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Org@nica
Produção consciente com o design inspira-
do na natureza
São Paulo
4 5
6 7
Agradeço aos meus professores, colegas de clas-
se, amigos e à minha família por todo apoio in-
condicional que recebi durante a minha trajetória
profissional.
Gostaria de agradecer em especial aos meus
pais, que nunca duvidaram da minha capacidade e
sempre se mostraram abertos a me apoiar e incen-
tivar. Tendo vindo de uma carreia diversa e total-
mente oposta ao mundo do design, diversas vezes
me encontrei questionando a minha capacidade,
e mesmo com todas as adversidades encontradas
no caminho, nunca recebi nada além de suporte
incondicional de todos aqueles que eu amo.
Agradeço também ao Carlos Israilev, pela dedi-
cação e apoio prestados. Sem ele não teria acesso
aos materiais necessários para a conclusão deste
trabalho.
Também gostaria de agradecer ao professor Fá-
bio Silveira por todo apoio durante a construção
do meu book e à professora Debora Campos, pelo
incentivo durante o processo de escrita desta mo-
nografia.
Por fim, gostaria de agradecer ao meu orienta-
dor, André Caperutto por todas as dicas, broncas
e ensinamentos ao longo dessa jornada, e a toda a
equipe de instrutores de laboratório do IED, pelos
ensinamentos em aula e pela dedicação comigo e
com o meu trabalho. Foi uma honra me descobrir
uma amante na joalheria nesse espaço tão estimu-
Dedico este trabalho a minha família e amigos lante e acolhedor.
que sempre me apoiaram e incentivaram nessa
jornada.
8 9
Resumo | Sobre o Projeto
10 11
Lista de figuras
Figura 40 — Solução de percloreto de ferro em dois recipientes ............................... 105
Figura 41 — Chapas texturizadas com percloreto de ferro......................................... 106
Figura 42 — Resultado final da textura.......................................................................... 107
Figura 43 — Mistura de prata 1000 com cobre............................................................. 108
Figura 44 — Fundição da prata e do cobre para formação de liga............................. 109
Figura 1 — Dados E-lixo.................................................................................................... 28
Figura 45 — Lingoteira com prata 950........................................................................... 110
Figura 2 — Placas de circuito impresso............................................................................ 30
Figura 46 — Chapa e fio de prata 950............................................................................. 111
Figura 3 — Desmatamento em terras indígenas: Comparativo de 2019..................... 37
Figura 47 — Chapa de prata com folhas a serem marcadas........................................ 112
Figura 4 — Símbolo do Upcyling...................................................................................... 39
Figura 49 — Chapa de prata após exposição ao percloreto de ferro.......................... 113
Figura 5 — Ciclos do Cradle to Cradle............................................................................ 40
Figura 48 — Chapa de prata marcada com esmalte..................................................... 113
Figura 6 — Quadros de comando..................................................................................... 45
Figura 50 — Resultado da prata com teste no percloreto ........................................... 114
Figura 7 — Relés.................................................................................................................. 46
Figura 51 — Segundo teste de percloreto com a prata................................................. 115
Figura 8 — Separação das partes....................................................................................... 46
Figura 52 — Fundição para a alteração da liga de prata.............................................. 117
Figura 10 — Processo de Beneficiamento........................................................................ 47
Figura 53 — Folhas na chapa de prata 950.................................................................... 117
Figura 11 — Processo de Beneficiamento........................................................................ 47
Figura 54 — Chapa com as folhas após passar na laminadora................................... 119
Figura 12 — Processo de Purificação............................................................................... 49
Figura 55 — Fundição da prata em pó com bórax....................................................... 119
Figura 13 — Material após a secagem, pronto para ser fundido................................... 49
Figura 56 — Lingote e lâmina de prata 1000................................................................. 120
Figura 14 — Prata Finalizada............................................................................................. 50
Figura 57 — Prata 1000 em bullets................................................................................. 120
Figura 15 — Desenho de Leonardo da Vinci................................................................... 56
Figura 58 — Novo teste em cera para fundição............................................................ 121
Figura 16 — Comparação de texturas.............................................................................. 59
Figura 59 — Moodboard de texturas.............................................................................. 124
Figura 17 — Bracelete de ouro e pedras preciosas do faraó Tutankhamon................ 62
Figura 60 — Moodboard de formas................................................................................ 124
Figura 18 – Coroa de folhas etrusca................................................................................. 65
Figura 61 — Desenho de formas nos moodboards...................................................... 126
Figura 19 — Joia do Art Nouveau..................................................................................... 65
Figura 62 — Chapas de latão texturizadas sendo desenhadas e serradas.................. 127
Figura 20 — Gráfico 1......................................................................................................... 82
Figura 63 — Processo do brinco piloto.......................................................................... 129
Figura 21 — Gráfico 2......................................................................................................... 84
Figura 64 — Brinco piloto finalizado............................................................................. 130
Figura 22 — Gráfico 3......................................................................................................... 85
Figura 65 — Processo de produção do pingente "Terra".............................................. 132
Figura 23 — Gráfico 4......................................................................................................... 86
Figura 66 — Colar Terra finalizado................................................................................ 133
Figura 24 — Gráfico 5......................................................................................................... 87
Figura 67 — Processo inicial do grampo de folha........................................................ 134
Figura 25 — Gráfico 6......................................................................................................... 87
Figura 68 — Continuação do processo do grampo de folha....................................... 135
Figura 26 — Gráfico 7......................................................................................................... 89
Figura 69 — Processo final do grampo de folha........................................................... 136
Figura 27 — Plastilina, folhas, flores e cascalho.............................................................. 90
Figura 70 — Grampo Folha finalizado........................................................................... 137
Figura 28 — Folhas marcadas na plastilina..................................................................... 91
Figura 71 — Formas orgânicas desenhadas na chapa de latão.................................... 138
Figura 29 — Formas e texturas na plastilina................................................................... 91
Figura 72 — Processo de produção dos brincos pedras............................................... 139
Figura 30 — Teste de textura em cera rosa...................................................................... 92
Figura 73 — Brincos Pedras finalizados......................................................................... 140
Figura 31 — Chapas de latão e esmalte............................................................................ 95
Figura 74 — Detalhes das bordas das folhas após os acabamentos............................ 141
Figura 32 — Chapas de latão cobertas com esmalte....................................................... 96
Figura 75 — Processo das folhas .................................................................................... 142
Figura 33 — Chapas de latão raspadas............................................................................. 97
Figura 76 — Estrutura do colar....................................................................................... 143
Figura 34 — Percloreto de ferro dissolvido em água...................................................... 98
Figura 77 — Colar Folhas finalizado.............................................................................. 144
Figura 35 — Chapas de latão após exposição no percloreto de ferro........................... 99
Figura 78 — Chapa de latão texturizada........................................................................ 145
Figura 36 — Chapas de latão corroídas............................................................................ 99
Figura 79 — Processo criativo do anel Flores................................................................ 146
Figura 37 — Elementos presentes no resíduo eletrônico............................................. 101
Figura 80 — Continuação do processo do anel Flores ................................................ 148
Figura 38 — Chapas de latão e folhas recolhidas.......................................................... 103
Figura 81 — Bullets de prata 1000 e anel flores antes do acabamento....................... 149
Figura 39 — Folhas sendo carimbadas no latão............................................................ 104
12 13
Figura 82 — Anel Flores finalizado................................................................................. 150 Figura 123 — Colar Coral no corpo.............................................................................. 206
Figura 83 — Processo do Anel Coral.............................................................................. 152 Figura 124 — Detalhes do Colar Coral......................................................................... 207
Figura 84 — continuação do processo do Anel Coral.................................................. 153 Figura 125 — Detalhes do Colar Coral e Anel Coral juntos...................................... 208
Figura 85 — Mudança de aro no Anel Coral ................................................................ 154
Figura 86 — Anel Coral Finalizado ............................................................................... 155
Figura 87 — Primeira proposta do Colar Coral............................................................ 156
Figura 88 — Pingente do Colar Coral............................................................................ 157
Figura 89 — Colar Coral finalizado................................................................................ 158
Figura 90 — Colar e Anel Coral ..................................................................................... 159
Figura 91— Desenho técnico Colar Folhas................................................................... 163
Figura 92— Desenho técnico Colar Coral..................................................................... 164
Figura 93— Desenho técnico Brinco Pedra................................................................... 166
Figura 94— Desenho técnico Anel Coral...................................................................... 168
Figura 95— Desenho técnico Brinco Piloto.................................................................. 170
Figura 96 — Desenho técnico Anel Flores..................................................................... 172
Figura 97 — Desenho técnico Grampo Folha............................................................... 174
Figura 98— Desenho técnico Pingente do Colar Terra............................................... 176
Figura 99— Desenho técnico Aro do Colar Terra....................................................... 177
Figura 100— Detalhes do Brinco Piloto no corpo........................................................ 180
Figura 101— Detalhes do Brinco Piloto na luz ambietente......................................... 182
Figura 102— Colar Terra no corpo................................................................................. 183
Figura 103 — Detalhes do Colar Terra........................................................................... 184
Figura 104 — Detalhes do Colar Terra na roupa.......................................................... 185
Figura 105 — Detalhes do Grampo Folha sob tecido e luz natural........................... 186
Figura 106 — Detalhes do Grampo folha no cabelo.................................................... 187
Figura 107 — Detalhes do encaixe do grampo.............................................................. 188
Figura 108 — Folha e grampo separados....................................................................... 189
Figura 109 — Detalhes dos Brincos Pedras e pinos...................................................... 190
Figura 110 — Detalhes dos Brincos Pedras sob tecido................................................ 190
Figura 111 — Brinco Pedra no corpo............................................................................. 192
Figura 112 — Brinco Pedra de longe ............................................................................. 193
Figura 113 — Colar Folhas na luz natural..................................................................... 194
Figura 114 — Colar Folhas na pele................................................................................. 195
Figura 115 — Colar Folhas sob a roupa......................................................................... 196
Figura 116 — Detalhes do Colar Folhas na luz natural............................................... 197
Figura 117 — Detalhes do Anel Flores nas mãos......................................................... 198
Figura 118 — Detalhes do Anel Flores na luz natural................................................. 200
Figura 117 — Outro ângulo do Anel Flores................................................................. 201
Figura 119 — Proposta altertaniva para o uso da folha.............................................. 202
Figura 120 — Detalhes da Folha como um colar......................................................... 203
Figura 121 — Detalhes do Anel Coral........................................................................... 204
Figura 122 — Anel Coral em outro ângulo.................................................................. 205
14 15
Sumário
1. INTRODUÇÃO 18
2. CENÁRIO ATUAL 26
2.1 LIXO ELETRÔNICO: DINHEIRO OU RESÍDUO 31
2.2 MINERAÇÃO: LEGAL E ILEGAL 36
2.3 SOLUÇÃO 40
2.3.1 MINERAÇÃO URBANA 42
2.3.2 RECICLAGEM E PURIFICAÇÃO 45
3. BIOMIMÉTICA: CONCEITO E APLICAÇÃO NA JOALHERIA 54
3.1 CONCEITO 57
3.2 HISTÓRICO DA NATUREZA NA JOALHERIA 62
4. DESIGN EMOCIONAL: A CONEXÃO 70
5. O PROJETO: CONCEITO E PROCESSOS 78
5.1 CONCEITO PROJETUAL 80
5.2 PROCESSOS 84
6. PRODUÇÃO 124
6.1 DESENVOLVIMENTO DAS PEÇAS 126
6.2 DESENHOS TÉCNICOS 164
6.3 PEÇAS FINALIZADAS 181
7. CONCLUSÃO 212
REFERÊNCIAS 216
ANEXO 1 226
16 17
1
Introdução
18 19
Introdução | Tema da monografia
É
“ That computer your child is using—did you
know that it contains more than a thousand
different kinds of materials, including toxic
gases, toxic metals (such as cadmium, lead,
and mercury), acids, plastics, chlorinated É com esse questionamento levantado no
livro Cradle to Cradle que se inicia a pesquisa
and brominated substances and other addi- realizada nesse trabalho.
tives? The dust from some printer cartridges No século XVIII, com o advento da revolu-
ção industrial, o homem começou a intensificar
has been found to contain nickel, cobalt, and a produção de mercadorias e consequentemen-
mercury, substances harmful to humans that te intensificar a quantidade de consumo. Nesse
your child may be inhaling as you read. Is this
sensible? Is it necessary? Obviously, some of
those thousand materials are essential to the
functioning of the computer itself. What will
happen to them when your family outgrows
the computer in a few years?”
(MCDONOUGH; BRAUNGART, 2002, p. 3).
* Aquele computador que seu filho está usando - você sabia que ele contém mais de mil tipos diferen-
tes de materiais, incluindo gases tóxicos, metais tóxicos (como cádmio, chumbo e mercúrio), ácidos,
plásticos, substâncias cloradas e bromadas e outros aditivos? Foi descoberto que a poeira de alguns
cartuchos de impressora contém níquel, cobalto e mercúrio, substâncias prejudiciais aos seres huma-
nos que seu filho pode inalar enquanto você lê. Isso é sensato? Isso é necessário? Obviamente, alguns
desses milhares de materiais são essenciais para o funcionamento do próprio computador. O que
acontecerá com eles quando sua família abandonar o computador em alguns anos” (MCDONOUGH;
BRAUNGART, 2002, p. 3, tradução nossa).
20 21
Introdução | Tema da monografia
22 23
Introdução | Tema da monografia
24 25
2
Cenário Atual
26 27
Capítulo 2 | Cenário Atual
28 29
Capítulo 2 | Cenário Atual
30 31
Capítulo 2 | Cenário Atual
32 33
Capítulo 2 | Cenário Atual
que existem 100 vezes mais ouro clagem e recuperação desses minérios.
Um exemplo a ser seguido é o da Nigéria,
34 35
Capítulo 2 | Cenário Atual
de do olhar que a população e o governo têm ser explorada para o bem da população como
sobre esses materiais. todo. Um exemplo disso pode ser encontrado
no meio da selva colombiana. De acordo com a
2.2. MINERAÇÃO: LEGAL E ILEGAL Abramp (2020) (Associação Brasileira dos Me-
tais Preciosos), Américo Mosqueira é o respon-
Com o passar dos anos e com o desenvolvi- sável pela iniciativa que não utiliza químicos
mento das tecnologias, a capacidade de explo- tóxicos na mina colombiana e nem provoca o
ração da natureza pelo homem foi aumentando desmatamento extensivo da floresta. O Mineiro
de forma exponencial, gerando a necessidade mora na floresta tropical junto com 144 famílias
de uma regulamentação jurídica através do di- que integram uma cooperativa que tem como
reito ambiental e da conscientização popula- princípio propulsor o meio ambiente em pri-
cional através de debates sobre os limites e as meiro lugar.
possíveis alternativas. Ainda conforme a Abramp (2020), o proces-
Contudo, certas atividades são de suma so se da com a remoção e o empilhamento da
importância para o desenvolvimento econô- terra, para posteriormente ser utilizado um lí-
mico do país. A mineração legal é regida pela quido de consistência viscosa que é extraído das
lei e pela constituição e deve seguir princípios folhas de uma árvore local e que separa o ouro
fundamentais, como o da sustentabilidade por das impurezas naturais. Nesse sentido, pode-se
exemplo. dizer que o problema real se encontra na mine-
Conforme o art. 255 da Constituição federal: ração ilegal (ABRAMP, 2020).
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- As técnicas utilizadas nos garimpos ilegais
mente equilibrado, bem de uso comum do povo são predatórias ao meio ambiente e às comu-
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- nidades indígenas. Em razão da falta de fiscali-
-se ao Poder Público e à coletividade o dever zação, é crescente o registro de surgimento de
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e garimpos ilegais em território brasileiro, prin-
futuras gerações.” (BRASIL, 1988, p. Art. 255). cipalmente dentro de terras indígenas.
Desse modo, é possível afirmar que a mi-
neração quando realizada de forma conscien-
te e em valores com os princípios legais, pode
36 37
Capítulo 2 | Cenário Atual
38 39
Capítulo 2 | Cenário Atual
2.3. SOLUÇÃO
40 41
Capítulo 2 | Cenário Atual
42 43
De acordo com a Abramp (2020), o chamado
ouro verde ou ouro ético, tem se tornado uma
tendência contemporânea, trata-se de obter me-
tais preciosos por meios éticos e sustentáveis,
seja através de uma exploração consciente ou
da reciclagem dos metais, em outras palavras, a
mineração urbana tem se mostrado uma opção
... uma nova prática com a extremamente viável e necessária (ABRAMP,
2020).
lógica de que é possível minerar 2.3.2. Reciclagem e purificação
resíduos.
que na mineração de ouro a quantidade extraí-
da varia de 6-12 g por tonelada de minério.
De acordo com Mateus Carvalho (2018), a
extração de minérios do lixo eletrônico pode se
dar das seguintes maneiras:
(XAVIER, 2018)
44 45
Capítulo 2 | Cenário Atual
46 47
Capítulo 2 | Cenário Atual
Conforme Israilev (2021), a partir desses Após a retiradas dos contatos dos relés (Fi-
quadros são desprendidos os relés (Figura 7), gura 9), se inicia o processo do beneficiamento
que são posteriormente desmontados (Figura (Figuras 10 e 11), que se trata da separação da
8), expondo, nas suas pontas, diversas ligas de prata dos demais metais encontrados nas ligas.
prata. Importante frisar que o procedimento
varia de acordo com a liga, daí a importância de
conhecer o material.
Figura 10 — Processo de
Beneficiamento
Fonte: Entrevista 2021
Figura 7 — Relés
Fonte: Entrevista 2021
Figura 11 — Processo de
Beneficiamento
Fonte: Entrevista 2021
48 49
Capítulo 2 | Cenário Atual
Figura 12 — Processo de
Purificação
Fonte: Entrevista 2021
A partir disso, com a prata já separada dos
demais metais, inicia-se o processo de purifi-
cação (Figura 12), onde são extraídos conta-
minantes agregados, impurezas e quaisquer
outros elementos que possam diminuir o grau
de pureza da prata. Esse processo se da através
de diversos reagentes químicos, e uma vez rea-
lizado todo esse processo, se obtêm o sal, que é
metalizado com algum tipo de metal, ferro ou
níquel, para que por fim, se forme uma sal seca
(Figura 13), que pode ser posteriormente fun-
50 51
Capítulo 2 | Cenário Atual
52 53
3
BIOMIMÉTICA
CONCEITO E APLICAÇÃO NA JOALHERIA
54 55
3.1. CONCEITO
56 57
Capítulo 3 | Biomimética
Um dos primeiros e mais conhecidos produ- É importante ressaltar que a Biomimética faz
tos criados com base em princípios biomimé- parte da denominada Biotécnicas, que incluem
ticos é o velcro (fecho de dois tipos de tecidos a biônica, o Biodesign, a Biomimética e etc.
que se grudam), ele foi criado por um suíço Entretanto, por pertencerem a mesma linha de
chamado Georges de Mestral, através da obser- estudo, é recorrente a confusão entre os concei-
vação de como os carrapichos se aderiam aos tos da Biônica e da Biomimética. Dessa forma,
pelos dos cachorros (PALANDI, 2015). de acordo com Soares (2018), enquanto a Biô-
Entretanto, existem registros de estudos de nica trata da previsão, manipulação e controle
observação da natureza muito anteriores, mais da natureza, a Biomimética inspira o sentimen-
precisamente entre 1452 e 1519, realizados por to de pertencimento e participação humana, o
Leonardo da Vinci (Figura 15), que por ser um que constitui numa maior contribuição para os
observador da anatomia e do voo dos pássaros, aspectos da sustentabilidade.
fez inúmeras anotações e esboços de máquinas Portanto, a Biomimética representa uma
voadoras (MENA, 2018). Figura 15 — Desenho de nova forma de observar e avaliar a natureza,
Leonardo da Vinci. introduzindo um novo pensamento baseado
Fonte: Ornitóptero, criação não só no que se pode extrair do mundo natu-
de Leonardo da Vinci ral, mas no que se pode aprender com ele, e isto
(1488).
torna a sua abordagem mais abrangente.
Nesse sentido, um dos métodos mais utiliza-
dos pela Biomimética e demais áreas da Biotéc-
nicas é o método da analogia. Esta pode ser:
• Morfológica
• Funcional
• Simbólica
Sendo todas diferentes maneiras de uti-
lizar da natureza como fonte de inspiração (SO-
ARES, 2018).
58 59
Capítulo 3 | Biomimética
60 61
Capítulo 3 | Biomimética
62 63
Capítulo 3 | Biomimética
Anthropologists tell us that our first orna- Percebe-se que as peças do reinado de Akhe-
ments were of animal origin, by-products of the naton passam a apresentar somente elementos
hunt4 (UNTRACHT, 2011). A história da joia 4. De acordo com os relacionados à natureza, Aton, ou ao sol, como
nos mostra os caminhos da humanidade. O ho- antropologistas, nossos
o escaravelho ou até mesmo a representação do
primeiros ornamentos foram
mem sempre sentiu a necessidade de se adornar. de origem animal, originados disco solar (SORIAN, 2019), entretanto, tais
Os primeiros adornos eram feitos com ossos e da caça. (UNTRACHT, 2011. elementos de força natural foram deixados de
dentes de animais, conchas, pedras e madeira e Tradução nossa)
lado conforme o passar dos demais reinados
simbolizavam o status, o poder ou misticismos egípcios.
(MOTTA, 2016). Além destes, outros materiais Mais a frente no tempo, entre 1.750 e 1.400
também eram utilizados como ornamentos pes- a.C., observa-se novamente os temas da nature-
soais, sendo estes, de origem vegetal como fo- za representados nos adornos corporais, desta
lhas ou pedras, penas de pássaros ou até mesmo vez na população Creta, que era constituída por
insetos. pescadores, marinheiros e comerciantes. Possu-
Avançando na história, é possível observar íam uma arte rica e festiva, são exemplos dessa
que a natureza continua se fazendo presente no arte as finas cerâmicas com motivos florais e
desenvolvimento dos adornos corporais. Por os afrescos com temas da natureza, principal-
exemplo, o escaravelho e a serpente estavam mente as marinhas, que adornavam os palácios
muito representados no antigo Egito em mea- como o de Cnossos e de Festus (SKODA, 2012).
dos de 3.500 a.C., associados ao sol. O escarave- Outro exemplo é a população etrusca, que
lho simbolizava o renascimento e era muito uti- teve seu apogeu cultural e econômico por volta
lizado em rituais funerários (figura 17), ou até de 700 a 500 a.C., tratava-se de uma sociedade
mesmo em vida (VARELA, 2014), enquanto as com grande interesse por metais. Conheciam
serpentes, ou Uraeus, representavam os olhos sobre fundição, solda, estamparia e gravuras,
de Rá, sendo utilizado adornando as coroas de e tais conhecimentos se mostravam através de
membros da realeza (BAKOS, 2003). finas lâmina de ouro, utilizadas principalmen-
te na ornamentação funerária através de coroas
que representavam fielmente folhas de louro,
oliva e carvalho, através da observação da natu-
reza, conforme figura 18.
Figura 17 — Bracelete de
ouro e pedras preciosas do
faraó Tutankhamon.
Fonte: Ferreira (2018)
64 65
Durante o Renascimento (séculos XIV a
XVI), observa-se uma intenção de demonstra-
ção da distinção do povo e da nobreza, para
isso os nobres usavam vários anéis e demais
adornos corporais. Também era comum o uso
Figura 18 – Coroa de
de pingentes, brincos, broches e joias para o
folhas etrusca.
cabelo e nos chapéus. Os adornos dos chapéus Fonte: BLACK, 1981.
eram feitos de ouro esmaltado, com motivos
mitológicos, religiosos e imitações orgânicas da
natureza. Camafeus começaram igualmente a
ser introduzidos na composição desses adornos
(LEE, 2015).
Já no Brasil durante do período Rococó, as
joias começam a ganhar temas naturalistas,
com a representação de pássaros e flores.
Quanto ao Art Nouveau, movimento francês
que surgiu durante o período de 1870 a 1914,
os elementos da natureza serviam como inspi-
ração tanto para a criação de joias (figura 19)
como seu uso na confecção de peças (SKODA,
2012), ademais, vale relembrar o predomínio
de formas fluidas de insetos, plantas e animais,
ricamente detalhadas. A beleza diáfana da natu-
reza era retratada nos mais diversos produtos,
dentre eles: mobiliário, joalheria, porcelanas,
objetos decorativos em vidro e artes gráficas
(DE SÁ, 2018).
Figura 19 — Joia do Art
Nouveau
Fonte: Broche de opala por
René Lalique, 1904.
66 67
Capítulo 3 | Biomimética
68 69
DESIGN
EMOCIONAL
4
A CONEXÃO
70 71
Capítulo 4 | Design Emocional
(NORMAN, 2004)
72 73
Capítulo 4 | Design Emocional
Conforme Norman (2004), o design emo- Cada um dos níveis age de forma distinta no
cional pode ser concebido a partir da união usuário, e deve-se sempre se considerar que a
adequada de critérios estéticos, funcionais e maioria das decisões são definidas pelo impulso
materiais, capazes de serem percebidos sensi- emocional, ou seja, as emoções, experiências,
velmente pelo usuário, seguindo os estágios de vivências e gostos visuais afetam de forma ativa
reconhecimento do produto, experimentação e, a forma como o homem consome.
posterior, identificação, derivada da possível re- O nível Visceral é o primeiro dos níveis de
lação emocional proporcionada por este. Norman, e conforme o próprio nome já diz,
Nesse sentido, a percepção através das sen- trata-se de algo de dentro pra fora, profundo e
sações instigadas pelos sentidos, desperta os se relaciona ao subconsciente e ao instinto do
conhecimentos previamente consolidados na homem. Pode-se afirmar que é um nível que
mente humana, caracterizando a interação é desencadeado pela experiência sensorial, ou
emocional do usuário com o objeto. (REIS, seja o primeiro contato, o visual, normalmente
2013) pela cor, forma ou aroma. Ou seja, um produto
Conforme os ensinamentos contidos no livro que atraía a pessoa nesse nível instintivo pode
de Norman, (2004) existem 3 níveis de design: fazer com que os usuários superem problemas
de usabilidade (Norman, 2004).
Os três níveis de design: O design O segundo nível é o Comportamental. Ele
visceral diz respeito aos aspectos físicos está relacionado ao prazer de se efetuar uma ati-
e ao primeiro impacto causado por um vidade ou utilizar um objeto. Ele também trata
produto. O design comportamental diz do subconsciente, mas relacionado à maneira
respeito ao uso sob o ponto de vista física. Por exemplo, quando um objeto tem uma
objetivo e refere-se à função que o funcionalidade boa, isso é percebido pelo nível
produto desempenha, à eficácia com comportamental.
que cumpre sua função, à facilidade Por fim, existe o nível Reflexivo, que também
com que o usuário o compreende e o pode ser denominado de superego (TED, 2003).
opera e demais aspectos relacionados Nele, a pessoa examina e reflete sobre tudo que
ao modo como o produto se comporta envolve o objeto ou a atividade. Trata-se do ní-
junto ao usuário. ... O design reflexivo vel que se relaciona com as memórias afetivas,
diz respeito ao uso sob o ponto de vista associações com as vivências, desejos e etc...
subjetivo e abrange particularidades O nível Reflexivo é o mais efetivo a longo
culturais individuais, memória afetiva prazo e aborda o orgulho que o usuário tem em
e significados atribuídos aos produtos usar determinado produto e como isso afeta a
e a seu uso, entre outros aspectos da construção da personalidade
ordem do intangível. (NORMAN, 2004)
74 75
Capítulo 4 | Design Emocional
Nesse sentido, ainda conforme Norman: Isso vai de encontro com Campos, que diz
que:
Quando alguma coisa dá prazer,
quando se torna parte de nossas vidas, As atuais tendências de design apontam
e quando a maneira como interagimos para a valorização da poética dos
com ela define nosso lugar na sociedade objetos, construindo narrativas
e no mundo, então temos amor. O que toquem a atenção emocional
design faz parte dessa equação, mas a do consumidor. As coleções contam
interação pessoal é o segredo. O amor histórias cujo fim não se exaure em si
surge por ser conquistado, quando as mesmo, mas abre as portas para novos
características especiais de um objeto temas e novas histórias. (CAMPOS,
fazem dele uma parte cotidiana de 2007)
nossa vida, quando ele intensifica
nossa satisfação, quer seja por causa O design emocional, se bem aplicado, no
de sua beleza, seu comportamento ou ramo da joalheria, é capaz de transmitir todos
seu componente reflexivo. (NORMAN, os tipos de mensagens, tanto das peças com os
2004) consumidores, tanto dos próprios consumido-
res para as demais pessoas, pelo simples fato de
Sendo assim, se o design do produto for vestirem tais joias. Desse modo, fazem-se ne-
atraente e despertar emoções boas no usuário, cessárias as palavras de Barbara Cartlidge: “Il
provavelmente, será considerado por ele como est fascinant de découvrir comment les bijoux
a melhor opção na hora da compra (PATEL, reflètent la personnalité de ceux qui les portent
2021). Desse modo, se o produto ou serviço de même que les grand choix et les événements
5. É fascinante descobrir
possuí uma narrativa atraente e emocionante, qui jalonnent leur vie ”5 como as jóias refletem a
as chances de sucesso perante os consumidores personalidade daquele que
as usa, da mesma maneira
são consideravelmente maiores. que as grandes escolhas e os
acontecimentos que marcam
sua vida.
76 77
5
O PROJETO
CONCEITO E PROCESSOS
78 79
Capítulo 5 | O Projeto
80 81
Capítulo 5 | O Projeto
Dessa forma, analisando o mercado atual, emocional aplicados ao design de produto com
observa-se uma tendência mundial para que o base em estudos biomiméticos acerca das textu-
universo da moda se torne cada vez mais sus- ras de plantas, folhas, flores e pedras, bem como
tentável, por conseguinte, a indústria de joias as formas orgânicas das mesmas, aplicadas nas
é cada vez mais cobrada por melhores práticas superfícies dos minerais preciosos extraídos do
em sua rede de fornecimento, uso de materiais, resíduo eletrônico e purificados, formando as-
bem como uma maior transparência nas ope- sim, uma conexão emocional no usuário, atra-
rações (SORTI, 2020). Deste modo, com base vés dessa homenagem.
nessa tendência de mercado juntamente com o Conforme explicado no capítulo anterior, o
problema delimitado, foi decidido que a maté- design emocional como conceituado por Do-
ria prima para a produção dessa coleção seria nald A. Norman, é composto por três níveis
os minérios preciosos provenientes da recicla- (Visceral, Comportamental e Reflexivo). O pro-
gem e da purificação do resíduo eletrônico. jeto das peças deste trabalho foi feito conforme
Todavia, somente a escolha da matéria prima os níveis um e três.
não é diferencial o suficiente nem é passível de Nesse sentido, os níveis visceral e comporta-
formar uma conexão emocional no consumi- mental se referem ao "agora", seus sentimentos
dor. Para tal, aplicou-se o estudo da biomiméti- e experiências encantam se está de fato vendo
ca nas texturas e nas formas das peças, de forma ou usando o produto. Mas o nível reflexivo se
a unir todos os conceitos do projeto. estende por muito mais tempo - por meio da
Geralmente a natureza vincula-se a experi- reflexão você se lembra do passado e conside-
ências prazerosas e de harmonização pessoal. ra o futuro. O design reflexivo, portanto, tem a
Contatos com outros seres vivos, materiais or- ver com relações de longo prazo, com os senti-
gânicos e vivências de variações cíclicas contri- mentos de satisfação produzidos por ter, exibir
buem para a restauração dos estados físicos e e usar um produto (NORMAN, 2004).
psicológicos dos indivíduos. Tal afirmação sus- A intenção da presente coleção é atrair os
tenta-se na hipótese de que o cérebro humano consumidores com a estética das peças, estimu-
evoluiu em um meio natural, e somente recente- lando o consumo e criar uma conexão emocio-
mente, tem sido exposto a ambientes ‘artificiais’ nal através da história e do conceito das mes-
excessivamente tecnológicos (BENYUS, 2002; mas, estimulando assim o uso prolongado das
GRIFFIN, 2004; BROWNING et al., 2012). joias.
Desta maneira, a realização deste projeto
aborda da utilização dos conceitos do design
82 83
Capítulo 5 | O Projeto
Tendo isso em vista, a fala de Campos, torna- Conforme o gráfico 1 de idade dos entrevis-
-se indispensável: tados (figura 20), foram coletadas respostas de
pessoas com idades entre 18 e 53 anos, sendo a
se há 20 anos atrás a criação de jóias sua maioria jovens entre 22 e 27 anos de idade.
estava diretamente ligada à valoriza- Ou seja, grande parte dos entrevistados perten-
ção de seus materiais – gemas e metais cem às gerações recentes (Millenials e Geração
– hoje, o foco de atenção direciona-se Z), que são grupos etários em busca de uma
também para as mensagens que elas identificação e são mais propensos a consumir
trazem em si, prontas para despertar uma joalheria contemporânea, já que não se
emoções e encantamentos em quem as sentem representados pela joalheria tradicional.
usa. (CAMPOS, 2007) De acordo com a More (2018) “no mercado
de joias, atrair o olhar desatento nos algoritmos
da internet requer um conhecimento grande de
5.2. PROCESSOS seu público, voz única e um “que” de contem-
poraneidade para atender aos anseios mais efê-
A primeira etapa do processo foi a realização meros das novas consumidoras”. (MORE, 2018)
de uma pesquisa de público, com o intuito de Nesse mesmo sentido, Diniz (2012) carac-
compreender melhor o público alvo e a tendên- teriza o consumidor contemporâneo de luxo
cia atual do mercado. A pesquisa em questão foi como aquele que deseja o raro, o singular e o
realizada através do Google Forms e foi respon- incomum, que o define como alheio às formas e
dida por 201 pessoas. aos padrões convencionais, é aquele que busca
Os resultados da pesquisa confirmam a rele- um produto que conte uma História, que for-
vância do tema do presente trabalho, bem como neça memórias únicas, sofisticadas e exclusivas.
Figura 20 — Gráfico 1
o interesse dos consumidores no produto em É aquele que consome paixão, conhecimento e
Fonte: Autoria própria
desenvolvimento. (2021) experiências excepcionais.
Portanto, percebe-se que a faixa etária pre-
sente na pesquisa se enquadra com os consu-
midores da joalheria contemporânea, que é o
estilo adotado no presente trabalho.
Em seguida, conforme a figura 21, os entre-
vistados foram questionados sobre a relevância
pessoal do consumo consciente.
84 85
55,7% dos participantes consideram que não
sabem sobre o problema ou que deveriam se
informar mais, ou seja, trata-se de um tema re-
levante, porém pouco explanado, reforçando a
importância do tema do projeto como forma de
conscientização.
Figura 22 — Gráfico 3
Fonte: Autoria própria
(2021)
86 87
Capítulo 5 | O Projeto
Figura 24 — Gráfico 5
Fonte: Autoria própria
(2021)
Figura 23 — Gráfico 4
Fonte: Autoria própria Figura 25 — Gráfico 6
(2021) Fonte: Autoria própria
(2021)
88 89
Conforme os gráficos presentes nas figuras
24 e 25, foi perguntado ao público sobre a rela-
ção da proveniência da matéria prima das joias,
e se ela é considerada consumível e se saber so-
bre a proveniência pode ser um diferencial na
hora da compra.
Com relação ao consumo de joias prove-
nientes de metais extraídos do lixo eletrônico,
mais de 75% dos entrevistados responderam
que sim. Já com relação ao conhecimento da
proveniência das matérias primas dos produ-
tos, 69,2% dos participantes informaram que Figura 26 — Gráfico 7
consideram isso um diferencial. Tal dado vai Fonte: Autoria própria
de encontro com uma pesquisa realizada pela (2021)
Nielsen (2019):
“Estamos mais sustentáveis: 42% dos Por fim, conforme figura 26, os entrevista-
consumidores brasileiros estão mu- dos foram indagados sobre seus gostos pesso-
dando seus hábitos de consumo para ais com relação a estética das joias. Nesse caso,
reduzir seu impacto no meio ambiente 89,1% dos participantes afirmaram possuir in-
e 30% dos entrevistados estão atentos teresse em joias com design orgânico, tratando-
aos ingredientes que compõem os pro- -se de mais um dado relevante e positivo, tendo
dutos. Mais conscientes também, 58% em vista o conceito do projeto.
não compram produtos de empresas Após os resultados das entrevistas, iniciou-
que realizam testes em animais e 65% -se os testes de formas e texturas com diferentes
não compram de empresas associadas materiais e métodos.
ao trabalho escravo.” (NIELSEN, 2019)
90 91
Capítulo 5 | O Projeto
Figura 29 — Formas e
texturas na plastilina
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 5 | O Projeto
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Capítulo 5 | O Projeto
O teste em questão obteve resultados posi- o preço certo, resultando num bom relaciona-
tivos, as folhas de cera ficaram marcadas com mento entre esse produto e o cliente (CAM-
as texturas de todas as plantas selecionadas e a POS, 2007).
cera era de fácil manuseio. Posteriormente al- Conforme citado anteriormente, o teste de
gumas formas foram recortadas nas folhas de textura foi conduzido da seguinte forma: Pri-
cera e guardadas para um possível envio para meiro foram selecionadas chapas de latão com
fundição. tamanhos e espessuras semelhantes e um es-
Simultaneamente, foi realizado o teste de malte de cor escura (Figura 31).
textura em chapas de latão através da corrosão
por percloreto de ferro anidro. É importante fri-
sar que a escolha do percloreto não foi à toa. Ele
era um dos métodos utilizados para marcar as
placas de circuito impressas através da corrosão
do cobre. De acordo com a empresa TEC. CI
(2020), existem diversas opções de corrosivos
que podem atacar o cobre. Alguns desses cor-
rosivos são ácidos e outros alcalinos. O mais
conhecido popularmente é o percloreto de fer-
ro, um ácido que até não muito tempo atrás era
bastante utilizado, inclusive em escala indus-
trial. (TEC.CI, 2020)
Desse modo, trata-se de um material impor-
tante e que deveria ser explorado, tendo em vis-
ta que representa mais uma ponte entre o pro-
blema do projeto e a solução. Portanto, deve-se
sempre ter em mente a relevância das conexões
necessárias para desenvolver uma história coe-
rente relacionada ao produto. Já que uma cole-
ção de joias planejada de forma eficiente pode
apresentar o produto certo (corretamente dire-
Figura 31 — Chapas de
cionado para o público-alvo), na hora certa (em latão e esmalte
sintonia com as tendências do momento) e com Fonte: Autoria Própria
(2021)
96 97
O esmalte serve para proteger as áreas do la-
tão que não devem ser corroídas, portanto, em
seguida as chapinhas de latão foram completa-
mente cobertas pelo esmalte (Figura 32), para
que posteriormente fossem desenhadas formas
livres com o auxílio de um objeto afiado, no
caso uma espátula de manicure, expondo as
áreas a serem corroídas no latão (Figura 33).
Figura 32 — Chapas de
latão cobertas com esmalte
Fonte: Autoria própria
Figura 33 — Chapas de
(2021)
latão raspadas
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 5 | O Projeto
Figura 36 — Chapas de
latão corroídas
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 5 | O Projeto
Apesar do ocorrido, o resultado do experi- Com essa definição, faltava ainda a escolha
mento foi bastante positivo. Após a retirada dos materiais a serem usados no processo de
do esmalte ainda restante com uma escova de produção da coleção. Sendo que até o momen-
cerdas finas e acetona, pode-se observar que o to, a única decisão acerca desse tema era que o
percloreto de ferro reagiu de forma significativa material a ser usado nas peças protótipos seria o
com a superfície do latão, respeitando, em sua latão disponível no laboratório de joias do IED.
grande maioria, os desenhos feitos na cobertu- Esta decisão foi tomada em razão da compo-
ra do esmalte. A corrosão resultou em desenhos sição do mesmo, que é formada por elementos
bem definidos e profundos, conforme o espera- presentes no lixo eletrônico (figura 37), sendo
do com o experimento (Figura 36). estes, cobre e zinco, que são passíveis de serem
Nesse sentido, após a realização dos dois tes- extraídos e purificados para a produção futura
tes de texturas (cera e corrosão) e analisando os das peças.
resultados oferecidos por cada um e seus devi-
dos processos, decidiu-se que o método a ser
utilizado para a produção da coleção seria o do
segundo teste, ou seja, a corrosão do metal atra-
vés do percloreto de ferro.
Isso se deu por diversos fatores. O primeiro,
como citado acima, foi a qualidade do resultado
final e o processo como um todo. O segundo foi
a possibilidade da condução pessoal de todos
os processo, tendo em vista que no método de
marcação em cera, a peça deveria obrigatoria-
mente ser enviada a um terceiro especializado
para a fundição da peça texturizada, por fim, o
terceiro motivo foi a conexão do percloreto de
ferro com o resíduo eletrônico, visando nova-
mente a estabelecer uma ponte entre os temas
do projeto.
Entretanto, o método de texturização por
marcação em cera, não foi totalmente descarta- Figura 37 — Elementos
do, sendo mantido como uma alternativa futura presentes no resíduo
à opção de corrosão. eletrônico
Fonte: Relatório E-Waste
Monitor (2020)
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Capítulo 5 | O Projeto
Ademais, conforme abordado no corpo do razão do primeiro teste com o percloreto, desta
trabalho e de acordo com a imagem acima, o vez as chapas de latão utilizadas foram devida-
ouro e prata também são elementos presentes mente lavadas com água corrente e detergente
no resíduo eletrônico, e se tratam de elementos líquido.
de alto valor agregado e comumente utilizados
no ramo da joalheria.
Dessa forma, a intenção inicial do trabalho
era a produção das peças finais da coleção com
o uso do ouro extraído e purificado do lixo ele-
trônico. Entretanto, após diversas pesquisas de
fornecedores, discussões com mentores e orien-
tadores do ramo. Decidiu-se que o ouro não se-
ria um material viável para o momento, princi-
palmente por razões financeiras relacionadas ao
custo do trabalho.
Por consequência, a prata reciclada e purifi-
cada do lixo eletrônico adquirida através da em-
presa Recyclart Group, tornou-se a opção mais
viável para a produção do presente trabalho.
Tendo isso em vista, iniciou-se a negociação
com a referida empresa para a obtenção de 50
gramas de prata 1000, devidamente extraída
e purificada do REEE, vide figura 14. O valor
pago pela quantia foi de R$300,00.
Figura 38 — Chapas de
Simultaneamente às negociações de aquisi- latão e folhas recolhidas
ção e envio da prata estavam ocorrendo demais Fonte: Autoria própria
testes de texturas com o latão. Desta vez os tes- (2021)
tes eram com o intuito de marcar diretamente
as folhas com o esmalte nas chapas de latão.
Mais uma vez, conforme figura 38, foram
separadas chapas de latão e recolhidas folhas
nas ruas de São Paulo, desta vez o foco era em
folhas que tivessem veios bem definidos, faci-
litando a marcação. Importante frisar que em
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Capítulo 5 | O Projeto
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Capítulo 5 | O Projeto
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Analisando o resultado final do presente tes- A formação da liga de prata se dá através do
te (Figura 42), observou-se que as texturas das processo de fundição de lingote de prata. Após
folhas carimbadas ficaram marcadas de forma a devida pesagem dos materiais, estes são colo-
clara e com profundidade o suficiente para qual- cados no cadinho (uma espécie de concha onde
quer acabamento necessário quando da con- metais são fundidos) e posteriormente aque-
fecção das peças. Os únicos fatos inesperados cidos até seu ponto de fusão, tornando-se um
foram as manchas rosadas, detalhadas na foto liquído uniforme, vide figura 44.
inferior direita da figura 42. Estas não saíram
nem após o banho no sal purificador. Entretan-
to, não foi algo que atrapalhou o processo.
Por conseguinte, as chapas texturizadas fo-
ram reservadas para a produção das peças da
coleção.
Em seguida, com a chegada da prata 1000,
iniciou-se o processo de transformação em liga
de prata. A escolha inicial foi a liga de prata 950,
formada por 95% de prata pura e 5% de cobre, Figura 43 — Mistura de
conforme figura 43. prata 1000 com cobre
Fonte: Autoria própria
(2021)
Figura 44 — Fundição
da prata e do cobre para
formação de liga
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 5 | O Projeto
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Capítulo 5 | O Projeto
Figura 47 — Chapa de
Conforme os testes passados, a chapa de pra- prata com folhas a serem
ta foi carimbada com as folhas selecionadas, a marcadas
única etapa diferente neste processo foi o pre- Fonte: Autoria própria
enchimento dos espaços vazios na chapa de (2021)
com o esmalte, com a finalidade de evitar corro- Figura 48 — Chapa de
sões desnecessárias da prata, tendo em vista que prata marcada com esmalte
as partes não texturizadas podem ser fundidas e Fonte: Autoria própria
laminadas novamente, conforme figura 48. (2021)
Em seguida, conforme os testes anteriores,
a chapa de prata foi inserida no percloreto de
ferro, onde permaneceu por mais de 8 horas.
Ao fim, a chapa de prata foi retirada da solu-
ção de percloreto de ferro, lavada com água de
detergente, para posteriormente ser removido o
esmalte com o auxílio da acetona e uma escova Figura 49 — Chapa de
prata após exposição ao
percloreto de ferro
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 5 | O Projeto
Após a limpeza da chapa, foi analisado o re- A fim de solucionar esta questão, decidiu-se
sultado do processo. Pôde-se observar, de acor- alterar a liga a liga da prata, partindo de 950
do com a figura 50, que o percloreto de ferro foi para 800, ou seja, aumentando a quantidade de
incapaz de texturizar a chapa de prata 950. As cobre presente na liga. Isso se deu em razão do
imagens das folhas foram gravadas na superfície percloreto possuir uma afinidade maior com
da chapa, mas não foi gerada nenhuma textura. o cobre, portanto, aumentando a quantidade
Portanto, tratou-se de um resultado frustrante de cobre presente na liga, estaria possivelmen-
que demandava maiores testes. te aumentando a possibilidade de corrosão da
chapa.
Desse modo, foi realizado novamente todo o
processo de fundição da nova liga de prata, ge-
rando um novo lingote, dessa vez de prata 800,
que foi novamente laminado. Desta vez, entre-
tanto, foi laminado somente uma nova chapa
de prata, o fio foi mantido na liga antiga.
Com a nova chapa de prata 800, foi realizado
um novo teste com o percloreto de ferro, com a
finalidade de obter as texturas desejadas para a
produção das peças.
O procedimento seguiu as mesmas etapas do
teste anterior (Figura 51).
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Capítulo 5 | O Projeto
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Capítulo 5 | O Projeto
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Capítulo 5 | O Projeto
Figura 56 — Lingote
e lâmina de prata
1000
Fonte: Autoria Figura 58 — Novo teste em
própria (2021) Portanto, estes foram os processos que leva- cera para fundição
ram até a efetiva produção das peças da presente Fonte: Autoria própria
(2021)
coleção. Analisando todos os testes e processos
executados, observa-se que apesar de algumas
tentativas frustradas, tratou-se de experiências
necessárias e extremamente necessárias para
atingir os resultados finais. Cada obstáculo en-
contrado foi devidamente contornado, e resul-
tou na descoberta de novas possibilidades para
o projeto.
Figura 57 — Prata 1000 em
bullets
Fonte: Autoria própria
(2021)
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6
PRODUÇÃO
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Figura 59 — Moodboard
de texturas
Fonte: Autoria própria
(2021)
Figura 60 — Moodboard
de formas
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 6 | Produção
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Capítulo 6 | Produção
Figura 63 — Processo do
brinco piloto
Fonte: Autoria própria
(2021)
130 131
Capítulo 6 | Produção
Por fim, o fio da mesma espessura das argo- A segunda peça produzida foi um pingente,
linhas foi dobrado no formato de um gancho da mesma maneira do brinco piloto, o pingente
utilizando um alicate de bico redondo para não denominado de “Terra”, foi feito com base nas
marcar a peça, então esse gancho foi conectado chapas do primeiro teste de textura.
ao resto do brinco através de uma argola. Por Com o marcador preto, foram marcadas as
último, o brinco foi colocado no tamboreador áreas a serem serradas na chapa, conforme a
(máquina que utiliza pequenas esferas de inox foto superior direita da figura 65. O recorte foi
para dar acabamento nas peças), onde foi bati- feito com o arco de serra. Após essa etapa a cha-
do por aproximadamente 40 minutos finalizan- pinha foi limada e lixada, retirando qualquer
do o processo, conforme figura 64. área áspera que possa ter resultado do corte.
Em seguida, com o uso de uma broca, um
furo foi feito na parte superior central do pin-
gente, com o intuito de passar um fio que seria
posteriormente dobrado e soldado na forma de
uma argola. A dobra foi feita com um alicate de
bico redondo e a solda com um maçarico GLP
e solda de prata. Em seguida, o conjunto da ar-
gola e do pingente foi submerso no sal branque-
ador, e o mesmo tratamento com a lima e a lixa
foi dado à argola.
Com o pingente faltando os acabamentos
finais, deu-se início ao aro que serviria como
colar do pingente. Utilizando um fio de latão
recozido, a dobra foi feita diretamente com as
mãos, com o apoio de um manequim, para dar
o formato anatômico necessário.
Logo após, com o aro já dobrado, foi testado
se a argola do pingente caberia no aro do colar.
Por fim, as pontas do fio de latão receberam um
Figura 64 — Brinco piloto
finalizado
acabamento arredondado. Isso foi feito a par-
Fonte: Autoria própria tir do derretimento do fio de latão. Esse tipo de
(2021) acabamento é útil pois remove qualquer ponta
áspera que possa ficar em contato com a pele
do usuário.
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Capítulo 6 | Produção
Figura 65 — Processo de
produção do pingente "Terra"
Fonte: Autoria própria (2021)
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Capítulo 6 | Produção
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Capítulo 6 | Produção
Com essa etapa completa, faltava a confecção Com a folha e o grampo prontos, faltavam
do grampo (Figura 69). Este foi feito a partir de apenas os acabamentos finais. A folha foi pos-
uma chapa de latão, que foi devidamente serra- ta no sal branqueador e posteriormente levada
da com um arco de serra e limada até atravessar juntamente com o grampo para o tamboreador.
por completo as duas meia argolas soldadas na Por fim, as duas partes da peça receberam o
folha. acabamento fosco (Figura 70).
Logo em seguida a chapa de latão foi lixada e
pequenas dobras foram feitas ao longo da meta-
de da chapa (Figura 69). Tais dobras foram fei-
tas com um alicate de bico chato, e a distância
entre cada dobra, foi a largura do alicate. Após
esta etapa, a chapa foi dobrada utilizando o
apoio de um torno fixo e um bastão de punção
preso no torno. Desta maneira, a chapa foi do-
brada em torno do bastão de punção e martela-
da com um martelo pena.
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As próximas peças a serem produzidas foram (foto superior esquerda da figura 72) utilizando
os brincos Pedras. Como o nome indica, estes um maçarico à gás GLP e solda de prata. Logo
pequenos brincos foram inspirados em pedri- após a solda, as peças foram resfriadas em água
nhas. e os fios que foram transformados nos pinos
Em uma das chapas de latão texturizada, fo- dos brincos, foram torcidos com o auxilio de
ram desenhadas formas orgânicas, que remetes- um alicate de bico chato para que ficassem mais
sem às pedras. Conforme a figura 71. duros, não dobrando tão facilmente com o uso.
A partir disso, as formas foram serradas com Depois disso, os brincos permaneceram 10
o arco de serra e duas delas foram selecionadas. minutos submersos no sal branqueador, para
As duas peças selecionadas foram limadas e posteriormente serem lixados e colocados no
lixadas, para que suas bordas não possuíssem tamboreador, onde ficaram batendo por 10 mi-
nenhuma parte áspera. Em seguida, dois fios nutos.
de latão foram cortados exatamente do mesmo Por fim, foi adquirido um par de tarraxas
tamanho e soldados ao centro das chapinhas para os brincos (Foto inferior direita da figu-
ra 72), e o acabamento fosco com a esponja foi
aplicado nas peças finalizadas (Figura 73).
Figura 72 — Processo
de produção dos brincos
Figura 71 — Formas orgânicas pedras
desenhadas na chapa de latão Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria (2021) (2021)
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Capítulo 6 | Produção
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Capítulo 6 | Produção
144 145
Capítulo 6 | Produção
folhas, as pontas do fio foram derretidas com Em seguida, deu-se início ao desenvolvimen-
um maçarico, fixando todo o conjunto. to do anel flores. Este anel passou por diversas
Como acabamento, a peça foi limada e lixa- alterações em seu conceito até ser finalizado
da, principalmente nas áreas onde ocorreu a como foi.
fixação das folhas, e por último, o acabamento Inicialmente, a proposta era criar um anel
fosco com a esponja foi aplicado na superfície que combinasse com o Brinco Pedras, mas que
total do colar, conforme a figura 77. tivesse mais volume. Para tanto, formas orgâ-
nicas similares as do brinco foram recortadas
em uma chapa texturizada mais fina (figura
78). Após serrar e limar os pedaços, estes fo-
ram abaulados usando um jogo de embutido-
res, mais especificamente um dado e um bastão
de punção, formando meias esferas, de acordo
com a imagem esquerda da figura 79.
Figura 78 — Chapa de
latão texturizada
Fonte: Autoria própria
(2021)
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Capítulo 6 | Produção
148 149
Capítulo 6 | Produção
Figura 80 — Continuação
do processo do anel Flores Figura 81 — Bullets de
Fonte: Autoria própria prata 1000 e anel flores
(2021) antes do acabamento
Fonte: Autoria própria
(2021)
Por fim, decidiu-se abandonar as meias es-
feras convexas que haviam sido soldadas nas
chapas de prata, usando somente as côncavas,
soldadas sob um anel de prata com aro duplo e Por fim, a peça recebeu os devidos acaba-
com pequenas esferas (Bullets), de prata 1000, mentos finais, sendo lixada e batida por apro-
conforme foto superior esquerda da figura 81, ximadamente 40 minutos no tamboreador, até
soldadas dentro das meias esferas, formando que estivesse finalmente finalizada, conforme a
algo parecido com pequenas flores (Foto infe- figura 82.
rior direita da figura 81).
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Capítulo 6 | Produção
152 153
Em seguida, a peça abaulada foi lixada, e
soldada na peça lisa. Após essa etapa, algumas
das esferas de prata 1000 presentes na figura 81
foram soldadas nas chapas, criando um aspecto
de fundo do mar. Por fim, o topo do anel foi
soldado no aro, conforme as fotos da figura 84.
Com todas as soldas finalizadas, o anel ficou
novamente no sal branqueador, para posterior-
mente ser o seu aro martelado com um martelo
pena, moldando o aro para que ficasse similar
aos aros utilizados nos modelos clássicos de
anéis solitários, conforme a figura 85.
Figura 84 — continuação
do processo do Anel Coral
Fonte: Autoria própria
Figura 83 — Processo do (2021)
Anel Coral
Fonte: Autoria própria
(2021)
154 155
Capítulo 6 | Produção
Figura 85 — Mudança de
aro no Anel Coral
Fonte: Autoria própria
Figura 86 — Anel Coral
(2021)
Finalizado
Fonte: Autoria própria
(2021)
Além disso, a peça bateu no tamboreador até
ficar com o acabamento desejado.
Sendo este o resultado final da peça (Figura
86):
156 157
Capítulo 6 | Produção
A última peça produzida foi o Colar Coral, Entretanto, após um segundo acabamento
esta última peça foi feita basicamente da mes- no tamboreador a chapa abaulada se despren-
ma maneira que o Anel Coral. Primeiramente deu da chapa lisa, resultando numa dificuldade
duas formas orgânicas foram serradas a partir em soldá-las novamente.
da mesma chapa de prata 950 utilizada na con- Em razão disso, decidiu-se perfurar a chapa
fecção do anel. Em seguida, uma das chapas foi abaulada juntamente com a lisa, e passar a ar-
abaulada enquanto a outra permaneceu lisa. gola entre as duas chapas, conforme a figura 88.
As chapas foram soldadas uma na outra e Por fim, adquiriu-se uma corrente de prata
as pequenas esferas de prata foram soldadas para o pingente Coral. Desse modo, analisan-
na superfície da chapa abaulada. Logo após a do o processo de produção da peça, observa-se
peça ficou submersa no sal branqueador por 10 que apesar do resultado final da peça ter sido o
minutos. A etapa seguinte foi furar a peça com resultado de um imprevisto, pode-se considerar
uma broca, a fim de passar a argola que seria que foi algo positivo. Ao perfurar as duas cha-
usada no pingente. pas e pendura-las na argola, o pingente adqui- Figura 88 — Pingente do
Para a confecção da argola um fio de prata foi riu mais movimento, tornando-se ainda mais Colar Coral
Fonte: Autoria própria
recozido e dobrado com o auxilio de um alicate orgânica. Vide figura 89. (2021)
de bico redondo. Logo após a argola foi encai-
xada no furo e soldada e um primeiro acaba-
mento no tamboreador foi dado, resultando no
pingente presente na figura 87.
Figura 87 — Primeira
proposta do Colar Coral
Fonte: Autoria própria
(2021)
158 159
Capítulo 6 | Produção
160 161
Por fim, pode-se afirmar que o processo de
produção ocorreu de forma orgânica, sendo ne-
cessária uma sensibilidade e uma mente aberta
para as possibilidades que se fizeram presentes
no caminho.
O desenvolvimento dos processos de textu-
ras e materiais, bem como os de produção das
peças ocorreram de forma natural e experimen-
tal, sendo necessária muita paciência e sensibi-
lidade no olhar para se estar aberta a enxergar
as possibilidades que os desvios nos planos pu-
dessem proporcionar.
Conforme Aquino (1997), se o sujeito “[...]
errar, sua tendência será a de refletir mais so-
bre o problema e sobre as ações que empregou
para resolvê-lo. Vale dizer que o erro pode levar
o sujeito a modificar seus esquemas, enrique-
cendo-os [...] o erro pode ser fonte de tomada
de consciência”, nesse sentido, as falhas, erros,
e frustações, foram de extrema relevância, se
mostrando um caminho necessário para o de-
senvolvimento do projeto.
Ao fim deste processo, cada dificuldade e
obstáculo se mostraram necessários, tanto para
o aprendizado e aprofundamento de estudos e
pesquisas, bem como para o desenvolvimento
da estética final. A consciência e a confiança no
processo de uma forma natural foi fundamen-
tal para o desenvolvimento da presente coleção,
bem como para a formação de uma narrativa
coesa entre o problema, produto e estética.
162 163
Escala 1:2
164 165
Escala 2:1
166 167
Escala 2:1 Figura 93— Desenho
técnico Brinco Pedra
Fonte: Autoria própria
(2021)
168 169
Escala 2:1
170 171
Escala 1:1
172 173
Escala 2:1
Figura 96 —
Desenho técnico
Anel Flores
Fonte: Autoria
própria (2021)
174 175
Escala 1:1
Figura 97 —
Desenho técnico
Grampo Folha
Fonte: Autoria
própria (2021)
176 177
Escala 1:1 Escala 1:2
178 179
6.3. PEÇAS FINALIZADAS
180 181
Figura 100— Detalhes do
Brinco Piloto no corpo
Fonte: Autoria própria
(2021)
182 183
Figura 101— Detalhes Figura 102— Colar Terra
do Brinco Piloto na luz no corpo
ambietente Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria (2021)
(2021) 184 185
Figura 103 — Detalhes Figura 104 — Detalhes
do Colar Terra do Colar Terra na roupa
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria
186 (2021) (2021) 187
Figura 105 — Detalhes
do Grampo Folha sob
Figura 106 — Detalhes do
tecido e luz natural
Grampo folha no cabelo
Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria
188 (2021) 189 (2021)
Figura 107 — Detalhes do
encaixe do grampo Figura 108 — Folha e
Fonte: Autoria própria grampo separados
(2021) Fonte: Autoria própria
190 191 (2021)
Figura 109 — Detalhes
dos Brincos Pedras e
pinos.
Fonte: Autoria própria
(2021) Figura 110 — Detalhes dos
Brincos Pedras sob tecido
Fonte: Autoria própria (2021)
192 193
Figura 111 — Brinco
Pedra no corpo
Fonte: Autoria própria Figura 112 — Brinco
(2021) Pedra de longe
Fonte: Autoria própria
194 195 (2021)
Figura 113 — Colar Figura 114 — Colar
Folhas na luz natural Folhas na pele
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria
(2021) (2021)
196 197
Figura 116 — Detalhes
Figura 115 — Colar do Colar Folhas na luz
Folhas sob a roupa natural
Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria
(2021) (2021)
198 199
Figura 117 — Detalhes
do Anel Flores nas
mãos
Fonte: Autoria própria
(2021)
200 201
Figura 118 — Detalhes Figura 117 — Outro
do Anel Flores na luz ângulo do Anel Flores
natural Fonte: Autoria própria
Fonte: Autoria própria (2021)
(2021)
202 203
Figura 120 — Detalhes
da Folha como um
colar
Fonte: Autoria própria
(2021)
210 211
7
CONCLUSÃO
212 213
Capítulo 7 | Conclusão
O presente projeto teve como intuito provo- uma conexão profunda e duradoura entre o
car uma reflexão acerca dos problemas relacio- produto e o usuário.
nados à produção excessiva de lixo eletrônico e Por fim, durante o processo de desenvolvi-
seu descarte inadequado, bem como dos peri- mento e produção da coleção, foi necessária
gos da mineração ilegal para o meio ambiente e sensibilidade no olhar como designer e paciên-
para a sociedade como um todo. cia, para lidar com os obstáculos encontrados
Ademais, para além dessa reflexão, também no caminho.
teve o intuito de questionar a política atual im- Em suma, como a autora de toda a pesquisa
plementada no país, que leva o Brasil a exportar e desenvolvimento do projeto, foi extremamen-
seu resíduo eletrônico por não possuir tecnolo- te gratificante observar a materialização desta
gia suficiente para tratá-lo de forma adequada e coleção. Foi um desafio, principalmente para o
segura em larga escala. meu psicológico, entretanto, termino essa jor-
Além disso, discorre sobre as possíveis solu- nada com o coração cheio de alegria, satisfação
ções existentes, como o Upcycling, o modelo e esperança, acreditando cada vez mais que sou
Cradle to Cradle, a mineração urbana e o estí- capaz de desenvolver projetos dignos e de qua-
mulo do consumo consciente. lidade.
Como materialização de todos esses temas
e conceitos, foi desenvolvida uma coleção de
joias, feita com minérios preciosos extraídos e
purificados do lixo eletrônico, visando exempli-
ficar as possibilidades que as soluções propostas
podem representar para o mundo.
Ainda, com o objetivo de formar uma nar-
rativa coerente para o produto desenvolvido, o
design de toda a coleção foi feito com base em
princípios biomiméticos, ou seja, todas as for-
mas das peças bem como suas texturas foram
inspiradas em elementos da natureza, de modo
a homenagear o meio ambiente, tendo em vis-
ta que a matéria prima das joias, seria simples-
mente descartada, prejudicando o mesmo.
Tal narrativa foi desenvolvida com base nos
princípios do design emocional, visando criar
214 215
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224 225
Anexo
Pergunta 1 – Onde estão os resíduos de equi-
pamentos eletroeletrônicos e qual o processo
para que sejam utilizados na criação de joias?
226 227
Pergunta 2 – São necessários outros metais Pergunta 3 – Com este material em mãos,
para que se consiga obter a Prata 1000? É possí- quais os próximos passos?
vel mensurar a pureza deste material?
Com este material em formato de escamas
Após a finalização deste procedimento, que ou pequenas esferas, é possível que o ourives
é conduzido através da utilização de diversos atinja uma dosagem mais precisa, facilitando
reagentes químicos, e considerando que o sal um novo processo de fundição ou a utilização
está separado, o mesmo é metalizado com al- da (INAUDÍVEL – trieira?) para obtenção da
gum outro tipo de metal (níquel ou ferro, por forma desejada (chapa, perfil quadrado, perfil
exemplo) formando assim o sal seco que será redondo, perfil ovalado, etc.). Este processo é
posteriormente fundido. Uma vez que ocorre a influenciado, inevitavelmente, pelo objetivo do
fundição, existem diversas formas apropriadas ourives com relação ao produto final desejado.
para o armazenamento deste material. No caso Tal fato refletirá nas formas que serão dadas a
das joalherias, é comum a utilização de um pro- este material e que, aliado ao processo criativo,
cedimento que é denominado (INAUDÍVEL poderá resultar na criação das joias.
– shooting?), do inglês, remetendo ao formato Pergunta 4 – Considerando a descrição das
de bullets ou escamas. Neste momento, temos a principais etapas deste processo, vale a pena?
prata metálica (99,95%) que já apresenta uma
característica técnica do que é conhecido po- Em suma, através do processo descrito, a par-
pularmente como Prata 1000. Neste momento, tir do que seria teoricamente um resíduo, pro-
qualquer tipo de análise (espectrofotométrica, vavelmente descartado junto à sucata de ferro,
por exemplo) pode ser realizada para apurar dado que muito provavelmente essa prata nem
o grau de pureza do material. Normalmente, sequer apareceria como um traço e que se per-
as joalherias utilizam a balança densimétrica deria nas grandes proporções que existem em
que garante, dependendo da quantidade, uma um (INAUDÍVEL – autoforno?), atinge-se um
precisão bastante ajustada da composição. É valor agregado significativo, que se traduz em
importante ressaltar que caso seja observada economia, eficiência e, além disso, no glamour
alguma variação na terceira casa decimal, por ao dizer que se está diante de joias provenientes
exemplo, não é possível determinar a que se re- de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos.
fere sem a realização de uma análise mais pro-
funda. Em todo caso, o que usualmente aconte-
ce é a permanência de algum traço de platina,
de paládio ou ródio, elementos estes que fazem
parte do grupo do qual a prata tem uma certa
“afinidade química”.
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