Você está na página 1de 8

Relatório técnico Il - Microestrutura do Cobre e Suas Ligas

Disciplina: Laboratório de Materiais


Orientador: Antonio Cesar Bozzi
Integrantes: Graziely Sabaini e Lucas Araujo

RESUMO

Este relatório visa apresentar uma análise de 3 amostras de cobre e/ou ligas de
cobre, relacionando suas características microestruturais com os resultados de
dureza obtidos através de um ensaio de dureza Vickers realizado no Laboratório de
Tribologia Corrosão e Materiais, TRICORRMAT, da Universidade Federal do Espírito
Santo.
Os valores de dureza de cada amostra puderam ser relacionados com suas
microestruturas, assim, a amostra menos dura, não apresentava nenhum
mecanismo de endurecimento evidente, a intermediária apresentava endurecimento
por solução sólida e pequeno tamanho de grão, e a amostra de maior resistência
mecânica apresentava endurecimento por precipitação, ocasionado por um
tratamento de envelhecimento.

Palavras-chave: microestruturas; cobre; dureza; endurecimento

1. INTRODUÇÃO

O cobre, símbolo Cu (de cuprum) e número atômico 29, é o primeiro metal do grupo
11 da Tabela Periódica. De coloração avermelhada, é o único metal, junto ao ouro,
que não tem a coloração prateada característica dos metais. Este é um metal dúctil
e maleável, e suas ligas possuem uma enorme variedade de aplicações devido à
características como resistência à corrosão, alta resistência mecânica (à depender
dos mecanismos de endurecimento adotados) e boa ductilidade. Destaca-se que a
dureza do cobre pode ser aumentada por meio da adição de elementos de liga, por
meio de tratamentos térmicos e também através do encruamento. Esses
mecanismos podem ser associados a análise da microestrutura, pois, por exemplo,
a adição de elementos de liga pode ser verificada com o uso de um microscópio
após a devida preparação metalográfica.
Após uma preparação metalográfica correta, ou seja, que fornece uma superfície
plana e polida, a amostra pode ser submetida à visualização em um microscópio
ótico e/ou à realização de um ensaio.
Um ensaio de dureza é uma técnica não destrutiva na qual um pequeno penetrador
é forçado contra a superfície de um material, o qual deseja-se analisar a dureza,
esse ensaio é realizado dentro de condições controladas de carga e de taxa de
aplicação. Os itens medidos, que estarão relacionados ao valor de dureza do objeto,
serão a profundidade e tamanho da impressão resultante desse penetrador - no
caso da dureza Vickers, o tamanho da impressão - sendo a dureza uma medida da
resistência de um material a uma deformação, que, posteriormente, será utilizada
para comparação de materiais, conforme a empresa ENGEMAT (2019). Mais
especificamente, o ensaio de dureza de Vickers consiste em indentar o material com
um indentador de diamante na forma de pirâmide reta de base quadrada, utilizando
cargas de 1 a 100 kgf. Após isso, a carga plena é aplicada durante um período de
tempo de 10 a 15 segundos, com a finalidade de calcular a área da superfície
inclinada da indentação. A Dureza Vickers será o quociente obtido dividindo a carga
pela área da indentação.
θ
2·𝑃·𝑠𝑒𝑛( 2 ) 𝑃
𝐻𝑉 = 0, 102 · 2 = 0, 189 · 2
𝑑 𝑑

P = Carga (N)

d = comprimento da diagonal de impressão (mm); θ = 136°

2. OBJETIVOS

Esse relatório tem como objetivo relacionar as microestruturas observadas com o


auxílio do microscópio Feldman Wild Leitz FWL com os dados de dureza obtidos
através do ensaio de dureza Vickers, além de indicar possíveis ligas
correspondentes a cada amostra analisada.

3. MATERIAIS

● Microdurômetro SHIMADZU HMV-G 20ST


● Microscópio Feldman Wild Leitz FWL - Invert 5000 metal

● 3 amostras de cobre e/ou ligas de cobre

● Solução de cloreto de ferro, ácido clorídrico e água

Figura 1 - Microdurômetro SHIMADZU HMV-G 20ST. Fonte: hugetall.com


Figura 2 - Microscópio Feldman Wild Leitz FWL - Invert 5000 metal. Fonte: feldmann.com.br‌

4. MÉTODOS

Iniciou-se a análise após as etapas de preparação materialográfica que consistem


no corte da seção que se quer analisar, seguido do embutimento da amostra para
melhor manipulação, lixamento, polimento e ataque químico da superfície, que foi
feito com cloreto de ferro, ácido clorídrico e água.
Assim, cada uma das amostras foram colocadas no Microscópio Feldman Wild Leitz
FWL, com o qual pôde-se obter as imagens que serão analisadas neste relatório.
Por fim, utilizou-se o Microdurômetro SHIMADZU HMV-G 20ST para obtenção das
durezas Vickers das amostras, sendo que esse equipamento calcula a dureza
automaticamente com base no comprimento das diagonais medido na própria
máquina pelo operador. Cabe ressaltar que neste ensaio utilizou-se a carga de 1 Kg
com um tempo de aplicação da carga de 12 segundos, e que foram realizadas duas
indentações em cada uma das 3 amostras.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Obteve-se, a partir dos ensaios de dureza, os seguintes resultados:

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3


(HV) (HV) (HV)

97,15 113,00 393,00


Tabela 1 - Valores médios de dureza obtidos no ensaio

A partir das imagens obtidas através do microscópio ótico, as amostras puderam ser
relacionadas com materiais conhecidos. Desse modo, a amostra 1, apresentada na
figura 3, pôde ser relacionada a uma microestrutura cobre com 99,99% de pureza,
conforme pode ser visto na figura 4.
Figura 3 - Microestrutura da amostra 1. Fonte: autor

Figura 4 -Microestrutura do cobre 99,99%. Fonte: metalografiainsitu.blogspot.com

Com relação a amostra 2, mostrada na figura 5, fez-se uma relação com as


amostras de latão que podem ser vistas nas figuras 6 e 7.
Figura 5 - Microestrutura da amostra 2. Fonte: autor

Figura 6 - Liga com Cu 63%, Zn 35%, Pb 0,28%. Fonte: pt.scribd.com


Figura 7 - Latão fundido α-β, polido mecanicamente, sem ataque químico. Fonte:
struers.com

No que tange a microestrutura da amostra 3, mostrada na figura 8, encontrou-se


uma semelhança com a microestrutura de cobre-berílio que pode ser vista na figura
9.

Figura 8 - Microestrutura da amostra 3. Fonte: autor


Figura 9 -Microestrutura resultante do tratamento de solubilização em liga Cu-2%Be bruta
de fusão. Fonte: pmt.usp.br

Os resultados da tabela 1 apresentam relação com as imagens das microestruturas,


tendo em vista os mecanismos de endurecimento do cobre e suas ligas. A amostra
1, aparentemente de cobre puro, não apresenta nenhum mecanismo de
endurecimento evidente, ou seja, apresenta grãos sem refinamento, não há um
volume significativo de precipitados e, por óbvio, não há endurecimento por solução
sólida, justificando sua dureza menor que a das demais. A amostra 2 apresenta uma
microestrutura relativamente refinada, e se assemelha com a microestrutura das
ligas de cobre e zinco (Latão), ou seja, possui os mecanismos de endurecimento de
tamanho de grão e solução sólida. Já a amostra 3 possui apresenta precipitados
finamente espalhados em sua microestrutura, o que confere resistência à
movimentação de discordâncias e, consequentemente, uma dureza maior que a dos
demais.
Os latões (ligas de cobre e zinco) apresentam o zinco como impureza substitucional.
Ligas desse tipo com Zinco até 35%, possuem uma fase α relativamente dúctil.
Acima disso, ligas com porcentagem de zinco acima de 35% apresentam uma fase
mais dura e resistente que a fase α (figura 7). Assim, a estimativa de até 35% de
Zinco em latão é válida para este caso, visto que a liga não apresentou uma
diferença significativa de dureza com relação ao cobre puro.
O endurecimento por precipitação da liga cobre-berílio é considerável e permite
atingir 40 unidades Rockwell C, um valor de dureza compatível com o de muitos
aços, conforme INFOMET . Essas são as ligas de cobre endurecíveis por
precipitação mais comuns, de acordo com o livro Ciência e Engenharia de Materiais,
de Callister.

6. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, é possível concluir que as propriedades mecânicas


dos materiais metálicos de cobre podem ser relacionadas com suas respectivas
microestruturas. Além disso, é possível inferir que as amostras 1, 2 e 3, são,
possivelmente, cobre puro, latão e liga de cobre e berílio, respectivamente, devido
às semelhanças microestruturais e de valor de dureza.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLISTER, W. D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. John Wiley


& Sons, Inc., 2016.

COSTA, Lucas. Metalografia de Ligas de Cobre. Disponível em:


https://pt.scribd.com/document/382832831/Metalografia-de-Ligas-de-Cobre. Acesso
em 18 de junho de 2023.

ENGEMAT. Ensaio de Dureza. ENGMAT Soluções, Belo Horizonte, 19 de maio de


2019. Disponível em: http://engematsolucoes.com.br/ensaio-de-dureza/. Acesso em:

MANCA, Marcello. Preparación Metalográfica Del Cobre y Las Aleaciones de Cobre.


Disponível em:
https://www.struers.com/es-ES/Knowledge/Materials/Copper#esmerilado. Acesso
em 19 de junho de 2023.

MEDINA, Fernando. Metalografia, Fractografía y Analisis in Situ. Disponível em:


http://metalografiainsitu.blogspot.com/2018/06/hablemos-del-cobre_12.html. Acesso
em 19 de junho de 2023.

PRODWEB. Cobre-alumínio, cobre-silício e cobre-berílio. Disponível em:


<https://www.infomet.com.br/site/metais-e-ligas-conteudo-ler.php?codAssunto=65>.
Acesso em: 20 jun. 2023.

TSCHIPTSCHIN, André Paulo. Metalografia e Tratamento Térmico do Cobre e Suas


Ligas. Disponível em : http://pmt.usp.br/pmt3402/material/ligas_Cu.pdf. Acesso em
19 de junho de 2023.

Feldmann Wild Leitz. Disponível em:


<http://www.feldmann.com.br/produtos/view/86>. Acesso em: 20 jun. 2023.
HMV-G20系列显微维氏硬度计 日本shimadzu-维氏硬度计-创诚致佳. Disponível em:
<https://www.hugetall.com/contents/38/107.html>. Acesso em: 20 jun. 2023.

Você também pode gostar