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Guia de Aulas Práticas de Eletrônica

Analógica e Digital

AULA PRÁTICA 05

CIRCUITOS A DIODOS

1. OBJETIVOS: Estudar diversas aplicações para os diodos

2. PRÉ-REQUISITOS: Capítulo 2 do livro texto.

3. RESUMO TEÓRICO:

O diodo, apesar de ser o dispositivo semicondutor mais elementar, é largamente


empregado nos mais diversos circuitos eletrônicos. Nesta aula prática serão estudadas
várias aplicações para o diodo em circuitos retificadores, dobradores de tensão, circuitos
lógicos, sensor de temperatura, etc.

3.1. CIRCUITOS RETIFICADORES

A aplicação básica de um diodo é na conversão c.a-c.c. A figura 1 apresenta o


circuito de um retificador de meia onda. Para a análise deste circuito podemos geralmente
considerar o modelo do diodo ideal. No semiciclo positivo da tensão de entrada, o diodo
está polarizado diretamente e a tensão de saída Vo(t) é portanto igual à tensão de entrada
V2(t). No semiciclo negativo do sinal V2 o diodo está polarizado reversamente e
consequentemente a corrente e tensão na carga são nulas.

V2

Figura 1 – Circuito retificador de meia onda

A especificação de um circuito retificador consiste basicamente na tensão média


de saída desejada e corrente média máxima de saída.

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Para o aluno:

Se V2(t) = Vmsen(wt), calcule a expressão para a tensão média na saída do


retificador.

A partir desta expressão determina-se então a tensão eficaz do secundário do


transformador e a potência do transformador. O diodo é escolhido a partir da corrente
média máxima no diodo e tensão reversa máxima no diodo. O circuito da figura 1 é o
retificador mais elementar, utilizado em baixas potências.

A figura 2 apresenta o circuito de 2 retificadores de onda completa. O circuito


com dois diodos é denominado circuito retificador de onda completa com tap central. No
semiciclo positivo da tensão de entrada o diodo D1 conduz e a tensão aplicada à carga é
igual a V2. No semiciclo negativo o diodo D2 conduz aplicando à carga –V2(t). A tensão
resultante na carga é mostrada na figura 2. O retificador com 4 diodos é denominado
retificador em ponte. No semiciclo positivo de V2(t) D1 e D4 conduzem e no semiciclo
negativo D2 e D3. É facil verificar que o valor médio da tensão na carga é o dobro da
tensão média do retificador de meia onda. A principal diferença no projeto dos dois
retificadores é a tensão reversa que cada diodo deve suportar. Observe que no retificador
com tap-central a tensão nos terminais do diodo que não está conduzindo é igual a 2V2.

V2

V2

V2

V2

Figura 2 – Circuitos retificadores de onda completa

Normalmente é necessário filtrar a tensão de saída dos circuitos retificadores


colocando-se um capacitor em paralelo com a carga, como mostra a figura 3 para o

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retificador em ponte. Neste caso, o capacitor é recarregado a cada semiciclo através dos
diodos até o valor máximo da tensão de entrada. Quando a tensão de entrada fica menor
que a tensão no capacitor, os diodos permanecem polarizados reversamente. Neste
intervalo o capacitor fornece corrente à carga. Normalmente são necessários valores
elevados de capacitâncias para obter-se uma pequena ondulação de tensão (ripple) na
carga. Por esta razão são geralmente utilizados capacitores eletrolíticos nestes circuitos. A
figura 4 mostra um circuito retificador com filtro a capacitor onde obtém-se tensões
simétricas com relação ao tap central do transformador. Observe que o capacitor C1 é
carregado através dos diodos D1 ou D2 formando um retificador de onda completa com
tap central. Este retificador é constituido portanto pela associação de dois retificadores
deste tipo.

V2

Figura 3 – Retificador de onda completa com filtro a capacitor

V2

Figura 4 – Retificador de onda completa com filtro a capacitor fornecendo tensões


simétricas

O projeto do filtro consiste basicamente na escolha dos capacitores em função da tensão


máxima em seus terminais e do valor da capacitância em função da ondulação de tensão
máxima especificada para a saída. A expressão para a amplitude da ondulação de tensão
nos retificadores de onda completa é:

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I CC
Vr = (1)
2 fC

onde ICC é o valor médio da corrente na carga, f a frequência da tensão V2 e C o


capacitância de filtragem.

3.2 – Circuito Grampeador de tensão

O circuito da figura 5 é denominado circuito grampeador. No semiciclo negativo


da tensão Vs o diodo D1 conduz, carregando o capacitor com o valor de pico da tensão de
alimentação. Se a carga do circuito é pequena, o capacitor permanece carregado com este
valor de tensão. A tensão Vo será portanto a tensão Vs em série
com a tensão Vm do capacitor. A tensão de saída é mostrada na figura 5.

Figura 5 – Circuito Grampeador

3.3 - Circuitos Multiplicadores de Tensão

O circuito da figura 6 é um dobrador de tensão. No semiciclo negativo da tensão


Vs(t), o diodo D1 conduz carregando o capacitor C1. O diodo D2 está polarizado
reversamente neste intervalo. O capacitor C1 é carregado com o valor máximo da tensão
de alimentação. No semiciclo positivo o diodo D2 é polarizado diretamente e o capacitor
C2 é então carregado pela associação em série do capacitor C1 e Vs(t). C2 carrega-se
portanto com o dobro da tensão de alimentação.

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Figura 6 – Circuito dobrador de tensão

O circuito da figura 6 pode ser generalizado para um circuito multiplicador como mostra
a figura 7. Explique o funcionamento deste circuito.

Vm 3Vm

2Vm 4Vm

Figura 7 – Circuito multiplicador

3.4 – Circuitos Lógicos

Circuitos a diodos podem ser utilizados para efetuar funções lógicas. Por exemplo,
no circuito da figura 8, se as tensões V1, V2 e V3 são positivas e diferentes, a tensão de
saída Vo será igual a maior entre as três tensões de entrada.

Figura 8 – Circuito lógico “OU”

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V1 V2 V3 VO
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 1
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1

Tabela I – Tabela verdade da função lógica “OU” de 3 entradas

Considere agora que cada uma das tensões V1 V2 e V3 possa assumir apenas dois
valores distintos. Por exemplo, 0 e 5V. Denominaremos estas duas tensões de níveis
lógicos 0 e 1 respectivamente. Existem, neste caso, oito combinações possíveis para as
entradas na figura 8. Estas possibilidades estão resumidas na tabela 1 (denominada tabela
verdade). Observa-se pela figura 8 que se pelo menos uma das tensões de entrada é igual
a 5V (nível lógico 1) a saída também é igual a 5V. Esta função lógica é chamada de
“OU”. Funções lógicas binárias, ou seja, onde as variáveis lógicas só podem assumir dois
valores distintos, são utilizadas em circuitos eletrônicos para tomada de decisão e estão
no princípio de operação dos computadores.

3.5 – Circuitos Grampeadores

O circuito da figura 9 é um exemplo de circuito grampeador. No semiciclo


positivo da tensão de entrada, a tensão de saída será igual Vs até o instante em que Vs =
V1. Neste instante, o diodo D1 conduz e a tensão de saída permanence igual a V1
enquanto Vs for maior que V1. No semiciclo negativo D2 passa a conduzir para valores de
Vs abaixo de –V2 e a tensão de saída fica grampeada neste valor. A figura 9 mostra a
forma de onda da tensão de saida com V1 = 7V e V2 = 2V.

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Figura 9 – Circuito grampeador

Os circuitos grampeadores muitas vezes utilizam a tensão direta dos diodos, diodos zener
ou divisores de tensão resistivos para obter as tensões de comparação ao invés das fontes
V1 e V2 empregadas na figura 9. Na figura 10 por exemplo a tensão de saída estará
limitada a +/- Vz.

Figura 10 – Circuito grampeador a diodo zener

4 - PARTE PRÁTICA

1 - Construa experimentalmente a tabela verdade para o circuito lógico abaixo.

Esta função lógica é denominada “E” (AND).

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2 – Monte um circuito retificador de onda completa com tap central para obter uma
tensão média de saída de aproximadamente 12V utilizando o transformador de
127V/(14+14)V disponível na bancada. Ulilize como carga um resistor de 1KΩ. Meça a
tensão média de saída e a tensão reversa nos diodos.

3 – Monte um circuito grampeador. Utilize como tensão de entrada o secundário de 14V


do transformador. Verifique o funcionamento do circuito.

4 – Monte um circuito dobrador de tensão. Utilize como tensão de entrada o secundário


de 14V do transformador. Verifique o funcionamento do circuito.

5 – O circuito em ponte mostrado abaixo é utilizado para medição de temperatura.

A corrente no diodo é praticamente constante. As variações da tensão direta do diodo


(Vγ) com a temperatura serão lidas com um voltímetro. Equilibre a ponte (leitura zero no
voltímetro) para uma temperatura de zero graus. Utilize um cubo de gelo para obter esta
referência de temperatura. Meça em seguida a temperatura do corpo humano utilizando o
diodo como sensor.

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