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1. Introdução.
(a) (b)
a) 100 x b) 400 x
O que se refere à condutibilidade térmica salienta-se que nos ferros fundidos, a grafita teria
uma maior condutibilidade térmica que a matriz metálica sendo esta, portanto controlada pela
quantidade e morfologia desses microconstituinte (1). Desse modo, a condutibilidade térmica de
ferros fundidos vermiculares é maior que a dos ferros fundidos nodulares e apenas um pouco
inferior à dos ferros fundidos cinzentos, como mostra a tabela II (1).
Tabela II – Valores típicos de condutibilidade térmica para vários ferros fundidos (1).
Condutibilidade térmica,
Tipo de ferro cal/cm.s.C.
Fundido Seções médias Seções
e finas espessas
Os ferros fundidos vermiculares podem ser obtidos através da simples adição de magnésio
ao metal, com um controle bastante rígido do teor de enxofre do metal-base e do teor residual de
magnésio, este último bastante difícil de ser mantido na faixa em que ocorre a formação de
grafita vermicular, que seria de 0,015 a 0,020%, dependendo do teor de enxofre do metal base (1).
No sentido de ampliar a faixa dos teores residuais de magnésio em que seria possível a
obtenção de grafita vermicular, Dawson (7) efetuou a adição de titânio que atuaria como um
elemento deletérico na formação da grafita nodular, em teores entre 0,08-0,10%, ampliando
assim a faixa do teor residual de magnésio para 0,020 a 0,030%.
Outro elemento deletério que poderia ser utilizado na obtenção de ferros fundidos
vermiculares tratados co magnésio, seria o chumbo, o qual já foi utilizado experimentalmente no
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (8) com bons resultados, para
teores residuais de 0,005 a 0,012%, dependendo do teor residual de magnésio.
Para ampliar ainda mais a faixa do teor residual de magnésio, foi desenvolvida uma liga
especial (2,5,9), contendo os seguintes elementos e teores: 48-52% Si; 4-5% Mg; 8,5-10,5 Ti; 0,25-
0,35% Ce; 4-5,5 Ca e 1-1,5% Al. Com o uso dessa liga, seria possível aumentar a faixa do teor
residual de magnésio em peças de seções finas para 0,012 a 0,032% (9), sendo esta faixa ainda
mais elevada para peças com secções mais espessas, como pode ser visto no gráfico da figura 8
(9)
.
Nesta figura é apresentada uma análise comparativa entre os processos que empregam
apenas magnésio, magnésio + titânio e magnésio + titânio + cálcio + cério e alumínio (9). Deve-se
salientar, no entanto, que o teor de adição da liga depende do teor de enxofre do metal base,
sendo de 0,6% para 0,01% de enxofre, de 1,0% para 0,02% de enxofre e de 1,3% para 0,3% de
enxofre (9).
Mais recentemente (2,10-12), foram desenvolvidos processos à base de magnésio, em que
foram efetuados tratamentos do metal em duas etapas, de forma a diminuir a sensibilidade em
relação às variáveis do metal, assim como o teor de enxofre, a temperatura de tratamento e o teor
de oxigênio dissolvido no banho. O primeiro tratamento é efetuado com ligas FeSiMgTiCaCe,
podendo o teor de enxofre do metal-base variar de 0,01 a 0,4%. Para altos teores de enxofre,
acima de 0,10%, tem sido utilizado o conversor a magnésio puro, reduzindo o enxofre a níveis
aceitáveis para a formação de grafita vermicular (12). A seguir é efetuada uma análise térmica
diferenciada pela qual é determinada a forma de grafita resultante. Se a forma da grafita não for
predominantemente vermicular, mas tendendo a nodular, é efetuado um segundo tratamento com
uma liga que cause a degenerescência da forma de grafita nodular, à base de titânio, alumínio,
cálcio e silício, para adições em torno de 0,25%. Se for lamelar, é utilizada uma liga à base de
magnésio, cálcio, alumino e silício.
As principais vantagens dos processos de obtenção de grafita vermicular à base de
magnésio + titânio, seriam a menor sensibilidade com a variação da espessura de parede, no que
se refere à porcentagem de grafita vermicular, com pouca formação de grafita nodular e baixa
tendência da ocorrência de carbonetos em secções finas (2). A principal desvantagem seria a
administração do retorno, uma vez que este não pode ser utilizado como material de carga de
ferros fundidos nodulares, uma vez que o titânio pode causar degenerescência de grafita nodular
(2)
.
Outra forma de se obter ferros fundidos vermiculares seria pela adição de cério, geralmente
presente nas terras raras, cujo teor de adição depende do teor de enxofre do metal-base. Desta
forma, segundo Sisserner (13), seriam necessário 0,10 e 0,25% de terras raras para 0,012 e
0,033%, respectivamente. Na figura 9 tem-se um exemplo das porcentagens de adição de terras
raras e função da variação do teor de enxofre do metal base (14).
3. MATERIAIS E MÉTODOS.
Tabela III – Resultados da análise química e estrutura obtida quando do trabalho do metal com
terras raras.
N = nodular
Ct = cementita
V = vermicular
Ch = grafita em grumos (chunhy)
L = lamelar
10 mm Ø 20 mm Ø
30 mm 50 mm
Tabela VI – Resultado obtidos quanto à análise química e estrutura para diferentes tempos após o
tratamento.
Os resultados das experiências apresentadas na tabela VI mostram que, para um tempo de
manutenção no forno apo o tratamento dom terra raras de até 7,5 minutos, não se verificaram
diferenças nos corpos-de-prova de 10 e 20 mm de diâmetro no que se refere à estrutura. Convém,
no entanto, salientar a grande ocorrência de carbonetos nos corpos-de-prova de 10 mm de
diâmetro e a elevada percentagem de grafita nodular nos corpos-de-prova de 10 e 20 mm de
diâmetro. Nesse caso, entretanto, não se verificou diminuição de ocorrência de carbonetos
mesmo com um tempo de manutenção após tratamento de 7,5 minutos.
Nos corpos-de-prova de 30 mm não se verificou a ocorrência de 20% de grafita em grumos
para até 5 minutos de tempo de manutenção, sendo esta totalmente eliminada após um tempo de
manutenção de 7,5 minutos, com um conseqüente aumento da percentagem de grafita vermicular
de 75 para 95%. Fato idêntico ocorreu nos corpos-de-prova de 50 mm de diâmetro, nos quais se
verificou a presença de grafita em grumos em teores de até 90% em corpos-de-prova vazados
logo após o tratamento, de 80% após 2,5 minutos, de 50% após 5,0 minutos com a total
eliminação da grafita em grumos após 7,5 minutos. Isto pode indicar após 7,5 minutos de
manutenção no forno – que os elementos do grupo das terras raras em solução se combinam com
o oxigênio e o enxofre presentes no metal. A figura 12 apresenta micrografias de corpos-de-
prova de 50 mm de diâmetro vazados com diferentes tempos após o tratamento com terras raras
em que se observa a redução da ocorrência de grafita em grumos na estrutura.
Nesta série de experiências também foram vazados bloco Y de 25,0 mm de espessuras para
avaliação das propriedades mecânicas dos diversos tempos de manutenção após tratamento. Na
tabela VII estão apresentados os resultados obtidos nesta série de experiências.
Estrutura %
Limite de
Grafita Alongamento
Exp. Nº resistência à
Vermicular Nodular em Perlita Ferrita %
tração (MPa)
Grumos
3-1 80 20 0 25 75 391 3,5
3-2 95 5 Traços 15 85 346 3,6
3
3-3 95 5 0 15 85 325 5,4
3-4 95 5 0 15 85 317 4,5
5. CONCLUSÕES.
Quanto ao efeito do tempo transcorrido após o tratamento com terras raras (fading).
Com o aumento do tempo transcorrido após o tratamento obteve-se uma total eliminação
da ocorrência de grafita em grumos após 7,5 minutos de manutenção no forno nos corpos-de-
prova de 50 mm de diâmetro, não tendo sido observadas reduções na percentagem de cementita.
Anexo I – Propriedades físicas e tecnológicas de ferros fundidos vermiculares (BUDERUS)
Anexo II – Propriedades físicas e tecnológicas de ferros fundidos cinzentos (GG), vermiculares
(GGV) e nodulares (GGG) (BUDERUS).
AGRADECIMENTOS:
Os autores agradecem aos técnicos João Acácio de Araújo e Osni Luis de Oliveira, que
participaram do desenvolvimento experimental realizado, e a Sra. Jacqueline Regina Amaral
Neotti pela datilografia do texto.
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