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Síntese do [Cu(gly)2].H2O
Roteiro 10
Introdução à Espectroscopia UV/Vis
Estudante: Data:
Professor(a): Turma:
Pré-Laboratório
1. Após ler o Roteiro de Prática, elabore um Fluxograma indicando todas as etapas a serem
realizadas para a preparação do composto [Cu(gly)2].H2O.
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Química Inorgânica Experimental
Roteiro 10 (Química e Engenharias) – 2023/1
4. Desenhe a estrutura do ânion glicinato (gly) e dos isômeros cis e trans do [Cu(gly)2].
5. O espectro de absorção na região do ultravioleta e visível para uma solução aquosa do íon
[Ti(H2O)6]3+ tem uma banda com máximo de absorção próximo a 500 nm. Qual é a cor esperada
para a solução desse íon?
6. Explique a origem da cor da solução do íon [Ti(H2O)6]3+. Para isso, utilize argumentos da Teoria
do Campo Cristalino.
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7. Caso os ligantes água sejam substituídos por ligantes amônia no íon [Ti(H2O)6]3+, o que deve
ocorrer com o comprimento de onda que corresponde ao máximo de absorção? Justifique sua
resposta.
Introdução
Objetivos
Realizar a síntese do [Cu(gly)2].H2O e avaliar de forma qualitativa a influência de diferentes
ligantes sobre as cores observadas em complexos Cu(II).
H2Gly+ comporta-se, portanto, como um ácido diprótico com pKa1 = 2,35 e pKa2 = 9,78. Sua
forma desprotonada, o ânion glicinato (Gly-), funciona como um ligante bidentado, visto que os grupos
NH2 e COO- são doadores de pares de elétrons.
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Muitas proteínas e enzimas têm um ou mais íons metálicos e isto é muitas vezes essencial para
a sua atividade. Entender as interações entre aminoácidos e íons metálicos é de importância
fundamental para entender a função das metaloproteínas. Assim, esta prática relaciona-se com um
importante campo de estudos dentro da química inorgânica: a Química Bioinorgânica.
O produto que será obtido da reação entre Cu2+ e glicina apresenta-se na forma de cristais
azuis, sendo solúvel em água quente. O composto é pouco solúvel na maioria dos solventes orgânicos
comuns, como acetona, clorofórmio, etanol e metanol.
A reação de formação do complexo de Cu(II) pode ser descrita pela equação:
Cu(CH3COO)2 (aq) + 2 Hgly (aq) + H2O (l) ® [Cu(gly)2].H2O (s) + 2 CH3COOH (aq)
Como se observa nessa equação, para formar o complexo cada molécula de glicina perde um
íon hidrogênio formando o glicinato (não confundir com o zwiteríon mostrado na Figura 1). O íon
hidrogênio da glicina é transferido para o acetato, antes ligado ao íon Cu2+, que atua como base de
Brönsted neste contexto.
O complexo [Cu(gly)2] tem geometria quadrada e o glicinato coordena-se como um quelato
por meio do átomo de oxigênio e do nitrogênio. Portanto, neste complexo é possível a isomeria
cis/trans. O isômero cis é o que será obtido e ele pode ser convertido no isômero trans após um longo
aquecimento.
Além de preparar o complexo [Cu(gly)2], será realizada neste experimento a avaliação
qualitativa da influência de diferentes ligantes sobre as cores observadas em complexos análogos de
Cu(II) e será feita uma correlação das cores com os espectros de absorção na região dos ultravioleta e
visível desses complexos.
em que a absorção ocorre será influenciada pelo metal central, seu estado de oxidação, seus ligantes
e sua geometria. Portanto, os espectros de absorção na região do ultravioleta e visível são uma
ferramenta importante para se conhecer a geometria (simetria) ao redor do íon metálico nos
compostos de coordenação. Um estudo detalhado da Espectroscopia de absorção na região do
ultravioleta e visível (UV/Vis) em complexos de metais de transição está fora do escopo desta
disciplina e será tratado em disciplinas mais avançadas de Química Inorgânica. Entretanto, neste
experimento, trataremos dos fundamentos desta técnica.
A luz branca é constituída de três cores primárias (vermelho, amarelo e azul). Estas cores
primárias podem ser misturadas para fazer três cores secundárias (laranja, verde e violeta). Laranja é
uma mistura de vermelho com amarelo, verde é a mistura de amarelo com azul e violeta resulta de
azul com vermelho. Quando a radiação da luz visível incide sobre a solução de um complexo de metal
de transição, parte desta radiação é absorvida. A cor desta solução é dada então pela radiação que
não é absorvida (chamada de radiação complementar), que passa pela solução e chega aos olhos do
observador.
A Tabela 1 mostra mais detalhadamente a relação entre radiações absorvidas e as cores que
são percebidas pelo olho humano.
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Na realidade, é feita uma comparação entre a radiação que incide na amostra (Io) e a radiação
que a atravessa ou é transmitida (I). Inicialmente registra-se a radiação absorvida pelo solvente e o
registro é armazenado no computador (Io). Um solvente adequado, além de dissolver a amostra, deve
ter uma absorção desprezível na região de interesse. Em seguida registra-se a radiação (I) absorvida
pela solução (solvente + substância a ser analisada). Em um determinado valor de l, se I < Io, significa
que a substância absorveu parte da radiação que incidiu na amostra. É definido então, para cada l,
𝑰
𝑨 = 𝒍𝒐𝒈𝟏𝟎 & 𝑰𝒐', em que A = absorbância (uma quantidade adimensional).
Um espectro de absorção na região do UV/Vis corresponde ao registro da absorbância em
função do comprimento de onda e caracteriza-se por possuir valores máximos em determinados
valores de l, que são então denominados lmax, em geral apresentados em nm (10-9 m ou 10-7 cm). Os
comprimentos de onda dos máximos de absorção das bandas observadas podem ainda ser
𝟏 𝒙 𝟏𝟎𝟕
convertidos para “número de onda” (𝝂), usando-se a relação: 𝝂 = 𝝀 (𝒏𝒎) , sendo o número de onda
𝝂 expresso em cm-1.
A conveniência de se usar o ¯ν é que esta grandeza é diretamente proporcional à energia da
radiação, ao contrário de , que é inversamente proporcional à energia da radiação.
Na Figura 3 são mostrados os espectros de soluções do seguintes íons hexa-hidratados, ou seja
[M(H2O)6]n+: Ti3+, íon d1; V4+ (na realidade íon VO2+), íon d2, Cr3+, íon d4; Mn2+, íon d5; Fe2+, íon d6; Co2+,
íon d7; Ni2+, íon d8; Cu2+, íon d9. Todas as soluções são 0,020 mol L-1, exceto as de Mn2+ (1,000 mol L-1)
e de Fe2+ (0,100 mol L-1) que são muito mais concentradas que as demais. Essas duas soluções
precisam ser mais concentradas porque são muito menos coloridas.
Outro ponto a ser observado é que alguns desses íons hidratados, como o Cr3+, possuem mais
de uma absorção na região do visível, enquanto outros não possuem nenhuma (caso do Fe2+). Embora
todos sejam hexa-hidratados e provavelmente tenham geometria octaédrica, a diferença nos
espectros é devida às diferentes configurações eletrônicas.
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A lei de Beer
Existe uma relação linear entre a absorbância medida (A, eixo y) em um determinado l e a
concentração de soluções, dada pela equação de Lambert-Beer:
A=e ×l×C
em que:
ε é chamado de coeficiente de absorção ou absortividade molar e é característico da substância;
l é o caminho óptico da luz através da solução (na prática os reservatórios de amostra ou cubetas são
geralmente construídos para ter 1,0 cm de caminho óptico) que contém a solução;
C é concentração da solução (em mol L-1).
Parte Experimental
Materiais
Conjunto básico, conjunto para síntese, conjunto para filtração à vácuo, conjunto de
agitação/aquecimento.
Reagentes
Conjunto de soluções de teste, acetato de cobre(II) monoidratado, glicina, etanol, éter etílico,
soluções aquosas de amônia 1,0 mol L-1; citrato de sódio 1,0 mol L-1; cloreto de sódio (solução
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saturada); etilenodiamina 1,0 mol L-1; glicinato de sódio 1,0 mol L-1; oxalato de potássio 0,2 mol
L-1; nitrito de sódio 1,0 mol L-1 e sulfato de cobre 1 e 0,1 mol L-1.
Procedimentos
Em cada tubo adicionar 2 gotas da solução de sulfato de cobre 1 mol L-1, exceto para o
tubo 6, em que devem ser adicionadas 3 gotas da solução de sulfato de cobre 0,1 mol L-1.
Observar a cor de cada solução e anotar no Quadro 1 do Cad-Lab.
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Cad-Lab
Pureza/teor do Cu(CH3COO)2.H2O:
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3. Se for o caso, explique a diferença da cor esperada pelo lmax e a cor efetivamente observada.
4. Ordene os ligantes: água, amônia, citrato, cloreto, etilenodiamina, glicinato, nitrito e oxalato,
na ordem crescente de energia do desdobramento do campo cristalino. Para isso, utilize a Figura
4 como referência para correlacionar o máximo de absorção com o desdobramento de campo.
Bibliografia
1. POLTS, R.A. J. Chem. Ed. 51 (1974) 539-540.
2. VOGEL, A.I.; BASSETT, J. Análise Inorgânica Quantitativa: incluindo análise instrumental
elementar. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981. 690p.
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