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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CIV 361 – MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL II

RELATÓRIO 3 – AÇO PARA CONCRETO ARMADO

Moisés Henrique Gregório Assunção – ES102762

Relatório apresentado ao Departamento de


Engenharia Civil da Universidade Federal de
Viçosa, como parte das exigências propostas
Pela disciplina CIV 361 – Materiais de Construção II.
Professor: Leonardo Gonçalves Pedroti

Viçosa – MG
2022
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RESUMO

Os materiais metálicos são muito empregados na construção civil, seja em


esquadrias ou cabos elétricos, e principalmente na forma de elementos
estruturais. Este relatório objetiva estudar o comportamento e propriedades de
barras e fios de aço para concreto armado, por meio das metodologias regidas
pela ABNT NBR 7480:2007 e ABNT 6892:2013. Para isso, foi realizado o
ensaio de resistência à tração, resultando, para o fio de aço, numa tensão de
escoamento de 1100MPa e uma tensão de ruptura de 1527,42MPa, enquanto
a barra de aço registrou uma tensão de escoamento de 654,39MPa e uma
tensão de ruptura de 808,78MPa, e todos os valores encontrados foram
alcançados de forma satisfatória, perante ao permitido pela ABNT. Por fim,
destaca-se a importância de conhecer tais características, visto que está
diretamente relacionada com o bom desempenho do produto final.
Palavras-chave: aço, materiais metálicos, resistência à tração, tensão de
escoamento, tensão de ruptura
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SUMARIO

INTRODUÇAO 4
OBJETIVOS 5
PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 5
RESULTADOS 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS 13
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 14
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1. CONSIDERAÇOES INICIAIS

1.1. INTRODUÇAO

Os materiais metálicos são muito empregados na construção civil, seja em esquadrias


ou cabos elétricos, e principalmente na forma de elementos estruturais. Um de seus
representantes é o aço, uma liga metálica composta por ferro e carbono, que
apresenta boa resistência à tração, ductilidade, tenacidade e facilidade de ser
moldável.

Para sua fabricação, de maneira simplificada, é coletado o minério de ferro em rochas


ou solos, e junto a ele é adicionado o carvão, que auxilia no desprendimento de
oxigênio, além de permitir que a temperatura seja elevada o suficiente para fundir o
minério. Feito isso, a mistura é levada para o alto forno, dando origem ao ferro gusa, e
encaminhado para a aciaria para obter o aço.

Em relação à construção civil, o aço é bastante empregado. Por ser leve, confere a
capacidade da estrutura vencer vãos de tamanhos consideráveis, além de reduzir o
tempo de construção, e também apresentam elevada estabilidade e rigidez. Contudo,
uma estrutura em aço permite erros de poucos milímetros, exige mão de obra
especializada, e apresenta dificuldade ao transportar.

Por fim, os tipos de aço mais utilizados são o CA-50 e CA-60. O primeiro apresenta um
nível de segurança maior do que exigido na norma brasileira regulamentadora já dita
anteriormente, além de ter maior aderência ao concreto. Já o segundo, apresenta
também boa aderência ao concreto, previne sua fissuração e confere boa
soldabilidade.
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1.2. OBJETIVOS

Os ensaios realizados nas aulas pÁráticas objetivam analisar o comportamento,


propriedades e desempenho do aço para concreto armado, a partir do ensaio de
tração, por intermédio das metodologias contidas na respectiva norma técnica
brasileira do experimento
2. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
2.1. ENSAIO DE RESISTENCIA À TRAÇÃO DE UMA BARRA DE AÇO
DESTINADA À ARMADURA DE CONCRETO ARMADO
2.1.1. MATERIAIS

Para o ensaio, foi utilizado paquímetro, máquina universal de ensaio para tração, barra
de aço CA-50 , balança e um leitor de carregamento.

2.1.2. MÉTODOS

O ensaio consistiu em determinar a resistência à ruptura e ao escoamento da barra de


aço, inserindo-a na máquina universal de ensaio de tração, aplicando um
carregamento e observando o alongamento gerado.

Com a aplicação gradativa de força no corpo de prova, houve um momento em que o


leitor de carregamento estabilizou, mas a barra continuou a deformar, o que significa
que foi atingido o patamar de escoamento do aço. Nele, os átomos começam a buscar
os planos de clivagem do material, para não permitir uma separação física do
reticulado cristalina, dando início ao estado plástico.

Passado um tempo, foi observado um acréscimo de resistência, devido à migração dos


átomos, local em que foi observada a estricção e posterior ruptura do corpo de prova.
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Inicialmente, a fim de calcular a resistência ao escoamento e à ruptura, foi


determinada a área da seção transversal (So), conforme a Equação 1.

𝑆0 = (1/ 𝛾) ∗ (𝑀/ 𝐿) Equação 1

Em que:

𝑆0 = Área da seção transversal, em mm²


𝛾 = Massa específica da barra de aço, em g/mm³
M = Massa inicial da barra de aço, em g
L = Comprimento inicial da barra de aço, em m

Considerando So como seção circular, o diâmetro é determinado pela Equação 2.

𝑑 = √ (𝑆𝑜 × 4)/ pi Equação 2

Em que:

d = diâmetro, em mm
So = área da seção transversal, em mm2

Fez-se necessário calcular a resistência característica de escoamento, conforme a


Equação 3.

𝑓𝑦𝑘 = 𝐹 /𝑆0 ∗ 10 Equação 3

Em que:

𝑓𝑦𝑘 = Tensão de escoamento, em MPa


F = Força, em kgf
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𝑆0 = Área da seção transversal, em mm²


Além disso, também foi determinado o limite de resistência, de acordo com a Equação
4.

𝑓𝑠𝑡 = 𝐹/𝑆0 ∗ 10 Equação 5

Em que:

𝑓𝑠𝑡 = Tensão de ruptura, em MPa


F = Força, em kgf
𝑆0 = Área da seção transversal, em mm²

Nota: multiplicou-se por 10 para transformar em MPa, pois a força estava em kgf, e a
seção em milímetros.

Para verificar se os resultados estavam dentre os limites da norma, foi utilizada a


Tabela 1.

Tabela 1 – Propriedades mínimas exigíveis para fios e barras de aço


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2.2. ENSAIO DE RESISTENCIA À TRAÇÃO DE UM FIO DE AÇO


DESTINADO À ARMADURA DE CONCRETO ARMADO
2.2.1. MATERIAIS

Para o ensaio, foi utilizado paquímetro, máquina universal de ensaio para tração, fio de
aço CA-60 (601mm de comprimento e 5,0mm de diâmetro), balança e extensômetro.

2.2.2. MÉTODOS

O ensaio consistiu em determinar a resistência à ruptura e ao escoamento do fio de


aço, inserindo-o na máquina universal de ensaio de tração, juntamente com um
extensômetro de 200mm de braço de alavanca, aplicou-se um carregamento e
observou-se o alongamento gerado.

Momentos antes da ruptura, retirou-se o extensômetro e aguardou-se o ensaio ser


finalizado. Foram feitas marcações em todo o fio, a fim de favorecer a leitura de seu
alongamento.

O fio de aço não apresentou um patamar de escoamento nítido, como mostrado no


ensaio descrito anteriormente. Dessa forma, ele é determinado por meio de gráfico,
que será exibido a posteriori.

Em primeiro lugar, a fim de calcular a resistência ao escoamento e à ruptura, foram


seguidos os seguintes passos:

a) Cálculo da massa linear do aço, conforme a Equação 5.

massa
Massalinear = Equação 5
comprimento
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b) Cálculo da seção transversal do corpo de prova, por meio da Equação 1,


mostrada anteriormente.
c) Cálculo do diâmetro nominal, de acordo com a Equação 2, mostrada
anteriormente.
d) Comparação do valor obtido no item anterior com os dados da Tabela 2.

Tabela 2 – Características dos fios

e) Cálculo da desbitolagem, conforme a Equação 6.

𝐷𝑒𝑠𝑏. (%) = (𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎) / 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟
𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎 × 100% Equação 6

f) Cálculo da deformação, conforme a Equação 7.

𝜀 = 𝐴𝑙𝑜𝑛𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑚𝑚) / 𝑏𝑟𝑎ç𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑛𝑠ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 (200𝑚𝑚) ∗ 100 Equação 7

Em que:
10

𝜀 = deformação, em %

g) Cálculo da tensão de escoamento da barra, conforme a Equação 8

𝜎 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 (𝑘𝑔𝑓) /Á𝑟𝑒𝑎 (𝑚𝑚2) ∗ 10 Equação 8

Em que:

σ = tensão de escoamento, em Mpa

h) Confecção do Gráfico 1, para determinar a tensão de escoamento do fio

Ao executar um gráfico Tensão x Deformação, com os valores de tensão no eixo Y e


deformação em X, traça-se uma reta paralela ao trecho elástico, fixando em 0,2% de
deformação. A reta é prolongada até interceptar o gráfico, e traçada uma reta
horizontal até tocar o eixo Y.

i) Cálculo da tensão de ruptura, conforme a Equação 9

𝜎 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑘𝑔𝑓)/ Á𝑟𝑒𝑎 (𝑚𝑚2) ∗ 10 (𝑀𝑃𝑎) Equação 9

Em que:

σ = tensão de escoamento, em Mpa

3. RESULTADOS
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Os valores das propriedades físicas da barra de aço, e do fio de aço, respectivamente,


estão dispostos no Quadro 1.

C DIAM. COMP. MASSA AREA


P (mm) (mm) (g) (mm²)
1 16 611 960,76 200
2 5 612 94,62 19,7

Para a barra, cuja norma utilizada foi a ABNT NBR 6892:2013, houve um resultado da
tensão de ruptura de 707MPa, enquanto a tensão de escoamento foi de 543MPa. Já
para o fio, regido pela ABNT NBR 7480:2007, mostrou uma tensão de escoamento de,
aproximadamente, 732MPa, determinada a partir do gráfico Gráfico 1, e tensão de
ruptura de 756,35MPa. Os valores das tensões, bem como o limite de resistência do
aço, são apresentados no Quadro 2.

Limite de Escoamento Limite de Resistencia


CP Força(kgf Tensao(Mpa Força(kgf Tensao(Mpa
) ) ) )
1 10860 543 14140 707
2 - 732 1490 756,35

Ademais, a barra apresentou um alongamento de 23,1%, ao passo que do fio foi de


19,0%. A desbitolagem da barra foi de 0,38%, enquanto a do fio apresentou 0,64%. Os
dados mencionados estão dispostos no Quadro 3.

Alongamento
CP Desbitolagem
(mm) (%)
1 197 23,1 0,38
2 59,5 19 0,64

Para a execução do Gráfico 1, foi necessário calcular a deformação (em %) e a tensão


(em MPa), e os resultados são mostrados no Quadro 4.A
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Deformaçã
Along. Força Tensao
o
0,00 0,000 0 0
0,05 0,025 1220 619,3
0,10 0,050 1310 665,0
0,15 0,075 1360 690,4
0,20 0,100 1390 705,6
0,25 0,125 1400 710,7
0,30 0,150 1410 715,7
0,35 0,175 1420 720,8
0,40 0,200 1430 725,9
0,45 0,225 1440 731,0
0,50 0,250 1450 736,0
0,55 0,275 1490 756,3

sxe
800.0
700.0
600.0
500.0
400.0
300.0
200.0
100.0
0.0
0.000 0.100 0.200 0.300

Series2

Gráfico 1 – Tensão x Deformação do fio do aço

Todos os resultados atingiram os valores esperados por norma. O diâmetro nominal da


barra de aço, bem como massa linear e área da seção transversal estão dentro do
permitido. O valor de fyk foi 543MPa, cujo alongamento foi 23,1%. Assim, a barra foi
enquadrada como CA-50. O fst deveria ser, no mínimo, 1,08 vezes o valor de fyt, ou
seja, 586MPa. Para a barra, o valor de fst foi de 707Mpa, sendo aceito o lote.
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Para o fio de aço, a tensão de ruptura foi de 756,35MPa, e conforme o Gráfico 1, a


tensão de escoamento foi de, aproximadamente, 732MPa. O alongamento resultou
em 19,0%, e a desbitolagem em 0,64%. Conforme a Tabela 1, o valor da resistência
característica de escoamento deveria ser de, no mínimo, 768,6MPa, e apresentar um
alongamento de 5%, não tendo o critério atendido. A resistência característica de
ruptura deveria ser 1,05 vezes o fyk. Como o valor foi menor, o lote não foi aceito.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o estudo sobre o aço para concreto armado, realizado nas aulas práticas e
adotando como referência suas respectivas normas, foi notória a importância de
determinar e conhecer as propriedades dos materiais, uma vez que está diretamente
relacionado com o bom desempenho e uma boa qualidade, além de evitar possíveis
danos e patologias.

Além disso, é importante ressaltar que o aço e o concreto, juntos, têm o papel de
complementar o outro. Enquanto o aço admite grande resistência a esforços de
tração, o concreto tem um bom desempenho quando submetido a tensões de
compressão. Dessa forma, faz-se necessário conhecer as propriedades físicas de cada
um, a fim de garantir qualidade e segurança para o material.
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5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6892: Materiais metálicos-


Ensaio de Tração Parte 1: Método de ensaio à temperatura ambiente. Rio de Janeiro,
2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: Aço destinado a


armaduras para estruturas de concreto armado - Especificação. Rio de Janeiro, 2007.

LABORATÓRIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, Estudo experimental de aditivos para


concreto. In: LABORATÓRIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, Materiais de Construção
Civil II: Práticas de Laboratório. Departamento de Engenharia Civil, Centro de Ciências
Exatas e Tecnológicas. Universidade Federal de Viçosa, 2022.

3D, Armazém. ESTRUTURA METÁLICA: VANTAGENS E DESVANTAGENS. Disponível em:


https://www.armazem3d.com.br/post/estrutura-metalicavantagens-edesvantagens/
98#:~:text=A%20maioria%20das%20desvantagens%20relaciona das,obra
%20especializada%20e%20materiais%20certificados.

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