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Introdução à Ciência dos

Materiais e Processos de
Fabrico

Trabalho pratico 1: Estudo do transformador monofásico

Manuel Fava-Rica nº 43507


Miguel Rebocho nº 42645
Maria Ganga nº 43631

Professores: Rui Melicio e Gonçalo Nuno Guerreiro de Jesus Silva


Licenciatura em Engenharia Mecatrónica

2 semestre 2020/2021

02/05/2021
1. Introdução

Este trabalho teve como objetivo estudar um transformador monofásico. Realizou-se diversos
ensaios em vazio e em curto-circuito, com o objetivo de se estudar a variação das tensões,
correntes e potências. Em seguida determinou-se os parâmetros do esquema equivalente do
transformador (modelo de Steinmetz) e realizou-se um ensaio em carga e por último determinou-
se o seu respetivo rendimento.

É importante introduzir alguns conceitos sobre um transformador monofásico antes da realização


deste trabalho. Sendo assim um transformador monofásico é constituído por um enrolamento
primário e um enrolamento secundário, ambos ligados a um núcleo magnético. O enrolamento
primário está geralmente ligado à fonte, possuindo um circuito primário, enquanto que o
enrolamento secundário está ligado a uma carga num circuito secundário. O funcionamento de
um transformador monofásico baseia-se na indução magnética, ou seja, ao aplicar uma tensão
alternada no enrolamento primário gera-se um campo magnético e assim um fluxo magnético no
núcleo, variável no tempo, que por sua vez induz uma corrente e uma tensão no enrolamento
secundário. A relação entre as tensões do primário e do secundário é dada pelo número de espiras
dos seus enrolamentos. Esta é tanto maior quanto maior for o número de espiras. Existem dois
tipos de transformadores, os elevadores, onde a tensão no secundário é superior à do primário,
pelo que o enrolamento secundário tem mais espiras que o primário e os transformadores
abaixadores, onde o primário tem mais espiras que o secundário, pelo que a tensão do secundário
é inferior à do primário.

Os transformadores reais não são ideais, isto é, há perdas nos enrolamentos e no núcleo e existem
também fluxos de dispersão nos enrolamentos. Os transformadores podem ser representados por
um esquema equivalente, dado pelo modelo de Steinmetz:

𝑅1 é a resistência e 𝑋1 a indutância do enrolamento primário, 𝑅2′ a resistência e 𝑋2′ a indutância


do enrolamento secundário referido ao primário, e 𝑅0 a resistência e 𝑋0 a indutância do núcleo
magnético referido ao primário. Os valores de 𝑅1, 𝑋1, 𝑅2′ e 𝑋2′ são muito inferiores aos de 𝑅0 e
𝑋0, pelo que não há diferença significativa em apresentar os ramos de 𝑋0 e 𝑅0 à direita de 𝑅2′ e
𝑋2′ ou à esquerda de 𝑅1 e 𝑋1 ou no meio dos dois. Colocando então 𝑋0 e 𝑅0 à esquerda de 𝑅1 e
𝑋1 ficamos com as resistências e as indutâncias dos enrolamentos em série. A indutância
equivalente é 𝑋𝑐𝑐 = 𝑋1 + 𝑋2′ (1) e a resistência equivalente é 𝑅𝑐𝑐 = 𝑅1 + 𝑅2′ (2). Sendo 𝑛1 o
número de espiras do enrolamento primário, 𝑛2 o número de espiras do secundário e 𝑛 = 𝑛1/𝑛2
(3), pelo estudo de um transformador ideal, sabe-se que: 𝑋2 ′ = 𝑋2𝑛 2 (4) e 𝑅2 ′ = 𝑅2𝑛 2 (5).

Para a determinação das resistências e das indutâncias do transformador realizou-se ensaios em


vazio e ensaios em curto circuito. No ensaio em vazio, aplicou-se a tensão nominal do primário ao
enrolamento primário e deixou-se o circuito secundário em aberto. O circuito equivalente é o
seguinte:

Fig2: Ensaio em Vazio

Estando o circuito secundário aberto a corrente no mesmo será nula, pelo que também não há
corrente no circuito primário a atravessar Rcc e Xcc. Deste modo a tensão na resistência 𝑅0 e na
indutância 𝑋0 é igual à tensão nominal. Sabendo a potência ativa 𝑃 e a potência reativa 𝑄
consumida no sistema é possível obter os seus valores:
𝑈𝑛2 𝑈𝑛2
𝑃= 𝑅0
↔ 𝑅0 = 𝑃
(6)

𝑈𝑛2 𝑈𝑛2
𝑄= 𝑋0
↔ 𝑋0 = 𝑄
(7)
A potência reativa obtêm-se calculando o módulo da potência aparente S e através da sua relação
com a potência ativa:

𝑆 = 𝑈1 𝑖1 (8)

𝑄 = √𝑆 2 − 𝑃2 (9)

No ensaio em curto circuito aplicou-se a tensão nominal ao circuito primário e tem-se o circuito
secundário em curto circuito:

Fig3: Ensaio em curto circuito

Neste caso existe corrente em ambos os circuitos. Como os valores de 𝑋0 e 𝑅0 são muito
superiores aos restantes, a maior parte da corrente irá atravessar a resistência equivalente 𝑅𝑐𝑐 e
a indutância equivalente 𝑋𝑐𝑐. Sabendo a corrente nominal do primário 𝑖𝑛1 e as potências ativa 𝑃
e reativa 𝑄 obtêm-se então o valor de 𝑋𝑐𝑐 e 𝑅𝑐𝑐:

𝑖𝑛2
𝑖𝑛1 = 𝑛
(10)
𝑃
𝑃 = 𝑅𝑐𝑐𝑖𝑛1 2 ↔ 𝑅𝑐𝑐 = (11)
𝑖𝑛1 2

𝑄
𝑄 = 𝑋𝑐𝑐𝑖𝑛1 2 ↔ 𝑋𝑐𝑐 = (12)
𝑖𝑛1 2
Em seguida ligou-se uma carga variável R ao circuito secundário. Passando a carga R para o circuito
primário tem-se R’=n^2R.

Fig4: Ensaio em Carga

Por último, para determinar o rendimento 𝜂 do transformador, aplicou-se o método das


perdas separadas. A perda de potência total P𝑡𝑜𝑡 é igual à potência perdida no ferro do
núcleo, 𝑝𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜, devido às histereses e correntes de Foucault (obtida pela potência ativa
no ensaio em vazio), mais a potência perdida no cobre das resistências dos enrolamentos,
devido ao efeito de Joule, 𝑝𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒.

ptot
η = 1 − 𝑝𝑡𝑜𝑡+𝑃𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 (13)

𝑝𝑡𝑜𝑡 = 𝑝𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 + 𝑝𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 (14)


𝐼2
𝑝𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 𝑅´𝑐𝑐(𝐼´2)2 𝑐𝑜𝑚 𝐼´2 = 𝑛
(15)

𝑃𝑠𝑎𝑖𝑑𝑎 = 𝑈2𝐼2 (16)


Verificamos então que os transformadores existem com o propósito de reduzir as perdas
nas redes de transporte e de distribuição de energia, de redução do nível de tensão por
razões de proteção, segurança ou funcionais, variações no nível de corrente, isolamento
galvânico, entre outros. Porém, a transferência de energia é acompanhada por perdas,
sendo que, as mesmas estão associadas ao circuito elétrico e ao circuito magnético, pelo
que rendimento de um transformador será sempre inferior a 1.

2. Material

Para a realização desta atividade utilizou-se:

• Fonte de alimentação variável;

• Transformador monofásico;

• Wattímetro;

• 4 Multímetros;

• Carga R variável.

3. Medição das Resistências do Primário e do


Secundário

Propriedades do transformador:

Espiras Tensão Nominal (V) Corrente nominal (A)


Primário (1) 408 230v -
Secundário(2) 214 115v 1.36

Rp=3Ω

Rs=2Ω
4- Ensaio em Vazio
4.1- Esquema de Ligações

4.2 Procedimento

Medidas Retiradas do Ensaio em Vazio

U10 [V] I10 [A] P10 [W] Q10 [Var] U20 [V] U10 / U20
20.9 0.02 0.25 0.7 10.98 1.903
41 0.03 0.9 1.8 21.4 1.916
61 0.04 1.6 3.2 31.8 1.918
80.7 0.05 2.6 5 42.1 1.917
99.7 0.06 3.6 7 52.1 1.914
120.1 0.08 5 10 62.8 1.912
140.9 0.09 7 14 73.7 1.912
159.9 0.11 8 19 83.7 1.910
180 0.12 10 26 94.2 1.911
200 0.15 12 32 105.2 1.901
220 0.17 14 42 115.9 1.898
230 0.19 16 47 121.1 1.899
240 0.21 17 53 126.4 1.899
Esboços dos gráficos:

𝑼2𝟎=f(𝑼𝟏𝟎)
140
120 y = 0,5274x - 0,3737

100
U2𝟎 [V]

80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300
U𝟏𝟎 [V]

Gráfico 1: U20 vs U10

A variável ‘x’ representa U10 [V]

A variável ‘y’ representa U20 [V]

Regressão: U20 [V]= 0,5274* U10 [V]+(-0,3737) [V]

𝑷𝟏𝟎=f(U𝟏𝟎)
18
16 y = 0,0002x2 + 0,0139x - 0,0949
14
12
𝑷𝟏𝟎 [W]

10
8
6
4
2
0
0 50 100 150 200 250 300
U10 [V]

Gráfico 2: P10 vs U10


Q𝟏𝟎=f(U𝟏𝟎)
60

50 y = 0,0012x2 - 0,0969x + 3,5933

40
Q10 [VAr]

30

20

10

0
0 50 100 150 200 250 300
U10 [V]

Gráfico 3: Q10 vs U10

5. Ensaio em Curto-Circuito
5.1- Esquema de ligação

5.2- Procedimento

U1cc [V] I1cc [A] P1cc [W] Q1cc [VAR] I2cc [V] I2cc/I1cc
0.7 0.06 0.05 0.01 0.12 2.000
1.57 0.15 0.3 0.1 0.3 2.000
2.45 0.25 0.7 0.2 0.51 2.040
3.18 0.33 1.2 0.2 0.64 1.939
4.2 0.42 2 0.3 0.85 2.024
5.18 0.53 2.8 0.4 1.01 1.906
5.78 0.59 3.5 0.5 1.14 1.932
6.95 0.71 5 0.7 1.36 1.915
Esboços dos gráficos:

I2cc =f(I1cc)
1,6
1,4 y = 1,8988x + 0,0197
1,2
1
I2cc [V]

0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
I1cc [A]

Gráfico 4: I2cc vs I1cc

P1cc =f(I1cc)
6

5 y = 8,5932x2 + 0,9653x - 0,0418

4
P1cc [W]

0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
I1cc [A]

Gráfico 5: P1cc vs I1cc


Q1cc=f(I1cc)
0,8
0,7 y = 0,8554x2 + 0,3295x + 0,0149
Q1cc [VAR] 0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
I1cc [A]

Gráfico 6: Q1cc vs I1cc

6. Determinação dos parâmetros do esquema


equivalente do transformador (ensaios em vazio e
curto circuito).

a)

Considerando os valores obtidos no ensaio em vazio e curto-circuito, para as condições nominais,


determinou-se os valores de Rcc, Xcc, R0 e X0 através dos métodos referidos na introdução. Antes
𝒏 𝟒𝟎𝟖
de tudo foi necessário calcular a relação de espiras 𝒏 = 𝒏𝟏 = 𝟐𝟏𝟒 = 𝟏. 𝟗𝟎𝟕 ≅ 𝟐
𝟐

Tabela 2: Ensaio em vazio nas condições nominais

Tensão do Corrente do Potência Ativa Potência Tensão do


Primário U10 [V] Primário I10 [A] do Primário P10 Reativa do Secundário U20
[W] Primário [V]
Calculada Q10
[VAr]
230 0.19 16 47 121.1

Pelo ensaio em vazio e através das equações (6) a (9) obteve-se R0=3306,250Ω e X0=1300,71Ω,
ambos referidos ao circuito primário. Sabendo que, ao transportar estes elementos para o circuito
secundário o seu valor tem de ser dividido por n2, obtém-se R’’0= 826.5625Ω e X’’0= 325,178Ω.
Tabela 3: Ensaio em curto-circuito nas condições nominais

Tensão do Corrente do Potência Ativa Potência Corrente do


Primário U1cc Primário I1cc [A] do Primário P1cc Reativa do Secundário I2cc
[V] [W] Primário [A]
Calculada Q1cc
[VAr]
6.95 0.71 5 0.7 1.915

Pelo ensaio em curto circuito e através das equações (8) a (12) obteve-se os valores de Rcc e Xcc,
referidos ao primário, de 9.9187Ω e 1.1389Ω, respetivamente. Dividindo os seus valores por n2
obtém-se os seus valores referidos ao circuito secundário, tendo-se R’’cc=2.48Ω e X’’cc=0.285Ω.

No início da atividade mediu-se o valor das resistências do enrolamento primário e do secundário


com um ohmímetro, obtendo-se R1=3Ω e R’’2=2Ω. Passando a resistência do enrolamento
secundário para o circuito primário obtêm-se R’2=n2R’’2=7.273Ω, pelo que o valor de R’cc teria de
ser R1+R’2=10.273Ω.

b) Esboços dos gráficos teóricos/comparação com os gráficos experimentais:

Ensaio em vazio:

Tendo em conta o gráfico abaixo, a função U20 =f(U10 ) é definida linearmente, sendo que o declive
de aproximadamente 0.5 se apresenta tanto no modelo teórico como no modelo experimental, tal
como podemos observar em baixo:

Gráfico 7: Tensão no secundário em função da tensão no primário, valores teóricos a laranja e valores
experimentais a azul.

´
No ensaio em vazio, a tensão aplicada no primário é igual a tensão no enrolamento primário, pois
não existe corrente a passar por Rcc e Xcc, pelo que não há queda de tensão nestes elementos. O
1 1
declive esperado para o modelo teórico é 𝑛 = 1.907 = 0.524, pois para um transformador têm-se
𝑈1 𝑈1
a seguinte relação entre a tensão no primário e a tensão no secundário: = 𝑛 ⇔ 𝑈2 = .
𝑈2 𝑛

O fato de a equação obtida através das medidas realizadas ter uma ordenada na origem deve-se a
pequenas imperfeições nos equipamentos, como os multímetros utilizados devido à sua escala
(que para tensões altas não apresentam as casas decimais, pelo que se tê apenas uma tensão
aproximada), ou também estes podem estar mal calibrados.

O gráfico que se segue, de P𝟏𝟎=f(U𝟏𝟎), é do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥, sendo neste caso o coeficiente b
causado pelas mesmas incertezas citadas anteriormente, quanto ao gráfico linear. Neste gráfico,
2 1 1 1
conforme a equação (6), temos como modelo teórico que 𝑃10 = 𝑅 𝑈10 , onde 𝑅0
= 3306,250 ≅
0
0.0003, bastante próximo da curva obtida experimentalmente.

Gráfico 8: Potência ativa no primário em função da tensão no mesmo. Valores teóricos a laranja e valores
experimentais a azul.
O gráfico de Q10=f(U10) é novamente do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥, sendo que o coeficiente b retrata,
conforme anteriormente, a incerteza experimental. Neste gráfico, temos como modelo teórico
1 2 1
𝑄10 = 𝑥 𝑈10 , onde 𝑥0
≅ 0.0008, gerando uma curva próxima da obtida experimentalmente, tal
0
como podemos observar no gráfico 3:

Gráfico 9: Potência reativa no primário em função da tensão no mesmo. Valores teóricos a laranja e valores
experimentais a azul.

Ensaio em Curto-Circuito:

Tendo em conta a corrente I2cc em função de I1cc, temos como modelo teórico I2cc= n I1cc ↔ I2cc = 2
I1cc, devido às relações de corrente num transformador, portanto é espectável que os dois gráficos
fossem retas nas quais para cada valor da corrente no secundário corresponde aproximadamente
o número de espiras multiplicado da corrente no primário, e isso justifica o declive de
aproximadamente 2 nos resultados obtidos, tal como podemos observar abaixo:

Gráfico 10: Corrente no secundário em função da corrente no primário. Valores teóricos a laranja e valores
experimentais a azul.
O gráfico P1cc=f(I1cc) é do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑥 para os valores medidos. No caso do modelo teórico,
2
P1cc = 𝑅𝑐𝑐𝐼1𝑐𝑐 , onde 𝑅𝑐𝑐 = 9.9187 Ω. O facto de isto não se verificar para os valores medidos deve-
se, além das incertezas, ao facto de que na realidade existe uma pequena corrente a passar por R0,
⋃1 2
havendo também aqui potência ativa, igual a 𝑅0
.

Gráfico 11: Potência ativa no primário em função da corrente no mesmo.

No caso da potência reativa Q1cc em função da corrente I1cc, temos como modelo teórico 𝑄1𝑐𝑐 =
2
𝑋𝑐𝑐 𝐼𝑐𝑐 , onde 𝑋𝑐𝑐 = 1,1389 . A função obtida através das medições, é também do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥2 +
𝑈2
𝑏𝑥, pois, além das incertezas, na realidade também há perdas na indutância X0, igual a 𝑋1 .
0

Gráfico 12: Potência aparente no primário em função da corrente no mesmo. Valores teóricos a laranja e
valores experimentais a azul.
7. Ensaio em carga
Esquema de Ligações:

Resistência Tensão Corrente Potência P. Reativa Tensão do Corrente do R[Ω] Queda da


de carga do do ativa do do primário secundário secundário tensão no
R[%] primári primário primário calculada U2[V] I2[V] secundário
o U1[V] I1[A] P1[W] Q1[Var] ΔU[V]
100 230 0.23 34 46 120.7 0.13 928 -5.7
90 230 0.24 36 46 120.4 0.15 803 -5.4
80 230 0.25 40 50 120.7 0.17 710 -5.7
70 230 0.26 40 50 120.9 0.2 605 -5.9
60 230 0.28 50 50 120.7 0.25 483 -5.7
50 230 0.3 55 50 120.4 0.3 401 -5.4
40 230 0.35 70 50 120.3 0.42 286 -5.3
30 230 0.46 100 50 119.4 0.65 184 -4.4
20 230 0.61 135 50 118.6 0.96 124 -3.6
15 230 0.76 170 50 118 1.26 93.7 -3
13 230 0.81 180 50 117.7 1.36 86.5 -2.7

Tendo em conta a condição de carga nominal com I2=1.36A, U2=117.7V e U1=230V; o sistema
equivalente; os valores de n, Rcc, Xcc, R0 e X0 determinados anteriormente e as equações abaixo,
obtêm-se os seguintes valores teóricos na tabela 4:

𝑈2 1 1 1 𝑈1
𝑅= 𝐼2
𝑍̅𝑒𝑞 = (𝑅0 + 𝑗𝑋0 + 𝑅𝑐𝑐+𝑗𝑋𝑐𝑐+𝑛2 𝑅)−1 𝐼̅1 = 𝑍̅𝑒𝑞 (17)

̅̅̅
𝑆1 = 𝑈1𝐼 ̅ ∗1 𝑃1 = 𝑅𝑒(𝑆̅1 ) 𝑄1 = 𝐼𝑚(𝑆̅1 )
Esboços dos gráficos teóricos e conclusões:

Gráfico 13: Corrente no secundário em função da corrente no primário. A reta representa os valores
teóricos e os pontos os valores experimentais obtidos.

Neste gráfico verifica-se que I1 e I2 são diretamente proporcionais, o que é explicado através da
relação linear entre as correntes no circuito primário e no circuito secundário dum transformador.
Pois quanto maior for a corrente I1 na entrada do circuito primário, maior será I’2 e consequente-
mente I2. O declive da função obtida através dos valores medidos é ligeiramente superior ao de-
clive teórico, o que se pode dever a incerteza e calibração dos instrumentos utilizados. A ordenada
na origem deve-se ao fato de que mesmo que a corrente I2 seja nula, continuará a haver corrente
a passar por R0, X0, pelo que I1= I0.

Também foi obtida uma relação polinomial quadrática entre a potência ativa, a potência reativa e
a corrente I1 no primário. Neste caso, temos que os valores da corrente variam para cada valor da
carga R variável. Tendo em conta o conjunto de equações 17, é possível calcular a potência apa-
rente total ̅̅̅
𝑆1,recorrendo à indutância equivalente 𝑍̅𝑒𝑞 de todos os componentes, e as potências
ativa 𝑃1 e reativa 𝑄1 em função de I1.

Gráfico 14: Potência ativa no primário em função da corrente no mesm


Gráfico 15: Potência reativa no primário em função da corrente no mesmo.

Podemos verificar que a potência reativa, 𝑄1, se mantém relativamente constante com o au-
mento da corrente, pois o valor da bobine também se mantém constante durante toda a ativi-
dade experimental.

Gráfico 16: Corrente no secundário em função da corrente no primário.

Em relação a este gráfico, observamos que à medida que o valor da carga diminui, este provoca
um aumento de ambas as correntes de uma forma linear de acordo com a seguinte expres-
são: 𝑈 = 𝑅𝐼.

A relação verificada entre as duas correntes é:

𝑛 = 2 = 𝐼2/𝐼1 ⇔ 𝐼2 = 2𝐼1
Gráfico 17: Variação da tensão do secundário em função da corrente no primário.

Tanto no modelo como nas medições observa-se que a queda de tensão no secundário diminui para maiores
valores da corrente no início do circuito primário, ou seja, à medida que aumentamos a corrente I1 a tensão
no secundário aproxima-se da nominal. Pois para maiores valores de I1 maior é a queda de tensão em R cc e
Xcc e consequentemente menor será diferença de potencial no enrolamento do primário. Como a tensão nos
dois enrolamentos estão relacionados pelo fator n, têm-se que a tensão no enrolamento secundário também
diminui.

Por fim, o rendimento deste transformador para cada valor de carga pode ser calculado pelo método das
perdas separadas, conforme equações (11) a (14).

Rendimento:

𝐼0 (A) 𝑝f𝑒𝑟𝑟𝑜 (𝑊) 𝑝𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 (𝑊) 𝑝𝑡𝑜𝑡 (𝑊) 𝑃0 (𝑊) 𝜂(%)


0,13 14 0,1925 14,1925 15,6832 52,49
0,15 14 0,2178 14,2178 18,0675 55,96
0,17 14 0,2453 14,2453 20,5190 59,02
0,2 14 0,2828 14,2828 24,2000 62,89
0,25 14 0,3602 14,3602 30,1875 67,76
0,3 14 0,4500 14,4500 36,0900 71,41
0,42 14 0,7203 14,7203 50,4504 77,41
0,65 14 1,4798 15,4798 77,7400 83,39
0,96 14 2,9595 16,9595 114,2784 87,08
1,26 14 4,9080 18,9080 148,7581 88,72
1,36 14 5,6675 19,6675 159,9904 89,05
Gráfico 18: Rendimento do transformador em função da corrente no secundário.

Analisando o gráfico acima podemos concluir que o rendimento do transformador aumenta para
maiores valores da corrente I2, tendendo a aproximar-se dum valor constante inferior a 1. Isto
porque para maiores valores da corrente I2 obtêm-se uma maior potência de saída, apesar de
U2 diminuir, e uma maior potência total consumida, pois a perdas aumentam com o quadrado
da corrente. No entanto, perto da potência total, como a perda no ferro é praticamente
constante devido a corrente I0, e a perda no cobre é relativamente pequena devido ao baixo
valor de resistência Rcc, estas perdas não aumentam tão significativamente como a potência de
saída. Por outro lado, a corrente I2 depende do valor da carga, sendo tanto maior quanto menor
for a carga. Deste modo o rendimento é inversamente proporcional à carga.

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