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CENTRO UNIVERSITÁRIO CAMPO REAL


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

JOÃO VINICIUS LEFLER

TIPOS DE FERROS FUNDIDOS

GUARAPUAVA
2021
1

JOÃO VINICIUS LEFLER

TIPOS DE FERROS FUNDIDOS

Trabalho a ser apresentado como


requisito parcial para obtenção de
nota semestral para a disciplina de
Materiais de Engenharia II, do 4°
período do curso de Engenharia
Mecânica, do Centro Universitário
Campo Real.
Professor: Thiago Castro Bezerra.

GUARAPUAVA
2021
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................3

2. TIPOS DE FERROS FUNDIDOS...........................................................................4

3. FERRO FUNDIDO BRANCO.................................................................................4

4. FERRO FUNDIDO CINZENTO..............................................................................6

5. FERRO FUNDIDO NODULAR...............................................................................9

6. FERRO FUNDIDO VERMICULAR.......................................................................11

7. PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE FERROS FUNDIDOS (Fofo)......................13

8. CONCLUSÕES.....................................................................................................15

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................16
1. INTRODUÇÃO

O ferro fundido se dá através da liga de ferro em mistura eutética com


elementos à base de carbono e silício. Para a formação de uma liga metálica de
ferro, carbono (a partir de 2% a 7%), silício (entre 1 e 4%), podendo conter outros
elementos químicos.
Sua diferença para o aço é que este também é uma liga metálica formada
essencialmente por ferro e carbono, mas com percentagens entre 0,002 e 2,15%.
Os ferros fundidos são divididos em três tipos principais: branco, cinzento e
nodular.
2. TIPOS DE FERROS FUNDIDOS

3. FERRO FUNDIDO BRANCO

De acordo com Chiaverini (2002), estas ligas se destacam pela dureza e


resistência ao desgaste, todavia possuem menor ductilidade e usinagem. Com isso,
na quase totalidade de carbono, se apresentam em forma de cementita Fe³C.

FIGURA 4 – MICROESTRUTURA DO FERRO FUNDIDO BRANCO

FONTE: ENCIMAT: https://www.encimat.cefetmg.br/2017/12/12/ferro-fundido/


Segundo Callister (2014), o ferro fundido branco contém baixo teor de silício,
sendo menos de 1,0% e possui uma taxa de resfriamento rápida, ocasionando assim
uma aparência clara. Isto se dá, pela ausência de grafite, pois quase todo o carbono
existente nela está em forma de carboneto.
Ainda segundo Callister (2014), o aquecimento deste tipo de ferro a
temperaturas entre 800°C e 900°C, por tempo prolongado e atmosfera neutra, causa
decomposição de cementita, formando grafita, desta forma apresentando-se em
aspectos de rosetas envolvidas por matriz de perlita ou ferrita.
3.1. Composição

Sua composição usualmente se dá em 3-3,6% C / 0,8% Si / 1,3% Mn / 3,3-5%


Ni / 1,4-4% Cr / 1% Mo / 0,15% S / 0,3% P.
Conforme Mascarenhas (2008), os materiais utilizados para a fusão de ferro
fundido branco são:
- 11,00 kg de FeCr A/C. Composição química: 6,50% C e 50,00% Cr;
- 22,00 kg de retorno III A. Composição química: 3,00% C, 1,10% Si, 0,90%
Mn e 25,50% Cr;
- 12,00 kg de sucata Cr. Composição química: 2,11% C, 0,08% Si, 0,12% Mn,
30,00% Cr e 0,64% Nb;
- 53,00 kg de sucata Cr. Composição química: 2,90% C, 0,80% Si, 1,10% Mn,
26,00% Cr;
- 1,20 kg de FeSi. Composição química: 75,00% Si;
- 1,40 kg de FeMo. Composição química: 60,00% Mo;
- 0,80 kg de carburante (grafite). Composição química: 3,15% C;
- 1,00 kg de escorificante;
- 7,00 kg de Ferro-Nióbio bitolado (20 a 80 mm). Composição química: 30,30%
Fe; 65,50% Nb; 0,11% C; 1,60% Si; 0,30% Al; 0,14% P; 0,09% Ta; 0,01% S e
0,06% N.

3.2. Aplicação

Por serem duros e resistentes, os ferros fundidos brancos são muito utilizados
na fabricação de sapatas de freio, conexões para tubulações, caixas de
engrenagens, bielas e cubos de rodas, bem como esferas de moinhos ou
laminadores.
FIGURA 5 – CONEXÕES EM FERRO FUNDIDO BRANCO

FONTE: SOLUÇÕES INDUSTRIAIS:


https://www.solucoesindustriais.com.br/empresa/prest

4. FERRO FUNDIDO CINZENTO

Os ferros fundidos cinzentos e nodulares, segundo Callister (2014), são


formados de ligas de ferro-carbono-silício, sendo que as taxas de carbono variam
acima de 2,5% e 4,0% e silício 1,0% e 3,0%, em quantidades superiores que podem
resultar em solução sólida na austenita, assim resultando na formação da grafita.
Ainda, segundo Callister (2014), na perspectiva mecânica, o ferro fundido
cinzento é mais frágil e fraco, quando se é tracionado, tendo ductilidade um pouco
desprezível. Isto acontece, pois as lamelas são pontiagudas e finas, servindo,
também, como ponto de concentração de tensão, quando se é tracionada
externamente. Estas lamelas, podem ser chamadas de blocos de grafita.
De acordo com Van Vlack (1984), este tipo de ferro fundido, é altamente
utilizado na fabricação de peças com formas complexas e intrincadas e em base de
máquinas, sendo empregados para fabricação de peças que serão expostas a
vibrações. Possuindo um ótimo custo benefício e sendo eficientes no amortecimento
de energia vibracional, oferecendo resistência ao desgaste.
FIGURA 1 – GRAFITA ENVOLVIDA PELA FERRITA

FONTE: CALLISTER
/integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521637325/epub

4.1. Composição

São compostos por uma liga predominantemente formada por ferro, carbono e
silício. Os teores de carbono e de silício nos ferros fundidos cinzentos variam entre
2,5%p e 4,0%p e entre 1,0%p e 3,0%p, respectivamente. Para a maioria desses
ferros fundidos, a grafita existe na forma de flocos [semelhantes aos flocos de milho
(corn flakes)], que se encontram normalmente envolvidos por uma matriz de ferrita α
ou de perlita;

4.2. Fases

Segundo Callister (2014), a primeira fase é o ponto de deformação na zona


plástica, chamada de tensão limite de escoamento. Já a segunda fase é o limite de
resistência à tração, sendo o ponto máximo permitido antes da fratura.
Este limite de resistência à tração varia de 10 a 40 Kgf/mm², dependendo da
composição química e da velocidade de solidificação e resfriamento. Esta
velocidade implica diretamente na morfologia da grafita e nas dimensões das células
eutéticas. Sendo o resfriamento o fator dominante da estrutura da matriz metálica.
(PIESKE, 1974).
A solidificação do ferro fundido cinzento é basicamente um processo de
nucleação e crescimento das fases austenita, grafita e cementita. O processo é
termicamente ativado e é necessário o resfriamento em relação da temperatura de
equilíbrio para que os primeiros núcleos sejam formados, e possam em um
determinado tempo atingir o tamanho crítico e crescer, dando sequência a
transformação de fase

FIGURA 2 – SOLIDIFICAÇÃO DO FERRO FUNDIDO CINZENTO

FONTE: USP http://pmt.usp.br/pmt3402/Ferro%20Fundido%202020.pdf

4.3. Aplicação

Segundo Guesser (2009), são muito aplicados na fabricação de peças de


bases vibratórias, na indústria automobilística, sendo empregados na fabricação de
blocos de motor, disco e tambor de freio, carcaças, blocos e volantes, além de
componentes hidráulicos.

FIGURA 3 – PEÇAS PRODUZIDAS COM FERRO FUNDIDO CINZENTO

FONTE: UENF https://uenf.br/posgraduacao/engenharia-de-materiais/wp-


content/uploads/
5. FERRO FUNDIDO NODULAR

O ferro nodular é o resultado da mistura de ferro cinzento com uma pequena


quantidade de magnésio ou cério, produzindo assim sua própria microestrutura e
seu conjunto de propriedades mecânicas. Sendo que dependendo do tratamento
térmico, a fase matriz que envolve estas partículas é a perita ou a ferrita. Este possui
características mecânicas que se aproximam do aço. (CALLISTER, 2014).
Segundo Franklin (2009), sua usinabilidade depende da microestrutura e de
sua composição química, sendo que as suas principais relações são a redução do
teor de carbono, causando o aparecimento de carbono livre, assim fragilizando a
matriz.
Ainda de acordo com Franklin (2009), o ferro fundido nodular é
austemperado, o mesmo ganha a forma desejada com facilidade segundo alguns
moldes, o que facilita na produção de alguns elementos de formas mais complexas e
geométricas, sendo que sua usinagem pode ser feita antes ou depois da
austêmpera, a qual é facilitada pela presença de grafita o que auxilia na lubrificação
da peça.
FIGURA 6 – ESTRUTURA DO FERRO FUNDIDO NODULAR

FONTE: CIMM: https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/3855-ferro-


fundido-nodula
5.1. Composição

De acordo com a NBR 8650/1984, nos ferros fundidos nodulares o teor de


carbono varia de 3,40% á 3,80%, manganês de 0,30% á 1,00% e silício de 2,10% a
2,80%. Sendo o fósforo e o enxofre com porcentagens menores, entre 0,9% e 0,2%.
Abaixo, tabela com as relações dos percentuais químicos do ferro fundido
nodular.

TABELA 1 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA FERRO FUNDIDO NODULAR

FONTE: UEZO: http://www.uezo.rj.gov.br/tccs/capi/AlexandreFrancklin.pdf

5.2. Aplicação

Segundo Franklin (2009), como este tipo de ferro fundido, possui uma boa
usinagem e ganha forma desejada antes mesmo da sua usinagem, ele é empregado
na confecção de corpos de válvulas e de bombas, mecanismos de direção e flanges,
discos de freio, girabrequins, engrenagens, peças automotivas, pinhões e trilhos.
FIGURA 7 – MATERIAIS PRODUZIDOS COM FERRO FUNDIDO NODULAR

FONTE: SLIDE SHARE: https://pt.slideshare.net/projprodunisul/aula5-


materiais

6. FERRO FUNDIDO VERMICULAR

Segundo Callister (2014), este tipo de ferro fundido tem aspecto de verme,
por isso o nome vermicular, esta microestrutura é intermediária entre as do ferro
cinzento e do ferro nodular, sendo que 20% da grafita está em forma de nódulos.
Neste é adicionado cério ou magnésio, porém as concentrações são mais baixas
que a do ferro dúctil.
Ainda de acordo com Callister (2014), como acontece nas propriedades
mecânicas dos CGIs, estas estão relacionadas com as microestruturas das
partículas de grafita e a matriz. Seus limites de tração e de escoamento são
comparáveis aos ferros fundidos dúcteis, sendo maiores que as do ferro cinzento.
Com isso, possuem maior resistência a choques térmicos e condutividade térmica e
oxidam menos em temperaturas elevadas.
Todavia, Dawson (2001), diz que o ferro fundido vermicular apresenta
desvantagens para o processo de fundição e usinagem, suas propriedades
promovem o aumento do desgaste das ferramentas na usinagem. Assim reduzindo
sua vida útil na metade se comparada ao ferro fundido cinzento.
Contudo, Colpaert (2008), fala que nos ferros fundidos vermiculares, a grafita
é alongada e possui extremidades arredondadas, o que inibe o início da formação
das trincas, aumentando assim a resistência à tração ductilidade, resistência
mecânica e sua rigidez.

FIGURA 8 – ESTRUTURA DO FERRO FUNDIDO VERMICULAR

FONTE: DOC PLAYER: http://docplayer.com.br/66420661-Ferro-fundido-


vermicular-obtencao

6.1. Composição

Sua composição é parecida com a do ferro fundido cinzento, todavia o que as


diferenciam são o teor de magnésio, sendo que no cinzento quase não possui esse
componente químico, já no ferro fundido vermicular este elemento deve ser mantido
em uma faixa estreita de 0,015% e 0,035%, se este teor ultrapassar o permitido o
ferro perde suas características e deixa de ser vermicular. (CALLISTER, 2007).
Segundo Dawson (2001), nos ferros fundidos vermiculares contém 2,0% á
2,4% de silício, e são agregados em sua composição estabilizadores de perlita,
fazendo com que o carbono se desloque até a matriz das grafitas.
6.2. Aplicação

O ferro fundido vermicular é utilizado na fabricação de lingotes, cabeçotes ,


blocos de motores a combustão e coletores de discos de freio. Além disso, também
é empregado em volantes motores e discos de freio para trens de alta velocidade.

FIGURA 9 – BLOCO DE MOTOR EM FERRO FUNDIDO VERMICULAR

FONTE: TUPY: https://www.automotivebusiness.com.br/noticia/22096/tupy-


aposta

7. PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE FERROS FUNDIDOS (Fofo)

Segundo Jorge (2007), o ferro fundido é obtido a partir do ferro-gusa. Este


que é uma liga de ferro e carbono, sendo que 3,5% a 4,5% deste é carbono e outros
elementos como enxofre, manganês, fósforo e silício.
Para o processamento térmico do ferro fundido o forno mais indicado é o
elétrico, pois nele pode-se ter maior controle dos materiais, gerando maior qualidade
no ferro. Em consequência disto, a redução dos óxidos de ferro acontece à medida
que o carvão vegetal e o calcário descem em contracorrente em relação aos gases.
(JORGE, 2007).
Sendo considerado uma liga ternária, pois contém Si, os quais podem ser
maiores que o próprio teor de carbono, sendo este componente muito influente nas
propriedades dos Fofos. Sua composição química se dá em C 2-4% / Si 0,5-3% / Mn
<1% / S<0,2%.

FIGURA 9 – FORNO ELÉTRICO PARA OBTENÇÃO DOS FOFOS

FONTE: DEMEC:
http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM052/Prof.Sheid/3Ferros%20Fundidos
8. CONCLUSÕES

Através das pesquisas desenvolvidas, conclui-se que os ferros fundidos


(Fofo), desempenham melhor a sua função se forem colocados em forno elétrico,
pois com ele ocorre pouca perda de propriedades.
Conclui-se também, que a partir dos elementos químicos agregados aos
ferros, os mesmos podem aumentar sua dureza, ductilidade, todavia, podem ficar
mais fracos e quebradiços, e até mesmo perder suas características.
Neste, destacou-se as microestruturas dos ferros fundidos bem como suas
aplicações.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLISTER, W. D. Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais. 2° ed.


Rio de Janeiro: LTC, 2014; p.295,402 e 403. 437.

CALLISTER, W. D. Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais. 7° ed.


2007; p.358, 375.

CHIAVERINI, V. Aços e Ferros Fundidos, 7ª ed. São Paulo: ABM, 1996; p. 492 e
537.

COLPAERT, H. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns. 4° ed. São


Paulo: Blucher, 2008. 652 p.

DAWSON, S. O Efeito das Variáveis Metalúrgicas na Usinabilidade do Ferro de


Grafite Compactado. SAE World Congress, 2001.

GUESSER, W. Propriedades Mecânicas dos Ferros Fundidos. 1° ed. São Paulo:


Blucher, 2009. 336 p.

JORGE, M. Ferro fundido. Disponível < https://www.encimat.cefetmg.br/2017/12>


Acesso em 05 de setembro de 2021.

SANTOS, A. Metalurgia dos Ferros Cinzentos e Nodulares. 3° ed. São Paulo:


IPT, 1989. 205 p.

VAN VLACK .H. Princípios de Ciências e Tecnologias dos Materiais. 4° ed. Rio
de Janeiro: Campus, 1984; p.495 e 567.

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