo do rolo do moinho.
nimento no material a 200°C por 1 hora. O resfriamento de
todos os tratamentos foi realizado ao ar.
5

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A. Resultado de Laboratório: Resistência ao Desgaste com É importante resgatar como foi realizada a otimização do
a Otimização do Tratamento Térmico tratamento por isso a continuação se apresenta o comporta-
Como descrito no procedimento experimental teve uma mento da dureza deste material (que posteriormente é refle-
pesquisa preliminar para otimização dos tratamentos térmi- tida no desgaste) tanto em estado inicial bruto de fusão como
cos. Desta parte do trabalho se obtive que os melhores resul- recozido para diferentes tempos e temperaturas de desestabi-
tados de dureza e desgaste se conseguiram quando as amos- lização.
tras foram recozidas a 700°C por 6 horas e depois desestabi- Variando-se a temperatura e o tempo de desestabilização,
lizados a 1050°C por 0,5 hora (Tratamento A). partindo tanto do estado bruto de fusão quanto do estado
Na Tabela I se apresentam os dados de dureza e desgaste, recozido, se obtiveram os seguintes resultados.
para este tratamento térmico.

TABELA I Na Figura 8 se mostra à tendência da dureza com a evolu-


RESULTADOS DE DUREZA E DESGASTE PARA O MELHOR ção da temperatura e o tempo para uma liga de ferro fundido
TRATAMENTO TÉRMICO
branco de alto cromo II D no estado inicial bruto de fusão.
MÉDIA DO DUREZA A Figura 8 (a) ilustra que a dureza inicialmente aumenta e
MATERIAL DESGASTE (g) (HRC) depois diminui com o aumento da temperatura, havendo um
máximo de dureza (63 HRC) a 1000°C por 6 horas.
A Figura 8 (b) ilustra que, para temperaturas até 1050°C,
Tratamento 0,136 63
ao longo do tempo a dureza inicialmente diminui e depois
A
aumenta ao longo do tempo. Para temperatura de 1100°C, a
dureza diminui ao longo do tempo.

a a

Figura 8. Durezas após desestabilização da liga II D no estado inicial Figura 9. Durezas após desestabilização da liga II D no estado inicial
bruto de fusão. recozido.
6

Ao estudar o comportamento da liga de ferro fundido


branco de alto cromo II D em estado inicial recozido (700°C
em 6h), obtiveram-se os dados de dureza que se mostram na TABELA III
RESULTADOS DE DESGASTE DOS PROCEDIMENTOS USADOS
Figura 9.
PARA O MELHORAMENTO DA RESISTÊNCIA DOS ROLOS
Observa-se que, na Figura 9 (a) tal como no estado bruto
de fusão, a dureza inicialmente aumenta e depois diminui MATERIAIS AMOSTRA MÉDIA DO DESVIO
com o aumento da temperatura,
o
havendo um máximo de DESGASTE
dureza (64,8 HRC) a 1050 C por 0,5 hora. (g)
A Figura 9 (b) ilustra que, dentro de todos os tempos es- II D Padrão (usada 0,169 0,55
tudados, a máxima dureza ocorre quando se utiliza 0,5 hora atualmente)
de desestabilização. II D (A) Tratamento 0,136 0,01
Nas Figuras 9 (a) e (b) se observa duas curvas no tempo Térmico
de 0,5 hora e na temperatura de 1050°C visando constatar I2 Revestido 0,148 0,02
reprodutibilidade de resultado (tempo curto de tratamento).
Para diferenciar as duas curvas um dos dados foi referencia-
do como 2004. D. Resultados de Desgaste em Campo
Efetuando a comparação dos gráficos das Figuras 8 e 9
pode-se observar que são alcançadas durezas maiores nos A medição de desgaste foi realizada em nove pontos da
corpos de prova com tratamento térmico de desestabilização superfície transversal do rolo. Os dados de perda de espes-
em estado inicial recozido, em tempos menores. Corpos de sura (mm) se encontram na Figura 10. As medições foram
prova em estado inicial bruto de fusão precisa de tempos feitas em 4 inspeções, portanto, em 4 diferentes tempos de
longos para obter altas durezas, que não conseguiram ser tão serviço ou horas de uso (tempo 1,2,3 e 4 onde tempo 1< 2 <
altas quanto às dos corpos de prova previamente recozidos. 3 < 4). Na Figura 10 cada um dos gráficos representa um
tempo de uso (uma parada para inspeção). Nesta figura se
B. Resultado de Laboratório: Resistência ao Desgaste com observa que o desgaste do rolo revestido é menor que o de
Revestimento por Solda os rolos fundidos. Também pode se observar que a medida
que o tempo de serviço aumenta o desgaste incrementa para
Na Tabela II, estão os dados de dureza e desgaste dos
os três rolos e que os pontos com maior desgaste são aque-
quatro materiais depositados por solda.
les que se encontram em contato direto com a pista de moa-
TABELA II gem que são os pontos 3, 4, 5 e 6.
MEDIDAS DE DESGASTE E DUREZA DOS MATERIAIS DE- Na Figura 11 se apresentam os dados da taxa de desgaste
POSITADOS POR SOLDA respeito ao tempo de serviço em milímetros por hora. Nesta
MATERIAIS MÉDIA DO DUREZA figura pode-se observar que diferentes inspeções (ou tempos
DESGASTE (g) (HRC) de serviço) a variação da taxa de desgaste dos rolos fundidos
Material I1 1,6960 55,79 é mínima, no entanto, no rolo revestido existe uma forte va-
Material I2 0,1484 63,12 riação e incremento da mesma, isto é explicável porque ao
Material L 0,2638 53,67 diminuir o revestimento o desgaste acelera.
Material T 0,2062 61,66

A mostra com melhor resistência ao desgaste (menor per-


da de massa) é a chamada como I2. Ao realizar analise da
microestrutura se encontrou há presença de grandes carbone-
tos de cromo porém os mesmos são mais refinados que os
carbonetos dos outros revestimentos. Também se detecto a
presencia de vanádio o que pode ter aumentado a resistência
ao desgaste.

C. Comparação dos Resultados de Desgaste em Laborató-


rio
A tabela III apresenta um resumo da resistência ao des-
gaste em escala laboratorial das amostras tratadas termica-
mente e as revestidas. Nela pode-se observar que a otimiza-
ção do tratamento térmico e o revestimento por solda apre-
sentaram menores perdas de massa sem comparadas com as
amostras padrão (extraídas dos rolos). Alem disso pode-se
observar que a otimização do tratamento térmico apresentou
uma redução maior do desgaste, porém como o intuito da
pesquisa também era o teste em campo de um rolo revestido,
foi esta linha de pesquisa a escolhida para continuar com o
trabalho.
7

Figura 11. Taxas de desgaste (mm/h) nas inspeções feitas em 4 tempos


Figura 10. Desgaste total (mm) das inspeções feitas em 4 tempos diferen-
diferentes de serviço dos rolos .
tes de serviço dos rolos .

Sendo assim, é verificado que a medida que o tempo de


serviço aumenta as taxas de desgaste do rolo revestido in-
crementam. Já os rolos fundidos apresentam uma taxa de
8

desgaste mais homogênea no tempo (não entanto, a perda de [2] S.F. Scieszka, “Modelling Durability of Coal Grinding Systems” Wear,
Vol. 114, p. 29-39,1987.
espessura incrementa em cada inspeção Figura 10) o que
pode garantir uma maior estabilidade no processo de moa- [3] G. Laird, R.Gundlach, K. Rohrig, “Abrasion - Resistant Cast Iron
gem e ao mesmo tempo uma redução das paradas de manu- Handbook,” Edited by AFS, Copyright 2000, p.1-215.
tenção. Isto porque o revestimento apresenta certas restri- [4] V. Chiaverini, “Aços e Ferros Fundidos. Associação Brasileira de Fun-
ções para o uso, como por exemplo; o tempo de uso sem dição,” 5a Ed, SP, 1984.
[5] R.Gundlach, “High-alloy white irons,” Metals Handbook Ninth Edi-
afetar a camada de deposito o que precisaria de um monito- tion, Vol 15, 1988.
ramento. A Figura 12 ilustra a forma do desgaste para os [6] J. ASensio, J.A. Pero-Sanz, J.I. Verdeja, “Microstructure Selection
dois rolos tanto o bruto de fusão como o revestido. Criteria for Cast Irons with more that 10 wt. % Chromium for Wear Appli-
cations,” Materials Characterization, Vol. 49, p.83-93, 2003.
[7] C.G. Schön, A. Sinatora, “Simulation of solidification Paths in High
Chromium White Cast Irons For Wear Applications,” Calphad, Vol. 22,
No. 4, p.437-448, 1998.
[8] J.A. Sanz-Pero; D. Plaza, J.I. Verdaja, J. Asensio, “Metallographic
Characterization of Hypoeutectic Martensitic White Cast Irons: Fe-C-Cr
System,” Elsevier Science Inc, p. 33-39, 1999.
[9] D.J Do Carmo, J.F. Dias, “Aplicação da Dilatometria na Otimização de
Processo de Obtenção de Ferros Fundidos Brancos de Alto Cromo,” Con-
gresso de Fundição, 1997 São Paulo, p.1-22.
[10] C.P,Trabett, I.R. Sare, “Effect of High Temperature and Sub Ambient
Rolo Fundido Treatments on the Matrix Structure and Abrasion Resistance of a High
Chromium White Iron,” Scripta Materialia, Vol. 38, p. 1747-1753, 1998.
[11] J.D. Carmo, J.F. Nasser, A. R. Bellon, “Desenvolvimento de Processo
Metalúrgico para Obtenção de Conexões em Ferro Fundido Branco de Alto
Cromo,” Congresso Anual da ABM, 1996, n° 51, Porto Alegre, RS.
Rolo Revestido [12] X. H. Fax, L. He, Q.D. Zhou, “A Study of High Chromium Cast
irons on Abrasion Resistence and Impact Fatigue Resistence,” Wear, Vol.
138, p. 47-60, 1990.
Figura 12. Aspecto superficial dos desgaste em rolos fundidos e em rolo [13] Friction, Lubrication and Wear Tecnology, ASM HANDBOOK, Vol.
revestido. 18, p. 176-192, 1992.
[14] K.H. Zum Gahr, “Abrasive Wear of White Cast Irons,” Wear, Vol. 64,
p. 175-194, 1980.
[15] J. Fulcher, T.H. Kosel, N.F. Fiore, “The Effect of Carbide Volume
V. CONCLUSÕES
Fraction on the Low Stress Abrasion Resistance of High Cr-Mo White Cast
Irons,” Wear, Vol. 84, p. 313-325, 1983.
A maior resistência ao desgaste na otimização do trata- [16] E. Albertin, A. Sinatora, “Effect of carbide fraction and matrix micro-
structure on the wear of cast iron balls tested in a laboratory ball mill,”
mento térmico em laboratório da liga II D é obtida ao em- Wear, Vol. 250, p. 492-501, 2001.
pregar o recozimento a 700oC por 6 horas seguido de deses- [17] K. Grigoroudis, D.J. Stephenson, “Modelling Low stress Abrasive
tabilização a 1050oC por 0,5 hora de patamar. Wear,” Wear, Vol. 213, p. 103-111, 1997.

O melhor desempenho ao desgaste das amostras revesti-


das em laboratório foi obtido com o depósito de ferro fundi-
do branco hipereutético com cromo, carbono e vanádio.

Ao realizar a medição do desgaste em campo (mm) chega-


se a conclusão que o rolo revestido proporciona uma maior
resistência ao desgaste.

A taxa de desgaste do rolo revestido (quanto ao tempo de


uso e toneladas moídas de carvão) vai aumentando com o
tempo até ser similar à dos rolos fundidos.

Os rolos fundidos apresentaram nas taxas de desgaste ten-


dências e valores similares, o que aponta para uma maior
homogeneidade na perda de material.

VI. AGRADECIMENTOS
Os autores manifestam seus agradecimentos à
TRACTEBEL ENERGIA S.A. por oportunizar a execução
e divulgação do presente trabalho.

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Operationg Instructions, BABCOCK, Vol. AM 2.4.2, Cap. A.1.1, p. 1-


10, 1967.

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