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Sumário
PRIMEIRA PARTE – PRODUTOS SIDERÚRGICOS................................................................4
1 Noções de siderurgia....................................................................................................4
2 Aços...............................................................................................................................5
2.1 Obtenção do aço......................................................................................................5
2.2 Finalidade.................................................................................................................7
2.3 Classificação............................................................................................................7
2.3.1 Classificação dos aços por designação normativa..........................................7
2.3.1.1 Classificação normativa SAE/AISI..............................................................8
2.3.1.2 Classificação normativa DIN.......................................................................8
2.3.1.3 Classificação normativa ASTM...................................................................9
2.3.2 Classificação por dureza e teor de carbono...................................................11
2.3.3 Classificação quanto ao processamento........................................................12
2.3.4 Classificação quanto à microestrutura e ao tratamento térmico....................15
2.3.5 Classificação quanto à composição química.................................................16
2.3.5.1 Aços carbono............................................................................................16
2.3.5.2 Aços ligados..............................................................................................17
2.3.5.3 Aços de alta resistência e baixa liga (ARBL)............................................18
2.3.6 Classificação quanto às propriedades............................................................18
2.3.7 Classificação quanto às aplicações................................................................18
2.3.7.1 Aços estruturais........................................................................................18
2.3.7.2 Aços para fundição...................................................................................18
2.3.7.3 Aços para molas.......................................................................................19
2.3.7.4 Aços para beneficiamento.........................................................................19
2.3.7.5 Aços para cementação, nitretação ou carbo-nitretação...........................19
2.3.7.6 Aços ferramentas......................................................................................19
2.4 Aços inoxidáveis....................................................................................................20
2.4.1 Definição.........................................................................................................20
2.4.2 Classificação...................................................................................................20
2.4.2.1 Martensíticos.............................................................................................21
2.4.2.2 Ferríticos...................................................................................................22
2.4.2.3 Austeníticos...............................................................................................23
2.4.2.4 Dúplex.......................................................................................................26
2.4.2.5 Endurecíveis por precipitação...................................................................26
2.4.2.6 Designações..............................................................................................26
2.5 Influência de elementos de liga nos aços..............................................................26
2.6 Inspeção em semi-acabados de aços...................................................................28
2.6.1 Formato do semi-acabado, processo de fabricação e aplicação...................28
2.6.2 Número da corrida..........................................................................................28
2.6.3 Identificação e transferência de identificação................................................28
2.6.4 Composição química......................................................................................28
2.6.5 Dimensões e tolerâncias................................................................................29
2.6.6 Processos de fabricação do aço....................................................................29
2.6.7 Visual..............................................................................................................30
2.6.8 Acabamento superficial..................................................................................30
2.6.9 Ensaios mecânicos, tecnológicos, metalográficos e de corrosão..................30
2.6.10 Tratamentos térmicos, termo-químicos e revestimentos...............................30
2.6.11 Ensaios Não-Destrutivos (END).....................................................................30
2.6.12 Outros ensaios................................................................................................31
3 Ferros fundidos...........................................................................................................32
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3.1 Tipos.......................................................................................................................33
3.2 Caracterização geral..............................................................................................33
3.3 Ferros fundidos cinzentos......................................................................................36
3.3.1 Emprego.........................................................................................................36
3.3.2 Classificação normativa..................................................................................37
3.3.2.1 Classificação ASTM..................................................................................37
3.3.2.2 Classificação DIN......................................................................................37
3.3.2.3 Classificação SAE.....................................................................................37
3.4 Ferros fundidos brancos........................................................................................37
3.4.1 Emprego.........................................................................................................38
3.4.2 Classificação...................................................................................................38
3.5 Ferros fundidos nodulares.....................................................................................38
3.5.1 Tipos de ferros fundidos nodulares................................................................39
3.5.2 Emprego.........................................................................................................39
3.5.3 Classificação...................................................................................................39
3.5.3.1 Classificação ASTM..................................................................................39
3.5.3.2 Classificação SAE.....................................................................................40
3.5.3.3 Classificação DIN......................................................................................40
3.6 Ferros fundidos ligados..........................................................................................40
3.7 Inspeção de peças fundidas em ferro fundido.......................................................40
3.7.1 Produto...........................................................................................................40
3.7.2 Visual..............................................................................................................41
3.7.3 Identificação e transferência de identificação................................................41
3.7.4 Verificação do tipo de ferro fundido................................................................41
3.7.5 Teste de coquilhamento..................................................................................41
3.7.6 Dimensional....................................................................................................41
3.7.7 Ensaio de tração e/ou dureza.........................................................................41
3.7.8 Acompanhamento de tratamentos térmicos...................................................41
3.7.9 Ensaios Não-Destrutivos (END).....................................................................42
3.7.10 Outros ensaios................................................................................................42
SEGUNDA PARTE...................................................................................................................43
4 ALUMÍNIO E SUAS LIGAS.........................................................................................43
4.1 Alumínio e ligas de alumínio..................................................................................43
4.2 Obtenção do alumínio............................................................................................44
4.3 Classificação..........................................................................................................44
4.3.1 Designações da Aluminium Association.........................................................44
4.3.1.1 Ligas trabalhadas mecanicamente...........................................................45
4.3.1.2 Ligas para fundição...................................................................................45
4.3.1.3 Têmperas..................................................................................................45
4.3.2 Designação conforme DIN..............................................................................47
4.3.2.1 Ligas trabalhadas mecanicamente...........................................................47
4.3.2.2 Ligas para fundição...................................................................................48
4.3.2.3 Ligas e formas padronizadas pela DIN.....................................................49
4.4 Têmperas adotadas para o alumínio e suas ligas – caracterização.....................49
4.5 Inspeção de semi-acabados de alumínio e suas ligas..........................................49
4.5.1 Produto e processo.........................................................................................49
4.5.2 Composição química e número de corrida.....................................................49
4.5.3 Visual..............................................................................................................50
4.5.4 Identificação e transferência de identificação................................................50
4.5.5 Acabamento....................................................................................................50
4.5.6 Camada anodizada.........................................................................................50
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1 Noções de siderurgia
Os materiais metálicos são obtidos a partir de minérios; no caso do ferro, os minérios mais comuns
são: a hematita (Fe2O3) e a magnetita (Fe3O4) – Fig. 1. O ferro também aparece na natureza combinado
com outros elementos; no entanto, são esses óxidos de ferro que têm maior ocorrência e é em função
deles que os processos siderúrgicos foram desenvolvidos.
Fig. 2 – alto-forno
O ferro gusa não tem qualquer utilidade prática; ele deve ser refinado para a obtenção do aço (em
inglês, "steel") ou do ferro fundido (em inglês, "cast iron"), por meio da redução do teor de carbono e
redução drástica do teor de alguns elementos químicos normalmente deletérios para os produtos
siderúrgicos, principalmente o fósforo (P) e o enxofre (S). Também é feita a redução moderada do teor
de manganês e de silício e, se necessário, são adicionados outros elementos, denominados "elementos
de liga" (em inglês, "alloy element") para se obter a composição química (em inglês, "chemical
composition") desejada.
Os aços e os ferros fundidos constituem os dois grandes grupos das ligas de ferro. A diferenciação
básica desses grupos é pelo teor de carbono. Em geral, são denominados "aços" os produtos
siderúrgicos com menos de 2% de carbono; acima deste teor, passam a ser denominados "ferros
fundidos".
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Para evitar confusão, o produto siderúrgico com extra-baixo teor de carbono, (C < 0,02%) e com
outros elementos residuais igualmente baixos, é denominado "ferro puro", "ferro de alta pureza" ou
"ferro eletrolítico", caso tenha sido obtido em célula eletrolítica. Essa denominação não deve ser
confundida com o "ferro fundido".
2 Aços
Aços são ligas ferro com até ~2,11% de carbono, podendo conter outros elementos de liga tais como
Mn, Si, Cr, Ni, Mo, V, Nb, W, Co, Ti e outros elementos, denominados de residuais e provenientes do
processo de fabricação, tais como P e S.
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O aço primário obtido, assim chamado por ser de "primeira fusão", contém uma quantidade razoável
de gases dissolvidos no banho líquido, principalmente o oxigênio, devido ao processo de sopro já
descrito. Se esse aço for processado dessa forma, haverá inúmeras bolhas próximas à superfície nos
produtos semi-acabados, como placas (em inglês, "plate" – vide Fig. 4) e palanquilhas (em inglês,
"billet"). Esse fenômeno é devido à saída desses gases, que "fervem" no metal líquido; no resfriamento
do aço, uma parte deles fica retido próximo à superfície, formando essas bolhas. Nesse caso, a camada
com as bolhas é removida durante o restante do processamento. O produto final obtido nessas
condições é denominado "aço efervescente" (em inglês, "rimed steel" ou "effervescing steel"). Aços
efervescentes, além de representarem uma redução no rendimento da corrida, não são aceitos em
algumas aplicações, até por determinação normativa. Contudo, para aplicações mais comuns, são
muito utilizados, pois têm um menor custo.
Para evitar esse fenômeno, imediatamente antes do vazamento da corrida, o oxigênio dissolvido no
banho é retirado com a adição de quantidades relativamente pequenas de alumínio ou silício, que são
elementos com grande facilidade de oxidação. Esse procedimento evita a formação de bolhas nos
semi-acabados e o aço assim obtido é denominado "aço acalmado" (em inglês, "killed steel" ou "dead
steel"); esta denominação pode vir acompanhada de "ao alumínio" ou "ao silício", conforme o metal
que tenha sido utilizado para a desoxidação do banho. Em função do uso e aplicação do aço e até por
exigência normativa, podem ser especificados aços acalmados e o tipo de metal utilizado no
procedimento de desoxidação: "aço acalmado ao alumínio" ou "aço acalmado ao silício" (em inglês,
"aluminum-killed steel" e "silicon-killed steel", respectivamente). O "meio-termo" entre o aço
efervescente e o acalmado é denominado "semi-acalmado" (em inglês, "semi-killed").
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Os processos normais de obtenção e refino do aço deixam vestígios nos produtos finais, conhecidos
como inclusões (em inglês, "inclusion"). As inclusões são indesejáveis; são como "sujeiras" retidas
pela solidificação dessa liga e mantidas no processamento posterior. Algumas características de
produtos feitos de aço, como a tenacidade, o acabamento superficial e a ductilidade a frio, são
prejudicadas pela presença de inclusões. Embora indesejáveis, são toleradas em algum grau, em função
processo de conformação do aço e de seu uso e aplicação final.
Se for requerido um baixo nível de inclusões, o aço deve ser novamente refinado. Diversos processos
foram desenvolvidos para a obtenção de aços mais "limpos". Entre eles, destaca-se a fusão a vácuo em
forno de indução (sigla VIM, de "Vacuum Induction Melting",) a refusão sob escória com eletrodo
consumível (sigla ESR, de "EletroSlag Remelting") e a refusão a vácuo com eletrodo consumível
(sigla VAR, de "Vacuum Arc Remelting"). Também o refino eletrolítico é utilizado, para obtenção de
ferro puro, que pode ser fundido em forno de indução, com a adição de elementos de liga igualmente
refinados.
2.2 Finalidade
Os aços são utilizados na confecção de peças (engrenagens, eixos, parafusos, porcas, rolamentos,
rotores, tubos etc.), ferramentas (pás, martelos, serras, matrizes, punções, etc.) estruturas (máquinas,
navios, pontes, edifícios, tanques, veículos etc.) revestimentos (carcaças, carrocerias, geladeiras,
fogões etc.) construção civil (cabos, vergalhões, arames, janelas, fechaduras etc.) aplicações
domésticas, sanitárias e médicas, no caso de aços inoxidáveis e até como função decorativa ou estética.
A grande gama de aplicações dos aços deve-se à relativa abundância de minério de ferro, ao baixo
custo de obtenção e à fabricação em larga escala. Associado a esses fatores, os aços permitem grandes
variações em diversas propriedades e características, tais como: mecânicas, ductilidade, resistência à
corrosão, dureza e resistência à abrasão, qualidade superficial e tenacidade. Além disso, os aços podem
ser utilizados em peças fundidas e, em geral, têm boa soldabilidade. Essa versatilidade é possível a
partir de alterações na composição química, processos de fabricação, tratamentos térmicos e termo-
químicos, além da possibilidade da utilização de revestimentos superficiais para melhorar a resistência
à corrosão e à abrasão.
2.3 Classificação
Para classificar alguma coisa é preciso ter um critério. Há diversos critérios para a classificação dos
aços, existindo classificações quanto à composição química, processamento, microestrutura,
propriedades ou mesmo aplicações a que se destinam. A Microestrutura refere-se aos micro-
constituintes de uma liga metálica, possíveis de serem vistos ao microscópio, após um polimento e
ataque químico da superfície de um corpo de prova. Este tipo de ensaio denomina-se "metalografia"
(em inglês, "metallography").
Alguns exemplos de diferentes tipos de aços freqüentemente encontrados na literatura: aços-carbono,
aços para ferramentas, aços fundidos, aços inoxidáveis austeníticos, aço SAE 1010, aço AISI 304 etc.
Note-se que os critérios de classificação utilizados foram, respectivamente, a composição química
(aços-carbono) a aplicação (para ferramentas) o processamento (fundidos) a propriedade (inoxidável) /
microestrutura (austenítico) e as designações normativas.
Esses critérios não são independentes. Por exemplo, a composição química e o processamento podem
determinar a microestrutura do material obtido. A microestrutura, por sua vez, está relacionada com as
propriedades mecânicas, a ductilidade e a tenacidade. Essas variáveis são determinantes para o uso e
aplicação do aço.
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mais importantes, encontram-se as designações AISI1, SAE2. DIN3 e ASTM4. Além dessas, existe a
classificação conhecida como UNS5, de acordo com a norma ASTM E 527 e SAE J1086. É uma
sistemática de classificação de materiais metálicos que caracteriza apenas a composição química de
metais e ligas.
2.3.1.1 Classificação normativa SAE/AISI
Essa designação normativa, estabelecida pela norma SAE J403, estabelece uma chave alfanumérica
para a identificação dos aços, que segue o seguinte critério:
yyAxxB
em que:
yy tipo de aço (ao carbono, ao manganês, ao cromo etc.)
A acréscimo de elementos de liga especiais (acrescentar quando aplicável)
Aços ao boro – xyBxx: B denota aço ao Boro
Aços ao chumbo – xxLxx : L denota aço ao Chumbo
Aços ao vanádio – xxVxx : V denota aço ao Vanádio
xx percentual de carbono contido no aço x 100
B requisitos adicionais de qualidade (temperabilidade garantida, por exemplo, é designada com um
"H"), devendo-se acrescentar quando aplicável.
A Tabela 1 lista as principais famílias de aços de acordo com essa norma.
Tabela 1 – Lista parcial da denominação normativa AISI/SAE
Tipo de aço Chave numérica
Aço carbono 1xxx
simples 10xx
simples Mn maior do que 1,00% 15xx
ressulfurado 11xx
ressulfurado e refosforizado 12xx
Aços manganês 13xx
Aços níquel 2xxx
Aços cromo 5xxx
Aço níquel cromo 3xxx
Aço molibdênio Mo até 0,30% 40xx
Aço cromo molibdênio 41xx
Aço níquel cromo molibdênio 43xx e 8xxx
Aço molibdênio Mo de 0,35 a 0,60% 44xx
Aço níquel molibdênio 46xx e 48xx
Aço cromo vanádio 61xx
Aço cromo tungstênio 71xx e 72xx
Aço silício manganês 92xx
A classificação AISI para aços inoxidáveis está explanada no subitem 2.4.2.6 da página 26. Alguns
exemplos podem ser vistos nas Fig. 8, Fig. 12 e Fig. 13 das páginas 20, 24 e 25, respectivamente.
2.3.1.2 Classificação normativa DIN
Outra denominação normativa usual é a alemã, regulamentada pelas normas DIN, em particular as
DIN 17006 e 17007.
1
AISI – American Iron and Steel Institute
2
SAE – Society of Automotive Engineers
3
DIN – Deutsches Institut für Normung
4
ASTM – American Society for Testing and Materials
5
UNS – Unified Numbering System
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D Materiais diversos.
E Assuntos diversos.
F Materiais para aplicações específicas.
G Corrosão, deterioração e degradação de materiais.
Es Norma provisória ou de última hora.
YYYY numeração seqüencial da norma (pode-se ter de 1 até 4 algarismos).
ZZ ano da emissão original ou da adoção como norma ou, caso tenha havido revisão, o
ano da última revisão.
KKKK estes algarismos, se existirem, estarão sempre entre parênteses, e indicam o ano
da última reaprovação, sem alteração, da norma.
T letra minúscula que indica, caso exista, o número de revisões a que a norma foi
submetida, no ano de aprovação da mesma (a = 2a revisão, b = 3a revisão). Se aparecer
como uma letra "T", maiúscula, indica que o documento é uma tentativa de normalização.
Boa parte dos metais e ligas designados nas normas ASTM tem uma denominação UNS, de acordo
com a norma ASTM E 527. Mas, por serem normas que visam a caracterização de semi-acabados, a
denominação dos aços nas normas ASTM atende a cada norma, de acordo com os materiais aplicáveis
para cada semi-acabados, processo de fabricação e uso específico. Aços denominados em uma norma
podem não aparecer em outra, mesmo que se trate da mesma família de aços; por exemplo, na norma
ASTM A 479, na lista dos aços austeníticos são previstos alguns, como os TP 321H e TP 347H, que
não constam da lista equivalente de outra norma, a ASTM A 276.
Se uma norma ASTM especifica apenas um tipo de aço, este passa a ser conhecido apenas pela norma,
como no caso do aço A 36 (ASTM A 36). Se a norma estabelecer vários tipos de aços, a denominação
passa a ser "ASTM" + "identificação da norma", seguido das letras "TP" (de "type" - tipo) e/ou pelo
termo "grade" (grau), seguidos de um código alfa-numérico. Muitas vezes esse código é equivalente à
classificação SAE/AISI, pelo menos para os materiais mais conhecidos. Há casos em que o "type" ou
"grade" não é previsto e a norma adota a denominação UNS e vice-versa. Também há casos em que o
"grade" é subdividido em "class" (classe). Exemplos:
Na norma já citada, a ASTM A 479, o equivalente ao aço inoxidável AISI 304 é
denominado por "ASTM A 479 TP 304" ou "ASTM A 479 UNS S30400". Já o aço "ASTM
A 470 UNS S30600" não tem uma denominação "type".
Na norma ASTM A 194, o equivalente ao material designado pela norma SAE como SAE
4140 é denominado por "ASTM A 194 grade 7" ou "ASTM A 194 type 4140" (não há
equivalente UNS).
Na norma ASTM A 508, pode-se especificar um aço denominado "ASTM A 508
grade 4, class 3"; ou, conforme a nota 2 desta norma, denominar "ASTM A 508 class 4B".
Deve-se tomar muito cuidado com o termo "equivalente". A caracterização dos aços pelas normas
ASTM é diferente daquela prevista nas normas SAE/AISI. A equivalência normalmente restringe-se à
composição química e até esta pode não ser exatamente igual entre essas normas. Mesmo entre normas
ASTM, as equivalências de composições químicas não são exatas. Por exemplo, a faixa de níquel para
o aço SAE/AISI 304 é de 8,0 a 10,5%, que é a mesma para o aço ASTM A 276 TP 304; mas o aço
ASTM A 476 TP 304 prevê que a faixa de níquel é de 8,0 a 11,0%. Para não haver enganos, deve-se ler
os requisitos previstos na última edição válida da norma.
Aço extra-duro: C de 0,70% até 2,00%
Note-se que esta classificação é empírica (não é normativa) podendo variar (e muito) de autor para
autor.
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preferencial
Processo
Forjamento a quente
Forjamento a frio
Laminação a quente
Laminação a frio
Trefilação
Soldagem
Fundição
Semiacabado
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São utilizados em casos que se exige elevados limites de escoamento, tais como molas e arames de alta
resistência. O limite de escoamento pode ser aumentado pelo encruamento ou por tratamento térmico
(têmpera e revenimento). Possuem baixa soldabilidade.
2.3.5.2 Aços ligados
O uso de elementos de liga geralmente é feito com a finalidade de se melhorar propriedades e
características, em relação ao aço carbono. As principais propriedades que podem ser alteradas são:
Limites de escoamento, resistência e alongamento, tanto à temperatura ambiente quanto em
temperaturas elevadas.
Dureza.
Resistência à abrasão.
Resistência à corrosão.
Ductilidade.
Usinabilidade.
Estabilidade dimensional.
Temperabilidade.
Tenacidade.
É importante observar que as propriedades físicas denominadas "Módulo de Young" e "Coeficiente de
Poisson" não se alteram significativamente com a adição de elementos de liga. Essas propriedades são
fundamentais nos projetos, pois são dados importantes para o cálculo estrutural.
Em relação à soma dos teores de elementos de liga, os aços ligados são classificados em:
Aços de Baixa Liga
São aços cuja quantidade dos elementos de liga é inferior a 5% e têm a finalidade de aumentar a
temperabilidade e a resistência mecânica.
Os elementos típicos são: Cr, Ni, Mo, Mn e Si.
São aplicados para os seguintes fins:
Aumentar o limite de escoamento.
Aumentar a temperabilidade.
Facilitar a transição (atenuar a queda de dureza) entre o núcleo e a superfície de aços
cementados, nitretados ou carbo-nitretados, visando evitar destacamento.
Elevar a dureza de camadas nitretadas pela formação de nitretos de alumínio ou cromo.
Os aços de baixa liga são os mais consumidos dentre os aços ligados.
Aços de Média Liga (somatório dos elementos de liga entre 5 e 10%)
São aplicados em situações que envolvem elevada resistência mecânica em temperaturas elevadas
(500oC) tais como aços para trabalho a quente (matrizes). Ex.: Aços tipo H (0,3%C; 5%Cr; 1,5%Mo;
1%Si).
Há ainda casos onde se exigem resistência ao impacto associado com elevada dureza, tais como aços
ferramentas para trabalho a frio temperáveis ao ar. Tais aços possuem elevada temperabilidade sendo
aplicáveis às matrizes de recorte, estampagem e lâminas de tesouras. Os mesmos apresentam baixas
distorções após a têmpera (devido ao resfriamento ao ar) sendo recomendados para manutenção que
requeira precisão dimensional. Ex.: Aço ferramenta A2 (1%C; 0,6%Mn; 0,25%Si; 5%Cr; 0,25%V e
1%Mo).
Aços de Alta Liga (somatório dos elementos de liga > 10%)
São aços que podem ser aplicados em diversas finalidades, tais como:
Elevada resistência à oxidação (aços inoxidáveis, %Cr > 12%).
Elevada resistência mecânica e ao desgaste (aços D6: 2%C; 0,3%Mn; 0,85%Si; 12%Cr; 0,75%W)
sendo aplicáveis em matrizes para forjamento e estampagem.
Capacidade de corte, como nos aços rápidos, utilizados como ferramentas de corte por manterem
dureza a quente (aços M1: 0,85%C; 0,3%Mn; 0,3%Si; 4%Cr; 1,5%W; 1%V; 8,5%Mo).
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Capacidade de endurecer sob impacto (aços "Hadfield": 1%C; 12,7%Mn; 0,5%Si) utilizados para
moinhos e martelos para britagem de rochas. Esses aços são austeníticos e se transformam em
martensíticos sob impacto com as rochas durante o serviço.
2.3.5.3 Aços de alta resistência e baixa liga (ARBL)
São aços cujas normas AISI-SAE não classificam como aços ligados (tais como 4340, 8620, 4320),
apesar de conterem elementos de liga adicionados para fins de obtenção de resistência mecânica e à
corrosão atmosférica superiores aos aços de baixo carbono.
Os aços ARBL apresentam resistência entre 300 e 700 MPa, tendo sido desenvolvidos para elevar a
relação entre resistência e peso, visando aplicação em estruturas móveis. A soma de elementos de liga
geralmente não ultrapassa a 2% e o teor de carbono situa-se abaixo de 0,3%.
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2.4.1 Definição
Os aços inoxidáveis são aqueles que contêm um mínimo de 10,5% de Cromo como principal elemento
de liga. São aços onde não ocorre oxidação em ambientes normais. Alguns aços inoxidáveis possuem
mais de 30% de Cromo ou menos de 50% de Ferro. Suas características de resistência são obtidas
graças à formação de um óxido protetor aderente à superfície metálica, normalmente o óxido de
cromo, que impede o contato do metal base com o ambiente. O Níquel, principalmente, e alguns outros
elementos como molibdênio, manganês, silício, titânio, nióbio, nitrogênio e selênio podem ser
adicionados para a obtenção de características mecânicas particulares ou para melhorar a resistência à
corrosão em função de ambientes mais agressivos.
2.4.2 Classificação
Os aços inoxidáveis são divididos em cinco famílias, de acordo com a microestrutura ou tratamento
térmico utilizado. As cinco famílias são: martensíticos, ferríticos, austeníticos, dúplex (austenítico e
ferrítico) e endurecíveis por precipitação. A classificação, conforme AISI, é feita a partir das ligas com
cromo e com cromo-níquel, conforme pode ser visto na Fig. 8. A Fig. 9 mostra uma avaliação
qualitativa de propriedades mecânicas e de resistência à corrosão de algumas dessas famílias.
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2.4.2.1 Martensíticos
Os aços inoxidáveis martensíticos são ligas Fe-C-Cr que possuem uma microestrutura martensítica na
condição endurecida. São ferromagnéticos, endurecíveis por tratamento térmico e resistentes à
corrosão somente em meios de média agressividade. O conteúdo de cromo é, geralmente, situado entre
10,5 e 18% e o conteúdo de carbono não pode ser superior a 1,2%. São ferromagnéticos (atraem o ímã)
e o principal aço martensítico é o AISI 410 conforme pode ser visto na Fig. 12, que mostra a família
dos aços inoxidáveis martensíticos.
Só perdem em utilização para os inoxidáveis austeníticos. São a escolha de materiais em componentes
que exijam maiores propriedades mecânicas (em relação aos austeníticos) como resistências à tração, à
fluência e à fadiga combinadas com requisitos moderados de resistência à corrosão e utilizações em até
650 °C. O controle da têmpera e do revenimento permite estabelecer, com maior precisão, as
propriedades mecânicas desejadas, de maneira semelhante ao que é feito em aços de médio e alto
carbono e de baixa liga, para têmpera e revenimento. A literatura técnica e os fabricantes fornecem
tabelas e gráficos, como a Fig. 10 e a Fig. 11, para a seleção de temperaturas de revenimento para
propriedades mecânicas ou tecnológicas específicas.
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Fig. 11 – curvas de revenimento para um aço AISI 410, para valores de dureza e impacto;
temperado desde 1008 °C (George Istrati, Manual de los aceros inoxidables)
Entre as suas aplicações estão: turbinas a vapor, motores a jato e turbinas a gás. Alguns desses aços
encontram aplicações também como tubulações de vapor, reaquecedores de geradores a vapor e
tubulações superaquecidas utilizadas em refinarias de combustíveis fósseis, cutelaria, peças de
válvulas, engrenagens, eixos, cilindros laminadores, instrumentos cirúrgicos e odontológicos, molas,
cames e esferas de rolamentos.
2.4.2.2 Ferríticos
São ligas de Fe-Cr, com valores de cromo na faixa de 11 a 30%. O principal tipo é o AISI 430. A Fig.
12 mostra os principais tipos de aços dessa família.
Os aços inoxidáveis ferríticos são um meio termo entre os austeníticos e os martensíticos, como pode
ser observado na Fig. 9. São ferromagnéticos e não são endurecíveis por tratamento térmico.
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Os vários tipos de aços ferríticos encontram aplicações em sistemas de exaustão de automóveis, como
recipientes de alimentos, em trocadores de calor e em tubulações contendo soluções com cloretos e
água do mar. Também são utilizados para cunhagem de moedas.
2.4.2.3 Austeníticos
São os aços mais utilizados e mais conhecidos. O ‘carro-chefe’ dos aços austeníticos é o AISI 304,
também conhecido como 18-8 (18% de Cr e 8% de Ni). A adição de molibdênio aumenta a resistência
à corrosão em diversos meios agressivos e correspondente ao aço AISI 316. A retirada de carbono para
aumentar a resistência à corrosão intercristalina (denominada "sensitização") resultou nos aços AISI
304L e 316L. A adição de Nióbio está presente nos aços AISI 347 e 348 e o Titânio está na composição
do aço AISI 321. O esquema mostrado na Fig. 13 mostra a 'família' dos austeníticos, centralizada no
AISI 304.
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Adição de Mo para
aumentar a resistência à
corrosão por "pitting"
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2.4.2.4 Dúplex
São ligas bifásicas baseadas no sistema Fe-Cr-Ni. Esses aços possuem, aproximadamente, a mesma
proporção das fases ferrita e austenita e são caracterizados pelo seu baixo teor de carbono (< 0,03%) e
por adições de molibdênio, nitrogênio, tungstênio e cobre. Os teores típicos de cromo e níquel variam
entre 20 e 30% e 5 e 8%, respectivamente. A vantagem dos aços dúplex sobre os austeníticos da série
300 e sobre os ferríticos, são a resistência mecânica (aproximadamente o dobro), maiores tenacidade e
ductilidade (em relação aos ferríticos) e uma maior resistência à corrosão por cloretos.
Graças a sua elevada resistência mecânica, os aços inoxidáveis dúplex podem ser utilizados em
menores espessuras. Sua desvantagem é que não pode ser utilizado em temperaturas acima de 300 °C,
sob pena de perder algumas de suas características mecânicas, sobretudo a tenacidade. É bastante
utilizado nas indústrias de gás, petróleo, petroquímica, polpa e papel, principalmente na presença de
meios aquosos contendo cloretos.
O mais conhecido tipo dessa família é o AISI 329 (equivalente ao aço DIN X 8CrNiMo 27-05);
também é utilizado o aço DIN X 8CrNiMoCu 21-08.
2.4.2.5 Endurecíveis por precipitação
São ligas de aço contendo cromo-níquel que podem ser endurecidas por tratamento de envelhecimento.
Podem ser austeníticos, semi-austeníticos ou martensíticos, sendo que a classificação é feita de acordo
com a sua microestrutura na condição recozida. Para viabilizar a reação de envelhecimento, muitas
vezes se utiliza o trabalho a frio e a adição de elementos de liga como alumínio, titânio, nióbio e cobre.
Possuem boas resistência mecânica, tenacidade e ductilidade. Sua resistência à corrosão é de moderada
a boa. Suas características lhe garantem aplicação nas indústrias aeroespacial e de alta tecnologia.
Os tipos mais utilizados são o 17-7PH e 17-4PH.
2.4.2.6 Designações
Os aços inoxidáveis são normalmente designados pelos sistemas de numeração da AISI, UNS ou por
designação própria (patente) da liga. Entre esses, o sistema da AISI é o mais utilizado. Nele, a maioria
dos graus de aços inoxidáveis possui uma classificação com três dígitos. Os aços austeníticos fazem
parte das séries 200 e 300, enquanto que a série 400 designa tanto aços ferríticos quanto martensíticos.
Os principais aços inoxidáveis são mostrados nas Fig. 8, Fig. 12 e Fig. 13.
A série UNS, por sua vez, possui um maior número de ligas do que a AISI, pois incorpora todos os
aços inoxidáveis de desenvolvimento mais recente. Nessa série, os aços inoxidáveis são representados
pela letra S, seguida de cinco dígitos. Os três primeiros representam a numeração AISI (se tiverem). Os
dois últimos algarismos serão 00 se for um aço comum da designação AISI. Se forem diferentes,
significa que o aço tem alguma característica especial reconhecida pela UNS.
As normas ASTM, conforme já citado, incorporam as denominações SAE/AISI e UNS, além de
denominações próprias. De uma maneira geral, as tabelas de composições químicas de aços
inoxidáveis em cada norma mostram equivalências entre essas designações, quando aplicáveis.
corte contínuo (em corte intermitente há problema de quebra de ferramenta devido à elevada
dureza e baixa tenacidade).
Alumínio: tem efeito semelhante ao silício, devido à sua grande afinidade com o oxigênio.
Também é considerado desoxidante. Muitas vezes é utilizado nos aços a serem nitretados,
pois o alumínio tem também grande afinidade com o nitrogênio.
Boro: em quantidades que variam de 0,001% até 0,003%, o boro melhora a temperabilidade
e a resistência à fadiga.
Chumbo: em pequenas quantidades (0,2% até 0,25%), este elemento melhora a
usinabilidade do aço, sem qualquer prejuízo às propriedades mecânicas.
Deve-se tomar muito cuidado com as tolerâncias contidas na norma. Existem as tolerâncias (faixas)
que constam nas normas e que se referem às exigências quanto à análise da corrida (ex.: C < 0,08%; Cr
de 16,5 a 20,5%) e existem as tolerâncias denominadas "análise de produto" (em inglês, "product
analysis") que permitem uma variação abaixo do valor mínimo e acima do valor máximo para os teores
encontrados em produtos semi-acabados e acabados. Por exemplo, no caso de aços inoxidáveis, a
norma SAE J 409 permite uma variação de ± 0,15% para teores de níquel entre 10 e 20%. Portanto, no
aço AISI/SAE 316, os teores mínimo e máximo de níquel, que são de 10% a 14% (nominais) passam a
ser de 9,85% a 14,15%.
No caso de acompanhamento de análise, o inspetor deve, além de sinetar a amostra para garantir a
rastreabilidade com o semi-acabado, inteirar-se da norma especificada para o ensaio de determinação
de composição química; normalmente, uma norma de "método de teste". É comum que as análises de
carbono, enxofre e gases sejam feitas em um espectrômetro de emissão óptica, cuja marca mais
utilizada é a LECO™ (Fig. 14); os demais elementos químicos são normalmente analisados em um
equipamento de espectrometria de absorção atômica.
qualidade do semi-acabado deve informar. Também pode ser exigido que o semi-acabado tenha sido
fabricado por um ou mais processos, como forjamento, laminação, trefilação etc..
2.5.7 Visual
A inspeção visual depende do processo que será empregado no processamento do semi-acabado.
Superfícies que serão usinadas ou pedaços que serão descartados poderão apresentar defeitos
superficiais que serão removidos no processo ou no descarte e, portanto, podem ser tolerados. Nesses
casos, o inspetor não deve rejeitar o material; deve abrir um RNC com todas as informações sobre a
natureza, tamanho, localização, profundidade do defeito e anexar fotos, para que o cliente se posicione
quanto à disposição do material. Os defeitos superficiais mais comuns dependem do processo de
obtenção do semi-acabado e o inspetor deverá estar familiarizado com o aspecto de cada tipo de
defeito em função do processo utilizado (forjamento, laminação etc.).
Muito importante é a constatação de que não exista contato físico entre aços ferríticos e austeníticos ou
que estes materiais não estejam próximos. A resistência à corrosão de aços austeníticos é
comprometida pela contaminação por aços ferríticos.
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3 Ferros fundidos
Ferros fundidos (em inglês, "cast iron") são produtos siderúrgicos constituído de ligas Fe-C-Si, que
contêm acima de 2% (até 4%) de carbono e Si de 0,5 a 3,0%. Têm essa denominação por serem
utilizados exclusivamente para a fabricação de peças fundidas, devido às ótimas propriedades desses
materiais para esta finalidade, assim como para as operações posteriores de usinagem. Dentre essas
características, destacam-se:
Baixa temperatura de fusão, comparativamente ao aço.
Elevada fluidez e alta molhabilidade, facilitando o preenchimento de moldes,
principalmente paredes de pouca espessura.
Ótima usinabilidade, com exceção dos ferros fundidos brancos, facilitando as operações de
usinagem que se seguem à desmoldagem e resfriamento da peça fundida.
Boa resistência ao desgaste; particularmente, nos ferros fundidos brancos e em alguns
ferros fundidos ligados.
Boa resistência à corrosão, comparado aos aços carbono e de baixa liga.
Baixo custo, pois a obtenção do ferro fundido a partir do ferro gusa, pela menor
temperatura de fusão, não exige utilização de muita energia, fornos caros, refratários
especiais e um refino pirometalúrgico oneroso e demorado. Também a necessidade de
adições para correção da composição química do banho é pequena. Embora existam ferros
fundidos ligados, a maioria utiliza apenas o silício e o manganês como elementos de liga,
além do carbono. Dentre todos os materiais metálicos, os ferros fundidos são, em geral, os
de menor custo.
No entanto, não podem ser trabalhados mecanicamente e não podem substituir os aços em
componentes onde se tenha requisitos de projeto que requeiram boas propriedades mecânicas à tração
e flexão, ductilidade, isotropia e, principalmente, tenacidade. Em geral, são materiais que pouco
suportam choques e fraturam de maneira frágil; isto é, sem deformação plástica aparente. São
ferromagnéticos, com exceção de alguns ferros fundidos ligados, de microestrutura com matriz
austenítica. Outro aspecto importante refere-se à soldabilidade, que é praticamente nula. A Fig. 15
mostra um exemplo de uma aplicação dessa classe de materiais
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3.1 Tipos
Os tipos de ferros fundidos encontrados normalmente na indústria são:
Ferros fundidos cinzentos (em inglês: "gray iron casting").
Ferros fundidos brancos (em inglês, "white iron casting").
Ferros fundidos nodulares (em inglês, "nodular cast iron"; "spheroidal cast iron" ou "ductile
cast iron").
Ferros fundidos ligados (em inglês, "alloy cast iron")
Além desses, existem os ferros fundidos maleáveis (em inglês, "malleable iron") hoje substituídos
pelos ferros fundidos nodulares, de propriedades análogas e de menor custo de obtenção; os ferros
fundidos mesclados, cuja microestrutura e propriedades correspondem a uma mistura de ferro fundido
cinzento com ferro fundido branco e os ferros fundidos vermiculares, onde o microconstituinte
"grafita" (carbono livre) tem uma morfologia intermediária entre os ferros fundidos cinzentos (grafita
na forma de veios) e os nodulares (grafita na forma de nódulos ou esferas). A Fig. 16 mostra duas
microestruturas típicas de ferros fundidos.
(a) (b)
Fig. 16 – microestruturas típicas de ferro fundido cinzento (a) e ferro fundido nodular (b)
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α – ferrita
A importância do silício nos ferros fundidos é muito grande; parte do comportamento dessa classe de
material é devido ao "carbono equivalente", que é a soma do teor de carbono com ⅓ do teor de silício
somado ao teor de fósforo [(%Si + %P)/3] São os teores de carbono equivalente, aliado às condições
de resfriamento da peça fundida, que são determinantes para que se obtenha ferro fundido cinzento ou
branco. Por esse motivo, pode haver alterações de microestrutura e, por conseguinte, de propriedades
mecânicas em um mesmo componente, em função da variação da espessura de parede (paredes mais
finas esfriam mais rapidamente do que paredes mais espessas). Existem testes para verificações
práticas do efeito da espessura na microestrutura de ferros fundidos, não apenas para constatar se é
branco ou cinzento, mas também para verificar a influência da espessura na distribuição, tipos de
morfologia de grafita e tamanho (vide Fig. 19, Fig. 20 e Fig. 21). A norma ASTM A 367 padroniza um
teste de coquilhamento ("Chill Testing of Cast Iron") que prevê a utilização de moldes na forma de
cunha, em diversas dimensões. A Fig. 22 mostra o resultado de um teste de coquilhamento. Observe-se
a espessura na qual a fratura apresenta a transição entre o claro (ferro fundido branco) e o escuro (ferro
fundido cinzento/nodular).
A grafita pode ocorrer de diversas formas, na microestrutura. A norma ASTM A 247 estabelece cinco
distribuições (de "A" a "E") para os ferros fundidos cinzentos, conforme a Fig. 19; oito tamanhos, de 1
a 8, conforme a Fig. 20 e sete tipos de morfologia, de I a VII, conforme Fig. 21. Essas morfologias
abrangem os cinzentos (veias de grafita) os nodulares e os maleáveis, além dos tipos intermediários.
Observe-se que essas figuras são meramente ilustrativas e não devem ser utilizadas como referência
normativa.
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Fig. 21 – tamanhos de grafita, conforme ASTM A 247, para ferros fundidos cinzentos - grafita
na forma de veios (ilustrativo)
Fig. 22 – resultado de um teste de coquilhamento de acordo com ASTM A 367 – "chill test"
(ilustrativo)
3.3.1 Emprego
O emprego dos ferros fundidos cinzentos depende das classes previstas para esta família de materiais,
conforme desenvolvido no subitem 3.3.2.
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Os empregos vão desde utensílios domésticos, bases para máquinas, tubos, conexões etc. na classe
ASTM A 48, classe 20, até autopeças de responsabilidade, peças de bombas de alta pressão, carcaças
de britadores, matrizes para forjar a quente e cilindros hidráulicos, para a classe 60 desta norma.
3.4.1 Emprego
Empregos típicos de ferros fundidos brancos são em equipamentos de manuseio de terra, areia, pedra e
minérios em geral. Também são empregados em cilindros de uso geral (apenas a camada externa é
coquilhada) e rodas de vagões.
3.4.2 Classificação
A ASTM A 532 especifica alguns tipos de ferros fundidos brancos, todos com Ni, Cr e Mo e alguns
com adição de cobre. Ao todo, são oito tipos, distribuídos por três classes.
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Fig. 24 – tamanhos de grafita, conforme ASTM A 247, para ferros fundidos nodulares
(ilustrativo)
3.5.2 Emprego
Os ferros fundidos nodulares têm sido empregados em diversos tipos de indústrias, em substituição aos
cinzentos e até mesmo aos aços carbono. Peças para componentes sujeitos a alta pressão, componentes
utilizados em fábricas de papel e até componentes sujeitos a tensões elevadas, onde um controle rígido
sobre propriedades e microestrutura são necessários.
Também são utilizados para a obtenção de tubos fundidos centrifugados; por exemplo, a norma ASTM
A 716 especifica tubos de ferro fundido nodular para galeria de águas.
3.5.3 Classificação
Diversas normas tratam desse material. As mais utilizadas são a ASTM A 536, a SAE-J434 e a DIN
1693.
3.5.3.1 Classificação ASTM
A ASTM A 536 é uma especificação geral. Por essa norma, são padronizados os seguintes graus
("grade"): 60-40-18; 65-45-12; 80-55-06; 100-70-03 e 120-90-02. Para aplicações especiais, ainda são
definidos os graus 60-42-10; 70-50-05 e 80-60-03. Esses números representam o limite de resistência e
de escoamento mínimos, em [psi], divididos por 1.000 e o alongamento, em % sobre 2",
respectivamente. Por exemplo, um ferro fundido nodular conforme ASTM A 536, grau 100-70-03,
deve ter, no mínimo, as seguintes propriedades:
Limite de resistência: 100.000 psi (689 MPa).
Limite de escoamento: 70.000 psi (483 MPa).
Alongamento sobre duas polegadas (ou 50 mm): 3%.
A ASTM A 536 não padroniza composições químicas.
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3.6.1 Produto
Normalmente, o produto é uma peça fundida, conforme desenho. Mas a norma pode ser aplicável
apenas a alguns tipos de componentes ou aplicações; por exemplo, tubos fundidos. Por isso é
importante verificar que tipo de produtos a norma está cobrindo.
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3.6.2 Visual
É importante a verificação de defeitos de fundição; o inspetor deve estar familiarizado com os defeitos
típicos de fundição. Analogamente aos aços, defeitos em superfícies que serão removidas por
usinagem ou localizados em regiões que serão descartadas podem ser tolerados. O inspetor não deve
reprovar; é mais sensato emitir um RNC, para o cliente analisar o caso e fazer a disposição que
considerar mais adequada.
3.6.6 Dimensional
Conforme norma aplicável ou desenho (projeto), nas dimensões onde não houver usinagem posterior.
A espessura do sobremetal das superfícies que serão usinadas deverá estar definida ou deverá existir
um desenho da peça "como fundida".
Observe-se que as tolerâncias dimensionais de componentes fundidos são mais abertas do que outros
processos, a menos de processos de fundição de precisão (processo da cera perdida; em inglês,
"investment casting").
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4.3 Classificação
6
"American National Standards Institute
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Al Mn1Mg1.
Em alguns casos especiais, pode haver uma letra antes do símbolo "Al", que designa uma aplicação
específica. Exemplo:
EN AW-1350 [E Al99,5], para aplicações elétricas.
EN AW-1350 [Al99,5], para aplicações gerais.
4.3.2.2 Ligas para fundição
A denominação das ligas para fundição (incluem lingotes) é de acordo com a DIN EN 1780, part 1 e
part 2.
Toda denominação tem o seguinte formato:
EN Ax-XXXXX
Onde x pode ser:
B, para lingotes.
C, para fundidos.
M, para ligas-mãe.
Os cinco últimos dígitos têm os seguintes significados, para alumínio não ligado:
1° dígito: 1.
2° dígito: 0.
3° e 4° dígitos: centésimos do percentual mínimo de alumínio.
5° dígito: 0, se for para aplicações gerais; 1, 2 ou 3, se for para aplicações específicas
(conforme EN 576).
Para ligas, esses cinco dígitos têm o seguinte formato:
1° dígito:
Cobre: 2XXXX.
Silício: 4XXXX.
Magnésio: 5XXXX.
Zinco: 7XXXX.
2° dígito:
21XXX: AlCu
41XXX: AlSiMgTi
42XXX: AlSi7Mg
43XXX: AlSi10Mg
44XXX: AlSi
45XXX: AlSi5Cu
46XXX: AlSi9Cu
47XXX: AlSi(Cu)
48XXX: AlSiCuNiMg
51XXX: AlMg
71XXX: AlZnMg
3° dígito: arbitrário.
4° dígito: é geralmente zero.
5° dígito: é sempre zero, menos para ligas aerospaciais, quando nunca é zero.
Existe uma nomenclatura baseada em números, específica para a denominação de ligas-mãe, que não
será abordada na presente publicação.
Para fundidos (lingotes e ligas-mãe) também é prevista a designação baseada nos símbolos dos
elementos químicos, análoga àquela utilizada nas ligas trabalhadas mecanicamente. As diferenças são
as seguintes:
o início da designação é EN Ax, onde "x" pode ser B, C ou M (lingotes, fundidos e ligas-
mãe, respectivamente).
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pode ser usada uma letra após a designação, significando uma aplicação especial ("E" para
aplicações elétricas) ou a ordem cronológica de registro no CEN, utilizando as letras A, B,
C… com exceção de E, I, O e Q.
4.3.2.3 Ligas e formas padronizadas pela DIN
As ligas padronizadas pela DIN estão listadas nas normas DIN EN 573, Part 3, para ligas trabalhadas
mecanicamente e DIN EN 1706, para ligas fundidas.
A DIN EN 1706 adiciona às denominações uma letra para definir o processo de fundição, entre quatro
possíveis: fundição em areia – S, fundição em molde permanente (coquilha) – K, fundição sob pressão
– D e fundição de precisão (cera perdida) – L e outra letra, seguida ou não por um número, para
designar uma têmpera, dentre as prevista nessa norma. Ex.: EN AC-42000KT6 ou EN AC-
AlSi7MgKT6.
As têmperas previstas pela DIN são semelhantes àquelas da Aluminium Association, já citadas, e estão
definidas nas normas DIN EN 515 e DIN EN 1706.
Os formatos de semi-acabados estão previstos em diversas normas DIN, à semelhança da sistemática
adotada na ASTM. A norma DIN EN 573, Part 5 lista as normas aplicáveis em função de diversos tipos
de semi-acabados, como forjados, arames, extrudados, folhas etc..
4.5.3 Visual
O inspetor deve estar familiarizado com os acabamentos superficiais e os defeitos típicos relacionados
aos processos de fabricação adotados para o alumínio e suas ligas. Os processos mais comuns
utilizados na obtenção de semi-acabados de alumínio e suas ligas são a laminação, a extrusão e a
fundição.
Também é válido o critério de bom senso, que relaciona a localização de um defeito com o processo de
fabricação que será utilizado no semi-acabado. Se o defeito estiver em local que será usinado, o semi-
acabado não deve ser rejeitado; o inspetor deve abrir um RNC com todas as informações possíveis
(localização, tipo, profundidade, foto) para análise do cliente. Igualmente, se a localização for em
região que será descartada.
4.5.5 Acabamento
Produtos de alumínio podem ter um tratamento superficial específico para aumentar a resistência à
corrosão ou para efeitos estéticos, dos quais a anodização é a mais utilizada; os outros tratamentos
denominam-se conversão química e pintura.
A verificação da camada anodizada (vide subitem 4.5.6) deve ser feita por ensaios específicos em
laboratório credenciado; a inspeção visual é insuficiente.
4.5.8 Dimensional
De acordo com a norma, projeto ou especificação de compra. A norma mais utilizada para
padronização dimensional de semi-acabados de alumínio e suas ligas é a ANSI H35.2.
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TERCEIRA PARTE
5 MATERIAIS CERÂMICOS
5.1 Introdução
Os materiais cerâmicos são materiais sólidos, inorgânicos e não metálicos, constituídos por átomos de
elementos metálicos e não metálicos, ligados por ligações que são totalmente iônicas ou
predominantemente iônicas com certo caráter covalente.
O termo "cerâmica" vem da palavra grega keramikos, que significa "matéria prima queimada",
indicando que as propriedades desejáveis desses materiais são normalmente atingidas após um
processo de tratamento térmico a alta temperatura, conhecido como queima.
Quanto ás suas propriedades, as cerâmicas são duras, resistentes ao desgaste, frágeis, refratárias,
isolantes elétricos e térmicos, não magnéticas, estáveis quimicamente e resistentes à oxidação e à
corrosão. Como toda generalização, entretanto, há exceções; algumas cerâmicas apresentam
condutividade elétrica e térmica ou até mesmo, supercondutividade.
5.2 Classificação
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cromita.
dolomita.
feldspato.
magnesita.
quartzo.
talco.
zirconita.
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5.6.1 Dureza
Os materiais cerâmicos são os materiais mais duros que existem. Portanto, o conhecimento de sua
dureza normalmente é necessário.
Os métodos usados para a determinação da dureza desses materiais são o método da impressão Vickers
e o método da impressão Knoop.
Os corpos de prova utilizados para a realização de ambos os ensaios devem apresentar apenas uma
superfície limpa e polida.
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Para ambos os ensaios, um penetrador de diamante muito pequeno, com geometria piramidal, é
forçado contra a superfície do corpo de prova. As cargas aplicadas são muito pequenas, variando entre
1 g e 1.000 g. A impressão resultante é observada sob um microscópio e medida. Essa medição é então
convertida em um número índice de dureza. Os números de dureza Knoop e Vickers são designados
por HK e HV, respectivamente.
A Fig. 31 ilustra uma impressão Vickers gerada na superfície polida de uma amostra cerâmica.
6 Bibliografia
ASM Handbook (Metals Handbook), vol. 1 – Properties and Selection: Irons Steels and
High Performance Alloys, ASM International, 10th ed., 1992.
ASM Handbook (Metals Handbook), vol. 2 – Properties and Selction: Nonferrous Alloys
and Special-Purpose Materials, ASM International, 10th ed., 1992.
ASM Handbook (Metals Handbook), vol. 3 – Surface Engineering, ASM International, 10th
ed., 1994.
Barella, Antônio. ABC do ferro cinzento – Livraria Nobel, 1980.
Boschi, A. O.. Breve introdução aos materiais cerâmicos – Anuário Brasileiro de Cerâmica,
2005.
Bresciani Filho, Ettore. Seleção de metais não ferrosos – Editora da UNICAMP, 1992.
Costa e Silva, André Luiz da e Mei, Paulo Roberto. Aços e ligas especiais – Eletrometal S.
A. Metais Especiais, 1988.
Istrati, George. Manual de los aceros inoxidables – Libreria y Editorial Alsina, 1961.
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King, Frank. El alumínio y sus aleaciones – Editorial Limusa, S. A.; Grupo Noriega
Editores, 1992.
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