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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E DE CORROSÃO DO AÇO


INOXIDÁVEL DUPLEX

Moisés Alves Marcelino Neto e Ana Vládia Cabral Sobral

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA MECÂNICA
CAIXA POSTAL 12.144 CEP 60.455-760
BLOCO 714, CAMPUS DO PICI – FORTALEZA, CE, BRASIL,
avladia@secrel.com.br

6°° COTEQ Conferência sobre Tecnologia de Materiais


22°° CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosão
Salvador - Bahia
19 a 21 de agosto de 2002

As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade


do (s) autor(es).
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SINÓPSE

O aço inoxidável duplex (estrutura austeno- ferrítico) tem apresentado melhores


resultados de resistência à corrosão em relação ao aço inoxidável AISI 304 e 316. Os
aços inoxidáveis duplex apresentam à habilidade de se passivar e permanecer no
estado passivo em diversos meios a que são expostos. No presente trabalho será
estudado o comportamento da corrosão do aço duplex UNSS 31803. O meio
eletrolítico utilizado foi o NaCl 3%, visto que esse meio é bastante agressivo para os
aços inoxidáveis em geral. O ensaio eletroquímico utilizado para se avaliar a
corrosão foi o ensaio de polarização potenciodinâmica e voltametria cíclica. Neste
ensaio o material apresentou uma tendência a corrosão por pites. Foram realizados
ensaios de névoa salina simulando uma atmosfera marítima durante 350 horas e o
material não apresentou nenhum sinal de corrosão após este período. Análises
microestruturais das amostras foram realizadas através de microscopia ótica e
eletrônica de varredura (MEV) e pela energia dispersiva de raios-X (EDAX).

Palavras chave : Aço Inoxidável Duplex, Névoa Salina, Ensaios Eletroquímicos.


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1. INTR ODUÇÃO

O desenvolvimento dos aços inoxidáveis denominados duplex vem resultando


na sua crescente utilização, principalmente em aplicações industriais que exigem
maior resistência à corrosão (1-3).

Os aços inoxidáveis duplex são ligas com duas fases, uma austenítica e outra
ferrítica. Esses aços são amplamente utilizados na indústria química e petroquímica
devido à habilidade deste grupo de materiais em se passivar, e permanecer no estado
passivo em diversos meios a que são submetidos (4). Devido ao efeito do refino de
grão obtido pela estrutura austenítica- ferrítica e ao endurecimento por solução sólida,
estes aços apresentam resistência mecânica superior aos aços inoxidáveis austeníticos
e ferríticos. As adições de Mo e Ni e a elevação do teor de Cr aumentam a resistência
à corrosão (5).

Neste trabalho, é realizado um estudo com o aço inoxidável duplex UNSS


31803 quanto a resistência à corrosão em meio de cloreto de sódio. Os ensaios de
corrosão eletroquímicos realizados são: potenciodinâmicos e voltametria cíclica em
em meio de NaCl 3%. Ensaios de névoa salina simularam uma atmosfera marítima
durante 350 horas. Para caracterização do material foram utilizadas a microcopia
ótica e eletrônica de varredura (MEV) e análise de energia dispersiva de raios-X
(EDAX).

2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

2.1. Soluções e Reagentes

Todos os reagentes e solventes empregados foram de grau analítico. Para os


ensaios eletroquímicos foi utilizado cloreto de sódio.

2.2. Composição Química

A composição química do aço duplex (UNSS31803) está mostrada na tabela


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Tabela 1 – Composição química do Aço Inoxidável Duplex UNSS 31803

Elemento Percentual

C 0,018
Mn 1,480
P 0,019
S
Si
Cr 22 220
Ni
Co 0130
Cu
Mo
N
Nb
Al
Sn
Ce
Fe

2.3. Superfície de tratamento

As amostras foram preparadas com lixas de granulometria, variando entre 220


(grossa) e 600 (fina), em refrigeração constante. Em seguida foi realizado um
polimento com pasta de diamante de φ = 0,25µm a 3 µm, até a obtenção de uma face
totalmente espelhada. Foram, então, lavadas em água, álcool, secadas
adequadamente e guardadas em dessecador.

2.4. Ensaios Acelerados de Corrosão


Os requisitos de um ensaio acelerado é para que simule a classificação do
desempenho dos sistemas ensaiados segundo os observados na prática; que se
produzam os modos de falha observados durante exposição às intempéries
climáticas; e que se obtenham resultados reprodutíveis no menor tempo possível.
Infelizmente, é impossível simular todas as variáveis que atuam durante a exposição
real.

Para o aço inoxidável duplex em estudo, foram realizados ensaios acelerados


de corrosão (névoa salina - salt spray), segundo a norma ASTM B117 (6). Estes
ensaios foram realizados no IPEN/São Paulo. A solução utilizada para o ensaio de
névoa salina foi uma solução de NaCl 5%. O ensaio de névoa salina convencional
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teve dur ação de 350 horas.

2.5. Técnicas Eletroquímicas

Os ensaios eletroquímicos foram realizados em um


Potenciostato/Galvanostato modelo 283 (EG&G PAR) e um potenciostato MQPG 01
da Microquímica.

Foi utilizada uma célula eletroquímica composta por um eletrodo de trabalho,


eletrodo de referência (calomelano saturado ECS) e contra eletrodo (duas hastes de
grafite) (Figura 1). Cada ensaio foi efetuado em cinco amostras nas mesmas
condições, obtendo-se um resultado médio. As curvas de polarização foram
conduzidas a -0.25 V vs. Ecorr (Potencial de circuito aberto) +1.8 V e uma
velocidade de varredura de 0.8 mV/s. Para os ensaios de voltametria cíclica foram
utilizados uma velocidade de varredura de 5 mV e potenciais iniciais de –1V e
potencial final de 0,5V.

2.6. Caracterização Morfológica e Análise Elementar (EDX)

As análises microestruturais do aço inoxidável duplex foram realizadas


através da microscopia ótica utilizando, o modelo Carls Zeiss GmbH, e pela
microscopia eletrônica de varredura (MEV), modelo Philips XL-30.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Microestrutura do aço inoxidável duplex UNSS31803

A microestrutura foi caracterizada por microscopia ótica e eletrônica. As


figuras 2 e 3 mostram uma microestrutura austenítica (área clara) e ferrítica (área
escura), com orientações transversais (7). A figura 4 apresenta a análise de energia
dispersiva de raio -x (EDAX), evidenciando a presença dos principais elementos de
liga.

3.2. Ensaios Eletroquímicos

Os meios eletrolíticos utilizados para os ensa ios eletroquímicos foi NaCl 3%,
a fim de se observar o comportamento da corrosão nesse meio e a forma da corrosão.
A curva de polarização potenciodinâmica obtida para o aço inoxidável duplex UNSS
31803 está mostrada na figura 5. Pode ser observadas a dissolução do substrato e
uma mudança na curva em regiões anódicas e uma formação de regiões ativa –
passiva, mostrando que o material não consegue se passivar e ocorendo a formação
de pites (8).

Na curva voltamétrica observa -se uma dissolução na parte anódica da curva e


em seguida uma redução como pode ser observado na figura 6.
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3.3. Ensaios Acelerados de Corrosão

O ensaio de névoa salina foi realizado durante 350 horas em uma solução de
NaCl 5% e não se observou nenhum sinal de corrosão no aço inoxidável duplex após
este período de ensaio.

4. CONCLUSÕES

- O aço inoxidável duplex UNSS 31803 apresentou uma microestrutura


austenítica e ferrítica com aproximadamente 50% de cada fase,
- No ensaio acelerado de corrosão não houve variação significativa da massa e
conseqüentemente não houve nenhum tipo de corrosão na superfície,
- Os ensaios potenciodinâmicos em NaCl 3% mostraram a presença do laço de
histeresse, que evidencia a presença de pites, assim como nos ensaios
voltamétricos.

5. BIBLIOGRAFIA

(1) Daniel A. B. e J. C. Warner. Metallurgy Fundamentals, United State of America.


1999, pág. 79-82.
(2) Chiaverini, V. Aços e ferros fundidos. 5. ed. São Paulo: Associação Brasileira
de Metais – ABM, 1982.
(3) Cândido, Luiz C. et al. “Estudo da Corrosão Sob Tensão do Aço Inoxidável
Duplex, Em Cloretos, Empregando Impedância Eletroquímica” – 50º Congresso
Anual da ABM, São Pedro, SP. 1995
(4) Tsai T.W e Chou, S. L. “Environmentally assisted crackin behavior of duplex
stainless steel in concentraded sodium chloride”, Corrosion Science, 42 1741-1762
2000.
(5 J. Charles: Duplex Stainless Steels 94 4th Int. Conf, Glasgow, Escócia, 1994, TWI
Abington Publishing, Abington, Cambridge, Inglaterra 1994, paper no. KI
(6) AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Standard practice
for operating slat spray (fog) testing apparatus: ASTM B117-94, 1994.
(7) CALLISTER JR., W. D. Materials science and engineering: an introduction.
3.ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1994.
(8) Sobral, Ana V. C. “Estudo da corrosão em aços ni oxidáveis sinterizados com
revestimentos polimérico", Doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais –
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis fevereiro/2000.
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Figura 1 – Esquema de montagem para os ensaios eletroquímicos de corrosão.

Figura 2 - Microscopia ótica aço inoxidável duplex. Ataque: glicerrégia,


Aumento: 200x.
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Figura 3 - Microscopia eletrônica do aço inoxidável duplex. Ataque: glicerrégia,


Aumento:1000x.

Figura 4 - Análise de Energia Dispersiva de Raio-X (EDAX) no aço Inoxidável


Duplex.
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1.5

1.0

E (Volts)

0.5

0.0

-0.5
-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3
10 10 10 10 10 10 10
2
I (Amps/cm )

Figura 5 – Polarização Potenciodinâmica do aço inoxidável duplex em NaCl 3%.

Aço inoxidável duplex em NaCl 3%


0,00002

0,00000

-0,00002

-0,00004
I/A

-0,00006

-0,00008

-0,00010

-1,2 -1,0 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6

E/V

Figura 6 – Voltametria cíclica aço inoxidável duplex em NaCl 3%.

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