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1 Furos

A furação de peças é uma atividade bastante importante no projeto de pro-


duto. Os furos são detalhes geométricos com funções especı́ficas dentro de um
produto. Uma destas funções é criar o interelacionamento entre peças na con-
cepção de produtos e bastante usada como referência entre elas em operações
de montagens. Ele também aparece como um elemento importante no pro-
cesso de manufatura quando presente nas peças que serão fabricadas. Por
isso, que muito do detalhamento de peças é feito através da “feature” furo.
Ele é um elemento essencial no projeto e tem várias funções e finalidades,
tais como:

• serve para fixação de peças;

• é um elemento de alocação de outros elementos;

• serve de passagem para fios e canalizações;

• pode ser usado como elemento de refrigeração;

• pode ser criado para diminuir peso;

• e outras aplicações.

Os sistemas CAE/CAD/CAM oferecem uma ferramenta especı́fica para


criação de furações, dado a importância desta“feature” no projeto e manu-
fatura. Como já foi visto anteriormente, na introdução ao modelamento de
peças, furos podem ser criado por um operador extrusão. Toda vez que num
perfil parametrizado aparece uma forma circular interna, o sistema interpreta
com uma região de remoção de material, ao ser usado o operador de extrusão
ou revolução e assim define um furo ou um canal de secção circular, no caso
de revolução. É importante observar que furos criados com o operador ex-
trusão não são adequados quando se deseja reusar informação informações
de furos em outras aplicações relacionada ao uso e fabricação da peça.
Desta forma, todo sistema CAE/CAD/CAM disponibiliza uma ferra-
menta personalizada para criação da “feature” furo. Como já foi dito toda
“feature” precisa ser referenciada em relação ao sistema de coordenadas da
origem da peça. Assim, além de propriedades intrı́secas ao detalhe furo será
preciso estabelecer referências geométricas para sua criação. Estas referências
pode ser classificadas em:

• um plano de referência ou mesmo uma face plana da peça;

• referências de posicionamento do furo no plano de referência.

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É bom lembrar que este é um operador que só estará disponı́vel, se alguma
forma básica, uma forma sólida, já tiver sido criada.
De uma forma geral, os sistemas CAE/CAD/CAM habilitam dois métodos
para criar furos, definindo desta forma também os tipos de furos: furos
retos simples ou padrozinada e furos perfilados. A maioria de sistemas
CAE/CAD/CAM já vem com tabelas de furações padronizadas, já que nor-
malmente a definição de furações devem seguir algum tipo de norma. A
furação reta consiste na extração de material na forma cilindrica e perpendi-
cular ao plano de alocação do furo. Já a furação baseada em perfil parame-
trizado (“sketched”), o perfil vai definir como deverá ser a forma do furo ao
longo da profundidade do furo. A furação padronizada é definida a partir de
uma tabela de parafusos, definida por normas técnicas.
O operador de criação de furos espera um conjunto de referências geométricas,
para que a “feature” furo seja bem definida. Para isso, é preciso escolher o
lugar (face ou plano), onde a entidade furo será criada, e posicioná-lo ade-
quadamente nesta face. Este posicionamento define o tipo de sistema de
coordenadas local da “feature” em relação ao sistema de coordenadas de mo-
delamento. Geralmente existe várias formas de apontadar referências para
posicionar o furo.
Similarmente aos operadores descrito anteriormente o ambiente de criação
de furos tem o seus elementos captura de informação geométrica, dados e
referências mostrados na Figura 1.

Figura 1: Ambiente de definição da “feature” furo.

O ambiente de criação de furos é composto pelos seguintes componentes:

• as abas:

– de posicionamento do furo na peça(“placement”);


– de definição de formas (“shape”);

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– de anotações de furos e
– de propriedades.

• ambiente de coleta de informação:

– tipo de furo;
– diãmetro e
– profunidade.

Para cada combinações de escolha, opções adicionais aparecerão para definir


propriedades do furo, configurando as mais variadas formas de dinição desta
“feature” no projeto e manufatura de produtos.
O posicionamento do furo é definido através da aba “placement”. Ali, é
definido como o furo que deve ser alocado no modelo sólido. Duas opções
estão disponı́veis: uma referência primária, indicando o plano ou a referência
onde o furo será alojado e as referências secundárias que definem como o furo
será posicionado na referência primária. Ainda, na opção referência primária
( “Primary reference”) é preciso definir o tipo de relação que o furo tem com a
entidade primária em que ele está alocado. Na verdade, este relacionamento
determina o sistema de coordenadas que vai ser usado para posicionar a
“feature”. Este tipo de relacionamento, sempre, pode ser redefinido, quando
necessário. Um furo pode ter quatro opções de posicionamento:

• Linear

• Radial

• Diametral

• Coaxial

sendo três destes tipos são mostrado na Figura 2, a seguir.

Figura 2: Elemento de referência do modo de alocação de furos: linear, radial


e coaxial

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Para cada uma das opções de posicionamento do detalhe da peça, dois
parâmetros de posicionamento precisa ser definido o detalhe esteja totalmente
parametrizado. No caso linear, estes parâmetros referem-se as coordenadas
x e y de um sistema de coordenadas Cartesianas. Já as opções Radial ou
Diametral, o sistema espera que a posição do furo seja definido num sistema
de coordenadas polares. As variáveis de posicionamento são parâmetros que
servirão mais adiante para a modificação do modelo, bem como referência na
construção de estruturas de repetição, como as matrizes lineares ou circular
de detalhes (“features”) no plano de posicionameto.

1.1 Posicionando furos com o modo linear


A “feature” furo simples com a opção linear necessita de quatro referências
para definı́-la. Duas delas estão relacionadas a própria definição do furo, que
são o diâmetro e sua profundidade. As outras duas estão associadas ao posi-
cionamento do furo no plano de referência que recebe o furo. A especificação
da profundidade define o tipo de furo a ser criado. Furos podem ser definidos
como cegos ou passantes. O controle da profundidade pode ser feito por uma
distância, ou ainda ser usado uma referência geométrica (um plano ou uma
face) para definı́-la. No caso de furos cegos este valor tem que ser especifi-
cado nominalmente, e no caso de furos passantes deve ser especificado uma
referência adicional definida por um plano ou uma referência de atracagem do
final do furo. Este plano pode ser uma face próxima (“the next face or datum
plane”) ou plano mais distante, mas que terá de ser especificado na definição
da profundidade em si. Na figura 3 abaixo é mostrada os elementos defini-
dores de um furo linear. As referências ligadas ao posicionamento do furo na

Figura 3: Elementos de referência de um furo linear

referência primária apontada no objeto geométrico sólido vai definir o tipo de


sistema de referência que vai ser posicionado. Assim sendo, no caso de posici-
onamento linear pode ser considerado que o furo está sendo posicionado num

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sistema de coordenadas Cartesianas. Significa que as coordenadas (x, y) da
posição do furo seja dada. Elas vão ser referenciadas a dois planos perndicu-
lares à referência primária, ou duas arestas paralelas à referência primária. É
importante ressaltar que as medidas de posicionamento do furo serão futura-
mente usados como referência no detalhamento de folhas de engenharia, e no
processo de documentação de projeto para a fabricação. Daı́, a importância
de usar os princı́pios de cotas na definição destes detalhes geométricos para
a construção da “feature” furo. As entidades de referência para o furo reto
simples são coletadas também na aba de definição de posicionamento (“pla-
cement”) de furos. Na opção referências secundária (“secondary references”)
pode ser especificado os planos ou arestas de referências em relação as quais
a posição do furo será medida. Cada cada referência poder qualificada como
alinhada, significa que o furo será ancorado na aresta ou face ou plano de re-
ferência, ou como um deslocada (“offset”), significando ser necessário definir
uma medida em relação a referência indicada.
Na figura 4 abaixo é mostrada os elementos definidores de um furo linear.

Figura 4: Elementos de referência secundária de um furo linear

Furos lineares são colocados em peças que possuem lados lineares e são
posicionados freqüentemente em relação a planos de referência e faces do
modelo sólido. Podem ser usados também para a colocação de furos em
superfı́cies de modelos sólidos cilı́ndricos e cônicos.

1.2 Posicionando furos radialmente


Da mesma forma que furos lineares, os furos simples alocados radialmente
também necessitam definir quatro entidades: diâmetro, profundidade e mais
duas referências de posicionamento. O posicionamento de furo no modo ra-
dial pode ser associado a criação de um sistema de coordenadas polar, alocado
no plano definido pela referência primária. Neste caso, o posicionamento do

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furo será dado por um raio, relativo a um circulo que ancora o furo, em um
ângulo de posicionamento do furo. O raio definidor do cı́rculo será sempre
posicionado em relação a um eixo de referência que define a origem do sis-
tema de coordenadas. E o ângulo será determinado por um plano ou face de
referência, ortogonal ao plano primário. Isso pode ser visto na figura 5.

Figura 5: Elementos de referência secundária de um furo linear

Furos radiais são usados mais comumente em elementos faces planas de


sólidos cilı́ndricos ou cônicos. São usados em projeto quando se quer uma
repetição da furação numa forma circular, para fixação de tampas ou rodas
e assim por diante.
Uma variação do modo de colocação de furos radial é posicioná-lo no
modo diametral. O princı́pio de sistema de coordenadas é o mesmo do sistema
radial. Mas, neste caso o furo pode ser referenciado em torno de um diâmetro
de referência. Também neste tipo de posicionamento usa-se um eixo a partir
do qual se define a dimensão linear e angular da posição do furo. Este tipo
de colocação de furo deve ser usado se uma superfı́cie plana ou um plano de
referência foi usada com referência primária de posicionamento do furo. Este
tipo de posicionamento de furo pode ser observado na figura 6.

Figura 6: Elementos de referência secundária de um furo diametral

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1.3 Posicionando furos com o modo coaxial
Este é o modo mais simples de criação de furos. Ele é usado para simplificar
a colocação de furos, principalmente quando se quer que ele esteja alinhado
aos eixos de elementos geométricos cilı́ndricos ou cônicos. A colocação deste
tipo de furo é também numa superfı́cie plana como referência primária e um
eixo de referência como a referência secundária, normalmente o mesmo eixo
da forma geométrica que o ancora. Os elementos de definição de um furo
coaxial é mostrado na figura 7.

Figura 7: Elementos de referência secundária de um furo linear

1.4 Propriedades importantes na criação de furos


Na apresentação de furos feita até aqui, foi levado em conta somente que ele
teria uma forma simples. No entanto, é preciso ressalvar que outros detalhes
construtivos para o uso de furos devem ser observados. Os furos podem ser
passantes ou cegos, simples, rebaixados, escareados e com roscas. Todas as
definições acima implicam na necessidade de especificar dados ou referências
de projeto adicionais. Contudo, este detalhes normalmente estão associados
ao propósito do uso do furo no projeto (intenção de projeto na criação da
feature) ao ser inserido como um detalhe de uma peça. Os furos podem ser
rebaixados ou escareados. Estes são usados para receberem determinados
tipos de parafusos e fornecer um acabamento melhor na fixação da peça em
montagens. Do mesmo modo, a furação com rosca implica que na forma
de fixação da peça, isto é, a montagem vai receber uma peça agregada a
geometria em que o furo roscado foi definido.
Todos estes elementos quando detalhados estão submetidos a norma es-
pecı́fica. Normalmente, deve seguir uma especificação norma técnica especia-
lizada para definir o tamanho do furo e os detalhes de rebaixos, escareamento,
bem como o tipo de rosca. Em projetos seguindo as normas internacionais
as dimensões de furos devem a norma ISO , que especifica os tamanhos de

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parafusos e suas serializações. A norma brasileira especifica os tamanhos de
parafusos através da norma ABNT NB 97.
Da mesma forma ser for preciso especificar a roscas, estas devem ser
associada a normalizações usadas na indústria. Por exemplo, no sistema
inglês, roscas especiais recebem o sı́mbolos UNF(série fina) e UNC (série
grossa). Quando esta simbologia aparece, o sistema de modelamento usou
as medidas em polegadas. É bom prestar atenção ao tipo de normalização
que foi usado por um produto para na misturar normas ou especificações
diferentes. A padronização facilita a reusabilidade da peça e produtos.
As roscas quando definidas no sistema métrico são especificadas através
do passo em mm (passo é a distância linear entre dois fios de rosca) e no sis-
tema inglês em polegadas, dado pelo número de fios por polegada (o número
de cristas de roscas contados em uma polegada na direção longitudinal do
parafuso ou furo). Na figura 8 são mostrados os principais elementos de uma
rosca. Por exemplo, uma furo ou parafuso com rosca especificada no sistema

Figura 8: Elementos de referência secundária de um furo linear

inglês (5/8 − 18UNC), indica que o diâmetro maior terá 5/8” e o passo da
rosca é dado com 18 fios por polegada. Já, no sistema métrico, uma rosca
definida como (M12x1.75) significa que ela terá um diâmetro maior de 12mm
e um passo de 1.75mm.
Embora, estes elementos estão definidos na Figura 8 para um eixo, os
valores similares valem para a definição de furos roscados. Rosca são assuntos
importantes na construção de máquinas e uma literatura auxiliar deve ser
sempre consultada. (Procure por livros de Elementos de Máquinas).
A internete é uma fonte bastante rica de definições e tabelas sobre roscas.
Nas equência são apresentadas referências interessantes sobre roscas podem
ser vistas em:

• http://www.efunda.com/DesignStandards/screws/unified.cfm

• http://www.zytrax.com/tech/mech/threads.htm

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• http://www.internationalcockpitclub.org.uk/articles/article threads.htm,
este site tinha uma especificação de parafusos antigos, normalmente não
normalizados usados em aviões antigos.

1.5 Forma das roscas de parafusos


O perfil mais comum que define a forma de roscas em parafusos e furos
é o V (vê) simétrico (ou simplesmente perfil V). O ângulo do perfil é de
60 graus entre suas arestas. Esta forma é definida na norma ISO/Métrica
e denominada de UNC “Unified Screw Thread” (UN, UNC, UNF, UNRC,
UNRF).
A vantagem de trabalhar com roscas simétricas é a sua facilidade de
fabricação e controle de qualidade, quando comparada com as propostas de
formas não simétricas. Roscas são aplicadas a detalhamento de fixação.
Outras roscas simétricas são os padrões Whitworth e a Acme. A rosca
Whitworth é definida para a definição de roscas no padrão Inglês. A forma
de rosca Acme é aplicada para movimentos translacional de máquinas e fer-
ramentas onde grandes cargas precisam ser transmitidas com o parafuso em
questão. Pode ser econtrada formas quadradas de roscas, principalmente em
máquinas ferramentas, mas são mais difı́cil de fabricar.
O tamanho básico é denominado de tamanho nominal, cuja tolerância
de fabricação é aplicada para determinar o máximo e o mı́nimo tamanho de
material.

Figura 9: Elementos de básicos de definição de roscas.

Roscas são classificadas em classes. Estas classes definem diferentes quan-


tidades de tolerâncias na fabricação de parafusos ou furos roscados. As classes

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1A, 2A, 3A aplica-se a parafusos e as classes 1B, 2B, 3B são aplicadas a ros-
cas internas (furos roscados). As normas definem diferentes tolerâncias para
as diferentes classes que devem ser observadas ao usar roscas para parafusos
e furos.

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