Você está na página 1de 38

ACÚSTICA E TECNOLOGIA MUSICAL

ANSELMO GUERRA
guerra.anselmo@gmail.com

BIBLIOGRAFIA

DEUTSCH, D. The Psychology of Music. Mass.: Academic Press, 1982.

HELMHOLTZ, Hermann. On the Sensations of Tone, NY: Dover Publ., 1954.

HENRIQUE, Luis. Acústica Musical. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 2006.

OLSON, Harry. Music, Phisics and engineering, NY: Dover Publ., 1967

ROEDERER, Juan. Introdução `a Física e Psicofísica da Música, SP: EdUSP,


1998.

ROSSING, Thomas. The Science of sound, Univ. Illinois: Ed. Addison-


Wesley,1990.
introdução

1. conceitos básicos
2. sistemas vibrantes
3. ondas
4. psicoacústica

1. conceitos básicos
1.1 movimento: definido pela distância (d) em relação a um ponto de referência,
sua velocidade (v) e aceleração (a) em relação ao tempo (t).

1.2 velocidade: ∆d/∆t

1.3 aceleração: ∆v/∆t

1.4 força (F): F=m.a (lei de Newton)

Força da gravidade = peso: P = m.g (N)


(m = massa (Kg))

1.5 pressão (P): força dividida pela área em que é distribuída P = F/A (N/m2)

Ondas sonoras = pequenas e rápidas variações de pressão


Conceitos básicos: … trabalho, energia e potência

1.6 trabalho (ζ): ζ = Fd (Joules = N.m)


ζ = mgh (h = distância) : queda livre

1.7 energia: aparece em diferentes formas: mecânica, elétrica, térmica, química...


No estudo da Acústica nos concentremos na energia mecânica

Energia = potencial para um trabalho

Energia cinética (Ec) = movimento: Ec = mv2/2

Energia potencial (Ep) = energia armazenada: Ep = mgh

1.8 potência = trabalho relacionado ao tempo: P=ζ/t (Joules)

2. sistemas vibrantes
2.1 Movimento Harmônico
Simples
Em um sistema elástico, quando a
força de restauração é proporcional ao
deslocamento, o movimento é
chamado de Movimento Harmônico
Simples (MHS)

frequência:
f=
1
2π  K
m

m = massa
K = constante elástica = mg/l (corda)
energia cinética x energia potencial

1
Frequência f=
T

T = período da vibração
f = Hertz = ciclos por segundo

f=
1
2π  K
m

quando v é máxima, y = 0
quando v = 0, y é máxima
então, a energia mecânica total é
constantemente transformada
entre Energia Cinética e Energia
Potencial
2.2 damping

Damping é a perda de energia


mecânica devido ao atrito

O contorno produzido pela variação da


amplitude no tempo chama-se
● Envoltória (em português)
ou
● Envelope (em inglês)

2.3 sistemas vibrantes simples - pêndulo

quando x << l
massa da corda << m

f=
1
2π  g
l

m = massa
l = comprimento da corda
g = aceleração da gravidade
2.3 sistemas vibrantes simples - coluna de ar

um pistão de massa m, com


movimento livre em um cilindro de área
A e comprimento l, vibra tal qual o
modelo da mola.
A constante elástica do ar no cilindro é
determinada por sua compressibilidade

f=

1 γPA
2π ml

P = pressão do gás (ar)


m = massa do pistão

γ = constante do gás (γar = 1,4)

2.3 sistemas vibrantes simples - Ressonadores de Helmholtz


Criados por Hermann von Helmholtz (1821-
1894) para análise de sons musicais.
A massa de ar no gargalo serve de “pistão” e o
ar no volume V como “mola”. A frequência de
vibração é:

f=

1 a
2π Vl

a = área do gargalo
l = comprimento do gargalo
V = volume do ressonador
v = velocidade do som = 344 m/s
Os ressonadores tem forma e tamanhos
variados. Curiosamente, quanto menor a área A,
mas grave é a frequência!
2.4 vibração em sistemas com duas ou mais massas

Os sistemas vibrantes simples, apresentados no item anterior tem uma coisa em comum:
uma coordenada simples é suficiente para descrever seu movimento, ou seja, um grau de
liberdade.
Sistemas que possuem dois ou mais modos de vibração geralmente terão diferentes
vibrações.

2.5 sistemas com muitos modos de vibração

No caso dos sistemas vibrantes


de mola&massa, cada nova
massa adicionada nesse novo
modo de vibração transversal, o
sistema de N massas terá N
modos de vibração longitudinal e
transversal.
Quanto mais o número de
massas aumenta, mais o sistema
adquire a forma de onda. De fato,
a corda de um instrumento pode
ser imaginado como um sistema
mola&massa com um N muito
grande.
2.6 vibração em instrumentos musicais

Todo som musical é gerado por algum tipo de vibração, seja a corda de um violino, a
coluna de ar do trompete.
Geralmente um sistema de vibração consiste em 2 ou mais vibrações que trabalham
juntas, como por exemplo:
- a palheta e a coluna de ar da clarineta;
- as cordas e a tábua de ressonância do piano;
- as cordas e o corpo do violão...

2.6 vibração em instrumentos musicais – cordas vibrantes

Uma corda vibrante pode ser


imaginada como o limite do
sistema mola&massa, quando o
número de massas se torna
grande.
A corda possui massa e o efeito
mola vem de sua elasticidade.
Então obtém-se vários modos de
vibração e suas frequências
tendem a ser múltiplas da
frequência mais grave, ou
fundamental.
Quando as frequências mais
altas são múltiplos da
fundamental, nós a chamamos
harmônicos.
2.6 vibração em instrumentos musicais – membranas vibrantes

As membranas são feitas de couro ou plástico, esticadas por algum tipo de


moldura. Podem ser imaginadas como uma corda de duas dimensões onde a
força de restauração é devida à tensão aplicada em sua borda.
A membrana, como a corda, pode ser afinada mudando-se a tensão. Estas, sendo
bidimensionais, podem vibrar de vários modos que não são normalmente
harmônicos.

2.6 vibração em instrumentos musicais – membranas vibrantes


2.6 vibração em instrumentos musicais – barras vibrantes

Muitos instrumentos de percussão a usam como fonte sonora. A rigidez da barra


provê a força de restauração quando é tocada. Assim, as extremidades podem ser
soltas como nas marimbas e xilofones, ou pinçadas como o carrilhão.
Assim, os modos de vibração de uma barra uniforme com extremidades livres como
o glockenspiel possui razões 1: 2,76 : 5,4 : 8,93... que são bem diferentes da série
harmônica.

2.6 vibração em instrumentos musicais – barras vibrantes


2.6 vibração em instrumentos musicais – pratos vibrantes

Tal qual as barras vibrantes,


dependem da própria rigidez para a
força de restauração. Podemos
imaginá-las como as barras em duas
dimensões.
Os pratos possuem diversos modos de
vibração complexo.

2.6 vibração em instrumentos musicais – pratos vibrantes


2.6 vibração em instrumentos musicais – diapasão de garfo

O diapasão de garfo é a combinação


de duas barras vibrando em direções
opostas.
Funcionando como barras pinçadas,
podem manter a frequência por muito
tempo.
Podemos aumentar a frequência
diminuindo o comprimento da
extremidade do braço, assim como
diminuir a frequência retirando material
perto da base dos prolongamentos, o
que reduz a rigidez.

2.6 vibração em instrumentos musicais – tubos de ar

O comportamento vibracional da
coluna de ar tal qual achamos no
órgão de tubo ou no interior da flauta
ou do trompete, pode ser
compreendido pelo efeito “mola” do ar,
tal qual exemplificado no item 2.3.
2.7 espectro de vibrações

Espectro de vibrações é a
representação gráfica dos vários
modos de vibração descrevendo o
comportamento das amplitudes e
frequências de cada modo.
A análise espectral também é
chamada de análise de Fourier, em
homenagem ao matemático Joseph
Fourier, considerado o pioneiro no
método matemático de decompor
ondar complexas como soma de
componentes simples.

2.8 parciais, harmônicos e tons secundários

harmônicos: modos de vibração que são múltiplos inteiros do modo fundamental.


Consideramos também os números bem próximos do inteiro, por exemplo: 2,005.

tons secundários: vibrações associadas à fundamental que não são


necessariamente números inteiros.
exemplo: nas cordas o 2o. harmônico = 1o. tom secundário.

parciais: todos os componentes = fundamental + todos os tons secundários,


harmônicos ou não.

parciais superiores = exclui fundamental = tons secundários.


3. ondas
A natureza é repleto de exemplos de fenômenos ondulatórios – ondas sonoras,
ondas luminosas, ondas de calor, ondas de rádio, raio-x... Praticamente todos os
tipos de comunicação dependem de ondas de algum tipo.
Embora tenhamos nesses exemplos citados tipos muito diferentes de ondas, todas
elas possuem propriedades em comum.

3.1 propriedades
Uma das primeiras propriedades descobertas é que as ondas podem transportar
energia e informação de um lugar a outro através de um meio, mas o meio em si
não é transportado. Um distúrbio, ou a mudança de uma quantidade física é
passada ponto a ponto ao longo da propagação da onda.
Todo tipo de onda pode ter reflexão, refração e difração.
Todas as ondas tem energia e transportam energia de um ponto a outro.
Ondas de diferentes tipos propagam em uma grande gama de velocidades: Luz
(300.000.000 m/s), Som (344 m/s), Onda marítima (1 m/s). Alguns tipos de onda,
como a Luz e ondas de rádio, podem propagar no vácuo a milhões de km. Outros,
como o Som, precisa de um meio material: gás, líquido ou sólido.

3.2 ondas progressivas

Na corda, a velocidade de propagação


é determinada pela massa e pela
tensão.
3.2 ondas progressivas – propagação longitudinal e transversal

Em geral, nos
gases e líquidos
as ondas se
propagam de
forma longitudinal.

3.3 reflexão

Qual é o comportamento da onda ao


atingir o final da corda?
Extremidade presa Extremidade solta
3.4 superposição e interferência

Princípio da superposição linear: ondas viajando em direções opostas se encontram,


combinam-se e seguem na forma original.
(a) interferência construtiva: pulsos similares
(b) interferência destrutiva: pulsos opostos

3.4 superposição e interferência


3.5 ondas sonoras

São ondas longitudinais que se


propagam em meio sólido, líquido ou
gasoso. Velocidades:
● Ar = 331 m/s (0 graus C)

● Ar = 343 m/s (20 graus C)

● Hélio: 970 m/s

● Dióxido de carbono = 258 m/s

● Água = 1410 m/s

● Álcool = 1130 m/s

● Aço = 5100 m/s v=  γRT / M


● Latão = 3480 m/s

● Chumbo = 1210 m/s

● Vidro = 3700a 5000 m/s

T = temperatura absoluta = Kelvin (oC + 273)

M = peso molecular do gás, γ e R são constantes do gás.

3.6 propagação em duas e três dimensões

2D: exemplo – ondas na superfície da água


3D: exemplo – ondas sonoras

A propagação se adapta à foram do


meio emissor:
(a) fonte pontual – propagação esférica
(b) fonte sonora em forma de coluna –
propagação cilíndrica.
3.7 efeito doppler Quando o observador ou
fonte estão em movimento, a
frequência que alcança o
observador é diferente da
frequência da fonte:
● Se afastando = freq diminue
● Se aproxima = freq aumenta
(a) observador se move
f´ = fs (v +vo)/v
(b) fonte se move
f´ = fs.v/(v -vs)

f`= freq aparente


fs = freq da fonte
Vf = velocidade da fonte
Vo = velocid. do observador
v = velocidade do som

3.8 reflexão

A reflexão sonora é
similar à luz no
espelho – se
comporta como um
ponto virtual (s´)
simétrico à fonte real
(s)
3.9 refração
(a) a refração é o
fenômeno onde se varia
a velocidade das ondas,
produzindo mudança na
direção de propagação.
(b) quando é cedo e a
temperatura é baixa, o
som é projetado para o
alto. Lá, a temp é maior,
portanto, a velocidade
do som é maior – a
refração projeta o som
para baixo, permitindo
atingir longas distâncias.
(c). contra o vento, não é
este que desvia o som. A
velocidade do vento é
menor no nível do solo.
Como a velocidade do
som é constante, a
velocidade resultante
muda com a altitude.
3.10 difração

Quando as ondas encontram um obstáculo, elas tendem a rodear este obstáculo.

Para frequências altas –


a difração é mínima
Para frequências baixas
– a difração é maior
3.11 interferência

Existem ondas estacionárias em uma sala por interferência entre ondas refletidas na
paredes, teto e outras superfícies.
Essas interferências podem ser construtivas ou destrutivas.
4. psicoacústica

A Psicoacústica é a ciência que lida com a percepção do som. Este


campo interdisciplinar envolve as disciplinas acadêmicas de física,
biologia, psicologia, música, audiologia, e engenharia.

Audibilidade, altura, timbre e duração são quatro atributos usados para


descrever o som, especialmente os sons musicais. Estes atributos
dependem de um modo mais complexo de quantidades mesuráveis
tais como pressão sonora, freqüência, espectro de parciais, duração e
envoltória. A relação entre os atributos subjetivos do som e as
medidas físicas é o problema central da psicoacústica.

4.1 o sistema auditivo

O sistema auditivo humano é uma estrutura complexa. Não só responde


a uma grande faixa de estímulos, mas também identifica precisamente a
altura e o timbre dos sons e até a direção da fonte. Muito da função
auditiva é realizada pelo órgão que chamamos ouvido, mas as
pesquisas recentes e enfatizam o quanto a audição depende dos dados
processados no sistema nervoso central.
A extensão do estímulo de pressão que o ouvido responde representa uma variação de
mais de um milhão de vezes. A energia contida num som extremamente alto é
aproximadamente 1012 vezes maior que um som suave. Para algumas freqüências, as
vibrações do tímpano podem ser tão pequenas quanto 10 -8 mm, cerca de um décimo
do diâmetro de um átomo de hidrogênio. É estimado que as vibrações da fina
membrana do ouvido interno transmite esses estímulos ao nervo auditivo é
aproximadamente 100 vezes menor em amplitude.

A extensão de freqüência da audição varia enormemente entre os indivíduos; uma


pessoa que consegue ouvir a extensão audível inteira de 20-20.000 Hz é incomum. O
ouvido é relativamente insensível a sons de baixa freqüência; por exemplo, sua
sensibilidade a 100 Hz é aproximadamente 1000 vezes menor que sua sensibilidade a
1000 Hz. A sensibilidade para sons de alta frequência é maior na infância e decresce
gradualmente ao longo da vida, tanto que um adulto pode ter dificuldades de ouvir sons
acima de 10.000 ou 12.000 Hz.

Outra qualidade notável do sistema auditivo que a sua seletividade. Dos sons
misturados de uma orquestra sinfônica, o ouvinte pode selecionar o som de um
instrumento solo. Em uma sala cheia de pessoas falando ruidosamente, é possível
selecionar uma fala específica. Mesmo durante o sono o ouvido condicionado da mãe
pode responder ao choro de seu filho. Nós podemos nos treinar para dormir com o
barulho de tráfego, mas podemos despertar com um alarme de relógio ou um ruido
incomum.

Estrutura do ouvido

O ouvido externo é composto pelo pavilhão


(orelha) e o conduto para dentro do osso
temporal, o meato acústico externo,
terminando no tímpano. O pavilhão ajuda, em
certo limite, na recepção do som e contribui
para nossa habilidade de determinar a
direção e origem dos sons de alta freqüência.
O meato acústico externo age como um tubo
ressonador que amplia a sensitividade da
audição na faixa de 2000 a 5000Hz.

O ouvido médio começa pelo tímpano, no


qual são fixados 3 pequenos ossos
(ossículos): martelo, bigorna e estribo. O
tímpano é constituído de fibras circulares e
radiais, e é mantido esticado pelo músculo
tensor do tímpano. O tímpano transforma as
variações de pressão em vibrações
mecânicas que são transmitidas via ossículos
para o ouvido interno.
ouvido médio

Os ossículos desempenham uma função


importante no processo da audição. O
conjunto atua como uma alavanca, que
muda uma pequena pressão aplicada por
uma onda sonora para uma pressão maior
- até 30 vezes mais - na janela oval do
ouvido interno.

Outra função dos ossículos é proteger o ouvido interno de ruídos intensos e mudanças
repentinas de pressão: são ativados dois conjuntos de músculos; um comprime o
tímpano e o outro empurra o estribo afastando da janela oval do ouvido interno. Esta
resposta a sons intensos é chamado de reflexo acústico.

Sendo que o tímpano produz um escudo de ar comprimido entre o ouvido médio e as


partes externas, é necessário prover um meio de equalização de pressão. A trompa
de Eustáquio é esse sistema de segurança que conecta o ouvido médio com a
cavidade oral. Se a trompa de Eustáquio demora para abrir, podemos ouvir um estalo
nos ouvidos quando a pressão externa muda, por exemplo, durante uma mudança
rápida de altitude. É notável que todas essas funções ocupam um espaço aproximado
de 1 cm cúbico.

O fantástico complexo do ouvido interno contém o canal semicircular e a cóclea. O


canal semicircular pouco ou nada contribui para a audição; eles são os detectores da
posição horizontal-vertical de nosso corpo necessário para nosso equilíbrio. A cóclea
espiral é uma obra-prima de miniaturização que contém todo o mecanismo de
transformação das variações de pressão nos impulsos neurais apropriados.
ouvido interno

A cóclea é preenchida com líquido e envolvida por canais ósseos. Existem dois tipos de
líquidos: a perilinfa ocupa os canais ósseos e a endolinfa preenche o labirinto
membranoso. Os líquidos são separados por duas membranas: a membrana de
Reissner e a membrana basilar.

membrana basilar

Sobre a membrana basilar está uma massa gelatinosa chamada órgão de Corti, ou
órgão espiral, um órgão delicado e complexo com aproximadamente 3 cm, que é o
‘alicerce' da audição.
membrana basilar

O órgão de Corti possui várias fileiras de pequenas células capilares ligadas a fibras
nervosas. Uma fileira simples de células capilares internas contém cerca de 7000
células, enquanto aproximadamente 24000 células capilares externas aparecem em
várias colunas. Cada célula capilar possui muitos cílios que são curvados quando a
membrana basilar responde ao som. O curvamento do cílio estimula a célula capilar, a
qual excita os neurônios do nervo auditivo. Quando o estribo vibra contra a janela oval,
ondas de pressão hidráulica são transmitidas abaixo do vestíbulo, induzindo ondulações
na membrana basilar.

Disposição de amplitudes de frequências em função da distância


na membrana basilar

Sons agudos criam amplitudes maiores na região próxima à janela oval, onde a
membrana basilar é estreita e rija. Por outro lado, sons graves criam ondulações de maior
amplitude no final, onde a membrana é afrouxada.
análise de freqüência no ouvido

Então a análise de freqüência inicial toma lugar na cóclea, lembrando que muito do
senso de altura é determinado no sistema nervoso central, onde os dados do nervo
auditivo são processados.
Banda crítica

Quando duas freq. puras estão muito próximas, suas envoltórias na membrana basilar
(MB) se sobrepõem, dizemos que elas estão na mesma Banda Crítica.

Banda Crítica é um conceito importante para entendermos:


- nível de audibilidade
- altura
- timbre
- consonâncias e dissonâncias

Cada Banda Crítica pode ser compreendida como uma unidade de coleta de dados na
membrana basilar. Cerca de 24 BC dividem a extensão das freq. audíveis, o que
corresponde a regiões de aproximadamente 1,33mm com 1.300 neurônios.

Banda crítica

A largura da BC varia conforme a freq. central. Ela tem um valor quase constante até
500Hz. Depois desse valor a largura torna-se relativamente proporcional ao aumento da
freq.
Para grande parte da extensão audível, as BCs tem quase 1/3 da oitava em sua extensão,
ou seja, uma 3a. Maior. Na região grave, as BCs são maiores que a 3a.M.
Audição Binaural e Localização

"A natureza nos deu dois ouvidos e apenas uma língua, portanto devemos ouvir duas
vezes mais do que falamos" (Zeno - filósofo grego)

Apesar de que em certo grau é possível a localização com audição monaural, atribuimos
o senso de localização à binaural. Os sons mais graves são mais difíceis de localizar.
Principais teorias:

(1876) O som vindo de um lado da cabeça produz intensidade maior do que no outro
lado (efeito de Sombra Sonora). Nas freq. graves, o comprimento de onda longo tem
difração em torno da cabeça.

1.000 Hz * 8dB
10.000Hz * 30dB

(1907) O som chega em tempos diferentes em cada ouvido, estando levemente fora de
fase.

Localização de fonte sonora


Corolário do Efeito Precedente: se um som similar a um som original chega até
35ms depois, a direção aparente de som é a direção do 1o. som - a audição
assume automaticamente que o 2o. som é uma reflexão.

Medindo sensações

A percepção envolve não só a recepção de informações pelo órgão sensorial, mas


também a codificação a transmissão e o processamento dessa informação no sistema
nervoso central. O estudo das relações entre o estímulo e as sensações subjetivas foi
denominada de psicofísica pelo pioneiro perquisador G. T. Fechner (Elements of
Psichophysics, 1860).

Muitos conceitos importantes foram desenvolvidos, principalmente o que foi denominado


Lei de Fechner, que diz: quando um estímulo se aumenta por multiplicação, a sensação
se aumenta por adição. Por exemplo, quando a intensidade sonora é dobrada, sua
audibilidade aumenta um degrau na escala. As oitavas musicas se relacionam em razão
matemática de 2:1, ou seja, uma seqüência de 1, 2, 3, 4 oitavas se expressa por
freqüências multiplicadas por 2, 4, 8, 16.
Escala linear e escala logaritmica

Matemáticos chamam tal relação de logaritmica. A Lei de Fechner estabelece que a


sensação cresce na proporção do logaritmo do estímulo.

É incoveniente escrever números extremamente grandes ou extremamente pequenos,


como 1.530.000.000 e 0,000087. Nesses casos podemos melhor se representamos os
mesmos por 1,53 . 109 e 8,7 . 10-5

Potências de 10:
1.000 = 103
100 = 102
10 = 101
1 = 100
0,1 = 10-1
0,01 = 10-2
...

Na multiplicação - somam-se os expoentes

Logarítmo na base 10
- se x = 10y então y = logx

log AB = log A + log B


log A/B = logA - log B
log An = nlogA
As freqüências são representadas usualmente em escala logaritmica. Então, por exemplo,
a distância entre 100 e 200 Hz é a mesma entre 1000 e 2000 Hz, assim como seriam se
fossem intervalos tocados em um teclado de piano – intervalos de 8a.Justa.
Atributos subjetivos do som
Para descrever determinado som usualmente usamos 4 atributos subjetivos:
audibilidade, altura, timbre e duração
Cada um depende de um ou mais parâmetros físicos que podem ser medidos.

QUALIDADES SUBJETIVAS: Audibilidade altura timbre duração


PARAMETROS FISICOS

Pressão +++ + + +

Freqüência + +++ ++ +

Espectro + + +++ +

Duração + + + +++

Envoltória + + ++ +

+ = fracamente dependente
++ = moderadamente dependente
+++ = altamente dependente
curvas de igual audibilidade de Fletcher e Munson

Você também pode gostar