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TRATAMENTOS TÉRMICOS DE PREPARAÇÃO DO AÇO

Normalização
A normalização visa refinar a granulação grosseira das peças de aço fundido
principalmente. Com o mesmo objetivo, é também aplicada em peças depois de laminadas ou
forjadas. A normalização é ainda usada como tratamento preliminar à têmpera e ao revenido,
justamente para produzir microestrutura mais uniforme do que a obtida por laminação, por
exemplo, além de reduzir a tendência ao empenamento e facilitar a dissolução dos carbonetos
e elementos de liga.
Nos aços-liga quando os mesmos são resfriados lentamente após a laminação, os
carbonetos tendem a serem maciços e volumosos difíceis de dissolver em tratamentos
posteriores de austenitização. A normalização corrige esse inconveniente. Os aços-liga
hipereutetóides são normalizados para eliminação total ou parcial dos rendilhados dos
carbonetos que caracterizam suas microestruturas. Obtém-se, assim, uma microestrutura que,
num tratamento de esferoidização posterior, apresentam-se cem por cento esferoidizada,
conferindo boa usinabilidade ao material e é mais adequada ao tratamento de têmpera.
Os constituintes que se obtém na normalização são ferrita e perlita fina, ou cementita e
perlita fina. Eventualmente, dependendo do tipo do aço, pode-se obter a bainita.
Ciclo térmico de normalização: consiste no aquecimento até o campo austenítico, seguido
de resfriamento ao ar. Microestrutura resultante: ferrita e perlita.
Alguns aços, de elevada temperabilidade como os aços-ferramenta não devem ser
normalizados pois temperam ao ar, resultando em microestrutura martensítica.

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Recozimento Pleno ou Total
Sob o ponto de vista de ganho de propriedades, o recozimento tem papel fundamental na
construção mecânica quando se trata de obter características de baixa dureza e elevada
ductilidade nas ligas metálicas. Em especial, quando aplicado a ligas de aço de baixo e médio
teores de carbono, o objetivo claro de tal tratamento é a obtenção da perlita grosseira. Na
prática, a execução do recozimento pleno ou total exige a austenitização, o que implica na
dissolução completa dos elementos químicos que compõem a liga de aço. A velocidade de
resfriamento é estabelecida desligando-se o forno com a peça no seu interior ou controlando-
se a queda de temperatura conforme pode ser observado na figura 4. O recozimento Pleno ou
Total pode ainda ser empregado para regularizar a estrutura bruta de fusão, modificar
propriedades elétricas, remover gases e eliminar quaisquer tratamentos térmicos que a peça
tenha sofrido anteriormente (têmpera, normalização).

O aquecimento do aço para o Recozimento Pleno ou Total deve ser feito com o objetivo
de obter transformação de fase cristalina. Para tanto, aplica-se a seguinte lógica: 50 ºC acima
da zona crítica.

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Tempo de permanência à temperatura (patamar): deve ser suficiente para a formação e
homogeneização da austenita, inclusive no centro da peça. Varia em função da espessura da
peça, que, quanto maior, precisa de mais tempo.
Esfriamento lento: deve ser realizado preferencialmente dentro do forno. Se o custo for
inaceitável: resfriamento em campânulas isoladas ou imersas/enterradas em materiais
isolantes térmicos (vermiculite, cal em pó, areia bem seca, cinzas ou outros meios que
assegurem resfriamento bem lento depois de saída do forno).
Recozimento para alívio de tensões
Este tratamento não necessita de temperaturas austeníticas para produzir os resultados
esperados. O aquecimento é feito em temperaturas subcríticas, utilizando-se normalmente
fornos com circulação forçada de ar (garantindo homogeneidade de aquecimento), podendo
ser resfriado posteriormente ao ar calmo. Tem como objetivos fundamentais o alívio das
tensões originadas durante a solidificação ou que surgem durante operações de conformação
mecânica a frio (dobra e repuxo), soldagem e usinagem. É importante observar que esta
operação não gera transformações de fase cristalina como o tratamento de recozimento pleno
ou total. As temperaturas empregadas dependem de cada liga de aço a ser tratada,
normalmente em torno de 600 ºC, conforme o ciclo térmico apresentado abaixo.

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Esferoidização / Coalescimento
É um processo normalmente usado com aços hipereutetóides. Nesses aços, a perlita é
envolvida por uma rede de cementita, que dificulta trabalhos de usinagem e outros processos
de fabricação.
O processo tem como objetivo alterar a morfologia da cementita (Fe 3C) de lamelar para
esferoidal. A microestrutura formada pelo recozimento para esferoidização apresenta os
valores máximos de ductilidade e usinabilidade e os valores mínimos de resistência para um
dado aço.
 Pode-se aquecer a uma temperatura logo acima da zona crítica seguido de
resfriamento lento;
 Aquecimento prolongado logo abaixo da zona crítica ou
 Aquecimento e resfriamento alternado acima e abaixo da zona crítica

O resultado é uma estrutura globular de cementita em uma matriz de ferrita, o que facilita
a usinagem e outros trabalhos.

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Normalização ou recozimento
A normalização difere do recozimento pelo fato de que o metal é aquecido a uma
temperatura mais alta e então removido do forno para resfriamento ao ar, em vez do
resfriamento no forno. Para muitos engenheiros industriais, há muita confusão sobre quando
especificar normalização e quando determinar recozimento. Existe uma razão lógica para isso
porque, em muitos casos, os procedimentos para normalização e recozimento são os mesmos.
Por exemplo, aços com teor de carbono muito baixo podem ser quase completamente
recozidos aquecendo-se acima da faixa de transformação e resfriando ao ar.
Na normalização, a taxa de resfriamento é mais lenta do que na operação de têmpera e
revenimento, mas mais rápida que a utilizada no recozimento. Como resultado desta taxa de
resfriamento intermediária, as peças possuirão dureza e resistência um pouco maiores do que
se recozidas, mas um pouco menores do que se temperadas e revenidas. A taxa de
resfriamento mais lenta significa que partes normalizadas não serão tão tensionadas quanto as
partes temperadas. Deste modo, a normalização é um tratamento no qual um aumento
moderado em resistência é obtido sem causar um aumento de tensão.

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