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PROCESSO DE TÊMPERA E REVENIMENTO

Têmpera
O tratamento térmico de têmpera nos aços tem como objetivo a obtenção de uma
microestrutura que proporcione propriedades de dureza e resistência mecânica elevada. O
processo consiste em aquecer o aço num forno com temperatura acima da zona crítica. A peça
permanece nessa temperatura o tempo necessário para se transformar em austenita. O que
distingue essa forma de tratamento é o seu processo de resfriamento. A peça é retirada do
forno e mergulhada em água. A temperatura cai de (850ºC para 20ºC). Trata-se de um
resfriamento brusco.
Quando a austenita é resfriada muito rapidamente (água, salmoura e óleo), não há tempo
para que se transformar em ferrita, cementita ou perlita. A austenita se transforma num novo
constituinte do aço chamado martensita.
Essa velocidade de resfriamento dependerá da posição das curvas em C, ou seja, do tipo
do aço e da forma e dimensões da peça.

A linha indicativa do processo no diagrama TTT da Figura acima dá uma ideia das etapas.
O resfriamento é a parte esquerda da curva, isto é, da temperatura pouco acima de A até
pouco abaixo de Mf.
Considerando a inércia térmica e a rapidez do resfriamento, conclui-se que este não se dá
de maneira uniforme. Quanto mais próximo do meio de resfriamento, maior a velocidade.
Assim, há duas curvas extremas, uma para a superfície e outra para a região central.

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No resfriamento rápido, os átomos de carbono ficam presos no interior da austenita.
Desse modo, os átomos produzem considerável deformação no retículo da ferrita, dando
tensão ao material e aumentando sua dureza. A transformação da austenita em martensita não
é um processo de difusão. É um rearranjo atômico e a martensita pode ser considerada uma
solução sólida supersaturada de carbono em ferro alfa. A estrutura é tetragonal de corpo
centrado, diferente da cúbica de face centrada da austenita.

A martensita não aparece no diagrama ferro-carbono porque é uma condição


metaestável, que pode permanecer indefinidamente sob temperatura ambiente, mas retorna às
fases de equilíbrio mediante recozimento. A martensita e outras fases ou estruturas do sistema
ferro-carbono podem coexistir.
Deve-se ainda observar que se aumentando o teor de carbono do aço, diminui-se a
temperatura para inicio e fim da formação da martensita. Também a dureza martensítica
aumenta com o teor de carbono. Em vista disso os aços carbono para têmpera apresentam um
teor carbono maiores que 0,3%, pois abaixo deste teor o efeito endurecedor provocado pela
têmpera seria muito pequeno.
Após a têmpera com a formação da estrutura monofásica martensítica, o material
apresentará níveis de tensões internas muito elevadas, devido ao resfriamento rápido e pela
brusca mudança de fases. Uma vez que, o volume específico da martensita é maior que o da
austenita. Desta forma, após a têmpera, é necessário que essas tensões sejam aliviadas ou
eliminadas, para devolver ao aço o equilíbrio microestrutural necessário.
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Revenimento
Aplicado nos aços temperados, após a têmpera, a temperaturas inferiores à da "Zona
Critica", resultando em modificações da estrutura obtida na têmpera. A alteração estrutural que
se verifica no aço temperado em consequência do revenido melhora a ductilidade, reduzindo
os valores de dureza e resistência à tração, ao mesmo tempo em que as tensões internas são
aliviadas ou eliminadas.
O resultado é um alívio das tensões internas e redução da dureza, tanto maior quanto
maiores a temperatura e o tempo de revenido.

Pode-se dizer, portanto, que a operação de revenido ajusta a dureza desejada da peça.


Se a dureza diminui, a ductilidade aumenta e, por consequência, a resistência ao impacto. Na
figura temos o exemplo desta variação aproximada desses parâmetros versus temperatura de
revenido para aço com 0,45% C.

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Austenita Retida
As temperaturas de início e fim da transformação da martensita (M i e Mf) variam de
acordo com a composição do aço. Elementos de liga também exercem considerável influência.
Isso significa que, em alguns aços, a temperatura de término da transformação M f pode ficar
abaixo da ambiente. E uma têmpera convencional deixa algum resíduo de austenita,
comumente denominada austenita retida.

O efeito da austenita retida é uma instabilidade dimensional, que pode ser inadmissível
para certas aplicações.
Nestes casos a eliminação da austenita retida pode ser feita por:
 Revenimento múltiplo
Uma segunda etapa de revenido, entre 200 e 300ºC, que transforma o resíduo de
austenita em bainita.
 Tratamento sub-zero
Consiste em resfriar a peça para temperaturas menores que 0ºC, com nitrogênio líquido
( -176 ºC), gelo seco ( -68 ºC) ou hélio líquido ( -268 ºC). Com isso a peça atinge
temperaturas inferiores a Mf e ocorre a transformação da austenita em martensita.

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Martêmpera
Como ha um atraso da queda de temperatura do centro da peça em relação à superfície,
o aço no interior se transforma, quer em perlita quer em martensita, após a superfície já ter se
transformado em martensita frágil. Dessa forma, podem aparecer fissuras na superfície, em
virtude da expansão do centro durante a transformação. Isto é particularmente importante nos
aços de alto carbono, os quais possuem tenacidade baixa e nas peças que possuem entalhes
ou curvas de pequenos raios, pois nesses pontos haverá concentração de tensões. Mas este
perigo pode ser parcialmente eliminado através de uma variação do processo de têmpera,
denominado Martêmpera ou Têmpera Interrompida.
Na martêmpera, a peça é resfriada até uma temperatura um pouco acima do início da
transformação da martensita (Mi) por um meio adequado como óleo aquecido ou sal fundido.
Nesse meio, ela é mantida por um tempo suficiente para uniformizar as temperaturas internas e
externas. Logo após, ocorre o resfriamento para transformação da martensita.

Portanto, a transformação acontece com alguma uniformidade de temperatura na peça,


evitando ou diminuindo a formação de tensões residuais.
A martêmpera não dispensa o tratamento de revenido, pois a estrutura básica é a mesma
martensita da têmpera convencional. Naturalmente, devido à etapa adicional, exige mais
controle de parâmetros e equipamentos apropriados.
Na pratica com o objetivo de se utilizar os benefícios do processo de têmpera
interrompida, devem ser adicionados elementos de liga no aço pois, de outra forma, a
velocidade critica de resfriamento e tão grande que não se consegue obter martensita em
peças de médio e grande porte.

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Austêmpera
Uma outra alternativa para a têmpera e revenido convencionais. A Figura abaixo exibe
uma curva aproximada de um resfriamento típico.

A peça aquecida é resfriada até uma temperatura pouco acima do início da formação de
martensita (Mi). O meio de resfriamento é normalmente um banho de sais fundidos, por
exemplo, uma mistura de nitrato de sódio e de potássio. A peça é mantida nessa temperatura
(em geral, entre 300 e 400ºC) pelo tempo suficiente para transformar toda a austenita em
bainita e, em seguida, resfriada ao ar.
Em razão da temperatura constante na fase de transformação, esse tratamento é
classificado de isotérmico.
Notam-se as diferenças básicas em relação à têmpera convencional: transformação em
bainita no lugar da martensita e ausência do revenido.

Algumas vantagens da austêmpera:


 Ausência da etapa de revenido.
 Características de deformação e tendência a trincas melhores que as da martêmpera.
 Para durezas semelhantes, resistências ao impacto maiores que as obtidas com
têmpera convencional ou com martêmpera.
Entretanto, o método apresenta algumas limitações. As seções devem ser resfriadas de
forma a evitar formação de perlita. Na prática, isso limita a espessura das seções a valores na
faixa de 5 a 6 mm para aços-carbono. Alguns aços-liga permitem seções maiores, mas o
tempo da transformação torna-se excessivamente longo.

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