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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA- DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

RELATÓRIO 02 – MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EXPERIMENTAL

AÇO PARA CONCRETO ARMADO

Lara Brangada Gonsalves Silva - 211068950

Brasília, novembro de 2022


1. INTRODUÇÃO

O aço pode ser descrito como uma liga de ferro e carbono associados a outros elementos
adicionais tais como o silício, o manganês, o fósforo e o enxofre. Ele é resultado da
eliminação parcial (ou total) de elementos inconvenientes presentes no minério de
ferro. O processo de transformação do minério de ferro em aço pode ser descrito em
quatro etapas, sendo:

1- Preparação ou tratamento do minério e do carvão


2- Redução do minério de ferro
3- Refino
4- Tratamento mecânico

Suas diversas aplicações na construção civil se dão graças a suas características de


ductilidade, incombustibilidade, resistência a tração, compressão, flexão e torção,
resistência a impacto, abrasão e desgaste. Em condições adequadas, apresenta também
resistência a variações de temperatura, intempéries e agressões químicas.

A composição química típica de um aço soldável é formada por C (0,35%), Mn (1,50%),


Si (0,50%), P (0,050%) e S (0,050%). Assim, apresentam Carbono Equivalente (CE) de
cerca de 0,55%

Os materiais conformados a partir do aço podem ser barras, que têm diâmetro nominal
6,3mm ou superior e são obtidos exclusivamente por laminação a quente. (classificadas
nas categorias CA-25 e CA-50), ou fios, que têm diâmetro nominal 10mm ou inferior e
são obtidos a partir de fio-máquina por trefilação ou laminação a frio (classificados na
categoria CA-60). Essa classificação é feita com a sigla CA (Concreto Armado) e o Valor
Característico de Escoamento (25, 50 e 60).

Além da analise visual e verificação da configuração geométrica os ensaios realizados


tiveram como objetivo determinar a tração limite de escoamento, limite de ruptura e
alongamento final, conforme a ABNT NBR 7480/2007.
2. OBJETIVOS

O presente relatório tem como desígnio a apresentação dos resultados obtidos por meio
de um ensaio realizado em uma barra de aço de 60 cm a qual deseja-se determinar a
tração limite de escoamento, limite de ruptura e alongamento final conforme a ABNT
NBR 7480/2007.

3. PROCEDIMENTOS E REFERÊNCIAS

3.1 APARELHAGEM E INSTRUMENTAÇÃO:

No que tange a aparelhagem necessária para o ensaio, foi utilizado:

o Barra de aço CA-50;


o Trena com incerteza de 0,05cm;
o Prensa automática com capacidade de 300kN;
o Balança com capacidade de 5kg e precisão de 0,01 g

3.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS:

Seguindo o que é proposto em NBR (Norma brasileira), o experimento deve ser feito
com três exemplares de um lote de barras ou fios, isso se o lote for identificado pelo
número de corrida, que diz respeito ao volume de aço que se obtém em cada operação
de vazamento de um forno de produção. Se não houver tal identificação, o espaço
amostral se duplica, indo para seis exemplares. Cada exemplar deve possuir por volta
de 1 metro e meio de comprimento, sendo de 30 toneladas os lotes identificados e 8 os
não identificados. Se as amostras tiverem resultados não conformes e não forem aceitos
na primeira amostragem, há a necessidade de se realizar uma contraprova na segunda
amostragem. Para essa, serão utilizados 6 exemplares para os lotes identificados e 12
exemplares para os lotes não identificados.

Entretanto, no ensaio realizado utilizou-se apenas uma barra de aço em uma


amostragem, a mesma possuía as seguintes características:
o Comprimento de 605 mm(milímetros) ou 0,605 m (metros);
o Massa de 939 gramas ou 0,939 kg

3.3 ANÁLISE VISUAL:

As barras e os fios de aço destinados a armaduras de concreto armado devem ser isentos de
defeitos prejudiciais, tais como: esfoliação (escamas), corrosão, manchas de óleo, redução de
seção e fissuras transversais. Uma oxidação do produto pode ser admitida quando for
superficial, sem comprometimento de sua conformação geométrica. O acondicionamento
adequado é fundamental para evitar a degradação das armaduras. Assim, deve-se evitar manter
o aço exposto a intempéries (salitre, chuva, contato com solo, etc.) e adversidades ambientais
(urbano, marinho, industrial e rural).

Em seguida deve-se verificar se a barra contém as seguintes informações:

o Nome do produtor e identificação da unidade produtora;


o Categoria;
o Diâmetro nominal em milímetros;
o Comprimento, em metros, quando aplicável;
o Massa em quilogramas, ou número de peças;
o Identificação para a rastreabilidade ao processo produtivo.

3.4 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DA BARRA CA -50:

Para tais medidas de comprimento (L) utiliza-se a trena, e a balança digital para aferir a
massa (m). Por meio da massa específica é possível determinar área da seção transversal
(A), o diâmetro efetivo (D) e a densidade linear (ρ).

Para tais cálculos são utilizadas as seguintes equações:

o Diâmetro efetivo (D): D=√m/γesp∗L∗π


o Área da seção transversal (A): π∗D2/4
o Densidade linear (ρ): ρ=m/L

De acordo com a norma a massa real das barras e fios deve ser igual à sua massa linear
nominal, com uma tolerância que varia de 7 a 4% dependendo do diâmetro nominal. Já
o comprimento de fornecimento das barras e fios retos deve ser de 12 m e a tolerância
de ± 1 %.

3.5 ENSAIO

Para a realização desse ensaio, é necessário primeiramente preparar o corpo de prova


que deve ser retirado de segmentos de barras ou fios de comprimento adequado. O
comprimento L0 deve ser determinado, e ao longo dele deve-se fazer marcações com
traços ou linhas leves. O comprimento inicial, L0, deve ser igual a 10 vezes o diâmetro
nominal da barra ou do fio.

Em seguida, o corpo de prova é submetido ao ensaio de tração. Coloca-se a barra de aço


na prensa e prende-se o extensômetro à barra para que as deformações possam ser
medidas. O corpo de prova é então submetido a um esforço de tração, sofrendo
deformação até que ocorra o fenômeno da estricção e posterior ruptura.

O sistema fica ligado ao computador, que recebe e armazena os dados. O experimento


prossegue com capturas de dados pelo computador até a ruptura da barra.

Quando se submete uma barra à tração axial, aparecem tensões internas. A tensão de
tração (σ) é obtida dividindo-se a força aplicada (N) pela área inicial da seção transversal
(S) e pode ser determinada em qualquer estágio do carregamento. Sendo definida como
σ=N/S (dada em Mpa).

A tensão de tração provoca uma deformação na barra, tal deformação é um aumento


no comprimento Inicial. Essa pode ser elástica, se o carregamento estiver dentro do
regime elástico. Se o carregamento ultrapassar o regime elástico, tem-se um aumento
de comprimento permanente (alongamento), denominado deformação plástica.

O alongamento (ε) pode ser obtida em qualquer estágio do carregamento. O final será
medido onde ocorre a ruptura. A fórmula para tal cálculo pode ser definida como:
ε=ΔLL0∗100 (dada em porcentagem) sendo ΔL a variação de comprimento e L0 10 vezes
o diâmetro nominal da barra.

Com esses dados podemos traçar gráficos de tensão x deformação.


Se analisarmos tal gráfico durante a deformação elástica, temos que o quociente entre
a tensão e a deformação (coeficiente angular) nos dá o módulo de elasticidade que é
expresso em GPa (Gigapascal). Com tal gráfico também é possível determinar as tensões
e cargas máximas de ruptura e de escoamento.

4. CÁLCULOS, RESULTADOS E AVALIAÇÃO

Após a realização do ensaio podemos definir e analisar os resultados para concluir a


respeito da aceitação ou não aceitação do lote analisado. Com as medições e cálculos
realizados obtivemos os seguintes resultados encontrados na tabela abaixo (tabela 1.0).
Esses devem ser comparados com os dados tabelados apresentados na NBR 7480/2007,
também presentes a seguir.
Ao analisar os dados obtidos e compara-los com a norma tabelada, tem-se que pelo
valor do diâmetro nominal (16,00), a densidade linear deve estar dentro do intervalo
de 1,4991 e 1,6569 especificado. Como a densidade acatada foi de 1,552 essa se
encontra de acordo com a norma.

A área da seção não se encontra de acordo com a norma estabelecida, já que a obtida
é de 200,96 mm e a mínima especificada é de 201,1 mm.

Com os valores de tensão e deformação específica calculados, é possível plotar os


gráficos de Tensão x Deformação. O mesmo deve envolver todos os valores
disponíveis, com objetivo de encontrar valores de força e tensão máximos, de
escoamento e ruptura.

Com os valores obtidos anteriormente é possível calcular a tensão de tração e o


alongamento. A seguir encontra-se a tabela (2.0) com os resultados obtidos e a
análise dos mesmos.

Dessa forma, para a barra CA-50, obtivemos no experimento o valor de 575 Mpa, que
está de acordo com o valor mínimo de 500Mpa estabelecido pela norma. De maneira
análoga, o alongamento final encontrado foi de 15,0 %, estando também de acordo com
o valor mínimo de 8%.
5. CONCLUSÃO

Como critério para aceitação os corpos de prova que representam o lote devem atender
as seguintes características:

o Não apresentar defeitos prejudiciais.


o Satisfazer tolerância de massa linear.
o Apresentar marcas de identificação em relevo ou por etiqueta, conforme a
categoria
o Atender ao ensaio de tração
o Apresentar: limite de escoamento (f y), limite de resistência (f st) e alongamento
final, no mínimo iguais ao especificado em norma.

Dessa forma, no ensaio realizado, os resultados de todos os aspectos da barra analisada


estão de acordo com os critérios de aceitação estabelecidos, e portanto, considerando
apenas as características analisadas no experimento e a ABNT NBR 7480/2007 o corpo
de prova é considerado apto para utilização.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: Informação e


documentação – Relatório técnico e/ou científico — Apresentação. Rio de Janeiro, 2007.

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