Você está na página 1de 49

FERRO FUNDIDOS

BRANCO E LIGADOS
Davi Badaró
DEFINIÇÃO:
O ferro fundido branco foi assim nomeado por apresentar
uma coloração de fratura branca, sendo que, a solidificação
ocorre segundo o gráfico Fe-C metaestável (austenita e
carboneto), obtido por um resfriamento rápido (coquilha) e/ou
com adição de elementos de liga. O carbono não se apresenta
livre na forma de grafita, mas sim, totalmente ligado na forma de
carbonetos (FeCr)3 (M3 C), (FeCr)7C3 (M7C3), e
em solução sólida na matriz.
Esta condição do carbono, promove elevada dureza e
resistência ao desgaste, propriedades desejadas para este tipo
de liga.
PROPRIEDADES:

 Os ferros fundidos brancos, caracterizados pela sua


elevada resistência ao desgaste por atrito e por abrasão, não
tem grafita, encontrando-se todo o carbono na forma
combinada, formando carbonetos
PROPRIEDADES:
 A estrutura desse material, em condições normais de
resfriamento está formada por Perlita e cementita. A elevada
dureza dos ferros fundidos brancos os torna dificilmente
usináveis e frágeis, mas em compensação possuem alta
resistência a compressão e ao desgaste por atrito e à abrasão.
PROPRIEDADES:
 A dureza, resistência a flexão e espessura da camada de
estrutura branca (coquilhada), dependem da composição
química e das condições de vazamento, principalmente da
velocidade de resfriamento.

 Ao aumentar o teor de carbono, ou seja, a proporção de


carbonetos, a dureza aumenta, porém, a resistência ao choque
e a tração diminuem. (8)
PROPRIEDADES:
Geralmente a resistência à abrasão aumenta com o aumento da
dureza do material e diminuição da tenacidade. Por isso, os
efeitos opostos das duas propriedades são esperados. A
resistência à abrasão e a tenacidade dependem dos parâmetros
microestruturais tal como a quantidade de carbonetos,
morfologia dos carbonetos, austenita retida, trincas internas e
estrutura da matriz.
CLASSIFICAÇÃO DOS FERROS FUNDIDOS
BRANCO:

Os ferros branco, usualmente são muitos duros e de alta resistência


ao desgaste (abrasão e atrito). A composição química
adequadamente ajustada (C e Si) e um meio de resfriamento em
que a solidificação ocorre segundo o diagrama Fe-C metaestável, ou
seja, um resfriamento rápido, impedindo a formação de grafita. Para
isso, usa-se meios como moldes metálicos (coquilhas) e/ou molde
de grafita, ou enxertos de metal em moldes de areia para provocar
uma extração de calor localizada .
CLASSIFICAÇÃO DOS FERROS FUNDIDOS
BRANCO:
Ferro Branco Hipoeutético

Apresenta teor de carbono equivalente (CE) menor que 4,3%,


sendo constituído durante a solidificação por uma fase primária de
dendritas de austenita e na temperatura de 1147ºC se transforma
em ledeburita, formando uma microestrutura na qual a austenita
se apresenta na forma de glóbulos (podendo ser alongados) imerso
num fundo de carbonetos .
CLASSIFICAÇÃO DOS FERROS FUNDIDOS
BRANCO:
Ferro Branco Hipereutético

Apresenta teor de CE maior que 4,3%, sendo a fase primária de agulhões de carbonetos
(Fe3C), seguido de solidificação ledeburitica. A microestrutura na temperatura ambiente
é formada por carbonetos primário na forma de agulhões, ledeburita (carbonetos da
reação eutética e subproduto da transformação da austenita).
ALGUNS FATORES TAMBÉM PODEM INFLUENCIAR NA
OBTENÇÃO DO FERRO BRANCO:
 temperatura de vazamento;
 temperatura de coquilha – molde metálico;
 espessura da peça na seção coquilhada;
 espessura da coquilha;
 tempo durante o qual o metal fica em contato com a coquilha.
 Admitimos constantes esses fatores, será o teor de silício da liga o
fator principal a determinar a “profundidade de coquilhamento”,
ou seja, a profundidade correspondente á formação de ferro
fundido branco.
A quantidade de carbono total – soma de carbono combinado e carbono livre
(grafita), Ct = Cc + Cg – também atua de modo pronunciado, como é demonstrado
pela Fig. 218 (300), a qual mostra, esquematicamente, a estrutura de um ferro
fundido coquilhado e seus característicos de dureza, à medida que ocorre
afastamento da zona inteiramente coquilhada.
FERROS FUNDIDOS BRANCOS MARTENSÍTICOS
(NI-HARD)
Pela influência dos elementos de liga nas transformações de
estrutura no estado sólido, é possível obter estrutura martensítica
em peças brutas de fundição. Uma matriz martensítica associada a
uma estrutura branca dão ao ferro fundido elevada resistência ao
desgaste e à abrasão. Os elementos de liga normalmente
utilizados são o níquel e o cromo e, às vezes o molibdênio (1).
FERROS FUNDIDOS BRANCOS MARTENSÍTICOS
(NI-HARD)
Designação C Si Mn P S Cr Ni

Ni-Cr-GB 2,5-3,7% 0,8%máx 2%máx 0,3%máx 0,15% 1-2,5%máx 4%máx


FERROS FUNDIDOS BRANCOS MARTENSÍTICOS
(NI-HARD)
FERROS FUNDIDOS BRANCOS MARTENSÍTICOS
(NI-HARD)
Os ferros fundidos Ni-hard são ferros fundidos brancos constituídos
por uma matriz martensítica contendo austenita residual ou bainita e
carbonetos complexos de ferro e de cromo pró-eutéticos e eutéticos .
Esta estrutura micrográfica é geralmente obtida nas peças brutas de
fundição . É muito difícil evitar a presença da austenita residual que
pode durante a utilização das peças, transformar-se em martensita,
aumentando ainda mais a dureza; por isso esta transformação causa
um aumento de volume criando tensões internas que aumentam a
fragilidade .
FERROS FUNDIDOS BRANCOS MARTENSÍTICOS
(NI-HARD)

Fig. 01 Fig. 02
Fig. 01 :Estado bruto de fundição apresentando grande proporção de austenita residual,
martensita e carbonetos eutéticos interdendríticos, com aumento de 50 vezes.

Fig. 02: Estado bruto de fundição apresentando grande proporção de austenita residual,
martensita e carbonetos eutéticos interdendríticos, com aumento de 200 vezes.
FERROS FUNDIDOS BRANCOS MARTENSÍTICOS
(NI-HARD)
CARACTERÍSTICAS DOS FERROS FUNDIDOS BRANCOS
MARTENSÍTICOS
• Os ferros fundidos brancos Martensíticos são muito duros ,possuem
grande resistência ao desgaste e à abrasão graças a martensita que se
liga solidamente aos carbonetos complexos ainda mais duros que ela.
• A sua utilização é limitada devido as dificuldades de usinagem que
estes ferros fundidos apresentam. Por esta razão são utilizados em
peças não usinadas e apenas, excepcionalmente em peças que
recebem alguma operação de usinagem.
• Os ferros fundidos Ni-hard com menor teor em carbono são menos
duros, mas estes são mais tenazes e menos frágeis que os de maior
teor em carbono.
APLICAÇÕES

Peças produzidas em ferros fundidos brancos ligados, são


utilizados em aplicações que exijam alta resistência à abrasão, ao
desgaste aliada a tenacidade, como em:
 empresas de mineração e serviços de moagem, tubos e bombas
de transporte para confeccionar tijolos, calhas que transportam
material abrasivo, anéis, mesas e cilindro de moer, carvão,
 Em peças resistentes ao calor, desgaste e corrosão como: brocas,
bicos e palhetas de rotojatos por granalha, placas para britadores
de mandíbula, insertos para assento de válvula, bombas para
poços profundo.
EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA

 Na maioria dos ferros fundidos, os elementos de liga tem um


grande efeito nas propriedades. Por exemplo, os ferros fundidos de
baixa liga, a profundidade de coquilhamento ou a tendência do ferro
ser branco bruto de fundição depende grandemente do carbono
equivalente e do silício na composição.
 Por outro lado, os ferros fundidos brancos resistente a abrasão são
especialmente ligados ao cromo para produzir carbonetos de ferro
mais cromo. Um dos benefícios do cromo é produzir carbonetos,
antes que a grafita (estabilizador de carbonetos), que é uma fase
eutética rica em carbono estável, durante a solidificação
concentrações elevadas de cromo (10% ou mais), produz o
 No geral, somente pequenas quantidades de elementos de liga são
necessários para aumentar a profundidade do coquilhamento,
dureza e resistência. Concentrações de alta liga, são necessários e
melhoram significativamente a resistência a abrasão, corrosão ou
propriedades em altas temperaturas .
 Elementos tais como níquel, cromo e molibdênio são usados
isolados ou combinados para melhorar as propriedades em
comparação com ferros não ligados. Por causa de tais elementos, os
custos aumentam, e a performance em serviço melhora podendo ser
suficiente para justificar o aumento do custo .
CARBONO (C)
Nos ferros coquilhados, com o aumento da concentração de
carbono a profundidade de coquilhamento diminui e a dureza da zona
coquilhada aumenta. Em ferro branco carbono abaixo de 2,5% tem-se
uma dureza aproximadamente de 375HB, e em ferros com 3,5% ou
mais de carbono, apresenta uma dureza superior a 600HB. Nos ferros
(coquilhados) na liga, um alto carbono também diminui a resistência
a flexão, aumenta a fragilidade e a tendência a grafitização durante a
solidificação, especialmente quando o silício é alto. Como resultado,
é muito importante manter o silício baixo quando se trabalha com
ferros brancos de alto carbono.
A faixa normal de carbono para os ferros não ligados e de baixa
liga são 2,2 a 3,6%.
Então, quanto mais elevado o teor em carbono:

 maior proporção de carbonetos;


 maior dureza;
 maior resistência ao desgaste por abrasão;
 menor resistência a choques, ou seja;
 maior fragilidade do ferro fundido.
Quando o teor em carbono ultrapassa determinado limite,
pode aparecer grafita se o teor em silício é elevado e o de cromo
baixo, ou podem ser formados carbonetos hipereutéticos se o teor
em Si é baixo e o de Cr elevado. Por outro lado, quanto menor o
teor em carbono:
 mais tenaz será o ferro fundido;
 menor será a dureza;
 menor será a resistência à abrasão.
RELAÇÃO CROMO X CARBONO IDEAL LIGA COM 27%CROMO
SILÍCIO (Si)

Está presente em todas as ligas fundidas. Em ferros fundidos


ligados ou em outros tipos . O Si é o fator principal que determina a
porcentagem de carbono no eutético .
Aumentando a porcentagem de Si abaixa o teor de carbono no
eutético, e também promove a formação de grafite na solidificação.
Assim, o aumento do Si é o fator principal de controle da espessura
da coquilha em não ligados ou baixo-cromo.
O teor de Si da liga e ferros brancos está entre 0,3-2,2%. Em ferros,
níquel, cromo martensíticos, o teor de silício contido é de 0,4 – 0,9%.
É necessário selecionar cuidadosamente a carga dos constituintes
quando fundido um ferro martensítico para evitar teores excessivos
de carbono (1). Em particular é necessário dar atenção especial para
teores de silício dos ferros cromo usados nas cargas de forno. Adição
de silício de 4,5-8% proporciona propriedades a alta temperatura pela
elevação da transformação eutetóide e pelo aumento do nível de
oxidação e crescimento de cristais.
Adições de 14-17% melhora a resistência a corrosão de ácidos e a
resistência varia de acordo com a concentração de ácidos. Ferros
alto-silício são difíceis de fundir e são atualmente difíceis de
trabalhar, tem particularmente baixa resistência mecânica e a
choques térmicos, portanto acima de 250ºC a resistência ao choque
excede do ferro fundido cinzento. Portanto, um elevado teor de
silício favorece a formação de grafita indesejável neste caso, e
dificulta a obtenção da estrutura martensítica e uma forte redução do
teor em silício diminui sensivelmente a fluidez e conduz a uma
estrutura bainítica grosseira, desfavorável à resistência a choques
MANGANÊS (Mn) E ENXOFRE (S)

Geralmente o enxofre é elemento residual e o excesso de


manganês pode melhorar a espessura da camada coquilhada e a
dureza. Por causa disso, promove a formação de perlita fina e dura. O
manganês costuma ser usado para diminuir ou prevenir manchas em
seção transversal de fundidos. Manganês quando em quantidades
excessivas necessitadas para expulsar vapores de enxofre, suprime a
formação de perlita maleável. Também tem-se uma austenita
relativamente auto-estabilizada e normalmente é mantido abaixo de
0,7% no ferro martensítico (1).
FÓSFORO (P)

É uma grafitização maleável em ferros não-ligados. Reduz a


macabilização em ferros coquilhados. Em fundidos ligados o efeito
do fósforo é um tanto obscuro há evidências da redução mesmo de
ferros fundidos brancos martensíticos. O efeito em alguns na
resistência a abrasão não tem sido provado. Em seções transversais
feitas em ferros contendo molibdênio, são considerados prejudiciais
porque ele neutralizam parte da dureza conferida pelo molibdênio. É
considerado desejável manter os teores de fósforo nas ligas em torno
de 0,3% e alguma especificações melhor 0,1%. Em fundidos para
serviços químicos ou alta temperatura é costume manter em torno de
0,15% .
CROMO (Cr)

Tem seus 03 maiores usos em ferros fundidos. Para formar


carbetos para conceder resistência a corrosão e para estabilizar a
estrutura e para aplicações a alta temperaturas. O cromo forma, com
o ferro e o carbono, carbonetos complexos muito duros e muito
estáveis.
Um aumento no teor em cromo eleva a dureza, mas, ao ultrapassar
determinado valor, torna o ferro fundido frágil a quente e a frio,
causando trincas a quente durante a solidificação, ou ruptura
prematura das peças em serviço
NÍQUEL (Ni)

O efeito grafitizante do níquel é contrabalançado pelo cromo. É o


níquel que devido sua influência nos diagramas de transformação da
austenita, permite a obtenção da estrutura martensítica no estado
bruto de fundição. Um teor insuficiente de níquel pode gerar a bainita
ou até perlita. Um teor elevado de níquel favorece a obtenção de
austenita residual, pois diminui as temperaturas MS e MF. Em ferros
alto cromo o teor de níquel pode ser alto cromo 7% quando
adicionado em ferros baixo cromo em quantidades acima de 2,5% o
níquel produz dureza e perlita fina na estrutura, o que proporciona
resistência à abrasão .
Um tipo da família dos Ni-hard de ligas de ferro branco
comerciais(tipo Ni-hard IV) contém 1,0 à 2,2 Si, 5 à 7 Ni, e 7 à 11
Cr. Na condição de fundido bruto de fundição ele tem uma estrutura
de M7C3 carbetos eutéticos em uma matriz martensítica. Se houver a
presença de austenita retida, a quantidade de martensita e dureza da
liga pode ser aumentada pelo tratamento sub-zero ou pela re-
austenitização e resfriamento a ar. O níquel é usado para suprimir a
formação de perlita em muitos fundidos ferro branco alto cromo (12
à 28% de cromo).
A quantidade usual de níquel é aproximadamente 0,2 à 1,5% e ele
é normalmente adicionado em conjunto com o molibdênio (1).
MOLIBDÊNIO (Mo)

Tem uma forte influência sobre os diagramas de transformação da


austenita, favorecendo a obtenção da estrutura martensítica e por outro
lado, refina os carbonetos, por isso utiliza-se molibdênio a fim de
reduzir a fragilidade dos ferros fundidos brancos martensíticos e
garantir a obtenção da martensíta em peças mais espessas (1).
O ferro branco martensítico é designado para ter maior resistência à
abrasão, adições de 0,5 à 3,0 % de molibdênio efetivamente suprime a
perlita .
O molibdênio endurece a matriz perlítica. A adição de 1 à 4% do
molibdênio é efetivo na formação da supressão de perlita mesmo
quando os fundidos são resfriados lentamente. O molibdênio pode
substituir o níquel em ferros martensíticos do tipo níquel cromo. Em
seções os quais 4,5% de Níquel foram usados a adição de 1,0% de
molibdênio permite a redução de teores de níquel de até 3%.O
molibdênio em quantidades de 1 à 4%,aumenta a resistência à
corrosão ,em quantidade de 1% ou menos, melhora a resistência à
temperatura, resistência do creep (trincas) e ao recozimento .
EFEITOS DOS INOCULANTES

Certos elementos quando adicionados em cadinhos tem efeitos


relativamente fortes no tamanho e na distribuição da grafita em
ferros grafíticos. Outros elementos são também poderosos em
estabilizar carbonetos .Estes elementos chamados inoculantes, agem
mais como catalizadores com reagentes. Nos ferros brancos, o
telúrio, o bismuto e algumas vezes o vanádio, são os principais
inoculantes (induz a formação de carbonetos)
O telúrio é extremamente potente; uma adição de 5g/ton (5ppm)
é o suficiente. O telúrio é tóxico e por isso não é utilizado em
fundições.
O bismuto na quantidade de 50-100g/ton (50-100 ppm),
suprime a formação da grafita nos ferros brancos não –ligados e de
baixa liga.
Tem sido reportado que os Bi produz uma microestrutura de
grãos refinados, livre de finas trincas; uma condição para ligas
resistentes à abrasão, elevando assim a tenacidade.
O vanádio em quantidades maiores que 0,5% é algumas vezes
usado como estabilizador de carbonetos e refinador de grãos nos
ferros brancos e coquilhados.
Ferros liga contaminados com boro e nitrogênio tem sido
usados também como inoculante trazendo efeitos benéficos.
Portanto, embora a proveitosa economia dos inoculantes nos
ferros resistentes à abrasão não tem sido consistente e persistido na
experiência.
MICROESTRUTURA

Com a rápida solidificação, tais como as que ocorrem em paredes finas ou


quando o ferro se solidifica contra a parede da coquilha, a austenita e os
carbetos são refinados os quais tendem a aumentar a fratura, a dureza e a
resistência à abrasão. Em ferros brancos de baixo cromo, a rápida
solidificação também reduzirá qualquer tendência de formação de grafita.
A presença de grafita reduz sensivelmente a resistência à abrasão.
Coquilhados em moldes podem ser usados para promover a solidificação
direcional e assim reduz o rechupe na fundição. Certos inoculantes,
principalmente o bismuto, deve beneficiar a solidificação pela redução do
“Spoaking” ou pela produção de uma granulação fixa

Você também pode gostar