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1)
Autor: Julio Carlos Teixeira
Revisão: Álvaro Batista Dietrich
Sumário
A - Princípio de funcionamento de transformadores .............................................................. 1
B - Determinando os parâmetros do transformador ............................................................... 4
Parte Experimenal................................................................................................................... 6
1- Princípios: a montagem feita .......................................................................................... 6
2 - Relação de transformação e o modelo de magnetização em função da tensão ............. 7
3 - Determinação dos parâmetros para as condições nominais ........................................ 12
3.1 Ensaio em vazio ...................................................................................................... 12
3.2 Ensaio em curto-circuito......................................................................................... 12
V1 V2
dλ dφ
e= =N
dt dt
∅ ∅ . .
1
. .∅ . .
. . ∅.
2. . . . ∅
4,44 . . ∅
√2
A tensão (V) que será medida nos terminais da bobina depende da corrente que nesta
circula, pois
dλ
V = r .I +
dt
dI 1 dI
V1 = r1 .I 1 + ( Ld 1 + Lm ). = r1 .I 1 + Ld 1 . 1 + E1
dt dt
dI 2
V2 = r2 .I 2 + Ld 2 . + E2
dt
Em regime permanente senoidal:
V1 = r1 .I 1 + jX d 1 .I 1 + E1
V2 = r2 .I 2 + jX d 1 .I 2 + E 2
N1
E 2 = E1
N2
Com Ld, sendo as indutâncias de dispersão, Lm a mútua entre os enrolamentos, E as f.e.m.
produzidas pelo fluxo mútuo, r as resistências dos enrolamentos. Os índices “1” e “2” representam
o primário e secundário, respectivamente.
Estas equações podem ser representadas de forma gráfica no circuito da figura 2. Na região verde
está o modelo ideal estudado em cursos básicos de eletromagnetismo.
Figura 2: modelo típico de transformador
Deste circuito, pode-se calcular as correntes, potências etc., tanto no primário como no
secundário.
2
Para fins de modelagem de sistemas elétricos de potência em regime permanente de
trabalho, normalmente, o modelo é ainda mais simplificado: as grandezas são todas referenciadas1
a um dos lados da máquina (no caso, o transformador) e as indutâncias definem as reatâncias do
circuito na frequência de trabalho. O modelo resulta em um circuito como o da figura 3.
Iφ a = N1 / N 2
I1 Ic Im I 2' I2
E2' E 2' = aE 2 ; I 2' =
V1 Rc Xm E2 a
R2' = a 2 R2 ; X l' 2 = a 2 X l 2
Observe que a=N1/N2=E1/E2 = I2/I’2 só seria igual a V1/V2 ou I2/I1 se não houvesse
nenhum dos parâmetros reais do transformador!
Considerando o fato que o transformador é construído com material ferromagnético, não
há relação linear entre a corrente de magnetização e o seu fluxo. Desta forma, não há linearidade
entre as tensões e corrente em vazio. Se aplicarmos uma tensão senoidal no primário, a tensão do
secundário será praticamente 2senoidal, pois o fluxo será praticamente senoidal (o fluxo é a
integral da tensão E ~ V). Se o fluxo é senoidal, a densidade de fluxo “B” (fluxo por área de seção
transversal do Trafo) é também senoidal.
A partir de B, H pode ser determinado como indicado na figura 4. Lembrando que há uma
relação linear entre H e a corrente de magnetização, a curva da corrente de magnetização, quando
a tensão é senoidal, pode ser estimada graficamente.
Desta forma, para tensões senoidais de alimentação, em vazio, a corrente não é senoidal. Ao se
colocar alguma carga no secundário surge uma corrente no secundário e a corrente do primário
precisa compensar a produção do fluxo por esta corrente.
1
O sobrescrito “linha”, R2’ e X2’ , é usado para indicar a referência ao outro lado do transformador.
2
O termo “praticamente” se aplica quando a queda de tensão nas resistências e nas indutâncias de dispersão é
desprezível. Na maior parte dos transformadores, em vazio, esta queda, geralmente, é menor que 0,1% da
tensão nominal.
3
B - Determinando os parâmetros do transformador
O modelo proposto (figura abaixo) possui 6 parâmetros. Assim sendo, seriam necessárias 6
equações linearmente independentes para encontrar todos os parâmetros. Como mediremos
tensões e correntes, COM SUAS FASES, teremos, para cada equação que relaciona tensão com
corrente, a parte real e a parte imaginária. Dessa forma, só precisaríamos de 3 equações complexas
para identificar os 6 parâmetros.
Nas figuras abaixo são apresentados os modelos típicos para análise da relação entre a
corrente e a tensão do transformador. O modelo da direita é ainda mais simples que o da esquerda.
Nele se supõe que as resistências e as indutâncias de dispersão do primário são suficientemente
pequenas para não afetar o valor do fluxo mútuo.
´ ´ ´ ´
Neste curso, vamos separar X1 de X2 (muitas normas não o fazem). Para tanto, optamos por
adotar algumas hipóteses construtivas: uma associada ao projeto do transformador e outra por uma
medição direta de um dos parâmetros.
Xl1 ~ X’l2
3
Na verdade, conforme as escolhas, o sistema de equações seria não linear.
4
ABNT NBR NBR 5380
4
a2) Outras equações são obtidas simplesmente medindo-se a resistência do primário em
corrente contínua5. Também vamos medir a do secundário, para verificar o método que
segue mais adiante.
Além destas equações teremos mais quatro, resultante de mais dois ensaios:
Xm = Vvz2/Qvz
Rfe ou Rc = Vvz2/Pvz
Para encontrar estes dois parâmetros, bastam as potências medidas: a parte reativa em vazio
(Qvz), a parte ativa (Pvz) ou a potência aparente Svz, além do fator de potência em vazio).
e, portanto6, ou7
Xcc Rcc
X1+X2’=Xcc ~ Qcc / Icc2 Vcc/Icc = Zcc
5
Esta equação supõe, de forma simplificada, que esta resistência normalmente é pouco dependente da
frequência de excitação e que os fluxos dispersos no estator produzem pouca variação das perdas associadas
ao parâmetro (veja a discussão de perdas suplementares, por exemplo, no capítulo de máquinas síncronas no
livro texto)
6
Observe que temos uma equação a mais. Já temos R1 e R2! Poderíamos usá-la para verificação.
7
Vamos usar estas equações pois o wattímetro do laboratório não mede bem PCC quando alimentado com as
reduzidas tensões deste ensaio. Assim precisamos usar as resistências medidas e a relação de transformação.
5
Parte Experimenal
Conforme a teoria, observe que a=N1/N2=E1/E2 = I2/I’2 só seria igual a V1/V2 ou I2/I1 se
não houvesse nenhum dos parâmetros reais do transformador! Poderia ser semelhante, se as
perdas e energias no fluxo disperso ou no mútuo fossem desprezíveis. Como há perdas estime
qual o valor mais provável de N1/N2: V1/V2 ouI2/I1? Ou maior ou menor deles? Algum valor
intermediário? Explique o valor adotado a partir da teoria
6
2 - Relação de transformação e o modelo de magnetização em função da tensão
Material utilizado:
• 1 transformador (corpo de prova)
• 1 osciloscópio de canais isolados, uma ponta de prova de tensão e outra de corrente
• 1 variac (Para fins de segurança, ele deve ser alimentado pela rede de “127V”.)
• 4 multímetros
• 1 wattimetro alicate.
• 1 fonte cc (para medir as resistências do trafo usando a lei de ohm).
Interligue apenas duas bobinas no primário (das quatro disponíveis8) e duas no secundário de
forma a obter 110 V no primário e 220 V no secundário. Considere como primário os terminais que
estão no lado próximo ao disjuntor do equipamento e, como secundário, o outro lado.
Meça o valor das resistências do primário e do secundário, usando a lei de ohm, preenchendo a
tabela 3. Mantenha sempre a corrente num valor bem menor que o nominal da bobina para evitar
aquecimento durante a medição. Neste caso, use uma corrente na ordem de 20% da nominal.
8
A montagem fica muito confusa se forem utilizadas as quatro bobinas disponíveis de cada lado.
7
Utilize o osciloscópio de canais isolados e observe a corrente em vazio (I0) com a ponta de
prova de corrente em duas condições: tensão reduzida (0,3pu) (baixo fluxo) e tensão elevada
(1,1pu).
Anote as tensões eficazes aplicadas (V1) e as medidas (V2) e esquematize, no gráfico da terceira
coluna, a corrente observada. No gráfico, anote o valor de pico da corrente.
V1 V2
______ ______
I0pico =
_____
V~1,1 pu
V1 V2
______ ______
I0pico =
_____
Qual a relação entre as tensões experimentais V1/V2 nos dois casos. Compare a relação entre V1 e I0
nos dois casos: qual é maior? Justifique os resultados.
R:
8
Monte o circuito da figura 1.a e aplique tensão variável à entrada do transformador
utilizando um Variac. Preencha a tabela abaixo. Um dos pontos da tabela deve possuir um ponto
próximo da tensão nominal do transformador (Vnom=1 pu). Inicie as medições com tensões
inferiores a 20% e a aumente até cerca de 20% superiores ao valor nominal (de 0,2 a 1,2 pu).
Tabela 4: ensaio em vazio do Trafo
Número de espiras no wattímetro9 Nesp=_____
V1 (V) * V2 (V) * I1 (A) * Potência (W) V1/Vnom V2/V1
(V1pu) ~N2/N1
150
V2/V1
100
50
0
0 0,1 0,2
Vpu 0,3 0,4
9
O wattímetro do laboratório é feito para medir correntes elevadas. Assim, devemos usar várias espiras
(Nesp) para amplificar a potência medida de Nesp vezes. Tente usar entre 5 e 10 espiras.
9
Qual o valor mais provável para a relação V2/V1 a partir dos resultados obtidos? Justifique.
150
E2 (V)
100
50
0
0 0,1 0,2 (A)
Imagnetização 0,3 0,4
10
Trace a curva E1 x Potência (E1=V2.N1/N2). Interpole os pontos obtidos por um modelo que
represente as perdas no Ferro por uma resistência (P=E12/Rfe). Encontre o melhor valor de Rfe que
interpole razoavelmente bem os resultados obtidos. Comente o resultado.
Gráfico 3: curva de perdas em vazio do Trafo.
200
150
Perdas no Ferro (W)
100
50
0
0 0,1 E0,2 0,3 0,4
1(V)
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3 - Determinação dos parâmetros para as condições nominais
Recupere (ou calcule) as informações para a tensão nominal do ensaio já realizado (tabelas 3 e 4)
Vvz (~a tensão nominal) V
Ivz A
Pvz W
Qvz Var
N1/N2
R1medido Ω
R2medido Ω
Calcule as reatâncias e resistências equivalentes (Xm e Rfe) a partir das potências medidas. Aproveite
e calcule Rcc.
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Faça o gráfico de I1/I2 em função de I1pu
200
150
I1/I2
100
50
0
0 0,1 0,2
Ipu 0,3 0,4
Comente: qual a relação N1/N2 é mais provável (já medimos V1/V2 e I2/I1)?
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Calcule os parâmetros e desenhe o circuito equivalente do transformador, com seus valores.
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