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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II

Tratamentos Térmicos e Termoquímicos: Recozimento, Normalização,


Cementação e Têmpera.

Equipe: Antônio Ananias Neto


Danilo Medeiros Dantas
Jardel José de Queiroz Gomes
Rafael de Sousa Zanni
Samuel Gualberto de Oliveira
Victor Lucas Santos de Oliveira

João Pessoa
Abril de 2019
LISTA DE FIGURAS

Figura - 1: Diagrama ferro-carbono…………………………………………………………...6


Figura - 2: Amostras 1,2 e 3…………………………………………………………………...8
Figura - 3: Forno utilizado…………………………………………………………………….10
Figura - 4: Durômetro Digimess……………………………………………………………...10

LISTA DE TABELAS

Tabela - 1: Experimento de tratamentos térmicos…………………………...…………....11


Tabela - 2: Tabela dos resultados do tratamento de cementação………………..…......12

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………….4
OBJETIVOS…………………………………………………………………………………..5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..…………………………………………………………...6
METODOLOGIA……………………………………………………………………………...8
RESULTADOS……………………………………………………………………………....11
CONCLUSÃO..……………………………………………………………………………....12
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS…...……………………………………………….....13

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho, realizado por alunos do curso de Engenharia Mecânica da


Universidade Federal da Paraíba, teve como objetivo geral desenvolver de forma
prática os conhecimentos teóricos adquiridos na sala de aula.
Aço pode ser definido como uma liga metálica composta essencialmente de
ferro e carbono, este último com concentrações entre 0,008% e 2,1%,mas podendo
conter outros elementos,denominados elementos de liga,que provocam alterações em
suas fases. O aço pode ser classificado de várias maneiras, como por exemplo:
● Pela concentração de carbono,tendo como referencial o ponto eutetóide
(ponto onde ocorre a transformação de uma fase sólida em outras duas
fases sólidas) o aço que contém entre 0,008% e 077% de carbono é
chamado Aço Hipoeutetóide, o que contém 0,77% de carbono de Aço
Eutetóide e o que contém entre 0,77% e 2,11% Hipoeutetóide.
● Pela composição,levando em consideração os elementos de liga
presentes,como aços-carbono e aços-ligados.
● Pelo processo de acabamento,como em aços laminados a frio e aços
laminados a quente.
Cada aço tem propriedades que os diferencia dos demais.Dentre essas
propriedades, a que será utilizada neste relatório é a dureza. Ela pode ser entendida,
em termos simples, como a resistência à penetração de um material duro no outro.É
um critério importante de ser levando em consideração para a seleção do aço
adequado para cada projeto e sofre influência direta do teor de carbono que existe na
liga. Assim, é possível determinar o tipo de aço a partir do valor de sua dureza. A tabela
exposta a seguir ilustra a relação de alguns aços e suas respectivas durezas nas
escalas HRA e HRB.

As operações de aquecimento e resfriamento controlados, que buscam a afetar


as propriedades de aços e ligas especiais, são denominados tratamentos
térmicos.Quando os tratamentos visam à adição,por difusão, de elementos químicos

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(carbono,nitrogênio e boro,entre outros) na superfície do aço são os chamados
tratamentos termoquímicos.
Os tratamentos térmicos englobam amplas faixas de temperaturas dentre os
processos industriais,variando desde o tratamento subzero (temperaturas abaixo de 0º
C) para estabilização, até austenitização de alguns tipos de aços rápidos a 1280º C.
Além disso, diversas taxas de resfriamento são empregadas,visando a permitir a
obtenção da exata estrutura desejada. Vale ressaltar que a conversão entre os valores
foi realizada com o auxílio da tabela abaixo.

Tabela 1- Aços x Dureza

Aço Dureza - HRA Dureza - HRB

1010 39,5 60,0

1015 41,4 64,0

1020 43,3 68,0

1030 49,5 80,0

1040 51,7 84,0

1050 56,4 92,0

OBJETIVOS

Tal relatório teve como objetivo específico analisar todas as etapas do processo
de tratamentos térmicos de têmpera, normalização e recozimento em três amostras
retiradas de um tarugo de aço aleatório no qual não foi especificado a referência do
mesmo. Além disso, houve o tratamento termoquímico de cementação na amostra que
foi realizada a normalização seguida de uma nova têmpera e, com base nessas
informações de dureza obtidas, tentar definir qual é a concentração de carbono no aço.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Durante o curso, nossa segunda etapa de estudos visou a importância na


realização de tratamentos térmicos e termoquímicos em peças sob diversas situações
de trabalho. Dentre esses primeiros, vimos que a têmpera, a normalização e o
recozimento são amplamente utilizados em toda indústria, com finalidades parecidas
aos dos termoquímicos, onde iremos dar certa ênfase ao tratamento de cementação.
Como dito, esses tratamentos são semelhantes de modo que todos eles influenciam na
dureza final da peça, deixando-a mais dura ou mais mole, de acordo com sua futura
utilização.
O recozimento está relacionado ao aquecimento do aço acima da zona crítica
(podendo haver precipitação de carbonetos), austenitizando-o e permanecendo por
certo tempo, seguido de um resfriamento lento, geralmente dentro do forno. Esse tipo
de tratamento tem como objetivo remover tensões devido a outros tratamentos.

Figura 1 - Diagrama Ferro-Carbono

Fonte: Calphad.com

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A temperatura de recozimento é de 50ºC acima da linha A 3 para hipoeutetóides
e da linha A1 para hipereutetóides. Sendo preferível temperaturas altas para obter
estruturas perlíticas e temperaturas baixas para esferoidizadas. O recozimento
subcrítico se dá abaixo da linha A 1 e serve como alívio de tensões causado por um
trabalho a frio (encruamento), desejando-se obter uma recuperação da ductilidade do
aço.
Na normalização, a temperatura é elevada acima da linha A3 para aços hipo-
eutetóides (possivelmente havendo menos ferrita e mais perlita fina) e acima da linha
Acm para hiper-eutetóides (possivelmente havendo menos carbonetos em rede ou
massivos e distribuição mais uniforme dos carbonetos). Nessa região de temperatura,
torna o material mais homogêneo devido à dissolução proveniente da austenitização
completa servindo, assim, para refinar a granulação grosseira. Como o resfriamento na
normalização é mais rápido que no recozimento, há menos precipitados nos contornos
de cementita. Portanto, a normalização pode resultar na melhora da tenacidade dos
aços.
O tratamento de têmpera consiste em resfriar o aço, após austenitização, a
uma velocidade suficientemente rápida de modo que evite a transformação de fases
através da difusão (fases perlíticas e bainíticas) na peça. Desta forma, os elementos se
mantém em uma solução sólida, obtendo assim, martensita na sua estrutura. A
presença dessa fase faz aumentar a dureza do aço, diminui consequemente a
ductilidade.
A facilidade que um aço tem para realizar o processo de têmpera é chamada
de temperabilidade, essa característica podendo ser avaliada a partir da dureza
máxima e a penetração de dureza no material. A fim de aumentar temperabilidade,
deve-se atrasar a formação das fases por difusão (Perlita, Cementita e Ferrita), para
isso, elementos de liga na austenita, granulação grosseira (diminui área de superfície
para nucleação heterogênea), homogeneidade da austenita, sem precipitados, são
fatores que influenciam positivamente na temperabilidade de um aço.

A cementação consiste na introdução de carbono na superfície do aço,


normalmente de aço carbono com concentração de carbono menores que 0,3% e aços
de baixa liga, aquecendo entre 815-950ºC, criando uma camada superficial rica em

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carbono. Seu destaque é a capacidade de combinar uma superfície dura com um
núcleo tenaz. Há cementação sólida, gasosa (suas vantagens são um processo mais
limpo do que por via sólida, pois a peça a ser cementada é colocada em forno com
atmosfera de potencial de carbono controlado, possibilita têmpera direta, melhor
controle do teor de carbono, processo mais rápido), líquida (utiliza-se cianeto e ou
cianato de sódio, que endurecem por formar nitretos, aumentando a resistência ao
desgaste e reduzindo amolecimento durante tratamentos térmicos, como revenido), a
vácuo, o aço é austenitizado numa câmara com introdução de gás cemetante, sendo
então evacuada (a 0,1 – 0,5 torr) e injetado nitrogênio, sendo o aço temperado direto
em óleo, as peças saem limpas e reduz emissão de gases em relação à cementação
gasosa, e já a iônica fornece íons de carbono para peça, sendo a mais uniforme de
todas

METODOLOGIA

As amostras de aço foram cortadas a partir de um tarugo cilíndrico mediante a


utilização de uma serra e faceadas por um torno mecânico. Supõe-se que o tarugo é
constituído por um aço de baixo carbono.

Figura 2 - Amostras 1, 2 e 3, respectivamente.

Fonte: Autoria Própria

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Na primeira etapa as amostras foram submetidas ao ensaio de dureza no estado
de “virgem”,ou seja, sem a realização de tratamentos térmicos prévios. Dessa forma,
após as etapas seguintes será possível comprovar ou não essa hipótese.
Na segunda etapa foi realizados tratamentos térmicos em cada uma das
amostras. As amostras foram escolhidas aleatoriamente de forma que foram feitos
tratamento de têmpera, normalização e recozimento de 3 amostras do tarugo em
questão. Os tratamentos foram realizados simultaneamente por um período de
aproximadamente 50 minutos e 850 ºC e o que caracteriza o tratamento é a forma de
resfriamento da amostra que no caso foi: na água (têmpera), ao ar livre (normalização)
e dentro do próprio forno (recozimento).
A terceira etapa corresponde ao tratamento de cementação feito na amostra que
foi normalizada anteriormente. A escolha de tal amostra se deu, pois a normalização
promove a diminuição da granulação do aço, ou seja, diminui o tamanho dos grãos, o
que favorece o processo de difusão, fundamental para a cementação. Dessa forma, a
resposta aos tratamentos é mais efetiva para este caso. A composição utilizada para o
procedimento foi: 70% de carvão ativado, 20% de bicarbonato de cálcio e 10% de óleo.
O tratamento de cementação ocorreu a uma temperatura de 900º C controlada
no forno mufla, por cerca de 14 horas, buscando a obtenção de uma camada
cementada de 0,8 mm. Após o procedimento o mesmo, um novo ensaio de dureza, nas
mesmas circunstâncias do anterior foi realizado.
A quarta etapa consiste no processo de realização da têmpera após a
cementação da amostra. O procedimento é análogo ao já citado no caso da amostra
considerada virgem (segunda etapa). Após o total resfriamento foi realizado um novo
ensaio de dureza.

Materiais utilizados

Foram utilizados no experimento em questão, os seguintes materiais:

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● Tarugo de composição desconhecida;
● Forno para fundição;
● Durômetro calibrado para realizar medições em Rockwell A;
● Placas de aço para suporte das amostras no forno;
● Caixa de aço;
● Carvão;
● Carboneto de cálcio;
● Óleo de linhaça;
● Conjunto de lixas;
● Água;
● Torno mecânico;
● Serra;
Figura 3 - Forno utilizado (Pyro)

Fonte: Autoria Própria

Figura 4 - Durômetro Digimess

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Fonte: Autoria Própria

RESULTADOS

Tabela 1: Experimento de tratamentos térmicos

Experimento de Tratamentos
Térmicos
A
numera
Medição de
ção das Medição de dureza antes dos tratamentos dureza após os
amostra
s é em tratamentos
ordem
crescent Medi Mediç Mediç
e de
altura.
Medição 1 Medição 2 Medição 3 ção 1 ão 2 ão 3
Amo
stra 77H 79H 78HR
53HRA 55HRA 55HRA
1 RA RA A
(Têmper
a)

Amo 56HRA " " 56H 56H 57HR


stra RA RA A
2

11
(Norm
alizaçã
o)

Amo
stra 52H 49H 52HR
56HRA " "
3 RA RA A
(Recozi
mento)

Tabela 2: Resultados do tratamento de cementação

Tratamento de cementação

Medição 1 Medição 2 Medição 3

Antes da tempera 42 HRA 42 HRA 43 HRA

Após a têmpera 49 HRA 48 HRA 50 HRA

Média das durezas Mé

Inicial 55HRA Normalizado

Recozido 51HRA Temperado

Cementado e
Cementado 42HRA
temperado
Fonte: Autoria Própria

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CONCLUSÃO

A normalização ajudou na homogeneização da estrutura na amostra 2, que


passou então pelo processo de cementação para que então fosse posteriormente ser
temperada, apresentando após a cementação, valor de dureza notavelmente menor.
Isto indica que possivelmente algum erro deve ter sido cometido no processo, em vista
de que a mesma apresentou um rasgo na lateral no dia da cementação que
possivelmente não havia no dia da medição de dureza pós-normalização.
Pela tabela fornecida pela Acelor Mittal [1], na qual há dados de dureza para o
aços-carbono, tem-se que a dureza das amostras anterior aos tratamentos, é bastante
condizente com a do aço AISI 1040 trefilado. Não obstante, a amostra que passou
apenas pelo processo de têmpera apresentou boa temperabilidade, aumentando sua
dureza de 54,3 HRA para 78HRA, esses valores são bastante próximos aos obtidos no
tratamento de têmpera de um aço 1040 (de HRC 9,10 para HRC 52,05) no estudo da
ABM Proceedings [3]. Portanto, em vista das informações apresentadas, é tomado que
o aço em estudo é o AISI 1040.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Guia de Aço. Disponível em: http://brasil.arcelormittal.com.br/pdf/quem-somos/guia-


aco.pdf. Acesso em: 06/05/2019.

[2]Hardness Conversion Chart. Disponível em:


http://www.carbidedepot.com/formulas-hardness.htm. Acesso em: 06/05/2019.

[3] ABM PROCEEDINGS. Estudo da Temperabilidade do Aço SAE 1040.


https://abmproceedings.com.br/ptbr/article/download-pdf/estudo-da-temperabilidade-do-
aco-sae-1040.

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[4] Aços e ligas especiais. André Luiz V. da Costa e Silva, Paulo Roberto Mei

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