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Técnicas da Escultura

Como a arquitetura, a escultura desenvolveu-se no espaço tridimensional. Ao


contrário dela, no entanto, pode representar formas naturais, além das puramente
abstratas. A escultura e a arquitetura coexistem sempre em estreito relacionamento, já
que a maior parte do ornato arquitetônico, tanto externo quanto interno, é concebida em
termos escultóricos: frisos, cornijas, estátuas dispostas em nicho e tantas outras
modalidades.
Há dois tipos de escultura: em relevo, em que as formas se destacam de um
fundo, contempladas contra um plano, e em redondo, em que as figuras se desenvolvem
livremente no espaço real. Certos tipos de escultura moderna chegam a fazer uso do
movimento real (mobiles), tangidas pelo vento ao serem suspensas no ar. O movimento
em si mesmo torna-se parte da escultura, quando anteriormente podia ser simulado ou
sugerido.
Teoricamente, qualquer material capaz de ser plasmado e de reter a forma assim
obtida pode ser usado pelo escultor. Os materiais tradicionais são a madeira, a argila, a
pedra e o metal. Em cerâmica, argilas de vários tipos são inicialmente plasmadas a mão
e a seguir, endurecidas ao fogo. A talha em madeira ou pedra também se acha entre os
procedimentos mais antigos e rudimentares, enquanto a escultura em metais, como
cobre, prata ou ouro, assim como a moldagem em bronze, requerem técnicas bem mais
complexas.
Os escultores do século XX passaram a utilizar metais como alumínio, ferro,
aço, tratados com métodos e ferramentas recentes como a fundição e o maçarico. Foi o
fascínio pelos materiais novos e pelas técnicas inéditas que levou ao aparecimento da
escultura abstrata. Também as sobras das sociedades industriais e de consumo -- como,
por exemplo, as engrenagens, os discos de aço, a sucata, o lixo, as carcaças de velhos
automóveis -- foram encaradas como matéria-prima pelos escultores, que realçam desse
modo o relacionamento cada vez mais estreito entre o homem e a máquina. Além disso,
novos materiais sintéticos, plásticos, fibras de vidro, papel, papelão, integram também a
criação escultórica.
Costuma-se dividir as técnicas da escultura em dois grandes grupos, conforme se
baseiem na adição ou subtração de matéria. No primeiro caso, o escultor, que trabalha,
de um modo geral, com material mole e plasmável como a argila, cera ou gesso, cria sua
obra a partir de um núcleo central e dá forma e volume ao trabalho, do centro para a
periferia. O produto final pode ser submetido a um processo de endurecimento em forno
(caso da terracota) ou transferido, mediante moldagem, para um metal como prata ou
bronze.
Muitos escultores contemporâneos trabalham com o método aditivo: fazem
assemblages de pedaços de madeira, pedra, metal, plástico etc. Pela técnica subtrativa, o
escultor, dispondo de um bloco de matéria sólida como madeira ou mármore, desbasta-o
pouco a pouco, trabalhando do exterior para o interior. O material, portanto, é
gradativamente removido e o que dele resta constitui o produto final ou escultura
propriamente dita.
Além de ter de ordenar linhas, planos, massas e volumes, o escultor deve levar
em consideração a textura e a cor dos materiais que emprega, bem como a função que
sobre estes exercerão a luz e o sombreado. Os valores táteis têm papel importante e a
iluminação deve também preocupar o escultor, que terá sempre em vista o local em que
será exposto o trabalho: se dentro de um aposento iluminado artificialmente, se ao ar
livre e à luz natural, se iluminado do alto para baixo ou de baixo para cima etc.
É devido a esses fatores que, algumas vezes, esculturas que foram tiradas de seu
cenário original e colocadas em museus já não impressionam tanto quanto antes. Um
bom exemplo são as esculturas do frontão do Partenon: concebidas para serem
apreciadas a uma altura de cerca de 11m, no Museu Britânico são vistas ao nível do
olho humano, inevitavelmente com menos impacto.
Dentre as artes menores de caráter tridimensional, destaca-se a do ourives, que
trabalha com metais. Seus materiais, embora às vezes mais preciosos que o metal do
escultor, também são maleáveis e podem ser moldados, mas ensejam ainda importante
trabalho de decoração, pelo qual são gravados ou engastados conforme a técnica do
repoussé (de impressão à mão) ou são submetidos a técnicas como a da damasquinaria
(pela qual são embutidos desenhos de ouro ou prata em metal brilhante) ou o
esmaltamento cloisonné (em que os motivos, em esmalte, são separados em pequenos
compartimentos).
Além das artes decorativas, como a ourivesaria, o entalhe em osso e marfim,
lapidação de pedras preciosas e numismática (retratos em camafeu), existem outras artes
que reúnem beleza e utilidade, como a cerâmica, a cestaria, a vidraria, a marcenaria etc.
O moderno desenho industrial também é cada vez mais expressivo.

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